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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

HISTÓRIA AMERICANA: Memória de uma época (Parte 2/2)

Dallas, uma imagem do momento em que John Kennedy, viajando no carro aberto, foi morto a tiros | 30Giorni

HISTÓRIA AMERICANA

Arquivo 30Dias 12 - 2000

Memória de uma época

Neste artigo, o renomado editorialista do La Stampa retorna aos dias da morte do presidente John F. Kennedy. Ele relata alguns detalhes pouco conhecidos, como uma carta de condolências que tocou profundamente seu irmão Robert: era de um padre que citou uma passagem de São Paulo.

por Igor Man

Em 1963, os Estados Unidos estavam em plena prosperidade, vivenciando um baby boom, Kennedy e o Papa João XXIII lutavam pela détente, e o camponês irado Khrushchev respeitava o presidente de Boston. (Na Itália, a grande ilusão da centro-esquerda florescia lentamente.) Munido de um grupo excepcional de especialistas , JFK imaginou um "capitalismo esclarecido", compreendeu a terrível imprevisibilidade do subdesenvolvimento e defendeu o direito dos negros à autodeterminação. Naquela época distante, eu era, eu me sentia, um "kennediano", como uma vasta legião de jovens que emergiram da Resistência, famintos acima de tudo por liberdade, determinados a trabalhar duro, cada um à sua maneira e em sua própria área, por aquela "aliança para o progresso" profetizada por JFK. Portanto, foi realmente cruel para mim, ao chegar a Dallas (minha primeira missão como correspondente do La Stampa ), descobrir como apenas um pequeno grupo de pessoas lamentava a juventude perdida de Lancelot. 

O reverendo metodista William A. Holmes me contou que assistiu consternado enquanto jovens e crianças jogavam seus bonés para o alto e gritavam "viva!" ao saber da morte de JFK. Revisando minha memória, folheando meu caderno daquela época, posso escrever que houve, no entanto, aqueles que lamentaram Lancelot. Onde Kennedy foi morto, termina a Main Street e começa a Stemmons Freeway; de cada lado da estrada, que desce, abrem-se dois grandes prados. Na grama verde, a compaixão de alguns improvisou um modesto santuário. Aqui está um homem negro, alto e corpulento, com duas crianças, uma em cada mão. Ele usa um uniforme de motorista de ônibus; as crianças estão vestidas de branco, como na mais cativante iconografia sulista. Os três posam contra o fundo de uma cruz de flores vermelhas. "Eu queria trazer as crianças aqui para me fotografarem com elas, para que, quando adultas, possam se lembrar melhor de um dos crimes mais horríveis da história, que privou o mundo de um homem grande, livre e generoso", diz o homem negro. Ao lado de uma coroa de flores amarelas, há uma pequena pilha de cartas. Uma delas diz: "Os Estados Unidos perderam seu presidente; eu perdi um irmão." Assinatura: John L. Block.

No Dia de Ação de Graças, alguém tocou a campainha do Sr. Block em Oak Cliff, o bairro onde Lee Harvey Oswald morava. O Sr. Block atendeu a porta e dois homens o atacaram: traumatismo craniano, mandíbula fraturada e sete costelas estilhaçadas. Em Fort Worth, o agente R.M. Barnes se revezava com o sargento J.W. Stout para guardar o túmulo que cobre os restos mortais de Oswald. O sargento me disse que US$ 11.000 já haviam sido arrecadados para erguer "um belo túmulo" para Oswald. Como ele explica isso? "Este é um país livre", respondeu. Seria realmente livre se privasse Oswald de representação legal? " Merda ."

Com alguns dólares dados à pessoa certa, consegui entrevistar a mãe de Oswald em Fort Worth. Ela morava em um duplex decadente no número 2220 da Thomas Place. Quatro agentes do Serviço Secreto compareceram à entrevista, tomando notas, esparramados na cama da Sra. Marguerite. A mãe de Oswald é uma mulher espirituosa, com cabelos mal descoloridos e maquiagem excessiva. Ela fala com maestria, com um toque desarmante de esnobismo. "Tentei dar ao meu Lee uma educação adequada à nossa condição social ( classe alta , diz ela). Somos uma distinta família luterana, e mesmo nos momentos mais difíceis defendemos nossa dignidade. [...]

Acredito no estilo de vida americano , por isso digo que é uma vergonha declarar, como faz o chefe de polícia, que o assassino do presidente é meu filho. Somente um debate público poderia ter esclarecido a posição de Lee. Bem, eles o mataram, ele nunca pôde ser julgado, sua culpa não foi provada. Na prisão, poucas horas antes de matá-lo diante do mundo inteiro, ele me disse: 'Mãe, eu sou inocente'. Tenho o dever de acreditar nele: como mãe, mas acima de tudo como cidadã americana." Trinta e sete anos se passaram e os jornais americanos escrevem que o caso, para milhões e milhões de pessoas, permanece em aberto. Certamente, o assassinato de Lee H. Oswald foi um belo presente de Natal para Hoover, o chefe do FBI. Por outro lado, o próprio Robert F. Kennedy pôs fim, uma a uma, às mil perguntas que cercavam o assassinato de JFK: "Seja como for, Jack nunca mais voltará."

Graças ao meu irmão Mirco, jornalista em Nova York, tive a oportunidade de falar em particular com Robert F. Kennedy. Ele me contou que, entre as inúmeras mensagens de condolências que recebera, ficou impressionado com uma passagem da carta de São Paulo a Timóteo, transcrita por um padre de Minneapolis: "Combati o bom combate. Terminei a minha carreira. Guardei a fé. Chegou a hora de zarpar." Era 15 de novembro de 1967. Menos de um ano depois, em 6 de junho de 1968, também o mataram, Bob. Dois meses antes, Martin Luther King Jr. havia sido morto.

Trinta e sete anos se passaram desde a obscura morte de Lancelot. Toneladas de lixo foram despejadas sobre ele, mas, se nos contarmos, descobriremos muitos, muitos, em todo o mundo, que ainda são "kennedianos". Pateticamente? Talvez. "Nós nos salvaremos porque temos medo", escreveu um velho poeta sulista.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Somos todos missionários

Mês missionário (paroquiasaojoaobatistajb)

SOMOS TODOS MISSIONÁRIOS

21/10/2025

Dom Carlos José

Bispo de Apucarana (PR)

EIS-ME AQUI, ENVIA-ME! (Is 6,8)

“Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.” (Jo 20,21).

Somos todos enviados à missão. Ser missionário é ser sal e luz onde Deus nos colocar: em família, na vizinhança, no trabalho, no meio de transporte que usamos, no lazer, no portão da escola, na fila do supermercado, ou seja, em todos os lugares que frequentamos. Ser missionário é falar de Cristo, porém, mais que isso, é ser de Cristo, ser autêntico cristão em todo lugar.

Cristo é o centro da missão para todo o sempre e Ele próprio nos ensinou com sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição a sermos luz onde estivermos. O Sacramento do Batismo nos confere a dignidade de filhos de Deus e nos permite sermos missionários/anunciadores do Amor do Pai.

Verdadeiramente, é o nosso sim que permite a ação do Espírito Santo que nos usa como instrumentos para que a missão aconteça. Assim como o Sim de Maria foi necessário para que o plano de Deus se cumprisse, também o nosso consentimento é esperado por Deus. Dizemos sim a tantas coisas inúteis e, infelizmente, nos envergonhamos de evangelizar, por medo de sermos ridicularizados ou de nos expormos diante dos outros.  

Se compreendêssemos o quanto essa missão é bela e o tanto de confiança que Deus deposita em cada um de nós, certamente deixaríamos preconceitos adquiridos e escrúpulos vários de lado e já estaríamos na missão evangelizadora há muito tempo. Basta olharmos ao nosso entorno para percebermos que a humanidade esta tecnologicamente integrada em um nível de extrema rapidez, porém, está integração não gera unidade nem a paz que seria desejada. Ao contrário, o índice de solidão, abandono e isolamento social está desencadeando uma crise preocupante e perigosa.

Sobram mensagens virtuais e faltam abraços. São muitas as novidades passageiras e esquecidas e a mensagem verdadeira, que jamais passará, que é Cristo, Caminho, Verdade e Vida, já não é mais anunciada como deveria. Todo leigo, não importa a idade, é chamado a exercer, com firmeza e ardor, com coragem e alegria, o seu ministério de discípulo/missionário.

Portanto, o leigo é missionário por sua natureza divina! ‘Cristo, exerce seu múnus profético não somente por meio da hierarquia, mas também por meio dos leigos, fazendo deles testemunhas e provendo-os do senso da fé e da graça da Palavra’ (Doc. Lumen Gentium). É de Cristo que nos vem a força para sermos missionários! É Cristo que nos sustenta com sua Palavra, sua presença Eucarística, com seu Espírito Santo; Ele mesmo prometeu não nos deixar sozinhos! Sendo assim, os leigos exercem a missão profética também pela evangelização, ou seja, pelo testemunho de vida e pela Palavra.

Neste Ano Jubilar, espalhemos as sementes da esperança em tantos corações que se encontram frios e distantes do verdadeiro Amor, para que brotem mais abraços, sorrisos e encontros pessoais e calorosos, que gerem um verdadeiro retorno a Jesus e sua Misericórdia! Que a Senhora de Lourdes, Mãe da Esperança, nos auxilie a sermos missionários do amor de Cristo!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: Jesus Ressuscitado cura a tristeza que paralisa o coração

Audiência Geral, 22/10/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (22/10), o Pontífice refletiu sobre os discípulos de Emaús e recordou que Cristo caminha conosco, iluminando os caminhos sombrios do coração. “Reconhecer a Ressurreição significa mudar a nossa perspectiva sobre o mundo: regressar à luz para reconhecer a Verdade que nos salvou e salva”, afirmou Leão XIV.

https://youtu.be/3c08gMSIKQ8

Thulio Fonseca - Vatican News

“A ressurreição de Jesus Cristo é um acontecimento que nunca deixamos de contemplar e meditar, e quanto mais nos aprofundamos nele, mais nos enchemos de admiração, atraídos como que por uma luz insuportável e ao mesmo fascinante. Foi uma explosão de vida e alegria que mudou o significado de toda a realidade, de negativo para positivo; contudo, não aconteceu de forma dramática, muito menos violenta, mas de forma suave, oculta, quase humilde."

Com estas palavras, o Papa Leão XIV introduziu a catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 22 de outubro, realizada na Praça São Pedro, repleta de fiéis e peregrinos de diversas partes do mundo. Ao refletir sobre o mistério pascal, o Pontífice convidou os presentes a contemplar a força transformadora da Ressurreição, capaz de iluminar até mesmo as realidades mais sombrias da vida humana.

A tristeza, doença do nosso tempo

“Hoje refletiremos sobre como a ressurreição de Cristo pode curar uma das doenças do nosso tempo: a tristeza”, afirmou o Papa. Segundo ele, trata-se de um mal “invasivo e generalizado”, que acompanha o cotidiano de muitas pessoas: “É um sentimento de precariedade, por vezes de profundo desespero, que invade o espaço interior e parece prevalecer sobre qualquer onda de alegria”.

O Santo Padre observou que essa tristeza mina o sentido e o vigor da vida, “transformando-a numa viagem sem direção nem propósito”. Para ilustrar essa experiência humana, o Papa recordou o episódio evangélico dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-29), apresentado como um verdadeiro paradigma da tristeza e da desilusão.

O caminho de Emaús e o reencontro com a esperança

Desencantados e desanimados, os dois discípulos deixam Jerusalém, abandonando as esperanças depositadas em Jesus. “A esperança desapareceu, a desolação tomou conta do coração”, descreveu Leão XIV, destacando o paradoxo de uma caminhada triste realizada justamente no dia da vitória da luz, o Domingo da Ressurreição.

No entanto, é nesse caminho de desalento que o próprio Cristo Ressuscitado se aproxima deles. “A tristeza tolda-lhes os olhares”, comentou o Pontífice, “apagando a promessa que o Mestre tantas vezes fizera: que seria morto e, ao terceiro dia, ressuscitaria”. Jesus, com paciência e ternura, escuta os discípulos e, em seguida, os convida a redescobrir nas Escrituras o sentido de sua paixão e glória. Aos poucos, o coração dos dois começa a arder de novo.

Leão XIV saúda os fiéis presentes na Praça São Pedro   (@VATICAN MEDIA)

Ao partir o pão, os discípulos finalmente o reconhecem. “O gesto de partir o pão reabre os olhos do coração”, disse o Papa, “iluminando de novo a visão turva pelo desespero”. A alegria, então, renasce: “A energia volta a fluir, e as suas memórias regressam à gratidão”. Repletos de esperança, os dois retornam apressadamente a Jerusalém para anunciar aos outros: “Realmente o Senhor ressuscitou!”

A vitória da vida é real

“Jesus não ressuscitou em palavras, mas em atos, com o seu corpo que traz as marcas da paixão, o selo eterno do seu amor por nós”, enfatizou o Santo Padre. A vitória da vida, disse ele, “não é uma palavra vazia, mas um fato real e concreto”:

“Que a alegria inesperada dos discípulos de Emaús seja para nós um doce aviso quando a viagem se tornar difícil. É o Ressuscitado que muda radicalmente a nossa perspectiva, infundindo a esperança que preenche o vazio da tristeza.”

Por fim, o Papa Leão XIV exortou: “Reconhecer a Ressurreição significa mudar a nossa perspectiva sobre o mundo: regressar à luz para reconhecer a Verdade que nos salvou e salva. Irmãos e irmãs, permaneçamos vigilantes todos os dias no encanto da Páscoa de Jesus ressuscitado. Só Ele torna possível o impossível!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Era uma vez a missão

Casa Inês Penha, cours de tissage de fibre de tukum | Larry Lock | Aleteia

Domitille Farret d'Astiès - publicado em 21/10/25

Que melhor desculpa para descobrir a realidade das missões ao redor do mundo e aprender mais sobre os cerca de quinze milhões de novos batizados a cada ano?

O que significa ser missionário? Com ​​isso em mente, a Aleteia entrevistou Benjamin Pouzin, um dos fundadores do grupo de louvor pop Glorioso para ele, essa é simplesmente a própria essência do que é um cristão. "Um cristão, fundamentalmente, é um missionário", afirma com convicção. Não é necessariamente alguém que pega um avião, mas alguém que atende ao chamado onde quer que esteja, seja estudante ou mãe. "O missionário não precisa viajar 3.000 quilômetros e ir até os confins da Terra, mas deve ser capaz de testemunhar a fé em sua vida cotidiana."

Todos os anos, em outubro, católicos de todo o mundo são convidados a refletir sobre sua identidade missionária e a se unir mais estreitamente aos seus irmãos e irmãs em terras de missão durante o Mês Missionário. Três sugestões: rezar por todos aqueles ao redor do mundo que se dedicam aos mais pobres; compartilhar com os que os cercam a alegria de ser missionários e convidar seus entes queridos a se envolverem, por sua vez; e fazer uma doação para apoiar a vida e a missão das Igrejas locais ao redor do mundo.

Estar em missão “com o estilo de Deus”

Para o Mês Missionário, o falecido Papa Francisco escolheu o tema “Missionários da Esperança entre os Povos”. Em sua mensagem, ele convida cada cristão a arder “de santo zelo por uma nova estação evangelizadora da Igreja, enviada a reavivar a esperança”. Exorta os fiéis a agirem concretamente, prestando “atenção especial aos mais pobres e frágeis, aos doentes, aos idosos, aos excluídos da sociedade materialista e consumista. E a fazê-lo com o estilo de Deus: com proximidade, compaixão e ternura”.

A cada ano, mais 15 milhões de pessoas são batizadas em todo o mundo e cerca de dez novas dioceses são criadas. A Igreja continua a se expandir hoje, com mais de 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo. Mas as necessidades continuam imensas. É por isso que o apoio fornecido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) é vital para muitas Igrejas locais, permitindo-lhes garantir sua subsistência e, ao mesmo tempo, ajudá-las a caminhar para a autossuficiência financeira. A ajuda anual dada às Igrejas mais carentes representa quase 140 milhões de euros por ano, que são distribuídos entre as Igrejas da África, Ásia, América Latina e Oceania. É um instrumento de justiça e fraternidade entre todas as dioceses: as três mil dioceses católicas que existem hoje ajudam um terço delas em suas vidas e em sua missão de evangelização. É também disso que se trata a Igreja.

Ajudando as crianças e mães

Os cerca de 5.000 projetos apoiados pela POM são diversos, tanto em seu estilo quanto em sua localização geográfica. Em Madagascar, por exemplo, enquanto as condições de saúde e sociais levam a uma alta taxa de mortalidade entre mães jovens e seus recém-nascidos, a organização apoia a criação de uma maternidade em Soanindrarin, no coração de uma região rural sem litoral. Mais a leste, na Índia, nas favelas de Calcutá, Padre Bissara e suas equipes apoiam cerca de seiscentas crianças e suas mães por meio de monitoramento contínuo de saúde e nutrição. Por que não ajudá-las fazendo uma doação? Mais longe, em Pukhet (Tailândia), a Centro Bom Pastor inaugurada pela Irmã Lakana, a organização oferece apoio a crianças refugiadas birmanesas que são deixadas nas ruas e, portanto, ameaçadas por todas as formas de abuso. Esta semana missionária não seria uma oportunidade de oferecer a elas apoio concreto?

Agora é o momento de começar: várias dioceses estão organizando dias de oração contínua nesta ocasião e muitas ferramentas são oferecidas gratuitamente no site da OPM para vivenciar esses oito dias, como uma livreto de animação ou um jogo de tabuleiro para as crianças. “O urgente”, conclui Benjamin Pouzin, “é que cada batizado encontre em si a graça de ser missionário onde quer que tenha sido plantado. Todo cristão é chamado a descobrir que pode transmitir algo de Deus. Se eles são uma riqueza para nós, a missão é testemunhá-la aqui e agora. A fé é um fogo que se espalha.” Feliz Semana Missionária!

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/10/21/era-uma-vez-a-missao/

HISTÓRIA AMERICANA: Memória de uma época (Parte 1/2)

Um comício de John Fitzgerald Kennedy, eleito presidente dos Estados Unidos em 1960 | 30iorni

HISTÓRIA AMERICANA

Arquivo 30Dias 12 - 2000

Memória de uma época

Neste artigo, o renomado editorialista do La Stampa retorna aos dias da morte do presidente John F. Kennedy. Ele relata alguns detalhes pouco conhecidos, como uma carta de condolências que tocou profundamente seu irmão Robert: era de um padre que citou uma passagem de São Paulo.

por Igor Man

Os Estados Unidos finalmente têm um presidente. George Bush e Dick Cheney podem não conseguir nos fazer esquecer que venceram por uma margem irrisória de votos populares, mas, nos Estados Unidos, no momento em que o presidente, seja ele quem for, banal ou grandioso, toma posse, naquele exato momento, uma aura de sacralidade o envolve. E ele (um tolo ou um intelectual) é o presidente.

Então, tudo bem. Negócios como sempre? Na verdade, não. A questão é que até os Estados Unidos não são mais os mesmos: a história é um rolo compressor que às vezes aniquila os justos.

Assim acontece que o velho repórter se refugia numa nostalgia fácil, mas importante . Para lembrar, isto é, uma América diferente, mesmo que dividida como está agora; para celebrar a memória de um jovem presidente irrepetível. Assassinado. O presidente da Nova Fronteira, ele: John Fitzgerald Kennedy. Aconteceu há trinta e sete anos, em novembro.

Era 22 de novembro de 1963, uma sexta-feira. A notícia do assassinato de John Fitzgerald Kennedy (JFK) causou um curto-circuito nas pessoas de bem, com três g's .

Em Dallas, naquele dia, um vestígio de "verão indiano" trouxe sol. Uma tempestade inundou a noite, então o clima estava ameno, até mesmo doce. "Foi um grande dia", diria John Connally, o governador do Texas, que viajava no carro de Kennedy e ficou ferido, aos repórteres quatro dias após o assassinato. Ele diria isso de sua cama de hospital, em uma entrevista coletiva: "Foi um grande dia. A multidão já era enorme em Fort Worth: em Dallas, ficamos impressionados com o entusiasmo. Minha esposa, na Elm Street, virou-se para Kennedy e disse: 'Sr. Presidente, o senhor não pode dizer que o povo de Dallas não o ama e o admira'. Kennedy inclinou-se para minha esposa e disse: 'Claro que não, Sra. Connally'."

Alguns momentos depois, o primeiro tiro foi disparado. JFK caiu para a frente, silenciosamente. Quando Connally virou a cabeça para a esquerda, ele também foi atingido: "Meu Deus", gritou, "eles estão matando todos nós aqui." O terceiro tiro foi disparado e o presidente caiu para trás, atingido novamente. "Meu Deus, eles o mataram", gritou Jacqueline Kennedy, instintivamente se jogando no capô do Lincoln conversível azul de seis lugares, como se quisesse pegar o solidéu do marido. Rufus Youngblood, um agente do Serviço Secreto de 29 anos, pulou no carro, empurrou Jacqueline para o chão e, com os braços estendidos, jogou-se sobre ela e o presidente para protegê-los. Ele gritou para o motorista levá-los às pressas para o hospital. Segurando a cabeça mutilada do marido nas mãos, Jacqueline gemeu: "Jack... Jack". No espaço de sete segundos, a grande alegria se transformou em uma terrível tragédia.

No Hospital Parkland, a chegada da limusine presidencial desencadeou o caos. JFK respirava. Mal, mas respirava. A equipe médica liderada pelo Dr. Malcolm Perry, no entanto, registrou um eletroencefalograma plano e ainda assim estragou o procedimento com transfusões, traqueotomia e massagem cardíaca. No corredor da sala de espera, os policiais lutaram para passar pelos fotógrafos e repórteres. Uma enfermeira histérica barrou a passagem de Jacqueline. "Sou a esposa do presidente, preciso entrar", gritou ela. "Ninguém entra aqui, são as regras", gritou a enfermeira por sua vez, e quando Jacqueline tentou empurrá-la, ela lhe deu um soco no estômago. O terno rosa de Jacqueline estava manchado com o sangue do marido. O rímel, dissolvido pelas lágrimas, manchava seu rosto como mulheres no Sudão atingidas por um súbito luto com um pedaço de cortiça defumada. Às 13h (horário local) do dia 22 de novembro, o Dr. Malcolm Perry informa Jacqueline que seu marido, John Fitzgerald Kennedy, presidente da New Frontier, está morto. Menos de uma hora se passou e Lee Harvey Oswald é preso.

Ao revistar o prédio de onde os tiros teriam sido disparados, o Depósito Municipal de Livros, a polícia descobre que um dos funcionários, Oswald, está desaparecido. "Todos os carros: parem um homem branco, por volta dos 30 anos, cabelo castanho, com cerca de 1,70 m". Cuidado: ele pode estar armado." Ele está, e atira e mata o policial J.D. Tippit que o havia parado. Ele dispara um Smith & Wesson .38 quase em frente ao Teatro Texas, onde estão exibindo um filme de guerra. Oswald entra, depois de pagar o ingresso, sentado na quarta fileira, perto da saída de emergência. É no teatro que ele é preso. Pressionado, Oswald nega. Tudo. Mas uma fotografia dele aparece em rápida sucessão, mostrando o jovem de 24 anos ("Ex-fuzileiro naval – atirador de elite – pró-comunista, pró-Castro, que foi para a URSS 'pela fé' e, estranhamente, retornou aos EUA com uma esposa russa") brandindo um rifle Carcano calibre .65 idêntico ao encontrado no sexto andar do Armazém.

Além disso, o FBI revela uma impressão digital deixada por Oswald no rifle; fios de sua camisa encontrados no ferrolho; e um mapa da rota presidencial, marcado com um marcador. Há o suficiente Provas para o chefe de polícia de Dallas, Will Fritz, dizer aos repórteres: "Ele é o assassino. Caso encerrado." (Oswald continua um mistério. Ele pode ter sido o atirador, mas ainda acho que não foi só naquela maldita sexta-feira.) Às 4 da manhã de 23 de novembro, o procurador-geral Robert F. Kennedy prestou suas últimas homenagens ao irmão, o presidente. Os pobres agentes funerários fizeram o possível, mas JFK "parecia um boneco de plástico", então Bob ordenou que o caixão fosse exposto na Sala Leste trancada. "Eles não podem vê-lo assim", disse ele. Bob ficou arrasado. Charles Spalding, um velho amigo, o forçou a tentar dormir algumas horas. Deu-lhe um tranquilizante, e Bob suspirou: "Meu Deus, isso é terrível. E pensar que as coisas pareciam estar indo bem, ele teria conquistado um segundo mandato." Atrás da porta da Sala Lincoln, Spalding ouviu RFK soluçar: "Por quê, meu Deus?" Bob e o próprio JFK temiam a viagem de campanha a Dallas. Na véspera da eleição, panfletos com a fotografia do presidente e as palavras "Procurado por Traição" foram distribuídos no arrogante "Big D". 

O ex-general Edwin Walker, derrotado na eleição para governador, hasteou a bandeira a meio mastro, de cabeça para baixo, "contra o bastardo irlandês papista". Na manhã do crime, no Dallas Morning News Um anúncio de página inteira apareceu, pago pelo Sr. Bernard Weissman, acusando JFK de conluio com Gus Hall, líder do Partido Comunista Americano. Rico, orgulhoso, presunçoso, porém refinado, Dallas derrotou Adlay Stevenson em abril de 1963, interrompendo seu comício. O cérebro por trás de Dallas sempre foi John Wayne, e a Sociedade John Birch, abertamente nazifascista, prosperou no "Big D". 

Em 1961, a Liga da Juventude conseguiu impedir uma exposição de Picasso, um "artista politicamente contaminado". E havia "suspeitas bem fundamentadas" de que a mão comprida de Jimmy Hoffa estava apertando a da máfia local no Carousel, uma boate administrada por Eva Rubenstein e seu irmão Sparky (também conhecido como Jacob Rubenstein). Este era ninguém menos que o Jack Ruby que, sem ser perturbado, mataria Oswald no porão da polícia de Dallas enquanto dois policiais levavam o "assassino oficial" de JFK para a van da prisão do condado. (Aliás, Oswald morreu sem poder falar com seu advogado, apesar de ter implorado por esse direito.)

Fonte: https://www.30giorni.it/

Nossa responsabilidade com a missão da Igreja

Outubro: mês das missões (Comunidade Olhar Misericorfioso)

NOSSA RESPONSABILIDADE COM A MISSÃO DA IGREJA

20/10/2025

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Como Povo de Deus a caminho da casa do Pai e “peregrinos de esperança”, estamos celebrando o Mês Missionário e do Rosário, e, neste domingo, o Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária. O saudoso Papa Francisco escolheu para essa celebração tão importante para a vida e a missão da Igreja o tema: “Missionários da esperança entre os povos”. Na mensagem, ele convida todos nós, batizados, a “renovarmos nosso alegre compromisso de levar Jesus Cristo, nossa Esperança, até os confins da Terra”. Pela graça do batismo, somos discípulos e discípulas do Senhor Jesus e chamados a viver a dimensão missionária da nossa fé, pelo testemunho de vida e por palavras, como dizia São Francisco de Assis.  

Esse testemunho de fé no Senhor, que é o compromisso missionário de cristão, pode ser dado por todos os batizados, independente da sua condição social ou da sua formação acadêmica. Podem ser missionários pelo testemunho de vida; os avós, os pais, mas também os jovens e os adolescentes, o doutor, o operário e o empresário. Porque, pela graça do batismo, todos nós somos chamados a ser Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14).  

Como discípulos e discípulas de nosso Senhor Jesus Cristo, precisamos nos educar e reeducar para a missão. Quando entendermos que cada um de nós é chamado pelo Senhor para ser seu missionário ou missionária, não teremos mais medo nem vergonha de anunciar o Senhor Ressuscitado, para a nossa família, na comunidade onde participamos e no local onde trabalhamos. “Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp 29). 

O Papa Francisco nos recordava com frequência a necessidade de sermos uma “Igreja em saída”, ou seja, uma Igreja missionária. A missão de anunciar o Reino de Deus e a sua justiça está ainda muito associada aos missionários e missionárias que partiam para outros lugares, para fazer o primeiro anúncio do Evangelho. A Igreja será sempre grata a tantos homens e mulheres que abraçaram a causa do Reino e por ela entregaram e continuam entregando a vida. Mas a Igreja não pode viver a missão que lhe foi confiada pelo Senhor Jesus se deixar de ser missionária na família e nas comunidades.  

Na Igreja, são milhares os missionários e missionárias que, sentindo no coração o chamado do Senhor, partiram pelo mundo anunciando o Evangelho. Muitas vezes no anonimato, em ambientes de guerras e violência, nas periferias das cidades, nas ilhas mais remotas em meio aos oceanos, nas imensas florestas topicais, mas também entre as civilizações milenares, que possuem uma história, com um rico patrimônio cultural, com valores que foram sendo transmitidos e cultivados através das gerações, mas que ainda não conhecem Jesus de Nazaré, o Evangelho e o rosto da misericórdia de Deus. 

Todo batizado é convidado a participar da ação missionária evangelizadora da sua Igreja. É um compromisso de fé, do qual nós não devemos nos omitir. Podemos fazê-lo dobrando os joelhos em oração, participando diretamente de uma ação missionária ou ajudando através da solidariedade econômica com as missões. Quando participo, sou Igreja, comunidade de fé, povo de Deus a caminho e “peregrino de esperança”. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Dados essenciais sobre a vida de são João Paulo II

São João Paulo II | Vatican Media

Por Redação central*

21 de out de 2025 às 01:00

Quem foi são João Paulo II? Esse artigo apresenta dez dados sobre a vida do papa peregrino, que é lembrado como um dos líderes mais influentes do século XX.

1. Nasceu na Polônia

Nasceu em Wadowice, em 18 de maio de 1920, em uma pequena cidade a 50 quilômetros de Cracóvia. Era o mais novo dos três filhos de Karol Wojtyla e Emília Kaczorowska. Sua mãe morreu em 1929. Seu irmão mais velho, Edmundo, que era médico, morreu em 1932 e seu pai, suboficial do exército, em 1941. Sua irmã Olga morreu antes de ele nascer.

2. Seu santo onomástico era são Carlos Borromeu

Embora tenham vivido em épocas diferentes, os dois estão unidos por ter histórias parecidas que o próprio são João Paulo II disse em sua audiência de 4 de novembro de 1981.

Karol é o equivalente polonês a Carlos. Ambos sofreram tentativas de assassinato, participaram de Concílios e compartilharam o amor pelos pobres e doentes.

3. Bateu recordes e obteve importantes conquistas

O papa são João Paulo II foi o primeiro papa não italiano desde Adriano VI (1522-1523). Foi o papa que fez mais viagens, somando 129 países; e quem mais fez beatificações e canonizações – 1.340 beatos e 483 santos. Também foi o primeiro a visitar uma sinagoga, a Casa Branca (EUA) e Cuba.

4. Foi um grande diplomata

Durante seu pontificado, são João Paulo II aumentou o número de nações que contam com relações diplomáticas com a Santa Sé. Passou de 85 países em 1978 para 174 em 2003.

Os EUA, que antes tinham status de delegação junto à Santa Sé, a União Europeia, a Ordem Militar Soberana de Malta e a maioria das nações do antigo bloco comunista estabeleceram relações diplomáticas durante o pontificado de são João Paulo II. Ele também estabeleceu “relações de natureza especial” com a Federação russa e a Organização para a Libertação da Palestina.

5. Criou a Jornada Mundial da Juventude

Seu amor pelos jovens o impulsionou a iniciar em 1985 as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ). Nas 19 edições da JMJ celebradas ao longo de seu pontificado, foram reunidos milhões de jovens de todo o mundo.

A sua atenção para com a família se manifestou com os encontros mundiais das famílias, inaugurados por ele em 1994.

6. Tinha dois doutorados

Em 1948, obteve o doutorado em teologia pela Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino, com uma tese sobre o tema da fé nas obras de são João da Cruz.

Em 1953, obteve o doutorado em filosofia pela Universidade Católica de Lublin, cm uma tese intitulada “Avaliação da possibilidade de fundar uma ética católica sobre a base do sistema ético de Max Scheler”.

7. Sobreviveu a mais de um atentado

Em 13 de maio de 1981, recebeu um tiro na praça de São Pedro por parte do turco Mehmet Al Agca.

Em 12 de maio de 1982, em Fátima, Portugal, aonde o papa havia chegado para agradecer por sua vida depois do atentado do ano anterior, um padre cismático tentou apunhalá-lo com uma faca, mas foi preso a poucos metros.

É conhecido pelo menos mais um atentado, o de terroristas muçulmanos que tentaram explodir o avião no qual o papa viajava durante sua visita a Filipinas. Autoridades filipinas frustraram o plano elaborado.

8. Pediu perdão em nome da Igreja

Em 12 de março de 2000, pediu perdão pelas faltas cometidas por membros da Igreja Católica em toda a sua história. Fazendo referência à discriminação para com as mulheres, os pobres e etnias.

Em 15 de junho de 2004, pediu perdão pela inquisição, “por erros cometidos no serviço da verdade por meio do uso de métodos que não tinham nada a ver com o evangelho”.

9. Promulgou o Catecismo da Igreja Católica

Promulgou o Catecismo Universal da Igreja Católica, fruto do sínodo especial de bispos de 1985 dedicado ao Concílio Vaticano II. Também reformou o Código de Direito Canônico, o Código de Cânones das Igrejas Orientais e reorganizou a Cúria Romana.

Entre os documentos de seu Magistério estão incluídos 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas.

10. Sua beatificação foi a mais rápida dos tempos modernos

São João Paulo II morreu em 2 de abril de 2005. No dia 28 do mesmo mês, o papa Bento XVI dispensou o tempo de cinco anos de espera após sua morte para iniciar a causa de beatificação e canonização.

A causa foi aberta oficialmente pelo cardeal Camillo Ruini, vigário-geral para a diocese de Roma, em 28 de junho de 2005. O papa Bento XVI o beatificou em 1º de maio de 2011 e o papa Francisco o canonizou, junto com João XXIII, em 27 de abril de 2014.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/49951/dados-essenciais-sobre-a-vida-de-sao-joao-paulo-ii

Padre Mattia Ferrari: “Sem os movimentos populares, a democracia se atrofia”

Padre Mattia Ferrari, capelão da ONG Mediterrânea e coordenador do EMMP   (©P. Johan Pacheco)

O 5º Encontro Mundial dos Movimentos Populares (EMMP) se realiza em Roma a partir desta terça-feira, 21/10, e vai até o dia 24/10. Já a peregrinação ocorre entre os dias 25 e 26/10. O capelão da ONG Mediterrânea e coordenador do EMMP explica como nasceu esse “espaço fraterno”. “Pedimos à sociedade de hoje”, ressalta, “de assumir o desafio da complexidade e a cultura do encontro”.

Francesco De Remigis - Cidade do Vaticano

O Encontro Mundial dos Movimentos Populares, coordenado pelo padre Mattia Ferrari,  é um espaço fraterno, presente nos cinco continentes. À mídia do Vaticano, o sacerdote conta que essa experiência nasceu dos quatro encontros romanos dos Movimentos Populares. Hoje é uma rede que une seis países e se põe a serviço das relações dos movimentos com a Igreja e com os diversos atores sociais. Um processo iniciado em várias localidades, entre elas, Buenos Aires. Depois, se expandiu para outras partes do mundo onde os movimentos populares caminham com as igrejas locais e com os movimentos sociais. Eles são formados pelos excluídos que se organizam para lutar por moradia, por trabalho, pela terra, por comida e para construir novas relações sociais, transformando a solidariedade em uma forma de fazer história. 

Dos agricultores aos migrantes

“Estamos celebrando o quinto encontro e o primeiro do pontificado do Papa Leão XIV. Depois, haverá a peregrinação jubilar dos movimentos populares”, explica Pe. Ferrari. “É uma graça de Deus celebrar este encontro”, acrescentou. Perguntado sobre como as atividades dessa onda de participação popular têm se desenvolvido, ele disse: “Os movimentos populares são formados pelos excluídos do sistema, pelos descartados, recicladores, camponeses, migrantes e todos aqueles que, de várias maneiras, são oprimidos pelo sistema socioeconômico. Em vez de se conformarem, eles se organizam para mudar a situação, para construir a solidariedade por meio das relações sociais, para lutar contra as injustiças, para praticar e construir uma nova sociedade e uma nova economia. Essa grande galáxia de realidades ao redor do mundo pode ser abarcada na expressão ‘Movimentos populares’”.

Os pobres se organizam e caminham com a Igreja

“Esse percurso nasceu, paralelamente, em muitas partes do mundo, em muitas cidades, muitas campanhas, onde os Movimentos Populares - que não são necessariamente católicos, mas reúnem católicos, aqueles que professam outras religiões ou nenhuma religião - começaram a caminhar com a Igreja, a experimentar a sua presença materna que os acompanha”, continua Padre Ferrari. 

Ele recorda que isso aconteceu também em Buenos Aires, “quando o cardeal Jorge Mário Bergoglio era arcebispo e, então, nasceu esse acompanhamento pastoral, com o qual a Igreja começou a levá-los pela mão, pelos motivos que explicou o Papa Leão na Dilexi te: porque a Igreja vive esse amor aos pobres e, consequentemente, aos movimentos populares, onde os pobres se organizam e constroem solidariedade”. 

Um “caminho sinodal’ começou em 2014

Padre Mattia Ferrari explica que, quando o arcebispo Bergoglio se tornou Papa Francisco, “tendo vivido esse acompanhamento em primeira pessoa e visto que, em muitas partes do mundo, existia essa experiência pastoral, junto aos Movimentos ele pensou que havia chegado o momento de construir um processo que, reunindo as experiências locais, estivesse a serviço dessas relações a nível local e universal”. 

O percurso foi iniciado em 2014, a serviço das relações dos movimentos populares entre si e com a Igreja, para juntos conseguir organizar a esperança. Isso porque, para ela ser concreta, é necessário que seja organizada. Sobretudo, afirma Padre Ferrari, “é um caminho sinodal. Francisco disse isso já no primeiro encontro”. 

A continuidade entre Francisco e Leão

Daquele primeiro encontro de 2014, relata padre Mattia, o que veio depois “foi uma graça de Deus, que foi possível graças ao trabalho de muitos, graças à Igreja, graças a todos aqueles que participaram. É um grande processo. Estamos gratos e surpresos por esta grande participação. Não é inexplicável, mas é uma surpresa”.

Ele afirma que, entre outras coisas, durante audiência com o Papa Leão, nestes dias, os movimentos serão acompanhados pelas Igrejas locais do Panamá, Filipinas, Senegal e Estados Unidos. O grande desafio que os Movimentos Populares lançam em todo o mundo, enfatiza o coordenador do EMMP, é aquele de “assumir o desafio da complexidade e da cultura do encontro nesta sociedade. Vemos, ao contrário, que as pessoas preferem frequentemente fugir do encontro e partir para o confronto”.  

Para Pe. Ferrari, em vez disso, os Movimentos Populares, com sua humildade, dizem: “Se quisermos verdadeiramente assumir os desafios que a história coloca diante de nós, devemos assumir o desafio do encontro, da humildade, e da perseverança, como disse Papa Leão no seu primeiro discurso: ‘caminhar juntos, mesmo com quem pensa diferente de nós”.

De Francisco à Dilexi te

Segundo o sacerdote, “é fundamental recordarmos que, sem os Movimentos Populares, a democracia se atrofia, como disse Francisco e reitera Leão em sua Exortação Apostólica".  Corre o risco de se tornar uma democracia formal. Em vez disso, ela é verdadeira quando é substancial, quando os povos participam ativamente. O nosso caminho tem também esse objetivo: a coisa mais importante da vida são as relações. Devemos fazer de modo que todos os atores sociais tenham relações vivas.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

A morte nunca tem a última palavra, diz Leão XIV a pai enlutado

O papa Leão XIV celebra a missa na praça de São Pedro, no Vaticano, em 28 de setembro de 2025. | Captura de tela - Vatican Media

Por Hannah Brockhaus*

20 de out de 2025 às 09:44

O papa Leão XIV respondeu a uma carta de um pai que perdeu o filho dizendo que “a morte nunca tem a última palavra”.

Na edição de outubro da revista Piazza San Pietro, Leão XIV escreveu uma carta a Francesco, pai de quatro filhos, que escreveu ao papa sobre a morte de seu filho de 12 anos de idade, Domenico Maria, de uma doença repentina há 18 anos.

Apesar do tempo que passou, o pai disse que ainda sente como se a morte prematura do filho tivesse acontecido ontem.

“Santidade, esta minha carta pretende ser só um pensamento, assim como uma lembrança para o nosso filho, para que Deus, na Sua infinita bondade e misericórdia de Pai, o acolha no Reino dos Céus…”, escreveu Francesco.

Em sua resposta, Leão XIV disse ao pai que “o importante é permanecer sempre conectado ao Senhor, passando pelas maiores dores com a ajuda de Sua Graça, que sempre vem — tenha certeza disso — mesmo nos momentos mais sombrios”.

O papa também falou sobre a luz do amor de Deus, que caminha com fiéis por toda a vida, começando pelo Batismo.

“Tudo isso começa com o nosso Batismo e nunca terminará”, disse Leão XIV. “O Batismo nos introduz na comunhão com Cristo e nos dá a verdadeira vida, comprometendo-nos a renunciar a uma cultura de morte muito presente em nossa sociedade”.

“Mas a morte nunca tem a última palavra”, disse o papa. “A última palavra, que abre as portas para a eternidade e para a alegria que dura para sempre, é a ressurreição, que não conhece desânimo nem dor que nos aprisiona na extrema dificuldade de não encontrar sentido em nossa existência”.

Em sua carta, Francesco falou sobre o amor do filho pelo futebol e a comunidade de amigos que ele encontrou praticando o esporte.

O papa Leão XIV disse que “a oração autêntica, como o esporte autêntico, praticado em conjunto, cria laços e une para sempre, como uniu Domenico Maria a todos aqueles que fazem parte de sua equipe de verdadeira amizade, com laços que vão muito além da morte”.

*Hannah Brockhaus é jornalista correspondente da CNA em Roma (Itália). Ela cresceu em Omaha, no estado americano de Nebraska e é formada em Inglês pela Truman State University no Missouri (EUA).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65039/a-morte-nunca-tem-a-ultima-palavra-diz-leao-xiv-a-pai-enlutado

O tempo se abreviou

Dias abreviados (Crédito: Guiame)

O TEMPO SE ABREVIOU

20/10/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Há épocas em que o tempo caminha escorre rápido, noutras, apenas escorre. A experiência humana percebe esses ritmos. O Eclesiastes intuiu que havia um tempo para cada coisa, e Agostinho, voltando-se para dentro, reconhece que o tempo se mede antes no coração. Quando São Paulo escreve aos coríntios que “o tempo se fez breve”, inaugura um modo vigilante de viver, em que cada gesto se torna significativo pede mais responsável. 

A modernidade fez brotar instrumentos que afinam essa percepção. A física ensinou que a duração depende do ponto de vista, e a relatividade deslocou a certezas do relógio universal. A literatura, com Proust, aprendeu a compor a memória como coisa viva e Tolstói expandiu um instante numa época inteira.  

Desde a metade do século XX, o tempo ganhou contornos mais marcados. As cidades erguidas dos escombros, a circulação acelerada de pessoas e ideias, a confiança industriosa de uma geração que reconstruiu pontes, ferrovias e escolas concorreu para um compasso acelerado. 

A corrida espacial condensou, em poucos anos, imaginações que antes pareciam reservadas à lenda. O livro, de que Victor Hugo desconfiava como rival de pedra e vitral, cedeu lugar a outras contradições ainda mais leves. 

Assim, a informação passou a chegar antes do acontecimento consolidar sentido e o mundo aprendeu a acordar notificado. 

Paul Virilio observou que a velocidade reorganiza a percepção. Quando quase tudo se torna simultâneo, o instante deixa de ser uma passagem e se converte em confusão. 

As horas permanecem com sessenta minutos, embora uma decisão política percorra continentes em segundos e um gesto privado ganhe publicidade imediata. O cotidiano, mais comprimido, supõe uma arte de atenção para esculpir presenças. 

A tradição bíblica conserva uma sabedoria para esse ofício. O tempo oportuno (kairós) não é um relógio secreto, é um olhar treinado. Jesus narra parábolas em que o agricultor sabe esperar e o viajante sabe partir; em ambas as imagens, a pressa cede lugar ao ritmo do cuidado. 

Não é um desacelerar por nostalgia. É um reconhecer que a brevidade pede exatidão. 

Se o tempo é breve, a caridade precisa ser inteira; se os dias se adensam, a palavra deve ser sóbria; se a história acelera, a esperança precisa aprender a caminhar sem perder o fôlego. 

A cultura também fornece metáforas confiáveis. Em Tolkien, o tempo não é tirano; é tessitura em que a paciência dos hobbits salva aquilo que a impetuosidade não alcança. Avida com este ritmo diferenciado, mede o valor do acontecimento pela transformação que opera e não pelo ruído que produz. 

No pós-guerra, a aceleração recebeu nova estrutura: redes de comunicação, logística global, biotecnologia, algoritmos. Tudo isso trouxe benefícios inegáveis, e também exigiu virtudes correspondentes. 

A ética, nesse cenário, torna-se arte de compasso que regula o andamento para que a melodia não se desfaça em ruído. 

A política, entendida como cuidado da casa comum, ganha obrigação de estabelecer ritmos que protejam os frágeis, porque são eles que sofrem primeiro quando o mundo corre sem cadência. 

O horizonte espiritual não recua diante desse quadro. A liturgia, que atravessa séculos sem se confundir com a rotina, educa a respiração do tempo.  

O calendário católico, com suas estações, demonstra que a aceleração pode conviver com a fidelidade, e que a novidade costuma nascer de uma atenção antiga ao ensinar que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre”, como uma fonte, e, quem bebe nela encontra força para atravessar a pressa sem ser arrastados por ela. 

O relógio continuará marcando, a alma, porém, pode aprender a dar peso diferente às mesmas horas. Quando isso ocorre, a aceleração deixa de ser ameaça vira possibilidade.  

“O tempo se fez breve de novo” (1Cor 7,29) é convite a inteireza. Pede-se que a pressa seja convertida em prontidão, que a novidade seja provada com sabedoria. Pede-se, ainda, que a esperança trabalhe com mãos firmes. Se o mundo corre, caminhemos com largueza de espírito, convertendo a brevidade em um modo mais puro de viver, em que cada hora encontra lugar, cada palavra encontra medida e cada um encontra o seu destino. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF