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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Campanha de oração oferecerá mais de quatro mil missas pelo fim do aborto

Guadium Press
Iniciada no ano de 2004, nos Estados Unidos, a campanha ‘40 Dias pela Vida’ já salvou mais de 19 mil vidas do aborto no mundo inteiro.

Redação (21/09/2021 15:29, Gaudium Press) A campanha “40 dias pela vida”, promovida por um grupo pró-vida, está estimulando católicos do mundo inteiro a oferecerem missas, orações e jejum pedindo o fim do aborto.

Os organizadores pedem, aos católicos que desejarem fazer parte desta iniciativa, que encomendem em suas respectivas paróquias uma Santa Missa pelo fim do aborto. “Façamos com que, nesse dia, as Missas sejam oferecidas por essa mesma intenção no mundo inteiro, para que a nossa súplica seja ouvida por Deus por intermédio do dom maior que Ele nos deixou”, dizem os organizadores em uma mensagem.

Campanha ‘40 Dias pela Vida’

Iniciada no ano de 2004, nos Estados Unidos, a campanha ‘40 Dias pela Vida’ já salvou mais de 19 mil vidas do aborto no mundo inteiro. No dia 22 de setembro será iniciada outra edição do evento que terminará em 31 de outubro. No total, a campanha já conseguiu fechar mais de 100 clínicas de abortos, além da renúncia de 221 trabalhadores dessa indústria da morte.

Os fiéis participantes da campanha rezam durante 12 horas diárias, ao longo de 40 dias, diante de uma clínica de aborto ou algum outro lugar simbólico da cidade. Seguindo a disponibilidade de cada um, os participantes podem se inscrever para participar de um dos turnos de oração. Se prevê que neste ano de 2021, a campanha alcance 612 cidades espalhadas pelo mundo. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

5 MITOS SOBRE A SANTA INQUISIÇÃO (Parte 4/6)

Apologistas da Fé Católica

5 MITOS SOBRE A SANTA INQUISIÇÃO

Texto da phd em História Medieval, Dra. Marian Horvat

MITO 3: “Os procedimentos hediondos da Inquisição foram injustos, cruéis, desumanos e bárbaros. A Inquisição queimava suas vítimas sobre o fogo, emparedava-as em paredes a definhar por toda a eternidade, quebravam suas articulações com martelos, e esfolavam-nas sobre rodas.”

Realidade: Apesar das ficções góticas convincentes, a evidência nos leva a uma conclusão totalmente diferente. Os procedimentos da Inquisição são bem conhecidos através de toda uma série de bulas papais e outros documentos oficiais, mas, principalmente, por meio de tais formulários e manuais como foram preparados por São Raimundo Penaforte (1180-1275 d.C), o grande canonista espanhol, e Bernard Gui (1261-1331), um dos inquisidores mais célebres do início do século 14. Os inquisidores eram certamente interrogadores, mas eles eram especialistas teológicos que seguiram as regras e instruções meticulosamente e foram demitidos e punidos quando eles mostraram muito pouca consideração pela justiça. Quando, por exemplo, em 1223, Robert de Bourger anunciou alegremente seu objetivo de queimar os hereges, e não convertê-los, ele foi imediatamente suspenso e preso por toda a vida por Gregório IX.
Os procedimentos inquisitoriais foram surpreendentemente justos e até mesmo brandos. Em contraste com outros tribunais seculares em toda a Europa no momento, eles aparecem como quase iluminados. O processo começava com uma convocação dos fiéis à igreja onde o inquisidor pregava um sermão solene, o Edit de Foi. Todos os hereges eram instados a se apresentar e confessar os seus erros. Este período foi conhecido como o “tempo de graça”, que geralmente durava entre 15-30 dias, durante os quais todos os transgressores não tinham nada a temer, já que a eles era prometida a readmissão à comunhão dos fiéis com uma penitência adequada após a confissão de culpa. Bernard Gui afirmou que este tempo de graça era uma instituição mais saudável e valiosa e que muitas pessoas foram reconciliadas assim. Pois o principal objetivo do processo era colocar o herege de volta à graça de Deus; apenas por teimosia persistente que ele iria ser cortado da Igreja e abandonado à mercê do Estado. A Inquisição foi antes de tudo um escritório penitencial e proselitista, e não um tribunal penal. Ao menos que isto seja claramente reconhecido, a Inquisição aparece como uma monstruosidade ininteligível e sem sentido. Em teoria, era um pecador, e não um criminoso, que estava diante do Inquisidor. Se a ovelha perdida voltou para o redio, o Inquisidor era bem-sucedido. Se não, o herege morreu em rebelião aberta contra Deus e, na medida em que o inquisidor estava em causa, a sua missão era um completo fracasso.
Durante este tempo de graça, os fiéis eram ordenados a fornecer informações completas ao inquisidor sobre quaisquer hereges conhecidos por eles. Se ele pensava que havia motivos suficientes para proceder contra uma pessoa, um mandado era expedido para ele e ordenava a sua comparência perante um inquisidor em uma data especificada, sempre acompanhado por uma declaração escrita cheia de provas detidas pelo Inquisidor contra ele. Finalmente, poderia ser emitida uma ordem formal de prisão. Se o acusado não comparecesse, o que raramente ocorria, ele se tornaria um excomungado e um homem proscrito, isto é, ele não poderia ser protegido ou alimentado por qualquer pessoa sob pena de excomunhão.
Embora os nomes das testemunhas contra os acusados eram suprimidos, ao acusado era dado a oportunidade de se proteger de acusações falsas, dando ao inquisidor uma lista detalhada dos nomes dos inimigos pessoais. Com isso, ele teria conclusivamente invalidado determinado testemunho contra ele. Ele também tinha o poder de apelar para uma autoridade superior, até mesmo o papado se necessário fosse. A vantagem final do acusado era que as testemunhas falsas eram punidas, sem misericórdia. Por exemplo, Bernard Gui descreve um pai que falsamente acusou seu filho de heresia. A inocência do filho rapidamente veio à luz, e o pai foi preso e condenado a prisão perpétua.
Em 1264 Urbano IV acrescentou ainda que o inquisidor deve apresentar as provas contra o acusado a um corpo de periti [peritos] ou boni viri [bons homens] e aguardar o seu julgamento antes de prosseguir para a sentença. Agindo mais ou menos na capacidade de jurados, este grupo poderia ser de 30, 50, ou mesmo 80. Isto serviu para diminuir a enorme responsabilidade pessoal do inquiridor. Novamente, é importante enfatizar que este era um tribunal eclesiástico, que não declarou nem exerceu qualquer jurisdição sobre pessoas de fora da família da fé, isto é, o infiel professo ou o judeu. Somente aqueles que tinham sido convertidos ao cristianismo e tinha posteriormente revertido à sua antiga religião estavam sob a jurisdição da Inquisição medieval.
A tortura foi autorizada pela primeira vez por Inocêncio IV na bula Ad Extirpanda de 15 de Maio, 1252, com limites que não poderiam causar a perda de um membro ou pôr em perigo a vida, só podia ser aplicada uma vez, e apenas se o acusado já parecesse praticamente condenado de heresia por provas múltiplas e determinadas. Certos estudos objetivos realizados por estudiosos recentes têm argumentado que a tortura era praticamente desconhecida no processo inquisitorial medieval. O registro de Bernard Gui, o inquisidor de Toulouse por seis anos, que examinou mais de 600 hereges, mostra apenas uma instância em que foi usada tortura. Além disso, nas 930 sentenças registradas entre 1307 e 1323 (e vale a pena notar que registros meticulosos foram mantidos por notários pagos escolhidos entre tribunais civis), a maioria dos acusados foi condenada à prisão, ou ao uso de cruzes, e penitências. Apenas 42 foram abandonados ao braço secular e queimados.
Lendas sobre a brutalidade da Inquisição no que diz respeito ao número de pessoas condenadas à prisão e daquelas abandonada ao poder secular para serem queimadas na fogueira têm sido exageradas através dos anos. Trabalhando com cuidado a partir de registos existentes e documentos disponíveis, o professor Yves Dossat estimou que na diocese de Toulouse 5.000 pessoas foram investigadas durante os anos de 1245-1246. Destes, 945 foram julgados culpados de heresia ou envolvimento herético. Embora 105 pessoas foram condenadas à prisão, 840 receberam penitências menores. Após análise cuidadosa de todos os dados disponíveis, Dossat concluiu que em meados do século 13, apenas um em cada cem hereges condenados pela Inquisição eram abandonados ao poder secular para execução, e apenas 10-12 por cento, receberam sentenças de prisão. Além disso, os inquisidores muitas vezes reduziam as sentenças a penitências menores. O grande número de queimados detalhados em várias histórias é geralmente não autêntico ou são uma invenção deliberada de propagandistas anticatólicas de séculos posteriores. A partir da evidência crescente, parece seguro afirmar que a integridade geral do Santo Ofício foi mantida em um nível extraordinariamente elevado, muito maior do que a dos tribunais seculares contemporâneas ou posteriores.

Fonte: https://apologistasdafecatolica.wordpress.com/

Líderes pró-vida denunciam "contradição suprema" na decisão de Suprema Corte contra objeção de consciência

Imagem ilustrativa. Crédito: Ashkan Forouzani / Unsplash
Por David Ramos

MEXICO D.F., 21 set. 21 / 12:45 pm (ACI).- Líderes pró-vida denunciaram a “suprema contradição” da Suprema Corte de Justiça da Nação (SCJN) que, depois de reconhecer o direito constitucional à objeção de consciência dos profissionais da saúde, invalidou o artigo que protegia esse direito na Lei Geral de Saúde do México, no dia 20 de setembro.

“A Suprema Corte hoje incorreu em uma suprema contradição e em um supremo abuso”, disse Rodrigo Iván Cortés, presidente da Frente Nacional pela Família (FNF), à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, no mesmo dia da decisão.

“A suprema contradição radica em que, na segunda-feira passada, 13 de setembro, com uma maioria suficiente de 8 votos”, a corte “determinou que o direito à objeção de consciência do setor saúde não podia ser declarada inconstitucional”, disse Cortés.

No entanto, no dia 20 de setembro, “disseram que ´sim, é constitucional, mas eu não gosto da redação. Então, eu o derrubo, o invalido`”. “Isso não pode ser assim”, continuou, porque os ministros da SCJN “só podem declarar que algo é ou não é constitucional. Mas eles não podem legislar. E aí é que entra o outro elemento: cometeram um supremo abuso”.

Para Cortés, os ministros da Suprema Corte “estão se excedendo em suas funções. E ao fazer isso, estão violentando a divisão de poderes desta nação”. Isso “deixa claro” que os ministros, com seu presidente Arturo Zaldívar Lelo de Larrea, “estão fazendo isso para que o crime do aborto seja considerado um ´direito`”, disse o ativista.

No dia 20 de setembro, oito ministros da SCJN votaram pela “invalidade” do artigo 10 bis da Lei Geral de Saúde, que protegia o direito à objeção de consciência dos profissionais de saúde em todo o país.

O texto invalidado reconhecia o direito à objeção de consciência, exceptuando situações “quando se ponha em risco a vida do paciente ou se se trate de uma urgência médica”.

Em um comunicado divulgado após a sessão, a SCJN afirmou que seus ministros determinaram que “a lei não estabelecia as diretrizes e limites necessários para que a objeção de consciência possa ser exercida sem pôr em risco os direitos humanos de outras pessoas, em especial o direito à saúde”.

Os ministros da Suprema Corte discutirão hoje, 21 de setembro, se sugerem, a título um novo texto para o artigo inválido ou se irão enviar diretrizes obrigatórias ao Congresso da União, órgão legislativo federal.

A Suprema Corte é o órgão máximo do poder judiciário do México, com poderes próprios de um tribunal constitucional.

Marcial Padilla, diretor da plataforma ConParticipación e coordenadora da marcha “A favor da mulher e da vida”, que será realizada no domingo, 3 de outubro, na Cidade do México, disse que “hoje a Suprema Corte de Justiça voltou a trair os mexicanos”.

“Em vez de assumir a objeção de consciência em sua integridade”, afirmou, a Suprema Corte “deixa ela suspensa, afirmando que não gosta da forma como está formulada, porque impede a realização do aborto segundo os termos que eles desejam”.

Para Padilla, com esta sentença “vemos que tudo o que aconteceu na Suprema Corte de Justiça é um processo ou uma cadeia de três elos, todos eles orientados para que abortos sejam realizados de forma legal ou de forma descriminalizada em nosso país”.

O primeiro elo, disse, foi “sancionar os códigos penais para que não possam proteger a vida em todas as suas etapas”, com a sentença de 7 de setembro, que declarou inconstitucionais os artigos que penalizavam o aborto no Código Penal de Coahuila.

“O segundo foi tirar a proteção jurídica da vida nas constituições”, afirmou, lembrando que em 9 de setembro a Suprema Corte declarou inconstitucional a proteção da vida desde a concepção na Constituição do estado de Sinaloa.

“E o terceiro: assegurar, de alguma forma, que haja profissionais de saúde para realizar os abortos”, disse ele, criticando a decisão deste 20 de setembro.

Padilla disse que “teremos que ver como os legisladores reformularão a objeção de consciência” após a decisão do Supremo Tribunal.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Bispos falam aos parlamentares católicos o que a Igreja espera deles

Cristo Redentor abençoa a cidade do Rio de Janeiro
a população brasileira  (AFP or licensors)

Com os mais de 80 parlamentares brasileiros, de diferentes partidos políticos e níveis de atuação (municipal, estadual e federal), o 1º Encontro de Parlamentares Católicos a Serviço do Povo Brasileiro está sendo realizado pela Assessoria Política da CNBB desde a quinta-feira, 16 de setembro. Os parlamentares falaram o que esperam da Igreja no exercício de sua missão e os bispos falaram sobre o que a Igreja espera do exercício da missão dos parlamentares.

A parte central do segundo dia do 1º Encontro de Parlamentares Católicos a Serviço do Povo Brasileiro, na sexta-feira, 17 de setembro, foi dedicada ao painel “Testemunhos em Diálogo”, no qual, de forma intercalada, nove políticos previamente escolhidos apresentaram o que o parlamentares católicos esperam da Igreja no exercício de sua missão e nove bispos e arcebispos responderam à pergunta: “O que a Igreja espera dos parlamentares católicos no exercício de sua missão?”.

Neste momento coordenado pelo moderador do dia, o bispo de Roraima (RR) e segundo-vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Mário Antônio da Silva, cada um teve um tempo de cinco minutos de fala. Com os mais de 80 parlamentares brasileiros, de diferentes partidos políticos e níveis de atuação (municipal, estadual e federal), o encontro está sendo realizado pela Assessoria Política da CNBB desde a quinta-feira, 16 de setembro. Para efeitos didáticos, as respostas foram organizadas a partir da pergunta considerando a ordem de fala dos prelados. Abaixo agrupamos as falas de nove bispos e arcebispos que responderam à pergunta: “O que a Igreja espera dos parlamentares católicos no exercício de sua missão?”.

O que a Igreja espera dos parlamentares católicos no exercício de sua missão?

O arcebispo de São Paulo e primeiro vice-presidente do Conselho Episcopal Latinoamericano (Celam), cardeal Odilo Cherer, primeiro a falar, deu ênfase a aspectos ligados à moralidade de pessoas que atuam na esfera pública cuja missão deve ser atuar em favor do bem comum. “Que sejam bons políticos no sentido de buscar ser coerentes nas opções pautadas pela honestidade e pela ética nas ações”, afirmou.

O bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, ressaltou que na Sagrada Escritura, no magistério da Igreja e do Papa Francisco não faltam orientações e valores que devem pautar a atuação dos parlamentares católicos. O bispo disse que os parlamentares também devem buscar pautar sua atuação na promoção, defesa e cuidado com a vida da concepção à morte natural e das famílias com a proposição de políticas públicas que vão neste sentido.

O bispo de Lages (SC) e presidente do Grupo de Trabalho Pacto pela Vida e Pelo Brasil da CNBB, dom Guilherme Werlang disse que é urgente, neste momento de crise pelo qual o Brasil atravessa, que as lideranças católicas sejam bússolas éticas para superar os desafios. “Os parlamentares católicos devem pautar sua atuação na defesa da democracia, no diálogo, na defesa de nossos ecossistemas e biomas. Devemos buscar construir um Pacto pela Vida e pelo Brasil com políticas públicas para mitigar o sofrimento do povo brasileiro”, disse. Aos parlamentares católicos, dom Guilherme, em referência ao Papa Francisco, disse que a vida precisa estar acima da economia.

O arcebispo do Rio do Janeiro (RJ), cardeal Orani Tempesta destacou elementos do modelo de Igreja que o Papa Francisco tem buscado: “uma Igreja em saída e que busca construir pontes”. Ele disse ser necessário os parlamentares estarem atentos para proporem projetos que terão continuidade. Os projetos, segundo o cardeal, precisam ter em vista a promoção da dignidade das pessoas como trabalho, saúde, entre outras políticas.

O bispo de Cametá (PA), dom José Altevir da Silva (PA) fez um clamor aos parlamentares. De acordo com ele, o povo, sobretudo o povo da região Norte, as comunidades tradicionais e povos indígenas, encontram-se ainda excluídos da possibilidade de uma vida digna. O bispo apontou que o bioma Amazônico está sendo destruído pelos grandes projetos e empreendimentos econômicos. “Aqui nesta região existe um povo com uma história, com valores e uma cultura. O Brasil assinou tratados internacionais e este povo não está sendo ouvido e nem consultado sobre estes projetos”, disse.

O arcebispo de Manaus (AM), dom Leonardo Steiner enalteceu a atuação de parlamentares a partir os valores do Evangelho. Os políticos católicos, destacou o arcebispo, devem ser os primeiros a ser os frequentadores da Palavra de Deus, do magistério da Igreja e sua Doutrina Social, do magistério dos Papas e dos vários documentos da CNBB. Estas referências, para dom Leonardo, oferecem valores para o modo de ser e atuar dos parlamentares católicos na esfera política. O arcebispo disse ainda ser necessário que os parlamentares busquem aprovar políticas públicas que atendam aos interesses dos empobrecidos, a partir da escuta dos clamores das comunidades e minorias além de pautar sua atuação pela ética, defesa da democracia e busca do bem comum.

O arcebispo de São Salvador (BA), cardeal Sergio da Rocha destacou três pontos em sua fala: a) Os parlamentares devem buscar ser testemunhas cristãs no mundo da política, sendo, a partir dos ensinamentos de Jesus,  sal da terra e luz do mundo; b) buscar ser coerentes com a fé professada (celebrada e vivida junto às comunidades), sobretudo orientando-se pela ética na política; e c) serem testemunhos de comunhão com a Igreja, sua Doutrina Social, o  magistério do Papa Francisco, as orientações da CNBB e das Igrejas locais.

O arcebispo de Campo Grande (MS), dom Dimas Lara Rezende ressaltou que os parlamentares católicos devem considerar a política como um serviço aos mais pobres e apostar mais na busca por um projeto de Nação e não de governos. Ele lembrou da lei da Ficha Limpa, conquistada a partir a mobilização da Igreja Católica no Brasil reforçando que os parlamentares devem estar atentos ao combate à corrupção e à busca do bom uso dos recursos públicos.

O bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Giovani Pereira apontou aos parlamentares o desafio de resgatar a dignidade da política. Falou do esforço que a CNBB, por meio das Pastorais Sociais, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) e do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (Cefep), tem feito para oferecer uma formação aos leigos e leigas com vista a atuação na esfera política e pública. Disse que, inspirados pelo Papa Francisco, os parlamentares católicos devem primar sua conduta pela busca do diálogo e pela cultura do encontro. Falou também da importância de considerarem as demandas locais e de promoverem a participação social.

O que os parlamentares esperam da Igreja no exercício de sua missão?

Primeiro a falar, o deputado federal Patrus Ananais (PT/MG) apresentou às lideranças uma questão a partir das preocupações sociais expressadas pelo Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti: como enfrentar o poder do dinheiro e do capital e a deificação do mercado? Sabemos que a miséria não é vontade de Deus e, por isto, esperamos o enfrentamento deste poder com ações concretas.

A deputada federal Carmem Zanotto (Cidadania/SC) disse esperar da Igreja um diálogo mais próximo dos parlamentares no exercício de sua missão, mesmo em torno de pautas não convergentes. Ela ressentiu-se do distanciamento mesmo entre os parlamentares católicos e disse sentir falta das missas no Congresso Nacional, espaço no qual as homilias tinham um papel central de orientar a atuação parlamentar. Disse ser importante continuar realizando encontros como este para refletir como os parlamentares podem estar mais próximos em torno da atuação a partir dos temas e projetos que unem os católicos.

O vereador Chico Alencar (Psol-RJ) lembrou que em 1970, à época membro da Juventude Estudantil Católica (JEC), participou de uma assembleia da CNBB na qual conheceu dom Helder Câmara, dom Paulo Evaristo Arns e dom Pedro Casaldáliga. Ele disse que espera que a Igreja seja Igreja e busque, com os parlamentares, a partilha, a troca e viver em comunidade. Também disse que a missa da CNBB no Congresso era um espaço no qual alimentava a sua espiritualidade para atuar no Congresso. Ele disse ser insuficiente ser católico apenas do “censo demográfico” ou apenas de ir às missas ao domingo. “Não dá para aceitar o aumento de 23% de compras de arma no Brasil. “É impossível um cristão defender isto que vai na contramão do princípio de buscar a justiça como caminho para a paz”, disse.

O deputado federal Francisco Júnior (PSD-GO) partilhou suas dores e expectativas como parlamentar. Segundo ele, antes de entrar na política era visto como “bom moço”, mas hoje é como se tivesse um carimbo de “suspeito” na testa. Ele disse entender a política como missão e vocação e espera que a Igreja seja como uma mãe e pastora capaz de apontar os caminhos e referências para a sua atuação baseadas na Doutrina Social, mas também de acompanhar os mandatos e chamar a atenção quando está errado mas também incentivar quando há acertos. Ele disse ser importante que a Igreja não fique refém de pessoas e ideologias, mas seja um espaço aberto a acolher a todos. “Que o exercício da política seja como um ministério a serviço da vida, da família e dos empobrecidos”, disse.

A vereadora de Itacoatiara (AM), Maria Francelizia da Silva, Itacoatiara (PT), disse compreender que o mandato é uma extensão da atuação pastoral do cristão no espaço político. Contudo, ela apontou que sente falta de formação mais efetiva, por meio de escolas de formação política, dos parlamentares e também para despertar nos leigos o desejo de atuação no espaço político. Também cobrou mais acompanhamento da atuação parlamentar.

O senador Flávio Arns (Podemos-PR) disse ser necessário continuar a promoção de encontros entre a Igreja e os parlamentares para aproximação recíproca. “A gente sempre espera que a Igreja esteja atenta aos fatos pelos quais o Brasil está passando como a necessidade de mais diálogo, a superação das polarizações e também traduzir isto para a vida do povo”, disse. Segundo ele, a Igreja precisa acompanhar mais de perto os mandatos parlamentares para que possa ampliar as vozes das bases a partir dos desafios de cada região. Ele disse ser necessário também a Igreja Católica dar mais visibilidade às várias iniciativas que faz no Brasil a serviço do povo brasileiro (saúde, educação, assistência, entre outros). Defendeu também ser necessário que a Igreja aproxime-se de outros políticos que atuam a partir de princípios humanísticos, mas não necessariamente comungam da mesma fé.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) disse que a conjuntura pede mais ações de promoção e defesa da fé. Em sua avaliação, a Igreja precisa subsidiar os parlamentares com mais conhecimento. Uma papel que a Igreja pode fazer, em sua avaliação, uma vez que atua com uma grande capilaridade, é ajudar as pessoas a ter uma visão mais crítica da realidade e a compreender que a pobreza não é algo que Deus quer, mas é fruto da ação humana e de decisões políticas e governamentais.

O vereador de Fortaleza (CE) Jorge Pinheiro (PSDB) pediu, como filho, que a Igreja seja uma mãe educadora que esteja mais presente incentivando e acolhendo, mas também puxando a orelha quando notar que a atuação parlamentar não esteja coerente com os princípios e orientações católicas.

A deputada estadual pelo PT de Minas Gerais, Marilene Alves de Souza (Leninha) disse perceber a existência de muitos pontos convergentes a partir dos quais a Igreja pode trabalhar para iluminar o caminho e a atuação dos parlamentares no exercício de seus mandatos. Ela disse acreditar que a política é a forma mais perfeita de exercício da caridade. “A caridade é o caminho mais nobre para transformar as estruturas rumo à política do bem comum e do bem viver para todos, especialmente para os mais empobrecidos”, afirmou.

"CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Maurício e companheiros

S. Maurício e companheiros | arquisp
22 de setembro

SS. MAURÍCIO E COMPANHEIROS, SOLDADOS E MÁRTIRES

Diocleciano, assim que foi aclamado imperador, no ano 284, imediatamente nomeou Maximiano Hercúleo governador do Ocidente, com a incumbência de entrar em combate contra os gálios, agora chamados franceses, os quais já haviam dado início à luta armada para vingarem-se da morte de Carino, filho do até então imperador, que fora assassinado pelo sanguinário Diocleciano por ocasião da sua tomada do poder.

No alto Egito, foi recrutado um batalhão de soldados cristãos, conhecidos como "a legião de soldados cristãos da Tebaida", chefiados pelo comandante Maurício. Apesar do ódio que Maximiano nutria pelos cristãos, a incorporação de tais soldados em seu exército não era nenhum acontecimento especial ou extraordinário, uma vez que o próprio imperador Diocleciano, na época, era simpatizante confesso deles. Até mesmo confiava-lhes cargos administrativos importantíssimos no Império. Nesse período, ele ainda não via ou citava os cristãos como uma ameaça ao Império Romano.

Depois de muitas batalhas, durante um período de descanso de três dias em Octodorum, por ordem do imperador haveria três dias de comemorações e grandes festas religiosas, nas quais os deuses pagãos seriam homenageados pela vitória conseguida sobre o inimigo. É claro que os soldados cristãos da legião tebaica recusaram-se a participar de tal festa.

Então, decidiram levantar acampamento e seguiram para Agaunum, uma aldeia a cinco quilômetros de distância da cidade. Esse ato irritou o governador Maximiano, que ordenou o retorno imediato do batalhão cristão, para que se aliassem ao restante do exército, nas solenidades aos deuses.

Comandados por Maurício e com o apoio, principalmente, de Exupério, Cândido, Vitor, Inocêncio e Vital, todos os soldados da tropa de Tebaida recusaram-se, novamente, a participar dos festejos. A irritação de Maximiano aumentou ainda mais, e a tal ponto, que imediatamente deu ordem a seu exército para marchar contra eles.

Maurício e seus companheiros foram, então, massacrados pelos soldados pagãos. O campo ficou forrado de sangue e cadáveres. Naquele lugar e naquela época, foi erguida uma igreja em honra e culto a esses santos mártires do cristianismo, encontrada somente por volta do ano 1893. A maioria das relíquias dos corpos dos soldados cristãos da legião tebaica, atualmente, são veneradas no Convento de São Mauricio de Agaunum, na região do Valese, atual Suíça. Especialmente no dia 22 de setembro, determinado pelo calendário oficial da Igreja de Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Santo Inácio de Santhiá

S. Inácio de Santhiá | arquisp
22 de setembro

Santo Inácio de Santhiá

Lourenço Maurício nasceu no dia 5 de junho de 1686, em Santhiá, província de Vercelli, Itália. Era o quarto de seis filhos, da rica família dos Belvisotti, cristã, bem posicionada e muito conceituada socialmente. Aos sete anos, ficou órfão de pai, mas a sua mãe cuidou para que os filhos recebessem uma excelente instrução por meio de um sacerdote piedoso. Assim, além de uma formação literária invejável, ele cresceu na oração e amadureceu a sua vocação sacerdotal.

Completou os estudos teológicos em Vercelli, no ano de 1710. Depois de seis anos de frutuoso ministério sacerdotal, entrou na Ordem dos Frades Capuchinhos, emitindo os votos religiosos em 1717 e tomando o nome de frei Inácio. Desde então, foi enviado para vários conventos, sempre obediente e honrado por poder servir os irmãos da Ordem com a sua humilde pessoa.

Inácio de Santhiá foi enviado para Turim-Monte, em 1727, para ser: prefeito de sacristia e confessor dos padres seculares e dos fiéis paroquianos, tarefa que desempenhou também nos últimos vinte e quatro anos de vida. Nesse ministério, demonstrou toda sua caridade paterna, sabedoria e ciência, adquiridas nos livros e por meio das orações contemplativas. Dedicava os seus dias inteiramente ao serviço do confessionário. Com isso, a sua fama de bom conselheiro espiritual difundiu-se rapidamente, trazendo para a paróquia uma grande quantidade de religiosos, sacerdotes e fiéis desejosos de uma verdadeira orientação no caminho da santidade. A todos recebia com a maior caridade, porque os pecadores eram os filhos mais doentes e necessitados de acolhida e compreensão. Passou a ser chamado de "padre dos pecadores e dos desesperados".

Em 1731, o seu bom conceito de guia experiente e sábio levou-o a ocupar os cargos de mestre dos noviços e vigário do Convento de Mondoví, onde também a sua fama de santidade se espalhou entre a população, entusiasmando especialmente os jovens. Durante quatorze anos Inácio ficou na direção do noviciado de Mondoví. Sua única intenção era formar os jovens para a vida, a mortificação, a penitência, e instruía, corrigia e encorajava com atenção e palavras amorosas, fazendo o caminho difícil tornar-se ameno. A sua função de mestre dos noviços só foi interrompida devido a uma grave doença nos olhos, que quase o cegou. Por isso regressou a Turim, no final de 1744, para receber o tratamento adequado.

Foi assim que o frei Inácio retomou o seu apostolado do confessionário, exercido até os seus últimos dias. Morreu com sua fama de santidade no dia 21 de setembro de 1770, em admirável tranqüilidade. A notícia espalhou-se rapidamente e uma multidão de fiéis de todas as classes sociais acorreu para saudar pela última vez o "santinho do Monte", como era chamado. Os milagres atribuídos à sua intercessão logo surgiram e o seu culto ganhou vigor entre os devotos. Até que, em 1966, o papa Paulo VI declarou bem-aventurado Inácio de Santhiá, para ser venerado no dia seguinte à data de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

http://arquisp.org.br/

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Por que você deve se permitir ser feliz

Olena Yakobchuk | Shutterstock
Por Michael Rennier

Não é egoísmo querer ser verdadeiramente feliz e viver seus dias ao máximo. Esse desejo de florescer é exatamente o desejo que Deus tem para você.

Tenho o tolo hábito de correr distâncias muito longas. Perco-me em bairros urbanos e caminhos inesperados na mata, envolto sempre na alegria de explorar novos lugares.

No meio do caminho, percebo o quanto minhas pernas doem, o peso da minha idade e o quanto me afastei de casa. Eu me viro para refazer meus passos, para voltar para casa e declarar para minha esposa que nunca vou cometer esse erro novamente. Ela ri de mim e não diz nenhuma palavra. Ela sabe que vou repetir muitas vezes.

Durante a parte dessas corridas em que sofro para chegar em casa, sonhando com a comida que vou comer, me pergunto por que faço isso. Então, eu me lembro daquela parte anterior da corrida, a parte em que virei à esquerda aleatoriamente e encontrei uma nova trilha sob um dossel de choupo ou onde o algodão flutuava no ar como neve. É uma emergência repentina de felicidade. Impossível de expressar; só pode ser sentida, como uma elevação do coração a Deus. Esse é o sentimento que persigo.

Momentos de felicidade

Esse tipo de felicidade não é conquistado; é um presente. Ele desce sem aviso – enquanto você vê seu filho andar de bicicleta por uma rampa que ele mesmo construiu, enquanto você brinca de esconde-esconde com seu filho, desfruta de longos jantares sem pressa com amigos ou se envolve em uma oração silenciosa com apenas a vela do tabernáculo iluminando a igreja.

Esses momentos inesperados são valiosos! Eles atendem a uma forma mais profunda e duradoura de felicidade, o prazer constante que todos nós podemos ter todos os dias em nossa família, com amigos, no trabalho, nos hobbies e numa vida bem vivida.

Por muitos anos, não achei que essa felicidade fosse algo que eu merecesse. Eu também era um corredor na época, mas não corria de alegria: apenas para dominar e controlar meu corpo – como uma guerra que estava travando contra mim mesmo. Era uma sensação de bem-estar que me confundia. Eu não sabia o que fazer com ela. Talvez seja disso que eu estava fugindo. De certa forma, acho que estava viciado em desespero.

É possível ser feliz

Quando mais jovem, eu lutei contra a depressão, agravada por uma crise de fé e um intenso questionamento sobre quem eu era e quem deveria me tornar. As respostas não vinham, e eu caía no desespero. Tudo o que eu podia ver eram perguntas, nenhuma resposta. Eu via falhas, não soluções.

Eu não acreditava que poderia ser feliz, e entrei em um ciclo de desespero. No final das contas, porém, como me cansei da maneira como minha vida estava indo e vi o efeito negativo que isso tinha nas pessoas ao meu redor, fiz uma escolha ativa de lutar pela felicidade. Foi uma luta. Eu não estava tão familiarizado com a experiência da felicidade. Por isso, tive que fazer uma escolha definitiva para ser feliz. 

Minha tese era que, se eu agisse com felicidade e cultivasse apreço e gratidão, meus sentimentos acabariam por se recuperar. Não foi fácil. Essencialmente, estava aprendendo a me definir de uma maneira inteiramente nova. O primeiro passo foi, talvez, o mais difícil – acreditar realmente que eu poderia ser feliz e merecia ser feliz.

Crenças limitantes

Existem histórias que contamos a nós mesmos. “Você não pode fazer isso.Você sempre bagunça. Não está destinado a ser feliz“. Essas histórias não são verdadeiras, mas podem ser bastante convincentes e acabam norteando nossas decisões. Elas nos direcionam para um canal estreito e, com o tempo, aprendemos a pensar em tudo que está além dessa autodefinição está fora dos limites.

 Poucas coisas nos limitam mais profundamente do que nossas crenças sobre quem somos e o que merecemos. Por alguma razão misteriosa, muitos de nós nos convencemos de que a felicidade está fora de nossa história. Não merecemos ser felizes, pensamos. Talvez porque tenhamos muitos defeitos ou não sejamos bom o suficiente.

Deus nos quer felizes

Deus quer que sejamos felizes. E, pelo menos para mim, houve uma certa obstinação egoísta em me recusar a fazê-lo. Eu me afundava em minha miséria porque isso, secretamente, me fazia sentir especial. Isso me fazia me sentir inteligente. Mas era um falso conforto, e não podia proporcionar felicidade real. Por outro lado, não é egoísmo querer ser verdadeiramente feliz e viver seus dias ao máximo. Esse desejo de florescer é exatamente o desejo que Deus tem para nós também. É o propósito para o qual ele nos criou.

Então, vou continuar correndo. Não estou mais fugindo de nada. Agora sou um buscador, um peregrino, um andarilho animado, antecipando momentos divinos de graça esperando em cada esquina. É uma metáfora para a vida. Estamos todos em uma jornada. Não importa o caminho que você escolha, ele pode ser repleto de felicidade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O “INDEX”, uma questão controversa

Guadium Press
Privação da liberdade dos homens por parte da Igreja? Alguns o consideram. Outros veem nisto uma atitude similar à que os bons pais tomam nos nossos dias ao bloquear o acesso dos filhos a certos sites na internet ou a programas inconvenientes de TV.

Redação (20/09/2021 09:42Gaudium Press) Em sua história bimilenar, a Santa Igreja teve de enfrentar tempestades não pequenas para manter-se de pé e poder proclamar livremente a Fé em Cristo por toda a terra.

Desde as perseguições do Império Romano, nunca faltaram lutas físicas e dificuldades de ordem material que dificultassem o apostolado; o inimigo, porém, não contentando-se em atacá-la frontalmente, empenhou-se em tentar “envenená-la”, ou melhor, “anestesiá-la” aos poucos, para que a chama da ortodoxia fosse paulatinamente apagada.

Ciente deste mal, a Igreja — para quem a disciplina e a rigidez bem compreendidas e aplicadas nunca foram um mal — consentiu na condenação de obras e escritos de conteúdo herético ou de quem propagasse doutrinas contrárias à moral e costumes cristãos. Foi essa a gênese do famoso Index.

O que é o Index?

O chamado Index librorum prohibitorum[1] consistia numa lista de autores, obras ou até mesmo trechos de escritos e traduções (previamente estudados e, por vezes, entregues à correção e ratificação) considerados inconvenientes e perigosos à leitura e apreciação dos católicos.

Foi publicado, pela primeira vez, pelo Papa Paulo IV (1555-1559), que recolheu e organizou índices menores feitos sob Paulo III pela Inquisição Romana,[2] instituição encarregada de descobrir e reprimir heresias, censurar e proscrever livros que as secundassem de qualquer maneira.[3]

Assim, incorria em excomunhão o fiel que, conscientemente, lesse ou apenas possuísse livros citados nesta lista, cabendo apenas ao Sumo Pontífice a absolvição,[4] conforme elucidado na constituição Dominici gregis custodiae de Pio IV: “se ordena a todos os fiéis que ninguém ouse ler ou possuir livros contrários ao prescrito nestas regras ou à proibição deste Index. Se alguém ler ou possuir livros de hereges ou escritos de qualquer autor, condenados ou proibidos por heresia ou por suspeita de doutrina errônea, incorrerá imediatamente em sentença de excomunhão.”[5]

Em casos específicos se ordenava a detenção e destruição de exemplares da obra, bem como um inquérito a respeito da publicação e edição, medidas que vigoravam mais ou menos assim até o século passado.

Polêmicas intermináveis

Não obstante sua eficácia, esta inovação suscitou não pequenas contendas desde seus primórdios. No ímpeto inicial, vários autores foram condenados em todos seus escritos, como Erasmo de Rotterdam, cuja obra – condenada in odium auctoris – foi aos poucos sendo retirada do Index.[6]

Os espíritos críticos alegavam que a Santa Igreja “se intrometia” em assuntos alheios à sua jurisdição; outros, tanto mais próximos quanto perversos, diziam acreditar que era ridículo não ver os dois pontos de vista de uma questão antes de debatê-la, pelo que era imprescindível o conhecimento de tais obras.

Em sua edição de 1948 — com mais de 500 páginas de obras proibidas — por exemplo, encontram-se nomes ilustres como Pascal, La Fontaine, Kant, Alexandre Dumas, entre tantos outros… desde tratados de teologia até literatura infantil, não havia um campo do saber onde não caía uma censura condenatória.[7]

Objeções como as sobreditas renovaram-se por mais de quatrocentos anos, e a Igreja reiterava suas prescrições.

Supressão do Index

Durante o pontificado de São Pio X, procedeu-se a organização de numerosos órgãos do governo vaticano, dicastérios e congregações. As chamadas Congregação do Index e Inquisição Romana passaram então a integrar-se à do Santo Ofício.[8]

Porém, apenas terminado o Concílio, Paulo VI empreendia a reforma do Santo Ofício, que seria denominado Congregação para a Doutrina da Fé; entre as obrigações desta nova instituição — enunciadas no Motu proprio Integrae Servandae —, não está mencionado o Index, pelo que ficava fora de uso a partir do momento. Com isso, ficavam suprimidas as condenações inerentes ao mesmo: embora conservasse um pouco de força moral, não existia a censura como antes.[9]

Longe de querer julgar ou desaprovar o que se deu na questão, aliás bastante controversa, podemos nos indagar qual seriam os motivos desta decisão.

Privação da liberdade dos homens por parte da Igreja? Alguns o consideram. Outros, pelo contrário, veem nisto uma atitude similar àquela que os bons pais tomam ao bloquear o acesso dos filhos a certos sites na internet ou programas de TV que lhes podem quitar a inocência e manchar a pureza.

Devido aos efeitos da modernização do mundo, a facilidade com que a maioria dos homens aprende e aceita doutrina imorais é realmente espantosa. Nos vagalhões de novas ideias, o que deveria fazer o guia senão indicar a verdade e expurgar o perigoso “verossímil”? Não é dever da Mestra dos Povos proteger seus súditos de ensinamentos nocivos, que a tantos fizeram cair e propagar o erro?

Mas salta-nos aos olhos: a que antes condenava passou, em determinado momento e por alguma razão misteriosa, a se calar.

E a porta para o próximo passo ficou então aberta.

Por André Luiz Kleina


[1] Do latim: Índice de livros proibidos.

[2] Fundada em 21 de julho de 1542 pela Constituição apostólica Licet ab initio.

[3] Cf. PAULO VI. Motu Proprio Integrae Servandae. 7 dez. 1965.

[4] Cf. PAREDES, Javier. Diccionario de los Papas y Concilios. Barcelona: Ariel, 1998, p. 327.

[5] PIO IV, Regras Tridentinas [constituição Dominici gregis custodiae], 24 mar. 1564 (DH 1861) DENZINGER, Heinrich; HÜNERMANN, Peter (ed.). Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. Trad. José Marino Luz; Johan Konings. São Paulo: Paulinas; Loyola, 2007.

[6] Cf. ROPS. A Igreja da Renascença e da Reforma: a reforma católica. Trad. Emérico da Gama. São Paulo: Quadrante, 1999, p. 101.

[7] Cf. PII XII. Index librorum prohibitorum. Vaticanis: Polyglotis Vaticanis, 1948.

[8] Cf. ROPS. A Igreja das Revoluções: um combate por Deus. Trad. Henrique Ruas. São Paulo: Quadrante, 2006, p. 90.

[9] Em contrapartida, foram incluídos nos regulamentos eclesiásticos normas específicas para publicações e censuras das mesmas.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

5 MITOS SOBRE A SANTA INQUISIÇÃO (Parte 3/6)

Apologistas da Fé Católica

5 MITOS SOBRE A SANTA INQUISIÇÃO

Texto da phd em História Medieval, Dra. Marian Horvat

MITO 2: “A Inquisição nasceu da intolerância, crueldade e intolerância do mundo medieval, dominado pela Igreja Católica.”

Realidade: A Inquisição encontrou o seu início em um ambiente calmo, medido e tentava criar um instrumento jurídico de conformidade que eliminaria o capricho, raiva e intolerância dos revolucionários. Além disso, os inquisidores medievais estavam combatendo um perigo social e não apenas teológico.
No final do século 12, a Inquisição foi criada no sul da França em resposta à heresia albigense, que encontrou uma força especial nas cidades da Lombardia e Languedoc. É importante salientar os perigos sociais apresentados a toda a sociedade por este grupo, que não era apenas um protótipo do fundamentalismo protestante moderno, que é a visão popular dos nossos dias. O termo Albigense deriva da cidade de Albi, no sul da França, um centro de atividade dos cátaros. Os cátaros (o nome refere-se à designação dos seus adeptos como cátaros, palavra grega para os “puros”) consideravam que duas divindades, uma material e má, e outra imaterial e boa, lutavam pelas almas dos homens. Toda a criação material era má e era dever do homem escapar dela e rejeitar aqueles que a reconheciam como boa. O Deus do Antigo Testamento, que criou o mundo, era mau, era repudiado. Foi o Novo Testamento, tal como interpretado pelos cátaros, que atuou como guia para o homem para libertar sua alma espiritual da matéria má, o corpo. Uma autoridade do século 13, Rainier Sacconi, resumiu a crença dos cátaros assim:

“As crenças gerais de todos os cátaros eram as seguintes:

D. Sancho I e os Cátaros occitanos – Por Vitor Manuel Adrião Quinta-feira, Sep 1 2016

O diabo fez este mundo e tudo nele. Além disso, todos os sacramentos da Igreja, a saber, o batismo de água real e os outros sacramentos, são inúteis para a salvação e eles não são os verdadeiros sacramentos de Cristo e Sua igreja, mas são enganosos e diabólicos e pertencem à Igreja dos maus… Também uma crença comum a todos os cátaros é que o matrimônio carnal sempre foi um pecado mortal e que na vida futura alguém não sofrerá uma penalidade maior por adultério ou incesto do que pelo casamento legítimo, nem mesmo entre eles alguém seria mais severamente punido do que este assunto. Além disso, os cátaros negam a futura ressurreição do corpo. Eles acreditam também que comer carne, ovos ou queijo, mesmo em uma necessidade premente, é um pecado mortal; isso pela razão de que eles são gerados pelo coito. Também fazer juramento não é em nenhum caso admissível, este consequentemente, é um pecado mortal. Também que as autoridades seculares cometem o pecado mortal em punir malfeitores hereges. Também que ninguém pode alcançar a salvação, exceto em sua seita.”

Os cátaros, assim, asseguravam que a missa era idolatria, a Eucaristia era uma fraude, o casamento mal, e a Redenção ridícula. Antes da morte, os adeptos recebiam o consolamentum, o único sacramento permitido e isso permitia a alma ser livre de matéria e voltar para Deus. Por esta razão, o suicídio por estrangulamento ou por inanição não só foi permitido, mas poderia até ser louvável.
Ao pregar que o casamento era mal, que todos os juramentos eram proibidos, que o suicídio religioso era bom, que o homem não tinha vontade livre e, portanto, não poderia ser responsabilizado por suas ações, que a autoridade civil não tinha o direito de punir os criminosos ou defender o país na força, bateram na própria raiz da sociedade medieval. Por exemplo, a simples recusa de tomar juramentos teria minado todo o tecido das estruturas legais feudais, em que a palavra falada carregava igual ou maior peso do que a escrita. Até mesmo Charles Henry Lea, um historiador protestante amador da Inquisição que fez forte oposição a Igreja Católica, teve que admitir:

“Essa era a crença cuja rápida difusão na Europa encheu a Igreja de um terror plenamente justificado. Por mais horror que nos possam inspirar os meios empregados para combatê-la, por mais piedade que devamos sentir por aqueles que morreram vítimas de suas convicções, reconhecemos sem hesitar que, nas circunstâncias, a causa da ortodoxia era a da civilização e do progresso. Se o catarismo se houvesse tornado dominante, ou pelo menos igual ao catolicismo, não há dúvida de que sua influência teria sido desastrosa”

Em resposta à gravidade e brutalidade frequentes com o qual o norte francês travou contra a Cruzada albigense, em que muitos hereges foram mortos sem julgamento formal ou audiência, o Papa Inocêncio III instituiu um processo de investigação para expor as seitas secretas. Outro problema enfrentado pelo papado foi a vontade por parte dos leigos de tomarem as medidas mais severas contra a heresia sem muita preocupação com a conversão e salvação dos hereges. O Papa Gregório IX é considerado o verdadeiro pai da instituição medieval, amigo tanto de São Francisco quanto de São Domingos. Ele chamaria as ordens mendicantes recém-descobertas para assumir a tarefa perigosa, árdua e indesejada de inquisidores.
O que Papa Gregório IX instituiu era um tribunal extraordinário para investigar e julgar pessoas acusadas de heresia. O crescimento sem precedentes dos albigenses no sul da França certamente influenciou em sua decisão. No norte da França, também, a Igreja estava enfrentando a violência da multidão esporádica, que muitas vezes caia sobre os inocentes. A prática de colocar os hereges à morte por queima na fogueira estava assumindo a força de um costume estabelecido. O Papa também estava preocupado com os relatos vindos da Alemanha sobre uma seita conhecida como os Luciferianos, uma sociedade secreta com rituais fixos que profanavam a Hóstia sagrada.
No plano secular, o Papa estava enfrentando um poder formidável, o imperador Frederico II, o supostamente “moderno” e ‘liberal” Hohenstaufen, um governante totalmente indiferente ao bem-estar espiritual da Igreja e continuamente em desacordo com o Papado. O governante cristão só de nome, Frederico II foi fortemente influenciado pelos astrólogos e costumes muçulmanos (ele mantinha um harém); ele arruinou duas cruzadas, e foi excomungado duas vezes. Já em março de 1224, ele ordenou que qualquer herege condenado em Lombardia deveria ser queimado vivo (a pena romana antiga por alta traição) ou como uma penalidade menor, as suas línguas arrancadas. O Papa Gregório, estava com receio de que Frederico estava mandando homens as chamas que não eram hereges, mas apenas os seus próprios inimigos pessoais, e procurou encontrar uma maneira mais comedida para lidar com o problema.
Em 1233 o Papa Gregório IX respondeu com sua própria solução: substituir a lei de Lynch por um processo legal regular, dirigido pelos dominicanos e franciscanos mendicantes. Eles seriam examinadores e juízes especialmente treinados para a detecção e conversão de hereges, protegidos da avareza e corrupção pelo voto de pobreza, e devotados à justiça.
O primeiro ponto, portanto, a ser observado em conexão com a Inquisição mendicante é que ela surgiu em resposta a uma necessidade definida. Em matéria de heresia, introduziu a lei, sistema, e até mesmo a justiça onde havia um espaço ilimitado para a satisfação do ciúme político, animosidade pessoal, e o ódio popular. Quando encontramos um historiador descrevendo a introdução da Inquisição como um “passo em frente na teoria jurídica”, devemos entendê-lo nesse sentido. “Inquisitio” significa investigação, e esta foi a preocupação do Papa: uma investigação real, um processo judicial, em vez de linchamento de imediato, em vez de atos motivados por emoções irracionais e vingança privada.
O segundo ponto é que as ordens mendicantes foram encarregadas da tarefa de preservar a integridade da Fé, bem como a segurança da sociedade. A incapacidade de conter a onda dessa heresia teria permitido um colapso na cristandade ocidental. Um dos tribunais mais bem-sucedidos em toda a história, conseguiu extirpar o veneno antissocial dos albigenses e, assim, preservou a unidade moral da Europa por mais de trezentos anos.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF