O Papa divulgou nesta
terça-feira (14/05) a mensagem para o IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos que
será celebrado em 28 de julho. "Na velhice, não me abandones" (Sal
71, 9) é o tema de reflexão proposto pelo Pontífice: "à atitude egoísta
que leva ao descarte e à solidão, contraponhamos o coração aberto e o rosto
radioso de quem tem a coragem de dizer «não te abandonarei!»".
Andressa
Collet - Vatican News
O Papa
Francisco divulgou nesta terça-feira (14) a mensagem para o IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos celebrado
todo quarto domingo de julho, próximo à memória litúrgica dos Santos
Joaquim e Ana, avós de Jesus. Neste ano, será comemorado em 28 de julho e o
Pontífice oferece uma reflexão proposta do Salmo 71, "Na velhice, não me
abandones" (Sal 71, 9), voltando a tratar da rejeição na
melhor idade, quando as pessoas enfrentam contextos de solidão e
sentimentos de descarte.
A mensagem
começa encorajadora, ao recordar que "Deus nunca abandona os seus filhos;
nem sequer quando a idade vai avançando e as forças já declinam, quando os
cabelos ficam brancos e a função social diminui, quando a vida se torna menos
produtiva e corre o risco de parecer inútil. O Senhor não olha para as
aparências (cf. 1 Sam 16, 7)," destaca o Papa no texto. Esse "amor
fiel do Senhor", do "modo como Deus cuida de nós", continua ele,
é revelado em toda Sagrada Escritura e, sobretudo, nos salmos: "aliás, segundo
a Bíblia, é sinal de bênção poder envelhecer".
A solidão
na velhice
Mas, nos
próprios salmos, também encontramos "esta sentida invocação ao Senhor:
«Não me rejeites no tempo da velhice» (Sal 71, 9). Uma frase forte, crua. Faz
pensar no sofrimento extremo de Jesus, quando gritou na cruz: «Meu Deus, meu
Deus, porque me abandonaste?» (Mt 27, 46)". Assim, encontramos na Bíblia
tanto "a certeza da proximidade de Deus" como "o temor do
abandono, especialmente na velhice e nos períodos de sofrimento". Isso
porque é um reflexo da realidade, já que os idosos "com frequência",
encontram a solidão.
"Muitas
vezes me sucedeu, como bispo de Buenos Aires, ir visitar lares de terceira
idade, dando-me conta de como raramente recebiam visitas aquelas pessoas:
algumas, há muitos meses, não viam os seus familiares."
O Papa
Francisco, então, traz algumas causas dessa solidão, provenientes, por exemplo,
de situações de pobreza e conflitos, migrações e hostilidades dos jovens em
relação aos idosos - essa uma mentalidade que deve ser "combatida e
erradicada", escreve o Pontífice, para não alimentar "uma certa
conflitualidade geracional": "se pensarmos bem, está hoje muito
presente por todo o lado esta acusação, lançada contra os velhos, de «roubar o
futuro aos jovens»":
"O
contraste entre as gerações é um equívoco, um fruto envenenado da cultura do
conflito. Opor os jovens aos idosos é uma manipulação inaceitável: 'O que está
em jogo é a unidade das idades da vida'."
O descarte
dos idosos
"A
solidão e o descarte dos idosos não são casuais nem
inevitáveis, mas fruto de opções – políticas, econômicas, sociais e pessoais –
que não reconhecem a dignidade infinita de cada pessoa",
continua Francisco na mensagem ao acrescentar nesse pacote triste da terceira
idade, o descarte. O Papa afirma o quanto os idosos e as próprias famílias
acabam sendo vítimas da "cultura individualista" porque, quando se
envelhece, as pessoas ficam sem ajuda de ninguém: "cada vez
mais «perdemos o gosto da fraternidade» (FRANCISCO, Carta enc. Fratelli
tutti, 33)".
“Isto acontece quando se perde
vista o valor de cada pessoa, tornando-se ela apenas uma despesa que, em alguns
casos, aparece demasiado elevada para pagar. O pior é que, muitas vezes, acabam
dominados por esta mentalidade os próprios idosos que chegam a considerar-se
como um fardo, sendo os primeiros a quererem desaparecer.”
"A
solidão e o descarte tornaram-se elementos frequentes no contexto em que
estamos imersos". Mas, a Sagrada Escritura apresenta opções diferentes face à velhice,
porque "viver sozinhos não pode ser a única alternativa". Diante de
um «não me abandones», é possível responder «não te abandonarei!»,
cuidando "de um idoso ou simplesmente demonstrando diariamente
solidariedade a parentes ou conhecidos que não têm mais ninguém".
Manter-se junto aos idosos, comenta ainda Francisco, reconhecer "o papel
insubstituível que eles têm na família, na sociedade e na Igreja, também nós
receberemos muitos dons, tantas graças, inúmeras bênçãos!".
“Neste IV Dia Mundial a eles
dedicado, não deixemos de mostrar a nossa ternura aos avós e aos idosos das
nossas famílias, visitemos aqueles que estão desanimados e já não esperam que
seja possível um futuro diferente. À atitude egoísta que leva ao descarte e à
solidão, contraponhamos o coração aberto e o rosto radioso de quem tem a
coragem de dizer «não te abandonarei!» e de seguir um caminho diferente.”
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt