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sábado, 21 de novembro de 2020

Por que dizemos que Cristo é Rei?

Andreas F. Borchert | CC BY-SA 4.0

Neste domingo, 22 de novembro, a Igreja comemora o Cristo Rei. Mas por que se fala em Cristo Rei quando o próprio Jesus disse "o meu Reino não é deste mundo" (Jo 18,36)?

São João oferece-nos este estranho diálogo entre Pilatos e Jesus sobre Cristo Rei. Pilatos insiste: “Você é o rei?”, “Então você é um rei?”, “Querem que eu solte o rei?” E Jesus responde: “O meu Reino não é deste mundo”, ou inclusive: “Dizes assim: Eu sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo: para dar testemunho da verdade”.

Um rei desconcertante: uma coroa de espinhos pregada em sua cabeça e um cetro de junco enganchado em sua mão, com a púrpura de um manto sobre sua carne ferida. Aqui estão os sinais ridículos desta realeza confusa, em que este homem vestido desta forma é, ao mesmo tempo, rei e reino.

E, de fato, Jesus faz disso uma bem-aventurança presente: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles pertence o reino dos céus”. Inclusive o ladrão, que não pede para ser tirado da cruz, pede o Reino! Na verdade, esse Reino não é um conceito, uma doutrina ou um programa político a ser aplicado; ele é, antes de tudo, uma Pessoa que tem o rosto e o nome de Jesus de Nazaré: “Hoje você estará comigo no paraíso”.

Na eucaristia, Cristo Rei senta-se no seu trono de misericórdia

Este Reino se inaugura no coração do homem: é aí que Cristo quer reinar primeiro. Resta-nos, portanto, renunciar às rédeas do poder sobre as nossas vidas para deixar o governo da nossa existência a Cristo Rei: “Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo” (Mt 3,2; 4,17). A felicidade tem esse preço! Graças a esta conversão, Cristo pode estabelecer o seu reinado sobre a inteligência humana, porque ele é a Verdade que liberta. Cristo também reinará por meio de sua caridade, que atrai nossa vontade para a lógica da entrega. No entanto, ressuscitado e glorioso, Jesus manifesta o caráter real e universal do seu reinado: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra” (Mt 28,18). Consequentemente, este reinado de Cristo terá necessariamente efeitos sócio-políticos.

Ao instituir a festa de Cristo Rei no dia 11 de dezembro de 1925, num tempo confuso da História, o Papa Pio XI declarou: “Se os homens, pública e privadamente, reconhecerem o poder real de Cristo, eles virão necessariamente a toda a sociedade benefícios civis incríveis, tais como: justa liberdade, tranquilidade e disciplina, paz e harmonia”. Em outras palavras, uma autêntica cultura de paz e justiça não pode ser estabelecida sem o reino da verdade e do amor, isto é, sem o reino de Cristo, que é Verdade e Amor.

Reino de Deus e Eucaristia

A Igreja já é o Reino de Deus misteriosamente presente neste mundo. Ao comunicar a vida divina às pessoas, estende o reino de Cristo na terra assim como no céu. O centro deste reino é a eucaristia. Aí, o coração de Cristo Rei bate e vai bater até o dia em que Jesus devolver toda a realeza a seu Pai; então Deus será tudo em todos! Na eucaristia, Cristo Rei senta-se no seu trono de misericórdia à espera de nos conduzir perante o seu trono de glória para entrar plenamente num reino que não tem fim!

Aleteia

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF