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terça-feira, 17 de novembro de 2020

NASCIMENTO DO MILENARISMO CRISTÃO

Apologistas da Fé Católica

• O milenarismo, Espera de um reino deste mundo, reino que seria uma espécie de paraíso terrestre reencontrado, está, por definição mesma, estreitamente ligado à noção de uma idade de ouro desaparecida. assim ele existiu sobretudo entre os povos e nas religiões que afirmaram a existência de um mundo auroral e perfeito tal como existia antes que o tempo ocorreu esse e a história o aviltasse.

• No cristianismo, deve-se chamar de milenarismo a crença no reino terrestre vindouro de Cristo e de seus eleitos — reino este que deve durar mil anos, entendidos seja literalmente, seja simbolicamente. O advento do milênio foi concebido como devendo situar-se entre uma primeira ressurreição — a dos eleitos já mortos — e uma segunda — a de todos os outros homens na hora de seu o julgamento. O milênio deve, portanto, intercalar-se entre o tempo da história e a descida da Jerusalém Celeste. Dois períodos de provações irão emquadrá-lo. o primeiro verá o reino do anticristo e as atribulações dos fiéis de Jesus que, com este, triunfarão das forças do mal e estabeleceram o reino de paz e de felicidade. O segundo, mais breve, verá uma nova liberação das forças demoníacas, que serão vencidas no último combate.

• AS PROMESSAS DO ANTIGO TESTAMENTO

• Numerosos são os registros do antigo Testamento que anunciam ao povo Judeu em perigo, perseguido ou humilhado, um futuro repleto de felicidade. A prova final de Amós é esta:

• Naquele dia, levantarei a cabana arruinada de Davi. […] Eis que vêm dias. Oráculo do Senhor, em que [ …] As montanhas fazem correr o mundo e toda colina Jorra. Mudo o destino de Israel, meu povo: eles reconstroem as cidades devastadas para nelas morar, plantam vinhas para beber seu vinho, cultivam jardins para comer seus frutos; eu os planto em sua terra: eles não mais serão arrancados da terra que deitei. [19,11-15]

• O mesmo final em oseias: “Serei para Israel como o orvalho, ele florescerá como o lírio […]. Eles farão reviver o trigo, florescerão como a vinha” (14, 6-8). Joel anuncia por sua vez: “Naquela dia as montanhas farão escorrer vinho novo, as colinas farão jorrar leite; em todos os riachos de Judá as águas correrão” (4,18).
• Zacarias, profetizando o que será “o dia do Senhor” assegura:

• Depois o Senhor meu Deus chegará, acompanhado de todos os seus santos. Naquele dia, não haverá mais luminária, nem frio, nem gelo. Será um dia único — o Senhor o conhece. Não haverá mais dia nem noite, mas na hora da noite trabalhará a luz. […] Então o Senhor se mostrará o rei da terra. Naquele dia, o senhor será o único e seu nome único. [14, 5-9]

• A literatura milenarismo Cristã estou esses textos. Porém, mais ainda, recorreu a Isaías, de quem é necessário citar aqui alguns trechos exaltantes:

• Acontecerá no futuro que a montanha do templo do Senhor estará no cume das montanhas e dominará as colinas. Todas as nações afluirão para ela, povos numerosos se colocaram em marcha ir dirão. “Vinde, subamos à montanha do Senhor, ao templo do Deus de Jacó […]”. Ele será o juiz das nações, o árbitro da multidão dos povos. De suas espadas eles formarão relhas de arado, e de suas lanças, foices. uma nação não levantará mais a espada contra outra, elas não serão mais arrastadas à guerra [2, 1-5]

• Um ramo brotará do tronco de Jessé […]. A justiça será o cinto de seus quadris […]. Então o lobo habitará com o cordeiro, o leopardo se deitará junto ao cabrito. O bezerro e o leãozinho serão alimentados juntos, um menino pequeno os conduzirá. A vaca e a ursa terão o mesmo alimento, suas crias o mesmo abrigo. O leão comerá forragem com o boi. A criança de peito brincará junto ao ninho da cobra. Sobre a toca da víbora a criança pequena estender a mão. Não se fará mal nem destruição na montanha Santa, pois a terra está repleta do conhecimento do Senhor. [11, 1-9]

• Naquele dia, o Senhor, Deus do universo, preparará para todos os povos, na montanha, um festin de carnes gordas e de vinhos capitosos, um festin de carnes suculentas e vizinhos decantados. Retirará o réu de luto que envolvia todos os povos e a mortalha que cobria todas as nações. Destruirá a morte para sempre. O senhor enxugará as lágrimas em todos os rostos, e por toda a terra apagará a humilhação do seu povo; porque o prometeu.. [25,6-9]

• É de fato no júbilo que partireis, e na paz que sereis conduzidos. À vossa passagem, montanhas e Colinas iromperão em aclamações, todas as árvores do campo baterão Palmas. No lugar do espinheiro crescerá o cipreste, no lugar da urtiga crescerá a Murta… [55,12-3]

• E venho para reunir todas as nações de todas as línguas; elas virão e verão minha glória […] Sim, como os céus novos e a terra nova que faço permanecem firmes diante de mim — oráculo do Senhor —, assim permanecerão firmes vossa descendência e vosso nome! E assim, de lua Nova em lua nova e de Sabá em Sabá toda carne virá prosternar-se diante de mim, diz o Senhor. [66,18-23]

• Essas profecias bíblicas fazem compreender como o milenarismo cristão enraizou-se na espera vetero-testamentária que divisava no horizonte a Vitória definitiva do Senhor, a regeneração completa de Israel e, ao mesmo tempo, a paz e a felicidade estendidas na terra a todas as nações. Do mesmo modo, Ezequiel sonhou com a cidade onde um dia haveria de se estabelecer sua nação ressuscitada. Em sua visão, ele contempla a cidade do futuro onde seria chamado a viver o povo dos tempos escatológicos. Sua descrição minuciosa do tempo Novo (40-8) almejava ser uma evocação da cidade do futuro, cujo nome seria “IHVH-Shamma”, isto é, “o Senhor está aí”. na documentação dos textos do antigo Testamento que marcaram profundamente o quiliasmo cristão, é preciso dar um destaque especial ao célebre sonho de Nabucodonosor que Daniel explicou ao soberano:

• Tu, ó rei, observavas; e eis uma grande estátua. Essa estátua era muito alta e seu esplendor extraordinário. Ela se erguia diante de ti e seu aspecto era aterrador. Essa estátua tinha a cabeça de fino ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e as coxas de bronze, as pernas de ferro, os pés em parte de ferro em parte de cerâmica. Tu observavas, quando uma pedra rolou da montanha sem intervenção de mão alguma; bateu nos pés de ferro e de cerâmica da estátua e os pulverizou. Então foram pulverizadas juntos o ferro, a cerâmica, o bronze, a prata e o ouro; eles se tornaram como a palha que voa pelos ares no verão: o vento os levou e deles mais nenhum traço se descobriu. Quanto à pedra que havia atingido à estátua, tornou-se uma grande montanha e ocupou a terra inteira [2,31-6]

• Daniel deu a Nabucodonosor a chave para compreender esse sonho: a estátua composta de cinco materiais de valor decrescente simboliza os “grandes reinos” que, sucessivamente, serão derrubados pela pedra rolada da montanha. eles darão lugar a “um reino que jamais será destruído e cuja soberania não passará a outro povo” (2,42). Os milenaristas cristãos de todos os séculos incansavelmente comentaram esse texto de Daniel.

• A esperança vetero-testamentária de um reino messiânico terrestre, que libertaria o povo eleito de seus perseguidores e asseguraria seu triunfo e sua felicidade, fora expressa já antes de Jesus em especulações cifradas. Daniel havia indicado o quê, nas provações que procedem o triunfo final, os santos serão entregues às mãos de um rei ímpio, “durante um período, dois períodos e um meio período”(7,25); que “setenta semanas” eram dadas ao povo e à cidade santa para pôr fim à essas transgressões e para selar os pecados” (9,24); enfim, que “a abominação da desolação” duraria 1290 dias e que a resistência exigida dos fiéis seria de 1335 dias (12, 11-2).

• Quanto à focalização do número mil, ela se explica por uma convergência de influências e de textos. O salmo 90 (89), no versículo 4, afirma: “Senhor […], Mil anos, a teus olhos, são como contém; um dia passa como uma hora da noite”. Por muito tempo, aliás, a tradução mais habitual foi “mil anos são como um dia”. Todavia, a divisão das épocas do mundo em milênios de anos parece ter sido estranha ao antigo testamento, que calculava o tempo em semanas de semanas — os jubileus. A origem dos milênios se situaria na Babilônia no Irã. O primeiro texto em que eles são evocados é precisamente o livro dos jubileus, IV, 29-31 (anterior a 100 A.C.), onde se escreve: Adão morreu 70 anos antes de ter atingido 1000 anos. Pois mil anos são como um dia no céu; e isto por causa do que está escrito acerca da árvore do conhecimento: “no dia em que dela comeres, morrerás”. Por essa razão, Adão morreu antes de ter completado quantos anos desse dia, portanto aos 930 anos. Essa argumentação reaparecerá textualmente em Justino e Irineu.

• Delumeau, Jean, Mil anos de felicidade, São Paulo, companhia das Letras, 1997.

https://apologistasdafecatolica.wordpress.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF