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sábado, 1 de maio de 2021

O que faz que sejamos um

A santa missa celebrada pelo cardeal Donald Wuerl,
em 18 de abril de 2012 na Basílica romana de São Pedro
 in Vincoli por ocasião da peregrinação a Roma da Papal Foundation
[© Paolo Galosi]

“Agradecemos a Deus com simplicidade, porque vocês e eu fomos convidados à vida do Senhor ressuscitado e temos o privilégio de encontrá-lo todas as vezes que celebramos esta santa Eucaristia, esta santa missa.”


pelo cardeal Donald Wuerl


Viemos juntos à esta antiga e histórica igreja romana para que a nossa fé seja renovada. O que nos faz vir aqui nessa manhã é um gesto de fé pessoal, e estamos aqui porque precisamos. Precisamos ouvir mais uma vez a proclamação que está no coração da nossa fé: Cristo ressuscitou!
No domingo de Páscoa, com alegria e exultação, a Igreja em todas as partes do mundo repetiu mais uma vez, como faz por vinte séculos: “Cristo ressuscitou!”.
Hoje nós continuamos a proclamá-lo e vimos todos juntos para celebrar a ressurreição de Jesus por duas razões: reafirmar a nossa fé pessoal na ressurreição de Jesus e alegrarmo-nos pelo quanto ela significa para cada um de nós: uma vida nova em Cristo. Nós não estávamos ao lado do sepulcro vazio da Ressurreição, por isso temos necessidade de ouvir novamente o testemunho dos que estavam presentes.
A pedra angular para todas aquelas gerações e gerações de testemunhas da ressurreição de Jesus está aqui em Roma, a cidade de Pedro, ele, rocha sobre a qual o nosso testemunho se apoia.
No contexto da celebração da Páscoa celebramos essa missa também em honra de São Pedro, chefe dos apóstolos e vigário de Cristo. A voz, a mensagem e o ensinamento de Pedro continuam ainda hoje a ressoar nos nossos corações, porque ressoam em todo o mundo. Pedro é a pedra angular da proclamação da Ressurreição, e todos nós temos uma ligação particular com Roma, porque Pedro continua a viver e a exercer o seu ministério aqui. Nós, que viemos de várias partes dos Estados Unidos reconhecemos a missão única de Pedro.
Esta missa evoca-nos a grande gratidão que deve preencher os nossos corações: agradecemos a Deus pelo dom da fé. Na primeira leitura de hoje, da primeira Carta de Pedro, é-nos dito como olhar aos presbíteros, àqueles que são o exemplo do rebanho tanto pela fé quanto pelo ministério.
Nós somos gente de fé. Aquilo que nos identifica como comunidade é exatamente o dom da fé, pela qual cada um de nós deve ser profundamente agradecido. E como gente de fé nós reconhecemos o grande dom que Jesus nos faz: a sua Igreja, o seu novo corpo. Quando agradecemos a Deus pelas suas tão numerosas bênçãos, incluímos também o dom da Igreja, presença de Cristo que continua no mundo ainda hoje. E damos graças também pelo nosso Santo Padre, chefe visível da Igreja, pedra angular da nossa fé e da nossa unidade.
Dois anos atrás, em novembro, tive o privilégio de concelebrar com o Papa na Basílica de São Pedro. No dia anterior tinha recebido de suas mãos a bula papal de nomeação para esta antiga e histórica igreja [São Pedro in Vincoli em Roma, da qual o cardeal Wuerl é o arcebispo titular, ndr]. É uma das somente duas antigas igrejas de Roma que leva o nome de Pedro – São Pedro no Vaticano e São Pedro in Vincoli. Aquela cerimônia exaltava muito bem a ligação que cada um dos cardeais têm com Roma – como padre de uma das paróquias romanas – e como bispo de Roma, Pedro.
Ao invés, quatro anos atrás, foi o Santo Padre a ir aos Estados Unidos, e no National Park de Washington começou a celebração eucarística dizendo-nos: “No exercício do meu ministério de sucessor de Pedro, vim à América para vos confirmar, estimados irmãos e irmãs, na fé dos Apóstolos (cf. Lc 22, 32)”.
Hoje viemos agradecer a visita. E viemos professar a nossa fé, a nossa lealdade e o nosso amor ao Sucessor de Pedro.
Hoje a nossa celebração é um sinal visível da comunhão de fé difusa em todo o mundo e de como esteja ancorada em Roma, onde hoje Pedro vive e leva o nome de Bento XVI. Mas há muito mais que faz que sejamos um. Enquanto concluímos estas reflexões sobre a Palavra de Deus e sobre a nossa visita a Roma, nos aproximamos ao Senhor ressuscitado que está presente junto a nós na Eucaristia. O Evangelho nos diz que Jesus sentou-se à mesa com os discípulos, depois “tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles. Neste momento seus olhos se abriram e eles o reconheceram”. Depois que o celebrante mostra a hóstia consagrada e o cálice do Preciosíssimo Sangue aos fiéis, ajoelha-se em adoração e então une-se ao povo com uma das expressões que exprimem o coração da nossa fé católica: “Toda vez que comemos deste pão e bebemos deste cálice anunciamos a morte do Senhor, até que ele venha”.
A nossa fé nos ensina que “quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e realiza-se também a obra da nossa redenção” (Ecclesia de Eucharistia, 11). Por isso, nós podemos falar com razão da missa como fonte e ápice da nossa vida cristã.
Na missa de hoje reconhecemos e proclamamos que, como membros da Igreja em comunhão com Pedro e seus sucessores, nós não só ouvimos a Boa Nova que Cristo ressuscitou, mas realmente O reconhecemos ao partir o pão e participamos do mistério da Sua morte e ressurreição – na Eucaristia.
Agradecemos a Deus com simplicidade, porque vocês e eu fomos convidados à vida do Senhor ressuscitado e temos o privilégio de encontrá-lo toda a vez que celebramos esta santa Eucaristia, esta santa missa.
Ao mesmo tempo, pedimos a Deus para que continue a abençoar a Igreja de Roma – à qual agora estamos ligados de modo particular graças a esta igreja de São Pedro in Vincoli – e a abençoar os seus fiéis e o seu supremo pastor, Bento XVI, Pedro hoje.

 

(Organizado por Giovanni Cubeddu. O texto desta homilia pronunciada na igreja de São Pedro in Vincoli em Roma, dia 18 de abril de 2012, foi revisto pelo autor para 30Dias)


Revista 30Dias

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF