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terça-feira, 23 de novembro de 2021

ESPIRITUALIDADE: Amor sem limites (Parte 1/19)

Capa: Fragmento de um ícone de meados
de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
Ecclesia

Um Monge da Igreja do Oriente

AMOR SEM LIMITES

Tradução para o português:
Pe. André Sperandio

Ecclesia
1. Apresentação

Como uma figura lendária antiga passou entre nós. Não quis revelar seu nome e, embora muitos soubessem quem era e conhecessem a sua história cheia de mistério e de Espírito, deixou em seus escritos tão somente esta assinatura: Um monge da Igreja do Oriente. Assim se auto definia e, ao mesmo tempo, do melhor modo, nos sugeria o que é e como é a Igreja do Oriente.

A Igreja Oriental é um mistério peculiar que, como todo mistério, não tem limites precisos ou fronteiras claras. Por isso, é universal, isto é, Católica. A origem deste "Monge da Igreja do Oriente" é, evidentemente, monacal. Dentro do monacato, isto é, daqueles que caracterizam suas vidas pela contemplação viva do culto, da adoração. Este culto que, cumprido como obra de Deus, nos conduz às nossas origens, ao deserto convertido em Paraíso Primevo, à contemplação do Mistério. O culto é ir às origens, e ir às origens é, de uma ou de outra forma, entrar em comunhão com Céu já aqui na terra, o que a Igreja Oriental, a Igreja Ortodoxa, torna presente no deserto de sua pobreza, de seus sofrimentos, de sua perseguição, porém, sobretudo, na riqueza, no esplendor e triunfo de sua Liturgia e de sua contemplação trinitária. Ali, onde mística é teologia e teologia é mística, um monge encontrou um abrigo áspero e doce, seco e florescente do que outro contemplativo tinha vivido. “Por aqui já não há caminho, porque, para o justo não há lei”.

Este lendário monge que foi alguém real, deixou-nos um legado: sua vida e suas contemplações.

Passada a vida e tendo alcançado a transfiguração, suas experiências contemplativas são ícones que iluminam e convertem. E, da pequenez e modéstia de quem se deixa comover diante de um ícone, quer prosseguir, como um copista aprendiz, as contemplações que são diálogo com os que encontraram nesse incógnito monge a ocasião para o despertar ao Amor Sem-limites.

As páginas que seguem esta breve apresentação [1] pretendem ser a expressão da vivência que produziu a um “outro monge” da Igreja Oriental o ato de contemplar o ícone que lhe chegou através de alguns escritos.

Carlos Castro

[1] Carlos Castro: Desierto y destierro. Col. Icono. Narcea. Madrid, 1987 (en preparación).

2. A ti, quem quer que sejas...

Quem quer que sejas, como quer que sejas, o Senhor-amor te diz: Minha mão descansa em tuas mãos.

Este gesto significa que eu te amo e que eu te chamo. Eu nunca deixei de te amar, de te falar e de te chamar. Às vezes, fazia no silêncio e na solidão. Às vezes, alí onde os outros se encontravam reunidos em meu nome. Este chamado, frequentemente não percebeste porque não estavas escutando. Outras vezes, percebias, mas de uma maneira vaga e confusa. Em certas ocasiões, estivestes muito próximo de me dar uma resposta aceitável. Em outras, sim, me respondeste, mas sem constância duradoura. Tu te apegavas à emoção de me ouvir. Porém, recuavas ante a decisão. Contudo, nunca te empenhaste definitivamente, de uma maneira total e exclusiva na escuta do amor.

Mais uma vez eu venho a ti. Eu quero falar novamente contigo. Eu te quero todo, inteiro. Repito: o amor te quer de maneira total e exclusiva. Vou te falar em segredo, em confidência, intimamente.

Minha boca está junto do teu ouvido. Ouça o que os meus lábios vão te dizer bem baixinho, ouça este susurro que é dirigido somente para ti. Eu sou o Amor, o teu Senhor. Queres entrar na vida do amor? Não se trata de uma atmosfera de um ternura apática, fria. Trata-se de entrar na incandescência do amor. Aqui está a verdadeira conversão, a conversão do amor incandescente. Queres te tornar um outro diferente do que tens sido? Queres te tornar um outro em relação ao que tens sido até agora? Queres ser o que é para os outros e, sobretudo, para este Outro e com este Outro no que cada ser tem a sua existência? Queres ser o irmão universal, o irmão do universo? Então escuta o que o meu amor quer te dizer.

® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF