I. Media - Cibele Battistini - publicado
em 11/12/25
Neste fim de ano de 2025, apresentamos uma edição que
revisita um ano excepcional sob vários aspectos: o “Jubileu” – evento que
normalmente ocorre a cada quarto de século –, a morte do papa Francisco e o
início de um novo pontificado. Primeiro capítulo: as 12 datas que marcaram este
ano histórico no Vaticano.
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CLIQUES
6 DE JANEIRO: O PAPA NOMEIA A PRIMEIRA MULHER PREFEITA
DE UM DICASTÉRIO
O papa Francisco nomeia a religiosa italiana Simona
Brambilla, ex-superiora geral das Irmãs Missionárias da Consolata, como
prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de
Vida Apostólica. Até então secretária deste organismo responsável pela vida
religiosa, ela se torna a primeira mulher da história a chefiar um dicastério
da Cúria Romana. Essa nomeação tornou-se possível graças à nova constituição
apostólica Praedicate Evangelium (2022). Mas, por motivos
jurídicos – especialmente a assinatura de certos decretos que exigem dignidade
episcopal – a irmã Brambilla é acompanhada por um “pro-prefeito”, o cardeal
espanhol Ángel Fernández Artime.
14 DE FEVEREIRO: O PAPA FRANCISCO É HOSPITALIZADO NO
GEMELLI
O papa Francisco, sofrendo de uma afecção respiratória que
limitava seus compromissos havia cerca de quinze dias, é internado no hospital
Gemelli. Diagnóstico da equipe médica: infecção múltipla nos pulmões e
pneumonia. Começa então para o pontífice argentino, de 88 anos, um período de
tratamento em isolamento total por 38 dias. Os boletins diários da Sala de
Imprensa da Santa Sé relatam várias crises respiratórias graves, e, na véspera
de sua alta, em 23 de março, os médicos alertam que o papa não está “fora de
perigo”. Ao retornar ao Vaticano, Francisco, usando cânulas nasais, faz apenas
raras aparições para saudar os fiéis.
21 DE ABRIL: ÀS 7H35, O PAPA FRANCISCO FALECE
“Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, retornou à
casa do Pai.” O cardeal camerlengo Kevin Farrell anuncia a morte do pontífice
argentino em uma transmissão ao vivo desde a capela da Casa Santa Marta, por
volta das 9h50. O mundo midiático é pego de surpresa. Na véspera,
simbolicamente, o papa – visivelmente debilitado – havia feito sua última volta
de papamóvel na Praça São Pedro, durante a bênção de Páscoa Urbi et
Orbi. Esse foi seu último banho de multidão, agora visto como símbolo de
sua proximidade com o povo. Durante três dias, 250 mil pessoas prestam
homenagem ao seu corpo na Basílica de São Pedro. O funeral ocorre em 26 de
abril, na presença de 160 delegações nacionais, e seu caixão, enterrado em
Santa Maria Maior, é saudado pelos romanos ao longo do trajeto.
8 DE MAIO: HABEMUS PAPAM, ELEIÇÃO DO 267º PAPA DA
HISTÓRIA
Às 18h07, sob o olhar das câmeras do mundo inteiro, uma
fumaça branca sobe da chaminé da Capela Sistina, provocando uma aclamação que
faz tremer as colunas da Basílica de São Pedro. O americano Robert Francis
Prevost acaba de ser eleito o 267º papa da história, aos 69 anos. Após um
conclave de apenas 24 horas, os 133 cardeais eleitores chegam a um consenso em
apenas quatro votações. Em sua bênção Urbi et Orbi na loggia
da basílica, o novo pontífice, usando mozzetta, prega a paz ao mundo — uma paz
que deseja “desarmada e desarmante”.
18 DE MAIO: LEÃO XIV INAUGURA SEU PONTIFICADO
Na presença de 156 delegações governamentais de todo o
mundo, Leão XIV celebra a missa de inauguração oficial de seu ministério
petrino na Praça São Pedro. Nas primeiras semanas, ele realiza uma série de
encontros oficiais — cardeais, mídia, funcionários da Cúria, padres de Roma —
nos quais demonstra um estilo prudente e conciliador. “Os papas passam, a Cúria
permanece”, afirma em seu primeiro discurso aos funcionários. Palavras
interpretadas como um sinal de reconforto após 12 anos de um pontificado difícil
para a máquina administrativa vaticana, frequentemente criticada por Francisco.
Em contraste com seu predecessor, Leão XIV também passa suas férias de verão em
Castel Gandolfo — antiga residência de verão dos papas, abandonada por
Francisco.
28 DE JULHO A 3 DE AGOSTO: A PRIMEIRA JMJ DE LEÃO XIV
Durante uma semana no auge do verão, centenas de milhares de
jovens com bandeiras de todas as partes do mundo percorrem Roma para o “Jubileu
dos Jovens”. É o primeiro grande encontro entre Leão XIV e a juventude. Ele os
incentiva a difundir a paz. Também se reúne privadamente com 600 catecúmenos
vindos da França e os exorta a combater a “cultura da morte”, em 29 de julho. O
jubileu culmina em Tor Vergata, onde um milhão de jovens, segundo os
organizadores, participa de uma vigília e missa com o papa, que os exorta a
buscar “apaixonadamente a verdade”.
7 DE SETEMBRO: CANONIZAÇÃO DOS JOVENS PIER GIORGIO
FRASSATI E CARLO ACUTIS
Leão XIV celebra a primeira canonização de seu pontificado
ao declarar santos Pier Giorgio Frassati (1901–1925) e Carlo Acutis (1991–2006)
numa missa na Praça São Pedro. Em sua homilia, incentiva os jovens a “não
desperdiçar” a vida, mas a tornarem-se santos cultivando “o amor por Deus” e
pelos pobres. A data da canonização de ambos sofreu alguns ajustes: a de Carlo
Acutis estava prevista para 27 de abril — evento adiado devido à morte de
Francisco — e a de Frassati para 3 de agosto.
18 DE SETEMBRO: LEÃO XIV CONCEDE SUA PRIMEIRA GRANDE
ENTREVISTA
Na biografia Leão XIV: cidadão do mundo, missionário
do século XXI, o papa fala abertamente sobre vários temas. Afirma que, por
ora, não pretende modificar o ensinamento da Igreja sobre a família, o acesso
das mulheres ao diaconato ou sobre os casais homossexuais, embora deseje
incluir a todos. Sobre os abusos sexuais, declara que o tema não pode
“tornar-se o centro da atenção da Igreja”, cujo foco é anunciar o Evangelho.
Diz considerar “muito saudável” que as vítimas se expressem, mas defende a
proteção da presunção de inocência dos acusados. Em outro tema sensível, o da
liturgia, o novo papa parece querer dialogar com os fiéis que apreciam o rito
tridentino, amplamente restringido por Francisco. Ele também comenta sobre Gaza
e o risco de genocídio, sobre finanças do Vaticano, inteligência artificial e a
relação com a China.
26 DE SETEMBRO: O PAPA ESCOLHE SEU SUCESSOR PARA O
DICASTÉRIO DOS BISPOS
Dom Filippo Iannone é nomeado prefeito do Dicastério para os
Bispos. Para essa função-chave da administração vaticana — que o próprio papa
ocupou entre 2023 e 2025 — Leão XIV escolhe um homem da própria Cúria Romana. O
italiano, de 67 anos, chefiava anteriormente o Dicastério para os Textos
Legislativos. É a primeira vez que o papa nomeia um prefeito desde sua eleição.
9 DE OUTUBRO: A PRIMEIRA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DE LEÃO
XIV SOBRE OS POBRES
Intitulada Dilexi te (“Eu te amei”), a
primeira exortação apostólica de Leão XIV é um legado de Francisco e é dedicada
ao “amor aos pobres”. Fazendo dessa atenção uma bússola para a Igreja, o
pontífice convoca os cristãos a rejeitar ideologias que levam ao imobilismo ou
perpetuam uma “economia que mata”, e a denunciar “estruturas de injustiça”.
Seguindo a linha de seu antecessor, que iniciou a redação do documento, Leão
XIV reafirma sua mensagem em favor dos migrantes, das mulheres maltratadas, dos
prisioneiros e da educação dos pobres.
1º DE NOVEMBRO: JOHN HENRY NEWMAN É PROCLAMADO DOUTOR DA
IGREJA
Na missa de Todos os Santos, concluindo o Jubileu Mundial da
Educação, Leão XIV proclama o cardeal britânico São John Henry Newman
(1801–1890) “doutor da Igreja” e co-padroeiro das escolas católicas.
Inspirando-se na figura do antigo anglicano convertido ao catolicismo, o papa
delineia as grandes missões da educação católica em um mundo ameaçado pelo
niilismo e pelas desigualdades.
27 DE NOVEMBRO A 2 DE DEZEMBRO: LEÃO XIV REALIZA SUA
PRIMEIRA VIAGEM À TURQUIA E AO LÍBANO
O novo papa começa a assumir plenamente seu papel de chefe
da Igreja Católica e de chefe de Estado. Na Turquia, onde o protocolo de
acolhida permanece reservado em um país majoritariamente muçulmano, participa
das comemorações dos 1700 anos do Concílio de Niceia e apresenta sua proposta
para favorecer a aproximação entre as confissões cristãs — sugerindo um
encontro dos líderes das Igrejas em Jerusalém para o Jubileu de 2033. No
Líbano, leva consolo a uma população duramente provada por longa crise econômica
e sociopolítica, que o recebe com fervor quase profético. Exorta os libaneses a
se reerguerem e reacenderem a esperança.





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