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sexta-feira, 6 de maio de 2022

Devoção à Virgem Maria une Ucrânia e Rússia

Ícone da Virgem Maria venerado na Ucrânia e na Rússia.
Crédito: Domínio público

KIEV, 05 mai. 22 / 03:20 pm (ACI).- Nossa Senhora de Kiev é um dos ícones mais venerados no Oriente, tanto por ucranianos quanto por russos, e é considerado um dos mais famosos do mundo. No entanto, é também conhecida como Nossa Senhora de Vladimir e é um dos ícones mais antigos, tendo chegado ao que hoje é a capital ucraniana em 1134. Além disso, tornou-se um ícone muito significativo por outro motivo importante. Mas, primeiro, um pouco da história contextualizará.

"Kiev é uma cidade santa porque é uma cidade mariana 'por excelência'", disse o papa são João Paulo II quando a visitou em 22 de novembro de 1987. "Nela, a Virgem orante é invocada como protetora da cidade", acrescentou o papa, que se referia à "Santa Orante", uma antiga representação em mosaico da Mãe de Deus na catedral de Santa Sofia. A descrição também pode caber à Nossa Senhora de Kiev.

O ícone bizantino de Nossa Senhora de Kiev chegou pouco depois que Rus de Kiev, a antiga federação de tribos eslavas, se tornou plenamente cristã em 988. Meio século depois, em 1037, Jaroslau, o Sábio, o Grande Príncipe de Kiev, dedicou a Ucrânia a Maria. Desde então até o presente, Nossa Mãe Santíssima é conhecida como "Rainha da Ucrânia".

Nessa época, o ícone de Nossa Senhora de Kiev já havia chegado de Constantinopla em 1034. Segundo a tradição, foi obra de um monge e enviado como presente do patriarca de Constantinopla ao Príncipe Mistislau, filho do rei Volodymyr de Rus Kiev.

Entretanto, em 1136 o ícone de Nossa Senhora de Kiev foi transladado cerca de 22 quilômetros ao norte de Vyshorod para a igreja "lar" do príncipe. Os contos ucranianos também chamam este ícone de Virgem de Vyshorod. Naquela época, a imagem já era bem conhecida e venerada.

De acordo com Dmytro Stepovyk da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, na época em que Volodymyr e seus filhos governavam, "dizia-se que este ícone fazia milagres, curando pessoas doentes". As pessoas rezavam por proteção e a imagem "ajudava todos os verdadeiros crentes que imploravam a Nosso Senhor para libertá-los de suas doenças mortais".

Mas, por volta do ano 1100, chegou o príncipe Andrey Bogolyubsky, que saqueou e destruiu Kiev. Em seguida, ele estabeleceu a sua residência a cerca de 910 quilômetros de distância, em Vladimir, que fica 193 quilômetros a leste da atual Moscou, e levou com ele o ícone de Nossa Senhora de Kiev.

Nesta nova capital, o ícone ficou conhecido como Nossa Senhora de Vladimir e foi colocado na catedral da Assunção, onde permaneceu até cerca de 1395, quando foi levado a Moscou para, segundo conta a história, proteger a cidade dos invasores mongóis.

No século XVI, Nossa Senhora de Vladimir foi colocada na catedral da Dormição, na Praça da Catedral de Moscou, até o início do século XX. Foi então levado à Galeria Estadual Tretyakov da cidade.

No final do século XX, o ícone encontrou um novo lar, a igreja de São Nicolau em Tolmachi, que está anexa ao museu e onde novamente são realizados os serviços religiosos.

Nossa Senhora de Vladimir faz parte da história ucraniana e russa e é também o ícone mais querido da Rússia.

Um terceiro nome para este ícone da Virgem Maria

Nossa Senhora da Ternura é também um belo título pelo qual este ícone é chamado em muitos países. Pode ser que os habitantes não saibam seus dois títulos originais, mas conhecem e respondem ao magnetismo espiritual e à profundidade da mensagem que traz esta obra prima da iconografia.

O ícone é grande: 78,1 centímetros por 54,6 centímetros. A forma como representa Nossa Senhora e o Menino Jesus estava muito à frente da iconografia bizantina padrão do início do século XII. Tornou-se um dos mais antigos exemplos e modelos do estilo iconográfico de Eleusa.

Na imagem, Nossa Senhora expressa ternura ou misericórdia, com o Menino Jesus junto a sua bochecha ou tocando-a. Nossa Senhora mostra grande ternura por seu Menino Jesus – daí o título acrescentado, Nossa Senhora da Ternura. Ao mesmo tempo, há um toque de tristeza ao perceber o que está por vir, mas com a misericórdia que acompanha. "Em seus olhos se vislumbra oração, esperança e dor. Um olhar mais atento ao Menino mostra que ele está olhando para cima, procurando seu Pai", escreveu Stepovyk.

Junto com a profundidade espiritual, as emoções apresentadas no ícone se afastaram da iconografia mais estrita da época.

Tornou-se o modelo para os ícones marianos. Sua influência foi até vista na imagem muito familiar de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que combina dois estilos iconográficos.

Mas, além disso, há algo mais a ser considerado acerca do ícone de Nossa Senhora de Vladimir, especialmente ao olhar a situação e os tempos atuais. Monsenhor Stephen Rossetti, exorcista, diz que durante anos rezou diariamente com esta imagem e está “convencido de três coisas”:

“A guerra na Ucrânia tem um imenso significado espiritual”.

“A fé e a força dos homens e mulheres da Ucrânia são impressionantes”.

“Nossa Senhora está envolvida intensamente com tudo o que está acontecendo e seu Imaculado Coração triunfará!”.

“Uno-me ao pedido urgente de Nossa Senhora de rezar pela paz”, ele disse. “Tenho uma grande esperança de que logo chegarão os dias em que Satanás e as forças do mal serão definitivamente esmagados sob o calcanhar de Nossa Senhora”.

Que todos rezemos a Nossa Senhora de Kiev, Nossa Senhora de Vladimir e Nossa Senhora da Ternura com o mesmo pensamento.

Fonte: https://www.acidigital.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF