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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Nova tradução do Missal Romano

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NOVA TRADUÇÃO DO MISSAL ROMANO ASSEGURA FIDELIDADE À TRADIÇÃO DA IGREJA.

O arcebispo emérito de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha fala sobre o processo de tradução e revisão da terceira edição do Missal Romano para o português. Trabalho, coordenado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que reuniu um grupo de religiosos e peritos, e levou 13 anos para ser concluído.

A forma em que se celebra a Santa Missa segue a liturgia do “Ordo Missae” – O Rito Romano publicado pelo Papa Pio V, em 1570, que foi reformado e publicado três anos após o término do Concílio Vaticano II, em 3 de abril de 1969, pelo Papa Paulo VI, quando o Pontífice promulgou a Constituição Apostólica Missale Romanum que entrou em vigor em 30 de novembro daquele ano, início do novo Ano Litúrgico.

Com esta publicação, o Papa Paulo VI trouxe a renovação, conservando a tradição, destacou o padre Gerson Schmidt, missionário itinerante do Caminho Neocatecumenal e colaborador do programa Brasileiro da Rádio Vaticano – Memória Histórica – Concílio Vaticano II, em entrevista ao programa em 12 junho 2019.

De acordo com resgate histórico feito pelo monsenhor Klaus Gamber, a Reforma da Liturgia Romana, publicada em 1996, a primeira edição impressa de um livro com o título de Missale Romanum, foi impressa em Milão, em 1874. Desde a primeira edição oficial do Missal Romano, publicada em 1969 pela Santa Sé, se passou quase um século.

A tradução brasileira da Terceira Edição do Missal Romano levou 13 anos de trabalho da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que recebeu a primeira versão impressa da tradução brasileira.

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O documento já foi analisado pelos integrantes da comissão, peritos e usado pelos sacerdotes que fazem parte do processo na CNBB. Além dos bispos da comissão, o material também foi revisado pelos assessores que trabalharam durante o período da tradução, além de especialistas em áreas específicas como Doutrina da Fé indicados pelos bispos.

Após um caminho longo, o documento seguiu para uma revisão final com especialistas, e aprovação na 58ª Assembleia Geral da CNBB, em abril, em Aparecida (SP). Em seguida, o texto seguirá para a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos do Vaticano que vai analisar o material e autorizar a publicação. Somente aí que o novo missal estará disponível para as comunidades brasileiras.

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Sobre todo esse processo de tradução e revisão da terceira edição do Missal Romano, que levou 13 anos na CNBB, a Revista Bote Fé conversou com o arcebispo emérito de Mariana (m, dom Geraldo Lyrio Rocha, que foi membro da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel), por oito anos. Acompanhe a entrevista na íntegra.

De onde vem a terceira edição do Missal Romano?

A terceira edição típica do novo Missal foi promulgada em 2002, pelo Papa São João Paulo II. Além de alguns novos “formulários”, foram introduzidas várias alterações na Instrução Geral que foi imediatamente traduzida pela CNBB e submetida à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de acordo com o que determinava a legislação em vigor. Entretanto, a 20 de março de 2001, a referida Congregação havia publicado a “Instrução para a reta Aplicação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II”, intitulada Liturgiam authenticam. Essa Instrução, aprovada pelo Papa São João Paulo II, estabelece os princípios que devem orientar as traduções dos textos da Liturgia romana nas várias línguas.

Como a CNBB se organizou para fazer o trabalho de tradução?

Seguindo as determinações da referida instrução, a presidência da CNBB nomeou uma comissão de peritos para fazer a revisão do Missal Romano, a fim de aproximar ao máximo a nossa tradução aos textos em Latim. A seguir, o trabalho dos peritos foi submetido à apreciação da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel). À medida que o trabalho ia se concluindo, os textos eram submetidos à aprovação da Assembleia Geral da CNBB que é composta por todos os Bispos do Brasil (hoje em 317) que se encontram no pleno exercício do ministério episcopal. Para tal aprovação, é exigido o quórum qualificado, isto é, faz-se necessário o voto favorável de pelo menos dois terços dos que têm direito a voto.

Quais foram os marcos desses treze anos de trabalho?

“Foi fielmente realizada a revisão da tradução. Não se trata, portanto de um novo Missal Romano e sim de uma revisão a fim de ajustar bem a tradução ao texto latino”.

Essa nova tradução vai ajudar a celebrar melhor a Eucaristia? Os textos estão mais próximos da linguagem popular?

“A linguagem para uma tradução litúrgica deve ser de fácil compreensão para as pessoas comuns e, ao mesmo tempo, expressar a dignidade do culto divino”.

Além disso, o texto deve levar em conta o ritmo próprio da proclamação e ser apto para o canto. Acima de tudo, a linguagem desses textos deve estar de acordo com a Palavra de Deus revelada e os ensinamentos da Igreja.

Quais as dificuldades encontradas na tradução para a linguagem brasileira?

Dada a extensão territorial e a variedade cultural do Brasil, é sempre um desafio encontrar uma linguagem que expresse essa grande riqueza, sem prejuízo para seu conteúdo de acordo com as formulações da fé católica.

Essa nova tradução do Missal Romano recebeu críticas de conservadores de que o material seria usado como viés ideológico na Igreja. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Quem faz tal afirmação vaga e genérica demonstra que não conhece o texto. Isso é um prejulgamento fundado apenas em preconceitos. A resposta a essa crítica será dada pelo próprio Missal Romano, assim que for publicado, revisto à luz da Instrução Liturgiam Authenticam.

Qual a estratégia para que o novo Missal Romano chegue às comunidades?

Assim como as duas primeiras edições foram bem recebidas por toda a Igreja no Brasil, certamente acontecerá o mesmo com a terceira edição, pois não há nenhuma ruptura entre as várias edições do Missal Romano.

“A meu ver, não há necessidade de se pensar em nenhuma estratégia especial para que o Missal chegue às nossas comunidades. Mas, como a revisão de uma tradução é obra humana, também estará sujeita a novos aperfeiçoamentos. Entretanto, dado o processo adotado, seguramente a revisão da tradução do Missal será bem acolhida”.

O que o senhor pode destacar de ponto alto dessa nova tradução?

O ponto alto é ter alcançado o objetivo proposto, isto é, a maior adequação do nosso missal ao texto latino da terceira edição típica do Missal Romano.

FOTOS:

IMG_0745 – foto aberta do missal
https://www.flickr.com/photos/cnbbnacional/49018361853/in/album-72157711653087406/

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF