11 de julho de 2025
A chinesa Shushu chegou à Espanha em 2016 com 23 anos de
idade para estudar filologia hispânica. Ela não imaginou que teria um encontro
transformador com Cristo Crucificado que a levaria a abraçar a fé católica.
"Não temos mérito algum, tudo se deve ao Senhor que nos
guia”, disse Shushu no santuário de Covadonga, Espanha, à ACI Prensa, agência
em espanhol do grupo ACI. “Sua misericórdia é imensa".
Ela estava lá com seu marido e com Emmanuel, seu filho, para
falar sobre sua conversão do ateísmo ao catolicismo a milhares de jovens
reunidos na inauguração da Jornada Eucarística Mariana Juvenil (JEMJ) em 4 de
julho.
Um encontro revelador com Cristo crucificado e o amor e a
felicidade das irmãs Servas da Casa da Mãe, na Espanha; levaram Shushu, uma
jovem ateia da China, a abraçar a fé católica.
Tudo aconteceu no dia 31 de outubro de 2016 na cidade de
Alcalá de Henares. Shushu estava na Espanha havia um mês e tinha ido a uma
festa de Halloween, por curiosidade e pela atmosfera festiva. As
fantasias grotescas de zumbi, o barulho de correntes arrastando pelo chão e a
música alta e soturna perturbaram sua alma.
Inquieta e com o coração pesado, ela decidiu sair e caminhar
sem rumo, até que chegou à imponente catedral dos Santos Justo e Pastor, onde
começou a ouvir uma música — quase celestial — que contrastava drasticamente
com o mal-estar que acabara de sentir.
Atraída por aquela melodia, ela decidiu entrar na igreja, e
foi então que seus olhos viram um Cristo crucificado, de quem ela não conseguia
desviar o olhar. Aquele encontro marcou uma virada em sua vida.
"Havia uma cruz muito grande, e eu vi Jesus lá, e isso
teve um grande impacto em mim", disse ela à ACI Prensa.
Shushu diz que passou sua infância num ambiente
profundamente ateu, típico da China comunista, em que nem sua família nem seu
círculo mais próximo tinham fé ou falavam sobre Deus.
“Apesar disso, quando olhei para a cruz, pensei: Tem uma
pessoa na cruz”, disse ela. “E por intuição sobrenatural, pensei que era Deus,
que o próprio Deus estava na cruz, e não poderia ser ninguém mais".
Um olhar paterno
Cheia de paz, Shushu decidiu ir ao confessionário para falar
com um padre, sem saber ao certo em que consistia o sacramento da
Reconciliação.
Quando terminou de falar, agradeceu ao padre por ouvi-la e,
quando estava prestes a sair, o padre abriu a janela do confessionário.
“Ele olhou para mim com um olhar muito especial”, disse
Shushu em seu testemunho divulgado na JEMJ.
Naquele padre, diz ela conta, reconheceu "um olhar
paternal" que lhe deu "muita confiança", e sentiu que ele a
esperava há muito tempo. Foi ele quem a apresentou às irmãs Servas da Casa da
Mãe, que se tornaram sua nova "família espanhola".
“Eu não sabia de nada; nunca tinha visto uma freira na minha
vida”, diz Shushu com humor e certa desenvoltura. No entanto, ela diz que a
felicidade “angelical” delas chamou sua atenção.
“Nunca tinha visto alguém tão feliz, tão alegre, tão jovem”,
diz a jovem chinesa. “Decidi me converter depois de conhecer as freiras”.
Queria ser filha de Deus
Então uma das freiras pegou-a pela mão e perguntou: “Você
quer ser batizada?” Ao que Shushu perguntou: “O que significa ser batizada?”
"Ela me disse que ser batizada significa ser filha de
Deus, como nós”, diz a jovem chinesa. “Naquele momento, eu não entendia nada,
nem sabia por que uma chinesa podia ser filha de Deus ou por que Deus é meu
Pai".
No entanto, a felicidade que emanava dos rostos das freiras
do Lar da Mãe a convenceu.
"Era como se eu sentisse um chamado no meu coração: eu
também queria ser batizada; eu queria ser como elas, uma filha de Deus",
diz ela
Ela foi batizada com o nome de Shushu Maria.
O caminho para sua conversão não foi fácil, marcado pelas
dificuldades inerentes ao crescimento num ambiente profundamente ateu.
No entanto, ela conseguiu seguir em frente graças à
orientação e ao testemunho das freiras, cujo apoio foi fundamental para abrir
seu coração à fé.
“Fui batizada na mesma igreja onde entrei pela primeira vez
e também me casei lá”, diz Shushu. As cerimônias ocorreram diante do crucifixo
em que ela conheceu Jesus Cristo.
Hoje, aos 32 anos de idade, ela acredita firmemente que a
Espanha é sua “pátria espiritual”, o lugar onde foi batizada e começou “uma
nova vida”.
Ela também se sentiu extremamente grata por poder anunciar
seu testemunho no santuário de Covadonga, que Shushu diz ser "o coração da
Espanha e um lugar muito importante em sua história".
Em Covadonga, o rei Pelaio, primeiro rei de Astúrias, teve
uma visão da Virgem Maria que lhe garantiu a vitória contra os muçulmanos. A
vitória de Pelayo deu início à reconquista à reconquista da Espanha que se
completou em 1492, com a expulsão dos islâmicos da península Ibérica.
*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola
correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no
Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário