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domingo, 13 de julho de 2025

Curiosidades da Bíblia: Quem foi Pôncio Pilatos?

Bíblia (Vatican News)

Pilatos tornou-se um dos governadores romanos mais conhecidos da história, principalmente por seu papel na condenação de Jesus Cristo à morte na cruz.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Existem alguns personagens que meio “sem querer, querendo” acabaram entrando para a história, ficando seus nomes registrados para a posteridade. Esse é o caso de Pôncio Pilatos, que participou do julgamento de Jesus, tendo o gesto de “lavar as mãos” eternizado, figurando hoje como atitude de quem não deseja se comprometer. Tanto assim, que seu nome entra, inclusive, na oração do Credo, o Símbolo Apostólico do cristianismo.

O que se sabe sobre Pôncio Pilatos

Pilatos tornou-se um dos governadores romanos mais conhecidos da história, principalmente por seu papel na condenação de Jesus Cristo à morte na cruz.

Ele governou a Judeia entre os anos 26 e 36 d.C., residindo na cidade de Cesareia, localizada na costa do Mediterrâneo. Por ser o representante de Roma na região, tinha autoridade sobre questões administrativas, financeiras, militares e judiciais, sendo ainda o responsável por manter a ordem e a paz entre a população local, majoritariamente judaica, com forte identidade religiosa e nacional.

Sabe-se que foi muito conturbada sua administração, pela falta de habilidade em lidar com as questões judaicas. Entre outras coisas, ele foi acusado de usar os recursos do Templo de Jerusalém para construir um aqueduto que levaria água para Cesareia. Os judeus se revoltaram e o acusaram de roubar o dinheiro sagrado. Ele ordenou que seus soldados se infiltrassem entre a multidão para reprimir a manifestação com violência, acarretando a morte de muitos judeus. Mas, o caso mais famoso e controverso de Pilatos foi o julgamento de Jesus Cristo que, preso pelos líderes religiosos dos judeus através do Sinédrio, foi acusado de blasfêmia e de incitar o povo contra Roma. Jesus foi então levado a Pilatos, que tinha autoridade para condená-lo ou determinar a sua liberdade.

O julgamento de Jesus

Os quatro evangelhos narram com detalhes o julgamento de Jesus, cada um acrescentando novos detalhes, mas todos são unânimes ao afirmar que Pilatos não encontrou nenhum motivo para condenar Jesus, e que tentou libertá-lo, oferecendo ao povo a escolha entre soltar Jesus ou Barrabás, um criminoso.

E, convocando Pilatos os principais dos sacerdotes, e os magistrados, e o povo, disse-lhes: Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem.  Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte. 16 Castigá-lo-ei, pois e soltá-lo-ei. E era-lhe necessário soltar-lhes um detento por ocasião da festa. Mas toda a multidão clamou à uma, dizendo: Fora daqui com este e solta-nos Barrabás. Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade e de um homicídio. Falou, pois, outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus. Mas eles clamavam em contrário, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Então, ele, pela terceira vez, lhes disse: Mas que mal fez este? Não acho nele culpa alguma de morte. Castigá-lo-ei, pois e soltá-lo-ei. Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus gritos e os dos principais dos sacerdotes redobravam.  Então, Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam. E soltou-lhes o que fora lançado na prisão por uma sedição e homicídio, que era o que pediam; mas entregou Jesus à vontade deles. Lucas 23, 13 a 25.

O destino de Pôncio Pilatos

Não há uma comprovação histórica exata sobre o destino de Pilatos após o julgamento de Jesus. O historiador judeu Flávio Josefo afirma que Pilatos foi destituído do cargo por causa de outro conflito com os samaritanos, povo que vivia na região da Samaria.

Fontes antigas dão diferentes versões sobre o fim de Pilatos, mas uma tradição cristã, afirma que Pilatos foi exilado nas Gálias, onde encontrou a morte. Segundo a Igreja Etíope, Pilatos se converteu ao cristianismo e, sendo martirizado, passou a ser venerado como santo.

Pilatos, porém, passou para a história como símbolo de covardia, de injustiça, de ambiguidade, de pragmatismo, de ironia, de falta de piedade ou de arrependimento. Numa linguagem moderna pode-se dizer que Pilatos “ficou em cima do muro” com medo de se comprometer. Por outro lado, ele é um personagem que revela a complexidade das relações os conflitos entre o poder político e religioso, entre a cultura romana e a cultura judaica, entre a história e a tradição.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF