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terça-feira, 14 de outubro de 2025

Leão XIV preside missa com canonização de 7 beatos em 19 de outubro

Papa Leão XIV (Vatican Media)

Os novos santos serão: o bispo turco Inácio Maloyan, o catequista da Papua Nova Guiné Pedro To Rot, os venezuelanos José Gregorio Hernández Cisneros e Carmen Rendiles Martínez, e os italianos Bartolo Longo, Maria Troncatti e Vincenza Maria Poloni. O Papa vai presidir a celebração eucarística no Dia Mundial das Missões com o rito de canonização na Praça São Pedro às 10h30 na Itália, 5h30 no Horário de Brasília, com transmissão ao vivo dos canais do Vatican News e comentários em português.

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Leão XIV vai presidir a celebração eucarística com o rito de canonização de 7 beatos em 19 de outubro, na Praça São Pedro, Dia Mundial das Missões. A missa com transmissão ao vivo dos canais do Vatican News e comentários em português começa às 10h30 do horário local, 5h30 no Horário de Brasília. A informação foi divulgada pelo Departamento de Celebrações Litúrgicas Pontifícias. Segundo comunicado assinado pelo mestre de Cerimônias Litúrgicas Pontifícias, Mons. Diego Ravelli, os novos santos serão: Inácio Maloyan, Pedro To Rot, Vincenza Maria Poloni, Carmen Rendiles Martínez, Maria Troncatti, José Gregorio Hernández Cisneros e Bartolo Longo.

Inácio Choukrallah Maloyan nasceu na Turquia em 1869, foi bispo de Mardin dos Armênios e morto durante ações violentas contra os cristãos perpetradas naquela região. Por se recusar a abraçar outra fé, foi fuzilado junto com muitos outros correligionários. Na prisão, chegou a consagrar o pão para o conforto espiritual dos companheiros. Ele foi beatificado em 2001 pelo Papa João Paulo II. Segundo o Dicastério das Causas dos Santos, em vista da canonização e reconhecendo a atualidade do seu exemplo, foi acolhida a súplica feita por Sua Beatitude Raphaël Bedros XXI Minassian, Católicos, Patriarca da Cilícia dos Armênios Católicos, em fevereiro de 2024, dispensando o estudo de um suposto milagre, junto à documentação que ilustra os motivos que sustentam a canonização. A devoção a Maloyan é particularmente forte pela Igreja Católica Armênia e há provas da sua intercessão, manifestada pela obtenção de graças materiais e espirituais.

Pedro To Rot nasceu na Papua Nova Guiné em 1912. Mártir, pai de família e catequista, foi preso durante a Segunda Guerra Mundial por ter perseverado em seu ministério e sofreu o martírio com uma injeção de veneno letal. Ele foi beatificado por João Paulo II em 1995. Em 2024, os bispos do país e também das Ilhas Salomão fizeram um pedido para dispensar o primeiro beato de Papua do milagre para seguir com a canonização, o que foi acolhido junto a muitas provas que demonstraram a dificuldade de constatação do mesmo.

Vincenza Maria Poloni nasceu na Itália em 1802. Fundadora do Instituto das Irmãs da Misericórdia; o carisma do Instituto foi marcado pela sua experiência, que se dedicou constantemente a assistir doentes, idosos e órfãos até à morte após anos de tratamento de um câncer. A Venerável em 2006 foi beatificada por Papa Bento XVI em 2008.

Carmen Elena Rendíles Martínez nasceu na Venezuela em 1903. Religiosa, fundadora das Irmãs Servas de Jesus (Servas de Jesus da Venezuela); confiando em Deus, abria seu coração a todos, sobretudo aos pobres. Também os sacerdotes eram objeto de sua devoção e de seus cuidados e, para muitos, tornou-se conselheira sábia e maternal. Junto com suas irmãs, serviu com amor nas paróquias, nas escolas e ao lado dos mais necessitados. Ela foi beatificada pelo Papa Francisco em 2018.

Maria Troncatti nasceu na Itália em 1883. Religiosa, religiosa professa da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora e missionária: enfermeira durante a Primeira Guerra Mundial, partiu depois para o Equador, onde se dedicou inteiramente ao serviço das populações da selva, na evangelização e na promoção humana. Em uma viagem que a levaria a Quito, em 1969, ela morreu tragicamente após o avião cair logo depois da decolagem. Ela foi beatificada por Papa Bento XVI em 2012.

José Gregorio Hernández Cisneros nasceu na Venezuela. Leigo, bacharel em Filosofia e médico de profissão, dedicou-se a ajudar os mais necessitados, sendo chamado de “o médico dos pobres” e testemunho do amor eucarístico através do seu compromisso com os vulneráveis. Morreu vítima de um acidente de carro, em 1919, enquanto se deslocava para atender um doente. Ele foi beatificado por Papa Francisco em 2021.

Bartolo Longo nasceu na Itália em 1841. Leigo, dedicado ao culto mariano e à educação cristã dos agricultores e das crianças, fundou, com a ajuda da esposa, o Santuário do Rosário em Pompeia e a Congregação das Irmãs que leva o mesmo nome. Foi definido como o "apóstolo do Rosário" e "instrumento da Providência" na defesa da fé cristã. Ele foi beatificado em 1980 pelo Papa João Paulo II.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

5 dicas para lidar com o estresse

O Cortisol não é o inimigo — é o que nos ajuda a acordar, ficar alerta e lidar com os desafios. O segredo é mantê-lo em equilíbrio e não eliminá-lo (Crédito: Getty Images)

Autor: Dr. Xand van Tulleken

De Morning Live

20 setembro 2025

Quando as férias acabam e tudo o que fica parece ser uma lembrança distante, a rotina volta a todo vapor.

Essa energia de voltar à ativa pode deixar um sentimento de esgotamento em muitas pessoas.

O estresse, em pequenas doses, pode nos ajudar a manter a energia, mas, se não for controlado, pode prejudicar nossa saúde, humor e relacionamentos.

O cortisol, frequentemente rotulado como o hormônio do estresse, virou um termo da moda no bem-estar, mas ele não é o inimigo — é o que nos ajuda a acordar, ficar alerta e lidar com os desafios.

Aqui estão cinco maneiras simples e comprovadas pela ciência de gerenciar o estresse e retomar o controle.

1. Pare de se estressar com isso

O estresse é parte normal da vida e é inevitável (Crédito: Getty Images)

Ironicamente, ficar preocupado com os efeitos do estresse pode fazer com que ele piore.

Quanto mais falamos sobre os danos que o estresse causa, começamos a pensar "agora estou estressado e sei que está me fazendo muito mal". Então tente não se preocupar muito com como você está se sentindo.

O estresse é parte normal da vida e é inevitável, especialmente durante grandes desafios como o luto, cuidar de entes queridos e crianças pequenas, ou lidar com as incertezas do trabalho.

Em vez de entrar em pânico por estar estressado, aceite que isso acontece e se lembre-se de que isso não vai durar para sempre.

2. Mexa-se

A melhor maneira de controlar o estresse fisicamente é se exercitar (Crédito: Getty Images)

A melhor maneira de controlar o estresse fisicamente é se exercitar.

O exercício físico faz o mesmo que o estresse com o seu corpo: aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial, acelera a respiração e libera adrenalina e cortisol.

Ao se exercitar, seu corpo aprende a controlar os picos de cortisol e a lidar com essas oscilações, para que você esteja mais bem equipado para lidar com os maiores estresses da vida.

Se você está ficando estressado pensando em qual exercício vai fazer ou em qual academia se inscrever, se lembre-se de que qualquer forma de exercício é válida.

Não precisa ser nada muito demorado ou estressante - uma simples caminhada, corrida leve ou qualquer atividade que você goste resolverá o problema.

3. Priorize o sono

Tente ir para a cama mais cedo e acordar mais ou menos no mesmo horário todos os dias (Crédito: Getty Images)


Tente ir para a cama mais cedo e acordar mais ou menos no mesmo horário pela manhã para que seu corpo entre na rotina.

Se você se vira na cama à noite e não consegue dormir, não se preocupe.

Seu corpo pode funcionar com menos sono ocasionalmente e, com o tempo, seus ritmos naturais se recalibrarão.

4. Foque em você

Reserve alguns minutos para pensar no dia ou na semana que tem pela frente (Crédito: Getty Images)

Gerenciar o estresse não se trata apenas de evitar os aspectos negativos, mas também de se fortalecer ativamente.

Certifique-se de se alimentar bem, com muitas frutas, vegetais, alimentos integrais e proteínas de boa qualidade para abastecer seu corpo.

Tente também reservar um tempo de qualidade sozinho, onde você possa relaxar e recarregar as energias.

Atenção plena também pode ajudar - não se trata de usar um aplicativo de meditação ou ficar sentado em silêncio, mas de ser intencional na maneira como você encara sua vida.

Reserve alguns minutos para pensar no dia ou na semana que tem pela frente, no que pode ser desafiador e em como você pode controlar seu ritmo.

Tente, por exemplo, se planejar com antecedência, preparar as refeições em grandes quantidades, pois isso pode aliviar um pouco o estresse à noite, depois do trabalho.

5. Converse sobre o que está acontecendo

Compartilhar suas preocupações com alguém em quem você confia alivia a carga e lhe dá perspectiva (Crédito: Getty Images)

Preocupações como dinheiro, emprego e família podem se agravar rapidamente quando mantidas reprimidas.

Compartilhar suas preocupações com alguém em quem você confia alivia a carga e lhe dá perspectiva, mesmo que essa pessoa não consiga resolver seu problema.

Às vezes, apenas dizer em voz alta já faz com que o problema pareça mais administrável.

Descubra mais dicas sobre como lidar com o estresse no Morning Live (em inglês).

Reportagem de Yasmin Rufo.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c8644w5x935o

Como ler a Bíblia em um mundo saturado de informações?

Criador, juiz, rei, pastor... Na Bíblia, várias imagens são usadas para falar sobre Deus.
New Africa | Shutterstock

Paulo Teixeira - publicado em 13/10/25

A palavra é o veículo da voz. No Evangelho de São João, no capítulo 10, Jesus diz que as minhas ovelhas conhecem a minha voz. Como é que nós vamos conhecer a voz de Jesus sem escutar a sua palavra? Então, o contato com a palavra de Deus é a condição para que nós reconheçamos a sua voz.

Em um mundo saturado de informações e vozes conflitantes, a leitura da Bíblia assume um papel crucial na vida do cristão. É o que afirma o Padre Jean Paul Hansen, Secretário Executivo do Setor Campanhas da CNBB, em uma entrevista esclarecedora para a Rede Imaculada de Comunicação.

Segundo Padre Jean, o contato diário com a Bíblia é a condição essencial para reconhecer a voz de Jesus. "A palavra é o veículo da voz," explica. Assim como reconhecemos a voz de um radialista pela palavra que ouvimos, precisamos criar uma "sintonia" com a voz de Deus.

"Nós temos tantas vozes, múltiplas vozes, que nos enganam, que nos seduzem... É importantíssimo que nós saibamos discernir qual é a voz de Deus no mundo atual. E como é que nós vamos reconhecer a voz de Deus? No contato com a sua palavra."

O sacerdote incentiva os fiéis a cultivarem uma espiritualidade bíblica, dedicando todos os dias um momento para ler ou escutar, ao menos, "um pedacinho da palavra de Deus, para sintonizar a sua voz.

Guia do leitor da Bíblia

A busca pela Bíblia perfeita levanta uma dúvida comum entre os leitores: qual tradução escolher? Padre Jean Paul Hansen distingue entre Bíblias para estudo aprofundado e Bíblias mais adequadas para a espiritualidade cotidiana.

Para Estudo Aprofundado (com notas e introduções ricas):

  • Bíblia de Jerusalém: Tradução antiga e reconhecida, ideal para estudos devido às suas extensas notas de rodapé e introduções.
  • Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB): Uma excelente opção, fruto de um trabalho em âmbito ecumênico, igualmente rica em notas e introduções.
  • Bíblia do Peregrino: Conhecida por suas notas detalhadas e abrangentes, tradução de autoria do biblista europeu Alonso Schökel.

Para Oração e Espiritualidade Cotidiana (mais simples e fluida):

  • Bíblia da CNBB: A tradução oficial da Igreja no Brasil, recomendada para quem deseja rezar com a Palavra.
  • Bíblia Pastoral e Paulinas: Recentemente revistas e com edições em letras grandes, ideal para o cultivo da Palavra na vida diária.

O Padre ressalta a importância de que a tradução escolhida seja católica, verificando a presença do Imprimatur (a assinatura de um bispo católico) na primeira página, que atesta sua conformidade com o ensinamento da Igreja.

Conselhos para leitura

Não Desanime: A amizade com a Palavra é construída com fidelidade e constância.

Comece pelo Novo Testamento: Evite a leitura aleatória. Escolha um livro e leia-o até o fim.

Reflexão Pessoal: Após a leitura de um trecho, feche a Bíblia e pergunte a si mesma: "O que eu li?" Recontar a passagem para si mesma ajuda a escrever a Palavra no coração.

Hábito e Disciplina: Crie um hábito de estudo. Escolha um lugar e horário fixos, livres de distrações (como a televisão ou celular), e peça a luz do Espírito Santo antes de começar.

Cuidado

A prática de abrir a Bíblia de forma espontânea, buscando uma mensagem imediata, foi desaconselhada pelo Padre, que a comparou à "roleta russa". Ele ilustrou o perigo com um exemplo drástico:

"Abriu e leu: 'Judas foi e enforcou-se.' Abre outra vez para ver aonde que Deus te fala. E aí, abriu a palavra e leu lá: 'Vai tu e faz o mesmo.'"

O sacerdote enfatizou que a leitura deve estar conectada ao todo da Bíblia (ao capítulo, ao livro e a ambos os testamentos). Uma boa formação bíblica e uma leitura metódica são essenciais para evitar interpretações equivocadas que podem conduzir a um sentido oposto ao que Deus deseja.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/10/13/como-ler-a-biblia-em-um-mundo-saturado-de-informacoes/

Pesquisadores buscam novos caminhos para combater o alcoolismo

O consumo de bebidas alcoólicas aciona áreas cerebrais que provocam euforia e reduzem artificialmente sinais de ansiedade - (crédito: Reprodução/Freepik)

Pesquisadores buscam novos caminhos para combater o alcoolismo

Cientistas estudam como o cérebro reage aos estímulos do álcool e buscam alternativas para ajudar na regulação emocional. Um dos objetivos principais é conseguir amenizar os sintomas da abstinência.

O álcool é responsável por cerca de 3 milhões de mortes anuais e causa cerca de 200 tipos de doenças e lesões, segundo a Organização Mundial da Saúde. Diante desse cenário, pesquisadores buscam compreender melhor quais mecanismos cerebrais são ativados em resposta à bebida e ao vício, na busca de um caminho eficaz para combater o alcoolismo e problemas associados.

Um estudo da Scripps Research, nos Estados Unidos, publicado recentemente na revista Biological Psychiatry, revelou mais sobre o comportamento de recaída para bebidas ao identificar que uma área específica do cérebro —o núcleo paraventricular do tálamo (PVT)— é superativada quando o consumo de álcool é associado ao alívio dos sintomas de abstinência. Essa região, tradicionalmente ligada ao estresse e à ansiedade, desempenha um papel essencial no ciclo do vício, não somente ao promover a busca por prazer, mas também ao amenizar o sofrimento emocional causado pela falta da substância.

"O que torna o vício tão difícil de largar é que as pessoas não estão simplesmente buscando uma sensação de euforia", afirma Friedbert Weiss, professor de neurociência na Scripps Research e autor sênior do estudo. "Elas também estão tentando se livrar de estados negativos poderosos, como o estresse e a ansiedade da abstinência. O trabalho evidencia quais sistemas cerebrais são responsáveis por reter esse tipo de aprendizado, e por que isso pode tornar a recaída tão persistente."

Conforme Thiago Taya, neurologista e neuroimunologista do Hospital Sírio-Libanês, o álcool age reduzindo a atividade cerebral, fazendo a pessoa se desinibir socialmente, porém o que parece ser uma fuga do estresse é, na verdade, uma camuflagem. "A maior ativação do PVT ligada ao consumo de álcool pode se relacionar a uma sensação cada vez mais expressiva de alívio, prazer e recompensa ao ingerir a substância, e um sentimento contrário cada vez pior ao ficar sem a bebida, acentuando o vício."

Conforme o estudo, feito com modelos animais, a hiperativação dessa área é algo lógico diante da falta de consumo da substância. "Os efeitos desagradáveis da abstinência estão fortemente associados à ansiedade, e o álcool proporciona alívio da agonia desse estado estressante", destacam os autores.

Manipular o cerebelo

Em paralelo, um trabalho conduzido pela Universidade Estadual de Washington, também nos EUA, oferece uma abordagem diferente sobre a abstinência de álcool. Os pesquisadores se concentraram no cerebelo, área do cérebro tradicionalmente associada ao controle motor, mas que tem se mostrado fundamental também na regulação emocional e no vício. 

"Metade dos neurônios do cérebro está no cerebelo", afirma David Rossi, autor sênior do estudo, professor associado da universidade. "Está cada vez mais claro que essa região está envolvida em muito mais do que somente o controle motor — ela desempenha um papel no vício, na regulação emocional e até mesmo no engajamento social."

Ao manipular essa região do cérebro em camundongos, os cientistas conseguiram aliviar tanto os sintomas físicos quanto os emocionais da abstinência. O trabalho sugere que o cerebelo pode ser uma nova via terapêutica para tratar o alcoolismo de forma mais eficaz, sem os efeitos colaterais das abordagens atuais.

Conforme Maciel Pontes, médico neurologista do Hospital de Base, no Distrito Federal, no caso da abstinência, essa região é central porque se adapta ao consumo crônico da substância. "Durante a exposição prolongada à bebida, os circuitos cerebelares se ajustam para funcionar nesse ambiente, mas, quando o álcool é retirado, sobra um estado de hiperatividade, que contribui diretamente para os sintomas físicos e emocionais."

O especialista acrescentou que o cerebelo atua na modulação do estresse e do sofrimento, conectando-se a circuitos cerebrais ligados às emoções. "Essa participação amplia sua relevância, mostrando que ele é um elo essencial na compreensão da dependência."

Tecnologia como aliada

O combate ao alcoolismo tem sido um desafio complexo. Assim, tanto intervenções tecnológicas quanto medicamentosas têm ganhado destaque na ciência. Trabalhos recentes apontam caminhos inovadores para combater o vício, pelo ajuste de neurotransmissores no cérebro e mesmo por meio de dispositivos vestíveis.

Pesquisadores do Mass General Brigham, nos Estados Unidos, publicaram na revista JAMA Psychiatry um estudo que revelou como um dispositivo vestível pode ser uma ferramenta poderosa contra vícios. A tecnologia, que utiliza uma espécie de adesivo inteligente chamado Lief HRVB Smart Patch, ajuda os usuários a monitorar e controlar o estresse e a ansiedade, fatores ligados ao desejo de consumir drogas e álcool. 

A invenção detecta variações na frequência cardíaca, refletindo o estresse e o impulso de consumo, e dá sinais para que a pessoa faça ajustes respiratórios e diminua a ansiedade. David Eddie, psicólogo do Mass General Brigham e autor do estudo, explica que uma das grandes dificuldades durante a reabilitação vício é a falta de autoconsciência emocional. "Pessoas em recuperação podem vivenciar muito estresse, mas muitas vezes não têm plena consciência disso ou não o gerenciam proativamente."

O dispositivo reduziu significativamente a vontade de consumir álcool e drogas, com participantes relatando até 64% menos probabilidade de usar substâncias. O estudo, que se concentrou em pessoas no primeiro ano de abstinência, demonstrou o impacto positivo da tecnologia na recuperação precoce.

Para Helena Moura, psiquiatra da Apuí Saúde Mental e professora de medicina da Universidade de Brasília, o diferencial do tratamento é atuar no quadro de desregulação do estresse. "Essa é uma demanda de longo prazo dos pacientes, porque a desintoxicação e o manejo da síndrome de abstinência são resolvidos ali relativamente rápido, mas esses sintomas persistem, às vezes por meses, e não respondem bem a tratamentos usuais".

Freio para os impulsos

Enquanto a tecnologia promete complementar os métodos tradicionais, pesquisadores da Universidade do Colorado, nos EUA, estão explorando novas abordagens farmacológicas para tratar o vício. Os tratamentos atuais focam em reduzir o prazer imediato que o álcool proporciona ou diminuir a frequência do desejo de beber, mas os cientistas acreditam que é possível mexer no comportamento impulsivo.

A resposta pode estar no córtex pré-frontal, área do cérebro relacionada ao controle executivo e à regulação das emoções. O estudo, publicado na revista Biological Psychiatry, testou o tolcapona — medicamento desenvolvido para a doença de Parkinson. A pesquisa revelou que o remédio, ao aumentar os níveis de dopamina nessa região-chave, ajudou os participantes a melhorar o controle sobre seus impulsos. Durante os testes, os voluntários tiveram desempenho superior em uma tarefa que exigia autocontrole.

Ábner Prado, coordenador médico do pronto-socorro do Instituto de Neurologia de Goiânia, destaca que o córtex pré-frontal funciona como um "freio" para os impulsos. "Quando é acionado, ajuda a pessoa a avaliar melhor as consequências e evitar comportamentos automáticos, como beber sem pensar. Fortalecer essa região de alguma maneira pode devolver à pessoa maior capacidade de controle."

Ainda durante o ensaio, os voluntários que tomaram tolcapona relataram uma redução no consumo de álcool durante a semana em que usaram o medicamento. "A maior ativação do córtex pré-frontal foi associada a menos consumo de álcool, sugerindo que o mecanismo de maior controle estava afetando o comportamento deles", reforça Schacht. (IA)

Prisão mental

Inicialmente, o álcool parece inofensivo, por ser um hábito social que traz certa sensação de prazer e desinibição, mas, com o uso frequente, começa a interferir diretamente no córtex pré-frontal, afetando a tomada de decisões e o controle inibitório. Com o vício evoluindo, o sistema límbico — relacionado à regulação emocional, à sensação de recompensa ao controle da motivação— é afetado, tornando o ato de ingerir bebida alcoólica mais recompensador ainda, gerando uma sensação de motivação crescente para consumir a substância e decrescente para outras atividades.

Esse vício funciona como um comportamento cerebral pendular: quanto mais frequentemente você consome, mais sensação de recompensa você tem ao ingerir e pior é sua condição ao ficar sem beber, gerando uma espécie de prisão mental progressiva. Então, mesmo que a pessoa tenha consciência do prejuízo à saúde, ela não consegue se desvincular. Além de que, por afetar a tomada de decisões e o controle inibitório, o paciente fica mais vulnerável às tentações e não consegue controlar o vício.

Thiago Taya, neurologista e neuroimunologista do Hospital Sírio-Libanês

Risco aumentado de bactérias no fígado

Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, descobriram que o consumo crônico de álcool prejudica a produção de uma proteína-chave, conhecida como mAChR4, que ajuda a manter as bactérias intestinais no órgão correto. Sem essa barreira, esses microrganismos intestinais podem passar mais facilmente para o fígado, agravando os danos hepáticos causados pelo álcool. A descoberta foi feita ao avaliar uma combinação de biópsias de fígado humano e modelos animais. Segundo a publicação, feita na revista Nature, medicamentos que têm como alvo o mAChR4 estão sendo testados em ensaios clínicos para esquizofrenia, e os pesquisadores sugerem que esses remédios podem ser facilmente reaproveitados para tratar lesões hepáticas. No entanto, novas pesquisas são necessárias para demonstrar esse potencial.

Isabella Almeida +

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2025/10/7265824-pesquisadores-buscam-novos-caminhos-para-combater-o-alcoolismo.html

ANÁLISE: Um estilo secular

Pippo Corigliano, Uma Obra Sobrenatural: Minha Vida no Opus Dei , Mondadori, Milão 2008, 130 pp. | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 12 - 2008

Um estilo secular

Uma fluida autobiografia do porta-voz italiano do Opus Dei, Pippo Corigliano.

por Lorenzo Cappelletti

Uma Obra Sobrenatural: Minha Vida no Opus Dei , de Pippo Corigliano, atual porta-voz da Obra na Itália, acaba de ser lançado pela Arnoldo Mondadori Editore.

Devemos ser gratos a Pippo Corigliano — e especialmente, acreditamos, ao próprio Opus Dei, que celebrou o octogésimo aniversário de sua fundação em 2008 — por este livro sincero, no qual ele se apresenta em forma autobiográfica, apresentando assim um perfil plausível e nada penoso (de acordo com a intenção que ele mesmo declara na Introdução) da Obra da qual é membro desde 1960. Através da simplicidade da abordagem narrativa, ele efetivamente liberta o Opus Dei dos rótulos que impedem uma consideração mais objetiva e detalhada. Análogo, pode-se dizer, ao seu próprio crescimento pessoal: "minha vida", escreve ele, "tem sido uma contínua remoção de preconceitos" (p. 91).

O livro traça o desenvolvimento da Obra na Itália através da vida deste jovem napolitano de boa família, que em certo momento foi conquistado pelo estilo laico e moderno dos discípulos de Escrivá de Balaguer e, posteriormente, pelo próprio Escrivá. Esse estilo, aliado a uma sólida base espiritual e a um adequado compromisso intelectual, exige hábitos e costumes "normais", típicos de quem não deve abandonar o mundo, mas "amá-lo apaixonadamente", segundo o título de uma famosa conversa de São Josemaria (ver p. 27).

Mesmo onde a terminologia e os costumes da Obra são um tanto peculiares, como a distinção entre membros numerários e supranumerários, ou a separação entre homens e mulheres no trabalho apostólico, Corigliano tende a simplificar tudo, colocando a ênfase, em vez disso, em consonância com a abordagem estabelecida desde o início por São Josemaria, no serviço a ser prestado a Deus nos e através dos deveres civis em que cada pessoa está envolvida. Em essência, na santificação do trabalho, como ele escreve diversas vezes.

Logo, esse jovem capaz e entusiasmado, após um estágio em uma residência universitária em Nápoles, foi forçado a se mudar para Milão, tornando-se membro do conselho administrativo da Ópera.

Munido apenas de um elegante casaco de jornalista, iniciou sua aventura milanesa em 1970, que o lançou imediatamente ao mundo da comunicação. Foi lá, naquela desafiadora década de 1970, que as armas que ele empunharia ao longo de sua vida foram aguçadas, buscando superar as de seus adversários.

E, portanto, é natural — mesmo que a preocupação do Opus Dei com a opinião pública pareça estender-se muito além da biografia de Pippo Corigliano — que as figuras mais proeminentes no livro sejam jornalistas ou, em todo caso, pessoas que estão ou estiveram envolvidas no mundo da comunicação de massa. De Indro Montanelli a Ettore Bernabei, de Vittorio Messori a Leonardo Mondadori, de Joaquín Navarro-Valls a Giovanni Minoli. Visto não apenas da perspectiva de suas habilidades profissionais, mas também de sua jornada interior, muitas vezes obscura. Mas, ainda mais do que estas, a figura que recebe mais atenção (além de São Josemaria, cujas citações formam o leitmotiv ideal do volume ), porque ele emerge como aquele que mais providencialmente corresponde ao carisma do fundador, é João Paulo II. O papa polonês, após a morte de São Josemaria em 1975, parece ter herdado sua paternidade (a relação pai-filho é um aspecto fundamental desta autobiografia, que apresenta várias figuras paternas brilhantes, do pai de Corigliano ao pai de São Josemaria, do próprio São Josemaria ao Papa Wojtyla): "Os fiéis do Opus Dei mergulharam neste abraço particularmente caloroso porque havia, por assim dizer, uma semelhança de estilo na vivência de sua vocação cristã. O papa alegre, poeta, atleta, defensor do gênio feminino, sedento de verdade, apostólico, compreendeu bem a Obra, e nós a apreciamos de todo o coração" (p. 101). Além disso, foi ele quem, após um rápido processo, canonizaria Escrivá em 2002, no centenário de seu nascimento.

“Neste abraço”, outras datas são fatídicas, como a exata coincidência da eleição de Wojtyla com o cinquentenário da Obra, ou a ereção da Obra como prelazia pessoal naquela fase decisiva do pontificado de Wojtyla, quase um segundo começo depois da tentativa de assassinato, que foi em 1982.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: ajudem-me a ajudar os missionários em todas as partes do mundo

Papa Leão XIV (Vatican Media)

Videomensagem de Leão XIV por ocasião do Dia Mundial das Missões, celebrado no próximo dia 19 de outubro. O Pontífice convida todos a “participar”, a fim de apoiar aqueles que levam o Evangelho aos cinco continentes: “Como sacerdote e missionário no Peru, vi com meus próprios olhos como a fé, a oração e a generosidade demonstradas neste Dia podem transformar comunidades inteiras.”

https://youtu.be/vR7Fy8mQqSw

Vatican News

Baseando-se em sua experiência pessoal como missionário no Peru, o Papa Leão XIV dá testemunho do bem realizado pelos missionários nos lugares onde exercem seu trabalho, e sobretudo da ajuda recebida graças ao Dia Mundial dedicado a eles. “Quando eu era sacerdote e depois bispo missionário no Peru, vi com meus próprios olhos como a fé, a oração e a generosidade demonstradas neste Dia podem transformar comunidades inteiras”, afirma o Pontífice em uma videomensagem divulgada em vista da celebração de 19 de outubro — o Dia Mundial das Missões — ocasião em que “toda a Igreja se une em oração pelos missionários e pela fecundidade de seu trabalho apostólico”.

Ajudar a difundir o Evangelho

O convite do Papa, dirigido a todas as paróquias católicas do mundo, é para “participar” do Dia Mundial, porque “as orações e a ajuda servem para difundir o Evangelho, sustentar programas pastorais e de catequese, construir novas igrejas e responder às necessidades de saúde e educação de nossos irmãos e irmãs nos territórios de missão”.

Missionários da esperança entre os povos

No dia 19 de outubro, acrescenta Leão XIV, “enquanto refletimos juntos sobre a nossa vocação batismal de sermos ‘missionários da esperança entre os povos’, renovemos nosso compromisso doce e alegre de levar Jesus Cristo, nossa Esperança, até os confins da terra”. “Obrigado — conclui o Papa — por tudo o que farão para me ajudar a ajudar os missionários em todas as partes do mundo.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 12 de outubro de 2025

5 dicas para incluir o ovo na alimentação de forma saudável

O ovo é um alimento nutritivo e benéfico para a saúde (Imagem: Tonya Koreneva | Shutterstock) - (crédito: EdiCase)

5 dicas para incluir o ovo na alimentação de forma saudável

Veja os benefícios desse alimento para a saúde e como consumi-lo adequadamente.

O ovo é um alimento rico em nutrientes essenciais e, ao mesmo tempo, muito prático para o dia a dia. Ele fornece proteínas de alta qualidade, vitaminas, minerais e gorduras saudáveis que contribuem para a saúde do organismo. Além disso, é um ingrediente versátil que pode ser preparado de diferentes formas — cozido, mexido, pochê ou em receitas variadas — tornando-se fácil de incluir nas refeições.

No Brasil, o consumo do alimento tem crescido continuamente. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), cada pessoa consome, em média, mais de 250 ovos por ano, resultado direto da praticidade no preparo e do reconhecimento cada vez maior de seus benefícios à saúde.

Um estudo australiano com 8.756 participantes com 70 anos ou mais, parte do ASPREE Longitudinal Study of Older Persons (ALSOP), conduzido pela Universidade de Monash e publicado no periódico Nutrients, mostrou que o consumo regular de ovos, de uma a seis vezes por semana, está associado a uma redução de 29% no risco de morte por doenças cardiovasculares e 15% na mortalidade por todas as causas, em comparação a quem raramente ou nunca os consome. Entre idosos relativamente saudáveis, o consumo moderado pode, portanto, contribuir para uma vida mais longa e uma melhor saúde cardiovascular.

Grande aliado da saúde

Segundo o professor de Nutrição do Centro Universitário Afya Itaperuna, Diego Righi, o ovo é um exemplo de alimento completo, que pode estar presente em qualquer refeição do dia. “Durante muito tempo o ovo foi injustamente visto como vilão do colesterol. Hoje sabemos que, consumido de forma equilibrada, ele é um grande aliado da saúde. Sua combinação de proteínas, vitaminas e gorduras boas ajuda na construção muscular, na imunidade e até na saúde dos olhos, graças à presença de antioxidantes como a luteína e a zeaxantina”, explica o professor.

Contribui para o coração

Por décadas, o ovo foi associado ao aumento do colesterol por conter colesterol na gema. No entanto, revisões científicas recentes mostram que o impacto do colesterol dietético sobre o colesterol sanguíneo é muito menor do que se acreditava, especialmente em pessoas saudáveis.

“O consumo regular e moderado de ovos não está associado ao aumento do risco cardiovascular; pelo contrário, pode até ajudar na prevenção, devido à ação antioxidante e anti-inflamatória de nutrientes como a luteína e a zeaxantina” explica Diego Righi.

Proteínas que favorecem a saúde

As proteínas de alta qualidade presentes no ovo também favorecem a síntese muscular, a imunidade e a saciedade, contribuindo para o controle do peso e a adesão a uma alimentação equilibrada. “Por conter aminoácidos essenciais, o ovo auxilia na recuperação muscular e na manutenção da massa magra, sendo uma fonte de energia limpa e natural”, complementa o especialista.

O professor explica ainda que o alimento contém todos os nove aminoácidos essenciais, incluindo leucina, isoleucina e valina, os conhecidos BCAAs, fundamentais para a regeneração muscular. “A leucina, em especial, tem papel-chave na ativação da via motor, importante para a hipertrofia muscular”, afirma.

Com alto valor biológico e excelente digestibilidade, o ovo é considerado um padrão ouro entre as fontes proteicas, fornecendo energia de forma eficiente, com boa saciedade e sem provocar picos de insulina.

O ovo pode ser incorporado na alimentação de maneira saudável (Imagem: Kmpzzz | Shutterstock)

Incluindo o ovo na alimentação

O professor Diego Righi compartilha cinco maneiras práticas e saudáveis de incorporar o ovo ao dia a dia, garantindo sabor e nutrição em cada refeição. Confira!

1. Prefira preparações simples e com pouca gordura

Dê preferência ao ovo cozido, pochê, mexido com pouca água ou feito no vapor. Essas formas de preparo preservam os nutrientes e evitam a formação de compostos pró-inflamatórios que surgem quando óleos são aquecidos a altas temperaturas. Isso é especialmente importante para quem consome muita gordura saturada ou segue planos alimentares hipocalóricos.

2. Combine com vegetais fibrosos e coloridos

Ovos mexidos com espinafre, couve, tomate, abobrinha ou cogumelos formam refeições mais equilibradas, ricas em fibras e antioxidantes. Essa combinação melhora a resposta glicêmica e aumenta a saciedade. Isso é ideal para pessoas com constipação, resistência insulínica ou baixa ingestão de vegetais e fibras.

3. Inclua no café da manhã ou nos lanches intermediários

Um ovo cozido ou uma pequena omelete são opções práticas e proteicas que ajudam a prolongar a saciedade e estabilizar os níveis de glicose ao longo do dia. É recomendado para quem tem rotina corrida, faz longos intervalos entre as refeições ou pratica exercícios em jejum.

4. Use como alternativa proteica nas refeições principais

O ovo pode substituir a carne em algumas refeições, especialmente no jantar, tornando o prato mais leve e digestivo, sem comprometer o aporte de proteínas e nutrientes. É útil para vegetarianos (ovolactos), idosos com dificuldade de mastigação ou pessoas que buscam refeições mais econômicas.

5. Respeite a quantidade ideal e o equilíbrio do prato

Para a maioria dos adultos saudáveis, o consumo de 1 a 2 ovos por dia é seguro e benéfico. Essa quantidade pode variar conforme as necessidades individuais, como maior demanda proteica em atletas, gestantes e idosos, ou redução em casos de dislipidemias não controladas.

“Mais importante do que a quantidade é o equilíbrio do prato. O ovo deve estar inserido em uma alimentação variada, rica em frutas, legumes e grãos integrais”, finaliza o professor da Afya Itaperuna.

Por Beatriz Felício
Portal EdiCase

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/revista-do-correio/2025/10/7267605-5-dicas-para-incluir-o-ovo-na-alimentacao-de-forma-saudavel.html

Nossa Senhora Aparecida – culto e devoção: muitos peixes

Imagem de Nossa Senhora Aparecida | Vatican News

Os pescadores foram se aproximando e beijaram com reverência a imagem encontrada. Eram todos eles homens religiosos e viram naquilo um sinal de grande predileção: Deus estava com eles!

Padre Inácio Medeiros - Vatican News

No mês de outubro de 1717, três pescadores tiraram das águas do Rio Paraíba do Sul uma imagem mutilada de Nossa Senhora da Conceição. Quem esculpiu e como aquela imagem foi parar nas águas do Rio até hoje ninguém sabe, mas o certo é que animados com o sinal que aquela imagem da santa trazia, interpretado como benção de Deus, os pescadores continuaram seu trabalho e numa das vezes em que lançaram a rede trouxeram a cabeça da imagem anteriormente pescada.

João Alves, o abençoado pescador, uniu as duas partes, corpo e cabeça, e elas se encaixaram perfeitamente. Era sim a imagem de Nossa Senhora da Conceição!

Pesca milagrosa

De longe o pescador chamou seus companheiros que estavam em outros barcos, mostrando-lhes a imagem encontrada. Era a imagem de Nossa Senhora da Conceição, que se tornaria para todos, dentro e fora do Brasil, a imagem de Nossa Senhora “Aparecida”, porque apareceu nas águas do rio. Os pescadores foram se aproximando e beijaram com reverência a imagem encontrada. Eram todos eles homens religiosos e viram naquilo um sinal de grande predileção: Deus estava com eles!

Pensando no que ainda poderia lhes suceder se nada pescassem voltaram ao trabalho, depois de fazerem uma pequena oração, implorando ao Pai dos Céus a sua benção, nesta hora de angústia e preocupação. João Alves tomou a imagem, enrolou-a em panos e guardou-a num canto do barco.

Com mais animação e confiança continuaram a pescaria, podendo nos reportar àquela passagem do evangelho em que, depois de trabalhar toda a noite sem nada pescar, os apóstolos estavam por desanimar, mas a presença de Cristo os encorajou ao trabalho. E ali também o milagre aconteceu. Os pescadores continuaram a trabalhar, descendo o rio conseguindo pescar tamanha quantidade de peixes que seu barquinho ameaçava afundar.

Os pescadores agradeceram por tudo o que estava acontecendo, pois agora, com a graça da pescaria frutuosa não sofreriam castigo algum e teriam muito peixe para alimentar suas famílias. Felipe Pedroso, o pescador mais velho tomou consigo a imagem e regressaram às margens do rio onde suas famílias os aguardavam com ansiedade e expectativa.

Quando a notícia do achado da imagem se espalhou, as pessoas foram se ajuntando na margem do rio e, ali mesmo, Nossa Senhora, através de sua imagem “Aparecida” recebeu a primeira homenagem do povo brasileiro. Era gente humilde e simples, assim como são simples e humildes os que ainda hoje visitam o seu santuário.

Texto baseado nos livros:

01. Cronologia da Imagem e do Santuário

02. A Senhora da Conceição Aparecida – História da Imagem, da capela e das Romarias

Pe. João J. Brustoloni, CSsR

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Papa: cuidado com a instrumentalização da fé, pode anestesiar o coração

Santa Missa presidida pelo Papa Leão XIV e recitação do Angelus, 12/10/2025 (Vatican News)

Na missa por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana, Leão XIV adverte para formas de culto que não nos ligam aos outros e anestesiam o nosso coração: "Tenhamos cuidado com toda instrumentalização da fé, que faz correr o risco de transformar os diferentes – muitas vezes os pobres – em inimigos, em 'leprosos'".

https://youtu.be/hzJEe0GNHIU

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

O Papa Leão presidiu à Santa Missa por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana, com a participação de reitores e responsáveis de santuários, membros de movimentos, confrarias e grupos marianos de oração. Na Praça São Pedro, o Santo Padre se deteve diante da imagem original de Nossa Senhora de Fátima, que excepcionalmente deixou o santuário mariano português para estar presente também no Terço pela paz conduzido pelo Pontífice na tarde de 11 de outubro.

Papa Leão XIV em oração diante de Nossa Senhora de Fátima   (@Vatican Media)

A espiritualidade mariana tem Jesus como centro

A homilia do Pontífice foi inspirada numa frase do apóstolo Paulo a Timóteo: "Tem sempre bem presente Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos e nascido da linhagem de David" (2 Tm 2, 8). "A espiritualidade mariana, que alimenta a nossa fé, tem Jesus como centro", explicou o Papa. 

“«Tem sempre bem presente Jesus Cristo»: só isso importa e faz a diferença entre as espiritualidades humanas e o caminho de Deus.”

É preciso  que o domingo nos faça cristãos, recomendou o Santo Padre. Ou seja, que encha o nosso sentir e o nosso pensar com a memória incandescente de Jesus, modificando a nossa convivência, a nossa habitação na terra. Toda a espiritualidade cristã se desenvolve a partir deste fogo e contribui para torná-lo mais vivo. Quanto menos títulos se possa ostentar, mais claro aparece que o amor é gratuito. "Deus é puro dom, somente graça, mas quantas vozes e convicções podem separar-nos ainda hoje desta verdade nua e disruptiva!", observou.

"Irmãos e irmãs, a espiritualidade mariana está a serviço do Evangelho, revelando a sua simplicidade. O afeto por Maria de Nazaré torna-nos, com Ela, discípulos de Jesus, educa-nos a voltar para Ele, a meditar e a relacionar os acontecimentos da vida nos quais o Ressuscitado ainda nos visita e chama. (...) Ela compromete-nos a saciar os famintos, a exaltar os humildes, a recordar a misericórdia de Deus e a confiar no poder do seu braço." 

Cerca de 50 mil fiéis participaram da missa na Praça São Pedro   (@Vatican Media)

Cuidado com a instrumentalização da fé

Com efeito, prosseguiu o Papa, os leprosos que no Evangelho não voltam para agradecer nos lembram que a graça de Deus também pode vir até nós e não encontrar resposta, pode curar-nos e não nos envolver.

"Tenhamos cuidado, portanto, com aquele subir ao templo que não nos faz seguir Jesus. Existem formas de culto que não nos ligam aos outros e anestesiam o nosso coração", advertiu Leão XIV. Deste modo, não vivemos verdadeiros encontros com aqueles que Deus coloca no nosso caminho; não participamos, como fez Maria, da mudança do mundo e na alegria do Magnificat.

“Tenhamos cuidado com toda instrumentalização da fé, que faz correr o risco de transformar os diferentes – muitas vezes os pobres – em inimigos, em “leprosos” a evitar e rejeitar.”

O caminho de Maria é seguir Jesus

O Santo Padre reiterou: o caminho de Maria é seguir Jesus, e o caminho de Jesus é dirigir-se a todos os seres humanos, especialmente aos pobres, aos feridos, aos pecadores. Por isso, a autêntica espiritualidade mariana torna atual na Igreja a ternura de Deus, a sua maternidade. E citou um trecho da Exortação Apostólica Evangelii gaudium do Papa Francisco, quando escreve que sempre que olhamos para Maria, "voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto". O Pontífice então concluiu:

"Caríssimos, neste mundo que busca justiça e paz, mantenhamos viva a espiritualidade cristã, a devoção popular aos acontecimentos e aos lugares que, abençoados por Deus, mudaram para sempre a face da terra. Façamos disso um motor de renovação e transformação, como pede o Jubileu, tempo de conversão e restituição, de reavaliação e libertação. Que Maria Santíssima, nossa esperança, interceda por nós e oriente-nos sempre e para sempre para Jesus, o Senhor crucificado. Nele, há salvação para todos."

Ao final da missa, o Papa Leão XIV saudou os fiéis de papamóvel   (@Vatican Media)

Ato de consagração

Ao final da missa, o Santo Padre aproximou-se da imagem da Virgem de Fátima e consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria. Eis a oração proferida:

"Virgem Santa, Mãe de Cristo, nossa esperança, a tua presença atenta neste ano de graça acompanha-nos, consola-nos e dá-nos, nas noites da história, a certeza de que em Cristo o mal foi vencido e que todo o homem é redimido pelo seu amor.

Discípula perfeita do Senhor, guardaste no coração todas as coisas de Deus. Ensina-nos a escutar a Palavra e a compreendê-la interiormente, para caminharmos seguros no caminho da santidade.

Ao teu Coração Imaculado confiamos o mundo inteiro e toda a humanidade, especialmente os teus filhos atormentados pelo flagelo da guerra.

Advogada da graça, indica-nos o caminho da reconciliação e do perdão. Não deixes de interceder por nós na alegria e na dor, e alcança-nos o dom da paz que tanto imploramos.

Mãe da Igreja, acolhe-nos benignamente, para que sob o teu manto possamos encontrar refúgio e ser socorridos pelo teu auxílio materno nas provações da vida.

Contigo, Virgem Imaculada, manifestamos o Senhor, reconhecendo em cada momento as grandes obras do seu amor.

Virgem Santa, Mãe Assunta ao Céu, Rainha da Paz, Senhora do Coração Imaculado, roga por nós."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Conheça a cervejaria artesanal que funciona há 130 anos

Conheça a cervejaria artesanal que funciona há 130 anos no porão de igreja católica em MG - Foto: Luiza Sudré/g1 TV Integração

Conheça a cervejaria artesanal que funciona há 130 anos no porão de igreja católica em MG

Produção artesanal usa máquinas holandesas de 1907 e segue receitas tradicionais europeias. Toda a renda das vendas é revertida para projetos sociais mantidos pela igreja.

Por Luiza Sudré, g1 Zona da Mata — Juiz de Fora

11/10/2025 04h02

No porão da Igreja Nossa Senhora da Glória, em Juiz de Fora (MG), funciona uma cervejaria artesanal mantida por religiosos: a Hofbauer. A pequena fábrica fica em um dos raros conventos produtores de cerveja ainda em funcionamento no Brasil, e que mantém viva uma tradição europeia de fé e fermentação.

A história começou em 1894, quando os missionários holandeses Padre Mathias Tulkens e Padre Francisco Lohmeyer fundaram a cervejaria. A ideia era unir a devoção religiosa à tradição cervejeira europeia. No início, tudo era feito em caldeirões simples. Em 1907, chegaram máquinas importadas da Holanda que ainda estão em uso.

“Aqui, cada detalhe importa. Não é só cerveja, é história que se bebe”, diz o irmão religioso Taylor Bertoli, mestre cervejeiro e atual responsável pela produção.

🔎 Na Igreja Católica, “irmão” é o nome dado aos religiosos que não são padres. Eles vivem em comunidade e seguem votos de pobreza, castidade e obediência.

Eles podem beber? A resposta é: sim. O consumo de álcool nunca foi proibido pela Igreja. No passado, a cerveja era considerada alimento e servida nas refeições. Produzir e compartilhar a bebida também era uma forma de gratidão e sustento espiritual.

Homenagem a São Clemente Hofbauer

Primeiro Irmão cervejeiro do convento — Foto: Arquivo

A cervejaria recebeu o nome Hofbauer em homenagem a São Clemente Maria Hofbauer, sacerdote austríaco do século XVIII. Antes disso, era chamada apenas de “Cerveja do convento da Glória”.

O santo ficou conhecido por renovar a vida religiosa em Viena, na Áustria. Ele defendia que os conventos fossem autossuficientes, com a produção de alimentos e bebidas para manter as obras e ajudar a população.

Canonizado em 1909, São Clemente é patrono de Viena e um dos principais nomes da Congregação do Santíssimo Redentor. “Oferecemos cervejas que encantam não somente pelo sabor, mas pela herança cultural. É motivo de orgulho manter viva essa tradição europeia artesanal”, afirma Taylor.

Produção que atravessa gerações

A produção da cerveja foi mantida por diferentes gerações de religiosos. Em alguns períodos, no entanto, precisou ser interrompida por falta de pessoas com conhecimento técnico, segundo Taylor Bertoli.

Em 2009, o padre Flávio Leonardo Santos Campos restaurou as máquinas e retomou a produção artesanal. Depois, o trabalho foi continuado pelo padre Jonas Pacheco Machado e a equipe dele.

Desde 2024, o irmão Taylor Bertoli lidera a produção da cervejaria, com apoio de uma equipe de quatro pessoas e consultoria técnica.

A Hofbauer produz cerca de 350 litros por lote, quatro vezes ao ano. Cada remessa leva cerca de 40 dias para ficar pronta, em respeito ao tempo de fermentação e maturação. São sete tipos de cerveja.

“As vendas começaram aos poucos. Nos últimos dois anos, ganhamos espaço e, neste ano, participamos pela primeira vez de festivais e concursos em Juiz de Fora”, contou Taylor.

Cada garrafa custa a partir de R$ 25. Toda a renda é destinada a projetos sociais da Igreja na cidade.

Cervejaria Hofbauer em Juiz de Fora — Foto: Luiza Sudré/g1 TV Integração

A Hofbauer oferece sete estilos de cerveja artesanal:

  • 🍺 Pilsen: clara, levemente turva, com aroma maltado e toque cítrico.
  • 🍺 Belgian Blond Ale: dourada e brilhante, com aroma de banana e sabor adocicado.
  • 🍺 Belgian Pale Ale: cobre escuro, notas de caramelo e leve teor alcoólico.
  • 🍺 Belgian Dubbel: âmbar escuro, sabor caramelizado e aroma de frutas como passas e ameixas.
  • 🍺 Wassbier: turva, com aroma de cravo e frutas maduras, feita com maltes de cevada e trigo.
  • 🍺 Session IPA: leve e refrescante, com aroma cítrico e final seco.
  • 🍺 Russian Imperial Stout (RIS): escura e encorpada, com sabor intenso de maltes torrados.

Cada tipo de cerveja segue um processo específico de fermentação e maturação, que pode durar de alguns dias a várias semanas. A temperatura é controlada entre 10°C e 25°C para garantir o sabor, o aroma e o frescor da bebida.

Durante a fermentação, as leveduras transformam os açúcares em álcool e gás carbônico. Depois, na fase de maturação, a cerveja descansa para que os sabores e aromas se desenvolvam.

Belgian Blond: a mais premiada

A Belgian Blond, por exemplo, fermenta entre 20°C e 22°C. No fim do processo, a temperatura é elevada para secar o mosto e desenvolver compostos que dão aroma e sabor à bebida.

Na arte abaixo, veja cada etapa da produção da cerveja Belgian Blond, que ganhou o primeiro lugar na Semana da Cerveja Mineira 2025, realizada em abril. O evento premia as melhores cervejarias artesanais de Minas Gerais.

INFOGRÁFICO: como é feita a cerveja produzida em igreja em MG — Foto: Arte g1

De mistério a atração turística

Desde o ano passado, o público pode visitar o porão da Igreja da Glória, onde a cerveja é produzida. “Sempre foi um lugar cercado de mistério. Abrimos para mostrar a importância dessa tradição para Juiz de Fora”, afirma Taylor.

A Secretaria de Turismo de Juiz de Fora considera a Hofbauer um patrimônio cultural e turístico. A cervejaria faz parte do programa “Caminhando pela História”, que oferece passeios gratuitos por pontos históricos da cidade. A visita ao porão da Igreja da Glória é uma das mais procuradas.

Irmão Taylor mostra cerveja produzida em porão de igreja de Juiz de Fora — Foto: Luiza Sudré/g1 TV Integração

Cervejaria Hofbauer fica localizada na Igreja da Glória, em Juiz de Fora — Foto: Luiza Sudré/g1 TV Integração

Serviço

  • 📅 Visitas: aos sábados, com agendamento prévio, para grupos de até 30 pessoas
  • 💰 Valor: R$ 65, com direito à degustação de três cervejas, pão e bolinho de cevada
  • 📦 Vendas: na biblioteca redentorista da Igreja da Glória e pelo site oficial, com entrega em todo o Brasil
  • 💒 Lucro: revertida para obras sociais
Fonte: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2025/10/11/conheca-a-cervejaria-artesanal-que-funciona-ha-130-anos-no-porao-de-igreja-catolica-em-mg.ghtml

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF