Paulo
Teixeira - publicado em 13/10/25
A palavra é o veículo da voz. No Evangelho de São João,
no capítulo 10, Jesus diz que as minhas ovelhas conhecem a minha voz. Como é
que nós vamos conhecer a voz de Jesus sem escutar a sua palavra? Então, o
contato com a palavra de Deus é a condição para que nós reconheçamos a sua voz.
Em um mundo saturado de informações e vozes conflitantes, a
leitura da Bíblia assume um papel crucial na vida do cristão. É o que afirma
o Padre Jean Paul Hansen, Secretário Executivo do Setor Campanhas
da CNBB, em uma entrevista esclarecedora para a Rede Imaculada de Comunicação.
Segundo Padre Jean, o contato diário com a Bíblia é a condição
essencial para reconhecer a voz de Jesus. "A palavra é o veículo da
voz," explica. Assim como reconhecemos a voz de um radialista pela palavra
que ouvimos, precisamos criar uma "sintonia" com a voz de Deus.
"Nós temos tantas vozes, múltiplas vozes, que nos
enganam, que nos seduzem... É importantíssimo que nós saibamos discernir qual é
a voz de Deus no mundo atual. E como é que nós vamos reconhecer a voz de Deus?
No contato com a sua palavra."
O sacerdote incentiva os fiéis a cultivarem uma espiritualidade
bíblica, dedicando todos os dias um momento para ler ou escutar, ao menos,
"um pedacinho da palavra de Deus, para sintonizar a sua voz.
Guia do leitor da Bíblia
A busca pela Bíblia perfeita levanta uma dúvida comum entre
os leitores: qual tradução escolher? Padre Jean Paul Hansen distingue entre
Bíblias para estudo aprofundado e Bíblias mais adequadas para
a espiritualidade cotidiana.
Para Estudo Aprofundado (com notas e introduções ricas):
- Bíblia
de Jerusalém: Tradução antiga e reconhecida, ideal para estudos
devido às suas extensas notas de rodapé e introduções.
- Tradução
Ecumênica da Bíblia (TEB): Uma excelente opção, fruto de um
trabalho em âmbito ecumênico, igualmente rica em notas e introduções.
- Bíblia
do Peregrino: Conhecida por suas notas detalhadas e abrangentes,
tradução de autoria do biblista europeu Alonso Schökel.
Para Oração e Espiritualidade Cotidiana (mais simples e
fluida):
- Bíblia
da CNBB: A tradução oficial da Igreja no Brasil, recomendada para
quem deseja rezar com a Palavra.
- Bíblia
Pastoral e Paulinas: Recentemente revistas e com edições em
letras grandes, ideal para o cultivo da Palavra na vida diária.
O Padre ressalta a importância de que a tradução escolhida
seja católica, verificando a presença do Imprimatur (a
assinatura de um bispo católico) na primeira página, que atesta sua
conformidade com o ensinamento da Igreja.
Conselhos para leitura
Não Desanime: A amizade com a Palavra é
construída com fidelidade e constância.
Comece pelo Novo Testamento: Evite a leitura
aleatória. Escolha um livro e leia-o até o fim.
Reflexão Pessoal: Após a leitura de um trecho,
feche a Bíblia e pergunte a si mesma: "O que eu li?" Recontar
a passagem para si mesma ajuda a escrever a Palavra no coração.
Hábito e Disciplina: Crie um hábito de
estudo. Escolha um lugar e horário fixos, livres de distrações (como a
televisão ou celular), e peça a luz do Espírito Santo antes de começar.
Cuidado
A prática de abrir a Bíblia de forma espontânea, buscando
uma mensagem imediata, foi desaconselhada pelo Padre, que a comparou à
"roleta russa". Ele ilustrou o perigo com um exemplo drástico:
"Abriu e leu: 'Judas foi e enforcou-se.' Abre
outra vez para ver aonde que Deus te fala. E aí, abriu a palavra e leu
lá: 'Vai tu e faz o mesmo.'"
O sacerdote enfatizou que a leitura deve estar conectada
ao todo da Bíblia (ao capítulo, ao livro e a ambos os testamentos).
Uma boa formação bíblica e uma leitura metódica são essenciais para evitar
interpretações equivocadas que podem conduzir a um sentido oposto ao que Deus
deseja.
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