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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Beleza oculta

Jesus nunca disse que seria fácil...(Facebook)

BELEZA OCULTA 

17/11/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de montes Belos (GO) 

Há uma beleza que se guarda e não chama atenção, nem se ostenta, apenas existe. Uma beleza que mora no brilho de olhos distraídos, na paz que visita o coração no meio do dia, na pequena alegria que resiste ao castigo do tempo. Uma beleza que prefere o que está esquecido e encostado nas coisas gastas. 

Essa beleza conhece as feridas. Sabe que toda cicatriz é desenho de retorno, linhas que mostram por onde a vida passou antes de voltar do abismo.  

O Evangelho de Lucas mostra uma cena em que essa beleza parece ausente. Alguns apontavam, admirados, a grandeza do templo, as pedras imensas, os adornos, o esplendor visível. Jesus ouve e responde com uma frase que parece contrariar a admiração: “não ficará pedra sobre pedra”. É como se dissesse que aquilo que os olhos chamam de definitivo não suporta o peso do tempo. E Ele continua, enumerando guerras, revoluções, abalos, fome, perseguições, traições. Coisas não estranhas à história, pois reaparecem, século após século, com novos nomes e as mesmas feridas. 

É fácil imaginar que num mundo assim a beleza seja apenas luxo. Mas é justamente aí que ela mostra sua força. As pedras caem, as estruturas se movem, o chão treme, e no entanto há um olhar que aprende a não se assustar. 

A beleza é esse olhar! Sem negar a gravidade dos acontecimentos, ela se recusa a deixar que eles sejam a conclusão. Sem se opor ao real, ela apenas o aprofunda, abrindo uma fissura na dureza da vida. 

Jesus não promete um caminho fácil, nem uma caminhada plaina. Fala de prisões, incompreensões, ódio, famílias divididas. Mas, dentro desse cenário, oferece um dom que não se compra. 

Palavras e sabedoria que ninguém consegue silenciar, cuidado minucioso que conta até os fios de cabelo, uma promessa de que a vida não será perdida. É como se dissesse que, enquanto as estruturas visíveis desabam, outra construção silenciosa se ergue por dentro.  

A beleza que vem de Cristo é resistência luzente. Ele não se apresenta como um ornamento do templo, e sim como o próprio Templo que permanece quando todas as paredes caem. 

Um dia, essa mesma beleza subiu um monte. Não levava nenhum adorno, mas o peso manso de uma autoridade que ninguém podia contestar. A multidão se aproximou, carregando seus medos, suas faltas, suas perguntas. Então Ele se sentou, e o mundo teve a sensação de que, por um instante, respirava com mais profundidade. A voz que anunciou a queda das pedras também revelou o que permanece quando tudo cai. 

Ele começou a falar de felicidade, mas não daquela que se mede pelo sucesso ou pela ausência de problemas. 

Falou dos pobres de espírito, daqueles que não se bastam e deixam lugar para Deus, e ali revelou que o Reino escolhe essa casa humilde para morar. 

Falou dos que choram, e não prometeu que nunca mais haveria lágrimas, mas disse que deles é o consolo, como se cada pranto pudesse ser colhido pela mão de alguém que conhece o peso da dor. Falou dos mansos e mostrou que a terra, tantas vezes violenta, reconhece e confia na leveza. 

Falou dos que têm fome e sede de justiça, não como idealistas, mas como gente que traz no peito a impaciência de Deus diante da injustiça; a esses prometeu saciedade, como quem garante que o mundo não ficará alquebrado para sempre 

Falou dos misericordiosos, que se arriscam a perdoar quando tudo pede vingança, e revelou que o coração que se abre dessa maneira acaba encontrando uma medida nova de misericórdia. Falou dos puros de coração, não como perfeitos sem manchas, mas como aqueles que permanecem inteiros, sem duplicidade, e disse que esses verão a Deus, como se a própria beleza divina estivesse escondida na simplicidade do olhar limpo. 

Falou dos que promovem a paz, não como diplomatas nacionalistas, mas como artesãos que costuram tecidos rasgados; chamou-os filhos de Deus, como se a paz fosse a assinatura do Pai em suas vidas. E, por fim, falou dos perseguidos por causa da justiça, daqueles em quem o mundo descarrega sua fúria, e afirmou que deles é o Reino dos céus. 

Nele, a beleza escondida no mundo ganhou rosto, voz e forma. Tudo o que estava disperso, tudo o que aparecia como sussurro em meio ao barulho das catástrofes, tudo o que se insinuava como esperança em meio ao medo, reuniu-se naquela fala sobre o monte. A beleza não era mais uma presença tímida em cantos discretos da vida. Ela estava ali, sentada, falando, revelando que o verdadeiro esplendor é a vida transformada em bem-aventurança. 

Desde então, a beleza mais resplandecente é o próprio Cristo, que atravessa o tempo como uma promessa viva. Nele, o mundo ferido encontra o seu contorno e a vida descobre que não é forjada para terminar em ruínas. Nele, toda catástrofe perde o direito de decidir. E, quando a sua voz ecoa no coração, é como se a nascente escondida sob a pedra e colunas viesse à tona, e das ruínas do templo devastado emerge uma beleza como nunca se havia visto. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Padre Mario Pezzi, doutor honoris causa em Teologia pela UCAM

Padre Mario Pezzi na Solene Eucaristia presidida pelo Exmo. e Revmo. Mons. José Manuel Lorca ©UCAM.

Padre Mario Pezzi, doutor honoris causa em Teologia pela UCAM

13 novembro 2025

CncMadrid

No Caminho Neocatecumenal, suas catequeses sobre o Magistério da Igreja, a serviço da evangelização, formaram gerações de pessoas em todo o mundo.

Na quinta-feira, 13 de novembro, o Padre Mario Pezzi, presbítero da Equipe Internacional do Caminho Neocatecumenal, recebeu o título de doutor honoris causa em Teologia pela Universidade Católica de San Antonio de Murcia (UCAM): um reconhecimento por seus méritos extraordinários, especialmente na atividade de pesquisa e formação no Magistério da Igreja, por meio das catequeses que, durante décadas, tem dado às comunidades Neocatecumenais.

Padre Mario Pezzi, Doutor Honoris Causa, @UCAM.

O título foi concedido durante a cerimônia de abertura do Ano Acadêmico 2025–2026, no Mosteiro dos Jerônimos (um complexo monástico do início do século XVIII, conhecido como o Escorial de Múrcia e declarado monumento nacional), onde está sediada a UCAM. A cerimônia contou com a presença de Mons. D. José Manuel Lorca Planes, Bispo da Diocese de Cartagena-Múrcia, da Presidente da UCAM, María Dolores García Mascarell, da Magnífica Reitora, Doutora Josefina García Lozano, de diversas autoridades civis e religiosas e de numerosos irmãos do Caminho Neocatecumenal da Itália e da Espanha.

A sabedoria — da qual a primeira leitura da liturgia do dia fazia um elogio — foi a pauta de todo o evento, que se iniciou com uma solene Celebração Eucarística presidida pelo bispo da diocese. Seguiu-se o Ato Acadêmico com o discurso da Magnífica Reitora (que falou de um “evento histórico, de enorme significado e de grande profundidade”), e a Laudatio, pronunciada por Dom José Alberto Cánovas Sánchez, vice-reitor da Universidade, e por Mons. Segundo Tejado Muñoz, presbítero itinerante.

Kiko Argüello, Padre Mario Pezzi e a Serva de Deus Carmen Hernández. Os Alpes, ano do Senhor de 1971 | neocatechumenaleiter.

Dom José Alberto Cánovas destacou o extraordinário trabalho de pesquisa e de formação realizado pelo Padre Mario em uma ampla gama de temas: a fundamentação racional da antropologia teológica, a doutrina social, a moral, a eclesiologia, os sacramentos e a escatologia. Tudo isso representa uma profunda contribuição a serviço da evangelização, “com o objetivo de oferecer às comunidades os elementos que as ajudem a dar razão da fé professada e vivida e, também, tornar acessível o Magistério da Igreja”. “Dar razão da esperança significa entrar em contato com os afastados e suas formas de pensamento”, explicou o Vice-reitor. Desde os primórdios do Caminho Neocatecumenal, o Padre Mario reconheceu o carisma de seus iniciadores, Kiko e Carmen, que, junto a ele, “tornaram possível a fé em gerações destinadas à apatia existencial e à ausência absoluta do próprio Ser”. Com suas catequeses sobre o Magistério, ano após ano nas convivências de início de curso, tem instruído na fé gerações de cristãos dos cinco continentes. São centrais em suas reflexões: o matrimônio e a família, o amor e a sexualidade; temas cruciais para a formação de milhares de casais do Caminho Neocatecumenal. Pessoas de diferentes idades, origens e culturas foram introduzidas aos documentos do Concílio Vaticano II e ao descobrimento da Teologia do Corpo; catequeses que fizeram crescer nelas o amor pelo Santo Padre e pela Igreja. “Em todas as suas pesquisas há um rigor extraordinário, uma clareza de pensamento e uma profunda assimilação do Magistério da Igreja, colocados a serviço da Evangelização”.

 neocatechumenaleiter.
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Chegada do Padre Mario Pezzi e início do ato de investidura ©UCAM

A concessão do doutorado honoris causa seguiu o cerimonial tradicional da investidura: a Magnífica Reitora entregou ao Padre Mario o Título e a Medalha de Doutorado, atestando “a alta dignidade da distinção”. Em seguida, o sacerdote recebeu o Livro da Sabedoria e a Lei de Deus, com o convite a conservá-los como símbolo de tudo o que deve aprender e ensinar. Outras insígnias que lhe foram confiadas incluíram: o “birrete de laureado”, “antigo e venerado emblema da profissão docente”, que usará “como coroa” de seus estudos e méritos; o “anel da antiguidade”, emblema do privilégio de assinar e selar as opiniões, pareceres e censuras de sua ciência e profissão; e, por fim, as luvas brancas, “símbolo da pureza e da fortaleza que as mãos devem preservar”, sinais de seu grau e alta dignidade.

Em seguida, o Padre Mario Pezzi pronunciou sua Lectio Magistralis, na qual, em primeiro lugar, destacou a obra do Senhor em sua vida. Sua primeira lembrança foi dedicada a José Luis Mendoza Pérez, fundador da UCAM, por quem pediu ao Senhor a recompensa pelos esforços na construção dessa obra eclesial. O recém-doutorado agradeceu à Universidade pela concessão da distinção e pelo trabalho de formação espiritual e integral dos jovens.

Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM
Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM
Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM
Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM

Entre as datas lembradas em seu discurso, o Padre Mario destacou o ano de 1984, quando foi convidado por Kiko e Carmen “a preparar uma catequese sobre a Encíclica Humanae Vitae do Papa São Paulo VI”. “Desde então, até agora – observou – pude prestar esse serviço aos irmãos”. Outro pilar de sua formação tem sido o Concílio Vaticano II. Os iniciadores do Caminho Neocatecumenal – sublinhou – tiveram a inspiração de fundá-lo “sobre os três pilares do Concílio Vaticano II”: as constituições apostólicas Lumen gentiumSacrosanctum concilium e Dei Verbum”. Esse é o tripé sobre o qual se baseia esta Iniciação Cristã: Comunidade, Liturgia e Palavra.

«Vivi este caminho da minha vida — concluiu o Pe. Mario — com a consciência de que não foi obra minha, mas que a Graça que vem do alto guiou a minha existência de maneira misteriosa, oculta e maravilhosa, como é a vida de todo cristão. Em seguida, o seu desejo: “Apaixonemo-nos pela Sabedoria de Deus! É esse espírito ágil, que penetra nas almas e forma amigos de Deus”.

Após a Lectio Magistralis, a Presidente da UCAM convidou o novo Doutor a prestar juramento diante da Cruz e sobre o Santo Evangelho. O abraço fraterno dado ao Padre Mario pelos membros da comunidade acadêmica, honrados e alegres por serem seus irmãos e colegas, foi o último momento da solene cerimônia. Um gesto de comunhão que marcou sua admissão ao Colégio de Doutores da UCAM, coroando uma manhã repleta de significado, mas não apenas isso.

Juramento ©UCAM
Juramento ©UCAM

Como destacou o Padre Segundo Tejado em sua intervenção, a concessão do doutorado honoris causa coroa uma vida dedicada, desde a juventude, à sua vocação: a evangelização. A inquietação do jovem presbítero encontrou resposta no encontro com o carisma do Caminho Neocatecumenal. “E o Padre Mario o está servindo como um fiel guardião, a exemplo de São José, com uma presença profunda que educa e sustenta tantos irmãos no caminho da fé em todo o mundo”.

 ©UCAM.
Padre Mario Pezzi e Padre Segundo Tejado durante o ato ©UCAM.
Kiko Argüello, Padre Mario Pezzi e María Ascensión, Paris, ano do Senhor de 2019 | neocatechumenaleiter

S.S. o Papa Leão XIV e o Padre Mario Pezzi. Audiência de 5 de junho de 2025 | neocatechumenaleiter

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/pt-br

ORTODOXO: A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja (Parte 2/3)

O Patriarca Bartolomeu I, ladeado por 12 metropolitas do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, durante a liturgia | 30Giorni.

ORTODOXO

Arquivo 30Dias nº 01 - 2004

Entrevista com Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla

A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja

"De todas as divergências entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, a que se pode compreender mais facilmente é por que e como a Igreja do Ocidente fundamentou sua esperança em sua força mundana."

Por Gianni Valente

Historiadores católicos observam que já existiam tensões entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente durante o primeiro milênio, especialmente em relação ao papel do Papa. Portanto, o primeiro milênio não deve ser descrito como uma espécie de era de ouro. O senhor concorda com essa avaliação?
BARTOLOMEU I: O mundo em que a Igreja, em seu contexto histórico, vive é um campo de treinamento, não um lugar de repouso. Durante o primeiro milênio, a Igreja enfrentou centenas de heresias e desvios ou lapsos de todos os tipos por parte de grupos de fiéis. Portanto, ninguém que conheça os fatos pode definir o primeiro milênio da Igreja como sua era de ouro, e as relações entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente durante o primeiro milênio também não foram isentas de problemas.

No entanto, durante o primeiro milênio, o vínculo de paz e unidade de fé foi mantido entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, pelo menos em questões fundamentais, porque os desvios, embora tivessem se manifestado cedo, ainda não eram considerados incuráveis. O diálogo era ativo, mantendo um senso de unidade e comunhão, confirmado no Corpo e Sangue de Cristo — isto é, nos sacramentos — enquanto todos os esforços eram feitos para eliminar os desvios.

Infelizmente, esses esforços foram infrutíferos e, no fim, prevaleceu o movimento oposto: o acirramento das diferenças e o cisma, como já mencionamos. Consequentemente, o primeiro milênio, embora não tenha sido uma era de ouro para as relações entre Oriente e Ocidente, foi, no entanto, uma era de comunhão espiritual, e isso é muito importante.

Segundo o Cardeal Kasper, as excomunhões mútuas entre o Patriarca Cerulário e o Legado Papal Humberto da Silvacandida não foram um cisma entre duas Igrejas, mas uma excomunhão "entre dois homens idosos e obstinados da Igreja, ambos os quais cometeram erros e cujas ações tiveram consequências que ultrapassaram as controvérsias de seu próprio tempo". O senhor concorda com essa avaliação?
BARTOLOMEU I: Não exatamente. Já explicamos que os anátemas de 1054 foram um episódio de pouca importância em si mesmos, mas resultaram de um longo processo, a ruptura de uma inflamação purulenta de longa duração. Seus indivíduos e seus caracteres certamente desempenharam seu papel, mas não foram esses os fatores que determinaram o curso da história da Igreja. As forças que determinaram esse curso foram mais profundas, mais amplas, mais espirituais e mais eficazes. Elas diziam respeito a populações e mentalidades inteiras, não a indivíduos isolados, mesmo aqueles influentes na hierarquia civil ou eclesiástica, e em todo caso não se referiam às suas reações isoladas e imprevisíveis.

Se os cristãos do Oriente e do Ocidente não estivessem já espiritualmente distantes uns dos outros, os atos de Cerulário e Humberto teriam sido revogados por seus sucessores imediatos. O fato de terem permanecido em vigor por um milênio atesta o espírito comum predominante que aprovou o cisma como expressão da diversificação espiritual existente.

Bartolomeu I abraça o Cardeal Walter Kasper, chefe da delegação enviada pela Santa Sé a Istambul para a festa patronal do Patriarcado Ecumênico | 30Giorni.

Além disso, esse sentimento de diversificação espiritual entre Oriente e Ocidente, ou, em outras palavras, entre os mundos católico romano e protestante, por um lado (já que esses dois mundos sentem uma afinidade mais profunda entre si, apesar de suas divergências), e o mundo ortodoxo, por outro, é reconhecido e proclamado até mesmo pelos maiores intelectuais da era moderna.

O teólogo dominicano Yves Congar observou que, mesmo depois de 1054 e até o Concílio de Florença em 1431, houve tantos casos de comunhão que não se podia falar de uma ruptura total. O que tornou a separação "provisoriamente definitiva" nos séculos que se seguiram?
BARTOLOMEU I: Uma ruptura espiritual que envolve milhões de fiéis e continentes inteiros não ocorre da noite para o dia, nem mesmo de forma uniforme. A doença e a consequente ruína não atacam todas as células simultaneamente. É, portanto, bastante compreensível que elementos de comunhão tenham sido preservados local e temporariamente. Mas isso não altera a situação geral, que, infelizmente, continuou a piorar.

Em 1204, Constantinopla foi saqueada de forma desumana e bárbara, como se fosse uma cidade de infiéis e não de pessoas da mesma fé cristã. Uma hierarquia eclesiástica latina foi instalada nela e em muitas outras cidades, como se a Igreja Ortodoxa não fosse cristã. Proclamou-se que fora da Igreja papal não há salvação, o que significava que a Igreja Ortodoxa não salva. Um esforço maciço dos francos para latinizar a Igreja Ortodoxa Oriental foi iniciado e implementado sistematicamente.

Esse comportamento severo ampliou o abismo psicológico entre o Oriente e o Ocidente, resultando na situação atual, em que muitas Igrejas Ortodoxas, unanimemente ou em sua maioria, questionam a sinceridade das intenções unionistas da Igreja Católica Romana em relação à Igreja Ortodoxa e desconfiam da esperança de alcançar um resultado unionista por meio do diálogo. Elas veem essa tentativa como uma forma de absorver e subjugar os ortodoxos ao Papa. Nós, pessoalmente, sempre consideramos o diálogo útil e esperamos que ele dê frutos, mesmo que amadureçam lentamente. Para além dos esforços humanos de boa vontade, contamos com a iluminação do Espírito Santo, com a graça divina, que sempre cura das enfermidades e supre o que falta.

Umberto da Silvacandida foi um representante dos inovadores da Igreja Ocidental que iniciaram a reforma gregoriana. Por que esse movimento levou a um distanciamento e a uma ruptura entre a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental?
BARTOLOMEU I: A reforma gregoriana provocou reações na Igreja Ortodoxa e em seus fiéis devido ao espírito que inspirou sua implementação (um espírito de autoritarismo, poder e ações unilaterais que subvertiam as tradições). As reações foram contra a dominação espiritual, contra a escravidão espiritual, contra o autoritarismo espiritual. Poderíamos dizer, em geral, que as reações derivaram do senso de liberdade pessoal, que é familiar à civilização ortodoxa oriental.

Continua...

Fonte: https://www.30giorni.it/

Cristo Rei, homilia de São Josemaria (Parte 1/3)

Cristo Rei | Opus Dei.

Cristo Rei, homilia de São Josemaria

Disponibilizamos, em áudio e texto, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

https://odnmedia.s3.amazonaws.com/image/sjm/mp3/cristo_-rei.mp3

14/11/2022

Disponibilizamos, em áudio, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

Homilia completa:

Termina o ano litúrgico, e no Santo Sacrifício do Altar renovamos ao Pai o oferecimento da Vítima, Cristo, Rei de santidade e de graça, Rei de justiça, de amor e de paz, como dentro de pouco leremos no Prefácio. Todos sentimos na alma uma imensa alegria ao considerarmos a santa Humanidade de Nosso Senhor: um rei com coração de carne, como o nosso; que é o autor do universo e de cada uma das criaturas, e que não se impõe com atitudes de domínio, mas mendiga um pouco de amor, mostrando-nos em silêncio as suas mãos chagadas.

Como é possível, então, que tantos o ignorem? Por que se ouve ainda esse protesto cruel: Nolumus hunc regnare super nos , não queremos que Ele reine sobre nós? Há na terra milhões de homens que se defrontam assim com Jesus Cristo, ou melhor, com a sombra de Jesus Cristo, porque, na realidade, o verdadeiro Cristo, não o conhecem, nem viram a beleza do seu rosto, nem perceberam a maravilha da sua doutrina.

Diante desse triste espetáculo, sinto-me inclinado a desagravar o Senhor. Ao escutar esse clamor que não cessa, e que se compõe não tanto de palavras como de obras pouco nobres, experimento a necessidade de gritar bem alto: Oportet illum regnare! , convém que Ele reine.

Muitos não suportam que Cristo reine. Opõem-se a Ele de mil formas: nas estruturas gerais do mundo e da convivência humana; nos costumes, na ciência, na arte. Até mesmo na própria vida da Igreja! Eu não falo - escreve Santo Agostinho - dos malvados que blasfemam contra Cristo. São raros, com efeito, os que blasfemam com a língua, mas são muitos os que blasfemam com a conduta.

Alguns incomodam-se até mesmo com a expressão Cristo-Rei: por uma superficial questão de palavras, como se o reinado de Cristo pudesse confundir-se com fórmulas políticas; ou porque a confissão da realeza do Senhor os levaria a admitir uma lei. E não toleram a lei, nem mesmo a do entranhável preceito da caridade, porque não querem aproximar-se do amor de Deus: são os que ambicionam servir apenas o seu próprio egoísmo.

O Senhor impeliu-me a repetir, desde há muito tempo, um grito silencioso: Serviam!, servirei. Que Ele nos aumente as ânsias de entrega, de fidelidade à sua chamada divina - com naturalidade, sem ostentação, sem ruído -, no meio da rua. Agradeçamos-Lhe do fundo do coração. Elevemos uma oração de súditos, de filhos!, e a nossa língua e o nosso paladar experimentarão o gosto do leite e do mel, e nos saberá a favo cuidar do reino de Deus, que é um reino de liberdade, da liberdade que Ele nos conquistou.

Gostaria que considerássemos como esse Cristo - terna criança -, que vimos nascer em Belém, é o Senhor do mundo: pois por Ele foram criados todos os seres nos céus e na terra; Ele reconciliou todas as coisas com o Pai, restabelecendo a paz entre o céu e a terra, por meio do sangue que derramou na Cruz. Hoje Cristo reina à direita do Pai, como declararam os dois anjos de vestes brancas aos discípulos atônitos que contemplavam as nuvens, depois da Ascensão do Senhor: Homens da Galiléia, por que estais aí olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado ao céu, virá do mesmo modo como acabais de vê-lo subir ao céu.

Por Ele reinam os reis , com a diferença de que os reis, as autoridades humanas, passam; e o reino de Cristo permanecerá por toda a eternidade, seu reino é um reino eterno e seu domínio perdura de geração em geração.

O reino de Cristo não é um modo de falar nem uma figura de retórica. Cristo vive também na sua condição de homem, com aquele mesmo corpo que assumiu na Encarnação, que ressuscitou depois da Cruz e que subsiste glorificado na Pessoa do Verbo, juntamente com a sua alma humana. Cristo, Deus e homem verdadeiro, vive e reina, e é o Senhor do mundo. Só por Ele se conserva com vida tudo o que vive.

Mas, então, por que não se apresenta agora em toda a sua glória? Porque o seu reino não é deste mundo , embora esteja no mundo. Replicou Jesus a Pilatos: Eu sou rei. Para isso nasci: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que pertence à verdade escuta a minha voz. Os que esperavam do Messias um poderio temporal, visível, enganavam-se, porque o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, paz e gozo no Espírito Santo.

Verdade e justiça; paz e gozo no Espírito Santo. Esse é o reinado de Cristo: a ação divina que salva os homens e que culminará quando a História terminar e o Senhor, que se senta no mais alto do Paraíso, vier julgar definitivamente os homens.

Quando Cristo inicia a sua pregação na terra, não oferece um programa político, mas diz simplesmente: Fazei penitência, porque o reino dos céus está próximo. Encarrega os discípulos de anunciarem essa boa nova , e ensina a pedir na oração o advento do reino. Eis o reino de Deus e a sua justiça: uma vida santa; isso é o que temos que procurar em primeiro lugar , a única coisa verdadeiramente necessária.

A salvação pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo é um convite dirigido a todos: O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as núpcias de seu filho e enviou os criados a chamar os convidados para as bodas. Por isso, o Senhor revela que o reino dos céus está no meio de vós.

Ninguém é excluído da salvação, se livremente abre as portas às amorosas exigências de Cristo: nascer de novo , tornar-se semelhante às crianças, com simplicidade de espírito , afastar o coração de tudo o que afasta de Deus. Jesus quer fatos, não apenas palavras , e um esforço denodado, porque somente os que lutarem serão merecedores da herança eterna.

A perfeição do reino - o juízo definitivo de salvação ou de condenação - não se dará na terra. O reino agora é como uma semente , como o grão de mostarda em crescimento ; seu fim será como a pesca com rede de arrastão, da qual - uma vez trazida para terra - serão retirados para diferentes destinos os que praticaram a justiça e os que cometeram a iniquidade. Mas, enquanto aqui vivemos, o reino assemelha-se ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até que toda a massa ficou fermentada.

Quem compreende o reino que Cristo propõe, percebe que vale a pena arriscar tudo para consegui-lo: é a pérola que o mercador adquire à custa de vender tudo o que possui, é o tesouro achado no campo. O reino dos céus é uma conquista difícil, e ninguém tem a certeza de alcançá-lo ; mas o clamor humilde do homem arrependido consegue que as suas portas se abram de par em par. Um dos ladrões que foram crucificados com Jesus suplica-lhe: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E Jesus respondeu-lhe: em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.

Como és grande, Senhor nosso Deus! Tu és quem dá à nossa vida sentido sobrenatural e eficácia divina. Tu és a causa de que, por amor de teu Filho, possamos repetir com todas as forças do nosso ser, com a alma e com o corpo: Convém que Ele reine!, enquanto ressoa a canção da nossa fraqueza, pois sabes que somos criaturas - e que criaturas! - feitas de barro, não apenas nos pés , mas também no coração e na cabeça. De forma divina, vibraremos exclusivamente por Ti.

Continua...

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/cristo-rei-homilia-de-s-josemaria-em-audio/

Como saber qual é a vontade de Deus para a minha vida?

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Aleteia Brasil - publicado em 21/08/22 - atualizado em 18/11/25

Duas coisas são necessárias para transformar uma vida.

Muitas pessoas fazem essa pergunta: o que Deus quer que eu faça? Qual a vontade de Deus para a minha vida? Que profissão devo seguir? Qual a minha vocação? Todos nós passamos por esse momento de decisão.

Alguém disse que “a primeira vitória de um homem foi ter nascido”. De fato, esta é a maior graça; como disse São Paulo, “Deus nos desejou em Cristo antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,4). São Paulo exortava os efésios a que levassem “uma vida digna da vocação à qual fostes chamados” (Ef 4,1).

Portanto, qualquer que seja a nossa atividade ou estado de vida, o mais importante é valorizar a vida, dom precioso de Deus.

O nosso Catecismo diz que “o homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso” (§44) e o Papa João Paulo II disse certa vez: “Não tenhais medo da santidade, porque nela consiste a plena realização de toda a autêntica aspiração do coração humano” (L’Osservatore Romano, 7/4/96).

Mas, a busca da santidade não está desatrelada da vida cotidiana, muito ao contrário, é inserida nela que se realiza. É no mundo do trabalho, da família, da ciência, da política, etc., que a vocação à santidade deve se realizar. Jesus pediu ao Pai: “Pai, não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal…” (Jo 17,15).

Já vimos que o “o trabalho não é uma penalidade, mas sim a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível” (§378).

Portanto, é necessário que cada um, com os talentos que Deus lhe deu, escolha e viva bem a sua profissão, e realize a sua vocação. Sabemos o quanto Jesus enfatizou a importância de não enterrar os talentos que Deus nos deu. Ele nos pedirá contas do que fizemos com eles.

O mais importante

Qualquer que seja a profissão a se escolher, esta deve estar a serviço do amor a Deus e ao próximo. E a primeira maneira de amar bem é trabalhar bem, pois assim estaremos servindo bem os outros. O Papa Paulo VI disse que “o amor é a vocação fundamental do ser humano” (Persona humana, 7).

É preciso que cada um de nós encontre o seu lugar, tanto na sociedade quanto na Igreja, sem desperdiçar a vida, o tempo e os talentos, pois os outros precisam de nós. Acumula méritos diante de Deus quem “faz o bem sem olhar a quem”. Ninguém pode se sentir inútil ou desnecessário neste mundo, pois para todos Deus tem uma missão, seja solteiro ou casado.

“Quem não vive para servir não serve para viver”, diz um ditado. Amar é servir; e é isso que nos faz felizes e santos. Fazer o bem faz bem. Dom Bosco disse que “Deus nos colocou neste mundo para os outros”. Charlie Chaplin disse que “O homem não morre quando deixa de viver, morre quando deixa de amar”.

No amor está a força da vida. Amar é dar-se; de maneira espontânea, voluntária e desinteressada; muito mais do que dar coisas aos outros, é dar-se a si mesmo; sua dedicação, seu tempo, seu coração.

Só o amor constrói o homem e o mundo. Ele nunca morre ou acaba, mesmo que seja pregado numa Cruz. A razão da frustração do homem pós-moderno é que ele dominou o mundo e as estrelas, mas não aprendeu a amar o irmão que está a seu lado. Só uma vitória do amor pode dar paz e felicidade ao mundo.

Há muitas pessoas que ainda são más porque ainda não fizeram a experiência do amor; nunca foram suficientemente amadas. “O amor é a asa que Deus deu à alma, para que possa subir até ele”, disse Michelangelo. A falta de amor desintegra o homem e a humanidade.

Deus se dá aos que doam

Sabemos que a árvore que retiver os seus frutos perece. É preciso ser como a árvore, saber dar os seus frutos a qualquer um que se achega. Deus se dá aos que doam. Ninguém é pobre e infeliz quando ama. Nos enriquecemos pelo que damos, muito mais do que pelo que temos. O verdadeiro amor começa onde não espera nada em troca.

Mas para que você possa se dar, é preciso que você se possua. Ninguém dá o que não tem; ninguém dá aquilo que não possui; se você não se possui, não se domina, não têm o controle sobre as suas paixões, então, será difícil se doar aos outros. Esta é uma razão clara porque muitos são egoístas.

Alguém disse: Procurei a mim não me encontrei, procurei a Deus e não o encontrei, procurei o meu irmão e achei os três.

Amar é uma decisão consciente de ir ao encontro dos outros e dar-se a eles. Isto faz você feliz. Tudo aquilo que você encontra em seu caminho deve ser olhado como uma oportunidade de amar. O verdadeiro amor torna-nos livres porque nos liberta das coisas e de nós próprios.

Amar não é uma opção de momento, mas uma opção de cada momento. Não é um ato sentimental, é uma decisão. Jesus mandou que nos amássemos como Ele nos amou. E como Ele nos amou? Numa cruz. Não há nada de romântico e sensual numa cruz; mas há uma decisão.

Jesus Cristo

O único “Império” que sobreviveu dois mil anos foi o que Jesus Cristo fundou sobre o amor, e até hoje milhões morreriam por ele. Só dura para sempre o que é feito por amor. O amor regozija-se com a felicidade do outro e dela faz a sua própria felicidade.

Duas coisas são necessárias para transformar uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios. Sabemos que não falta pão no mundo para todos se alimentarem; há muito mais do que o necessário, mas falta amor e os homens acabam carentes de pão.

Disse Madre Tereza de Calcutá que: “Um coração alegre é o resultado normal de um coração inundado de amor”.

Para amar é preciso estar disponível. Se alguém o procura com frio, é porque sabe que você tem o cobertor. Se alguém o procura com lágrimas, é porque sabe que você tem palavras de conforto. Se alguém o procura com dor, é porque sabe que você tem o remédio. Se alguém o procura com fome, é porque sabe que você tem alimento. Se alguém o procura com dúvidas, é porque acredita que você tem a orientação que ela precisa. Se alguém o procura com desânimo, é porque acredita que você tem fé. Ninguém chega por acaso a você!

Fonte: https://pt.aleteia.org/2022/08/21/como-saber-qual-e-a-vontade-de-deus-para-a-minha-vida/

Audiência Geral: a ecologia integral nasce da conversão que exige o Evangelho

Audiência Geral, 19/11/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na catequese desta quarta-feira (19/11), o Papa Leão XIV refletiu sobre a espiritualidade pascal diante dos desafios ecológicos e sociais do mundo atual: “A esperança cristã responde aos desafios que toda a humanidade enfrenta, fazendo uma pausa no jardim onde o Crucifixo foi colocado como semente, para ressurgir e dar muitos frutos,” afirmou.

https://youtu.be/FPPpyI2Ctlk

Thulio Fonseca – Vatican News

Na catequese desta quarta-feira, 19 de novembro, o Papa Leão XIV prosseguiu o ciclo “Jesus Cristo, nossa esperança”, e dedicou sua reflexão sobre a espiritualidade pascal frente aos desafios ecológicos do mundo atual. A partir do encontro de Maria Madalena com o Ressuscitado, o Pontífice destacou que “os desafios não podem ser enfrentados sozinhos, e as lágrimas são um dom da vida quando purificam os nossos olhos e libertam o nosso olhar.”

O Papa sublinhou que o Evangelho de São João situa o túmulo de Jesus num jardim, e explicou que ali se conclui a luta entre trevas e luz e se revela a missão primordial do ser humano: “Cultivar e guardar o jardim é a tarefa original” — tarefa que Cristo leva à plenitude. Por isso, Madalena não estava errada ao pensar estar diante do jardineiro: no Ressuscitado, contemplamos aquele que “faz novas todas as coisas”.

Ecologia integral que nasce da Páscoa do Senhor

O Papa recordou a Laudato si’, e advertiu que a crise ambiental não se resolve com medidas parciais: “A cultura ecológica não se pode reduzir a respostas urgentes e parciais (...). Deve ser um olhar, uma política, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência,” e completou:

“O paraíso não está perdido, mas sim encontrado. A morte e a ressurreição de Jesus, portanto, são o fundamento de uma espiritualidade de ecologia integral, fora da qual as palavras da fé permanecem sem contacto com a realidade e as palavras da ciência permanecem fora do coração.”

Papa Leão XIV durante a Audiência Geral   (@Vatican Media)

A verdadeira conversão transforma a história

Leão XIV sublinhou que todo cuidado da criação passa por uma conversão espiritual. A atitude de Maria Madalena naquela manhã de Páscoa expressa esse caminho: “Só através de sucessivas conversões é que passamos deste vale de lágrimas para a nova Jerusalém.”

“Essa transição, que começa no coração e é espiritual, muda a história, compromete-nos publicamente e ativa a solidariedade que, a partir de agora, protege as pessoas e as criaturas da ganância dos lobos, em nome e com a força do Cordeiro Pastor.”

Jovens, criação e esperança

O Papa reconheceu os muitos jovens e homens e mulheres que já escutaram o grito da terra e dos pobres e buscam uma nova harmonia com a criação. Recordou ainda o salmo em que “os céus proclamam a glória de Deus”, eco que ressoa por toda a terra. E ao concluir, o Papa pediu a graça de escutar essa voz silenciosa:

“Que o Espírito nos conceda a capacidade de ouvir a voz dos que não têm voz. Então veremos o que os nossos olhos ainda não conseguem ver: aquele jardim, ou Paraíso, que só podemos alcançar acolhendo e cumprindo as nossas próprias tarefas.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 18 de novembro de 2025

TEOLOGIA: O desconhecido além da palavra (Parte 3/3)

John | 30Giorni.

TEOLOGIA

Arquivo 30Dias nº 01 - 2003

O desconhecido além da palavra

Considerações sobre o Espírito Santo.

Por Rino Fisichella

São Máximo, o Confessor, segue a mesma linha de pensamento: "Homens, mulheres, crianças, profundamente divididos em questões de raça, nacionalidade, língua, classe social, trabalho, conhecimento, dignidade, bens... a Igreja recria tudo isso no Espírito. Ela imprime uma forma divina em todos igualmente. Todos recebem dela uma natureza única, impossível de romper, uma natureza que não permite mais qualquer consideração pelas múltiplas e profundas diferenças que os afetam. Disso decorre que estamos todos unidos de uma maneira verdadeiramente católica. 

Na Igreja, ninguém está separado da comunidade; todos são fundados, por assim dizer, uns nos outros, pela força indivisível da fé. Cristo é, portanto, tudo em todos, aquele que assume tudo em si mesmo segundo a sua força infinita e comunica a sua bondade a todos. Ele é como um centro para o qual todas as linhas convergem. Assim, acontece que as criaturas do único Deus não permanecem mais estranhas e inimigas umas das outras, por falta de um lugar comum onde possam manifestar a sua amizade e a sua paz" ( Mistagogia , I). Como se pode observar, através dos dons que são visto que podemos reconstruir a sublimidade daquele que os dá.

Toda a vida da Igreja se desenrola, até os nossos dias, em obediência ao Espírito do Senhor.

O apóstolo recorda que na oração «nem sequer sabemos orar como convém… o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza e, com os seus gemidos inexprimíveis, nos faz voltar para Deus e chamá-lo: Pai» ( Romanos 11:13).8.26 ss.). É sobretudo na liturgia que a sua obra se torna claramente perceptível, pois nela Ele santifica toda a comunidade cristã e cada crente individualmente. A Eucaristia, em particular, permite-nos ver a obra do Espírito realizada. Constitui uma espécie de síntese de toda a vida sacramental, porque representa a presença verdadeira e real de Cristo. A epiclese, isto é, a invocação do Espírito Santo sobre as oferendas, confirma-se como o ponto focal para reconhecer a sua ação: "Enviai o vosso Espírito para santificar os dons que vos oferecemos" permanece como a expressão culminante para ver a missão do Espírito Santo realizada. 

Sem Ele, o pão e o vinho permanecem apenas isso, assim como a água do batismo ou o crisma da confirmação e os óleos da unção; se Ele não está presente, não há transformação no pacto de amor entre os esposos nem naquele homem deitado no chão à espera da imposição das mãos para o sacerdócio. Se Ele não é invocado, nenhum pecado pode ser perdoado para aquele que pede perdão. A grandeza do Espírito Santo, em toda ação litúrgica, manifesta-se na obediência que Ele impõe às palavras do ministro que O invoca para vir e transformar a matéria do sacramento. De certa forma, é possível ver quase uma "kenosis" do Espírito (Hans Urs von Balthasar), não apenas porque Ele obedece às palavras do ministro, mas sobretudo porque Se faz visível em Sua Igreja também na forma da Instituição.

A vida teológica é obra do Espírito. Onde se crê, se espera e se ama, ali Ele age, permitindo-nos fazer uma caminhada lenta, mas progressiva, rumo à plena identificação com a face que deve receber nossa obediência de fé, a certeza da esperança e a paixão do amor. São Tomás de Aquino podia afirmar com razão que "todos são fiéis a quem quer que seja dito ser o Espírito Santo" ( Suma Teológica , II, 109, 1 ad 1). As sementes do Logos são plantadas em cada pessoa pela ação do seu Espírito; A necessária maturação, exigida pela espera do tempo do Espírito, requer paciência e respeito, evitando caminhos que possam manifestar desejos humanos piedosos, mas que não necessariamente impulsionam o Espírito. 

Este tema, que nos abre particularmente ao diálogo inter-religioso, permite-nos reafirmar o compromisso que o teólogo deve assumir como sujeito eclesial. O Espírito "sopra onde quer" é a frescura da juventude perene da Esposa, que é sempre e em todo o lado chamada a seguir os caminhos do Espírito. Ele aponta o caminho para as terras e dita o ritmo dos tempos: devemos olhar para Ele e ouvi-Lo para que possamos continuar a ser sinais de uma esperança que nunca falhou.

"Sine tuo numine nihil est in homine, nihil est innoxium." Esta visão da fé, longe de tornar a ação do crente passiva, abre caminho para uma obediência livre que pode fazer do testemunho cristão o fruto mais genuíno de uma existência vivida com entusiasmo , isto é, movida pelo Espírito que dá vida.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O esplendor da palavra no “livro mais lindo do mundo”

Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)

Por ocasião do Jubileu, a Bíblia do duque Borso d'Este volta à Sala Capitular do Senado, onde ficará exposta de 22 de novembro a 15 de janeiro de 2026: um retorno possível graças a uma intensa colaboração entre instituições civis e o mundo eclesiástico, em torno de uma obra-prima absoluta do Renascimento.

Maria Milvia Morciano – Cidade do Vaticano

Cem anos após sua primeira exposição pública, a Bíblia do duque Borso d'Este volta à Sala Capitular da Biblioteca do Senado, em Roma, onde, em 1923, Giovanni Treccani decidiu resgatá-la do exílio. A exposição recebe o nome, extraído do Gênesis: “Et vidit Deus quod esset bonum”: “E Deus viu que era bom – A Bíblia de Borso d'Este - Uma obra-prima para o Jubileu”. Trata-se de um retorno impregnado de história, quase como um reencontro: foi precisamente ali que Treccani conheceu Giovanni Gentile. Impressionado pela beleza do manuscrito, decidiu comprá-lo, “comovido até às lágrimas”. Hoje, o Jubileu oferece uma oportunidade renovada de ver uma obra, que só era exposta ao público em ocasiões extremamente raras.

Cartaz da exposição no Salão Capitular da Biblioteca do Senado (Vatican News)

Uma plateia institucional

A inauguração, promovida pelo Presidente do Senado, Ignazio La Russa, contou com a presença, entre outros, da vice-presidente, Mariolina Castellone, o vice-secretário de Cultura, Gianmarco Mazzi, e o Comissário especial para o Jubileu, Roberto Gualtieri, além dos três principais conferencistas: Dom Rino Fisichella, pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização; Carlo Ossola, presidente do Instituto da Enciclopédia Italiana Treccani, e Alessandra Necci, diretora das Galerias d’Este e organizadora da exposição.

Detalhe da margem inferior do fólio inicial do Livro de Jeremias (Vatican News)

Uma beleza que interpela

O arcebispo Rino Fisichella chamou a atenção dos presentes para a profunda natureza do manuscrito: “A Bíblia não é apenas um livro, mas a Palavra que continua a falar a todas as gerações. Na exposição iluminada, desejada pelo duque Borso d'Este, a beleza não é um simples enfeite, mas uma oração visual, uma memória que atravessa os séculos”. As páginas decoradas com ouro e pigmentos preciosos tornam-se um convite à contemplação, um convite a redescobrir o texto sagrado, em seu valor mais autêntico; trata-se da mesma Palavra, que continuamos a encontrar em edições acessíveis a todos, que guardamos em casa ou, simplesmente, pedem para ser reabertas para permitir que seu conteúdo essencial possa emergir.

Carta inicial do Livro de Josué (Vatican News)

A organizadora e a dinastia que inventou a modernidade

Alessandra Necci reconstrói o contexto em que nasceu o manuscrito: a corte de Borso e Ercole d'Este, um laboratório de arte, política e esplendor, no qual trabalharam Taddeo Crivelli, Franco de' Russi, Girolamo de Cremona e Guglielmo Giraldi. Ali, tomou forma a linguagem, que Roberto Longhi definiu “capaz de dialogar, em pé de igualdade, com a pintura monumental”. A diretora da exposição recorda: “A Bíblia não era apenas um objeto de devoção, mas também um manifesto político, que Borso levou para Roma, em 1471, com o intuito de demonstrar ao Papa a grandeza da família d’Este”. E a diretora Necci concluiu: “Trata-se de uma obra de Corte, que se tornou patrimônio de todos, que guia o visitante, por meio de mais de seiscentos manuscritos iluminados, animais fantásticos e cenas, que ecoam o estilo de Donatello.

Abertura do Evangelho de Lucas (Vatican News)

Treccani: a magnanimidade que fez a história

Carlo Ossola, presidente do Instituto da Enciclopédia italiana, resgatou o significado cívico do gesto de Treccani: “Um exemplo nobre de patrocínio moderno. Sua generosidade permitiu que a Itália voltasse a retomar posse de um tesouro, que corria o risco de se perder a nível internacional. Nesta exposição, a história da obra e do Instituto voltam a se entrelaçar, mais uma vez, como afirma ainda Ossola: “Todo panorama da cultura italiana concentra-se apenas em dois volumes. Um século, após a sua doação, a Bíblia permanece também um dos símbolos da ideia de cultura como bem comum”.

Abertura do Livro de Eclesiastes, a corte de Salomão, detalhe da margem inferior (Vatican News)

Um livro que é um mundo

A Bíblia de Borso d'Este não é um livro simples, mas um microcosmo visual, onde coexistem o sagrado, a política, a arte, a zoologia fantástica e o orgulho da dinastia. O azul ultramarino afegão dos preciosos lápis-lazuritas, o fundo dourado, os brasões, os centauros, os emblemas da família d’Este: cada página vibra com uma "harmonia, entre beleza e sacralidade", evocada por Dom Fisichella, como símbolo do peregrino do Jubileu. Em Modena, onde é conservado, o livro representa a joia preciosa das Galerias d’Este. Em Roma, onde será exposto por um período, será um ápice da memória, pois recorda o que a cultura pode obter quando se unem instituições, estudiosos, cidadãos e história. Este livro continua a ser, como sugere o título da exposição, algo de bom e maravilhoso.

Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)
Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)
O Evangelho Segundo Lucas (Vatican News)
Abertura do Livro do Eclesiastes, a Corte de Salomão, detalhe da margem inferior (Vatican News)
Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

ORTODOXO: A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja (Parte 1/3)

Bartolomeu I durante o encontro com os enviados de 30Giorni

ORTODOXO

Arquivo 30Dias nº 01 - 2004

Entrevista com Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla

A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja

"De todas as divergências entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, a que se pode compreender mais facilmente é por que e como a Igreja do Ocidente fundamentou sua esperança em sua força mundana."

Por Gianni Valente

Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, após sua surpreendente visita a Cuba no final de janeiro para a inauguração da Catedral Ortodoxa de São Nicolau (construída em Havana sob o patrocínio de Fidel Castro), prepara-se agora para vir a Roma. Nos próximos meses, assim que as obras de restauração e renovação estiverem concluídas, a Igreja Católica de São Teodoro no Palatino será finalmente confiada aos sacerdotes da Arquidiocese Ortodoxa da Itália para prestar assistência pastoral aos fiéis ortodoxos de língua grega residentes na Cidade Eterna. Nessa ocasião, o primus inter pares entre os primazes das Igrejas Ortodoxas também deverá chegar a Roma para honrar esta "transferência de propriedade" de inegável significado ecumênico com a sua presença. Ele também visitará João Paulo II no Palácio Apostólico.

O novo encontro entre os sucessores dos irmãos pescadores Pedro e André estava previsto para meados de fevereiro. O atraso na renovação da futura paróquia ortodoxa de Roma justificou oficialmente o seu adiamento para depois da Páscoa. O encontro agendado entre o Papa e o Patriarca assume um significado especial à luz das marcantes datas históricas que marcaram o início de 2004. Está prestes a passar o 950º aniversário do evento que, segundo reconstruções históricas, catalisou o Grande Cisma do Oriente: em 15 de julho de 1054, o legado papal Humberto de Silvacândida lançou sobre o altar da Basílica de Santa Sofia, em Bizâncio, uma carta de excomunhão contra o então Patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, e este respondeu com um anátema equivalente. Oitocentos anos se passaram desde a Quarta Cruzada de 1204, quando as milícias cristãs do Ocidente, tendo partido para libertar os Lugares Santos, optaram por mudar de rumo e desviaram sua rota para saquear Bizâncio, embelezando em seguida as igrejas de Veneza com o ouro e o mármore dos despojos. Após esse terrível "golpe duplo", todo o segundo milênio cristão foi marcado pela divisão entre as Igrejas Ocidental e Oriental. Mas o quadragésimo aniversário de um evento de natureza completamente diferente também acaba de passar: o abraço entre Atenágoras e Paulo VI em Jerusalém, em 5 de janeiro de 1964, quando pareceu a alguns que a ruptura da inimizade entre irmãos não estava destinada a se cristalizar irreversivelmente até o fim da história.

No último dia 1º de dezembro, um dia após as celebrações da festa patronal de Santo André, seu 264º sucessor recebeu os enviados do 30Giorni.Na sede do Patriarcado, com vista para o Corno de Ouro, em Istambul, ainda abalada pelos sangrentos ataques de novembro, o Patriarca Bartolomeu foi questionado sobre os eventos e as razões subjacentes que alimentaram a divisão da única Igreja de Cristo ao longo do segundo milênio cristão.

Em suas respostas, o Patriarca Bartolomeu, ao falar de eventos ocorridos há centenas de anos, apresenta perspectivas muito relevantes sobre o estado atual da fé e da Igreja no mundo. Ele identifica a razão fundamental da divisão na primeira manifestação do pensamento mundano dentro da Igreja.

Nestas páginas, momentos e imagens da sagrada liturgia celebrada em 30 de novembro na Catedral de São Jorge, sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, por ocasião da festa patronal de Santo André Apóstolo; acima, o Patriarca Armênio de Istambul, Mesrop II Mutafyan, presente na celebração | 30Giorni.

Sua Santidade, passaram-se 950 anos desde o cisma de 1054, que os livros de história retratam como o momento da ruptura entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente. Depois de tanto tempo, e à luz dos acontecimentos subsequentes e da situação atual, que juízo histórico e teológico pode ser feito sobre esse episódio?
BARTOLOMEU I: De fato, trata-se de um episódio, ou seja, um fato que em si tem pouca importância, não porque o cisma não tenha causado consequências muito sérias, mas porque o episódio da manifestação oficial do cisma não é essencial para a história e a teologia. O que é essencial, a esse respeito, é a mentalidade e o espírito que dominaram o Ocidente e, como tal, gradualmente tensionaram o vínculo que mantinha o Oriente e o Ocidente unidos eclesiasticamente, até que finalmente se rompeu.
Se a manifestação oficial do cisma não tivesse ocorrido em 1054 nas circunstâncias em que ocorreu, certamente teria ocorrido mais tarde em circunstâncias diferentes, porque um espírito diferente havia se infiltrado no Ocidente, diferente daquele que prevalecia no Oriente.

Portanto, para aqueles familiarizados com as leis espirituais, o cisma foi a consequência inevitável de um processo cujas raízes devem ser buscadas nas primeiras manifestações do pensamento mundano na Igreja. Como esse pensamento não foi imediatamente rejeitado como anticristão, era inevitável que dele surgisse um espírito diferente daquele da Igreja unida primitiva, levando assim às consequências do cisma.

Em 1054, algumas das divergências factuais já discerníveis e amadurecidas anteriormente emergiram oficialmente com mais clareza. Estas revelaram que as Igrejas do Oriente e do Ocidente discordavam em muitas questões substanciais, algumas de natureza dogmática , como o Filioque e a primazia papal da jurisdição universal, enquanto outras eram canônicas, como o celibato sacerdotal.

De todas essas divergências, a que pode ser mais facilmente compreendida é por que e como a Igreja Ocidental baseou sua esperança em sua força mundana. Talvez o fato de quase todas as sociedades ocidentais modernas basearem sua esperança no homem e em suas realizações, na riqueza, na ciência, no poder militar, na tecnologia e coisas semelhantes, obscureça a compreensão do homem ortodoxo, que, sem subestimar ou rejeitar completamente tudo isso, deposita sua esperança primordialmente em Deus.

A Igreja deve fundamentar sua força em sua fraqueza humana, na loucura da Cruz (um escândalo para os judeus, uma loucura para os gregos) e sua esperança na ressurreição de Cristo. Privada de todo poder mundano, perseguida e morta diariamente, ela suscita santos que possuem a graça de Deus em vasos de barro, que vivem à luz da Transfiguração e são conduzidos por Deus ao martírio e ao sacrifício, não ao estabelecimento violento no mundo de um suposto Estado de Deus. Seus santos não são simplesmente assistentes sociais, filantropos ou taumaturgos. Eles conduzem a pessoa humana à comunhão com a pessoa de Cristo, conduzem o homem criado à Divindade incriada, operam nele não apenas um aperfeiçoamento ou perfeição moral, mas uma transformação ontológica na natureza humana. Portanto, a esperança da Igreja Ortodoxa não se encontra neste mundo.

Continua...

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF