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sábado, 23 de maio de 2020

Pais da Igreja: Melitão de Sardes

Ecclesia
(?-cerca de 195), bispo

Antologia
«Magoado com a dureza dos seus corações»

Homilia pascal
É Ele o cordeiro sem voz, é Ele o cordeiro imolado, Ele que nasceu de Maria, a cordeira cheia de graça. Ele é o que foi retirado do rebanho para ser conduzido ao matadouro...
Ele foi conduzido à morte. Onde? No coração de Jerusalém. Porquê ? Porque tinha cuidado dos seus coxos, purificado os seus leprosos, devolvido a luz aos seus cegos e ressuscitado os seus mortos (Lc 7,22). Eis a razão por que sofreu. Está escrito na Lei e nos profetas: “Pagaram-me o mal pelo bem. A minha alma vive o abandono; meditaram o mal contra mim. Prendamos o justo, diziam ele, porque nos é odioso” (Sl 37,21 ; Jr 11,19).
Porque cometeste este crime sem nome? Desonraste aquele que te tinha honrado, humilhaste o que te tinha exaltado, renegaste aquele que te tinha reconhecido, rejeitaste o que te tinha chamado, mataste aquele que te dava a vida... Era preciso que ele sofresse, mas não por ti. Era preciso que fosse julgado, mas não por ti. Era preciso que fosse crucificado, mas não pelas tuas mãos. Porque não rezaste a Deus esta oração: “Ó Senhor, se é preciso que o teu filho sofra, se é essa a tua vontade, que ele sofra, mas não por mim”.

FONTE:

«O mistério da Páscoa: a novidade do Verbo encarnado»

Sobre a Páscoa
Foi lida a Escritura a respeito do êxodo hebreu, foram explicadas as palavras do mistério: como a ovelha foi imolada e o povo foi salvo.
Compreendei, pois, caríssimos! É assim
novo e antigo,
eterno e temporal,
corruptível e incorruptível,
mortal e imortal
o mistério da Páscoa:
antigo segundo a Lei,
novo segundo o Verbo;
temporal na figura,
eterno na graça;
corruptível pela imolação da ovelha,
incorruptível pela vida do Senhor;
mortal pela sepultura, na terra,
imortal pela ressurreição dentre os mortos.
Antiga a Lei, novo o Verbo;
temporal a figura, eterna a dádiva;
corruptível a ovelha, incorruptível o Senhor,
o qual, imolado como cordeiro, ressurgiu como Deus.
Pois, como a ovelha, foi levado ao matadouro,
mas não era ovelha;
como o cordeiro, não abriu a boca,
mas não era cordeiro.
Passou a figura, persiste a realidade.
Em vez do cordeiro, Deus presente,
em vez da ovelha, um homem,
e neste homem, Cristo,
aquele que sustém todas as coisas.
Assim, o sacrifício da ovelha,
e a solenidade da Páscoa,
e a letra da Lei,
cederam lugar ao Cristo Jesus,
por causa do qual tudo sucedera na antiga Lei,
e muito mais sucede na nova disposição.
Pois a Lei se converteu em Verbo,
o antigo em novo,
ambos saídos de Sião, e de Jerusalém.
O mandamento se converteu em dádiva,
a figura em realidade,
o cordeiro em Filho,
a ovelha em homem,
o homem em Deus.
Com efeito, aquele que nascera como Filho,
e fora conduzido como cordeiro,
sacrificado como ovelha,
sepultado como homem,
ressuscitou dentre os mortos como Deus,
sendo por natureza Deus e homem.
Ele é tudo:
enquanto julga, é lei;
enquanto ensina, Verbo;
enquanto gera, pai;
enquanto sepultado, homem;
enquanto ressurge, Deus;
enquanto gerado, Filho;
enquanto padece, ovelha;
ele, Jesus Cristo,
a quem seja dada a glória pelos séculos. Amém.
Tal é o mistério da Páscoa,
como foi descrito na Lei
e como o acabamos de ler.

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF