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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Relatório McCarrick: Papa Francisco renova compromisso em erradicar os abusos na Igreja

Papa Francisco na Audiência Geral Foto: Vatican Media

por Mercedes de la Torre

Vaticano, 11 nov. 20 / 09:17 am (ACI).- Ao concluir a Audiência Geral de 11 de novembro, o Papa Francisco renovou o compromisso da Igreja em erradicar os abusos, ao recordar a publicação do relatório sobre o ex-cardeal Theodore McCarrick.

“Ontem foi publicado o Relatório sobre o doloroso caso do ex- cardeal Theodore McCarrick. Renovo a minha proximidade às vítimas de todos os abusos e o compromisso da Igreja em erradicar este mal”, sublinhou o Santo Padre.

O ex-cardeal Theodore McCarrick foi expulso do sacerdócio em 2019 depois da comprovação dos abusos sexuais e de poder que cometeu durante décadas contra menores e jovens adultos nos Estados Unidos.

O relatório publicado sobre o conhecimento institucional e o processo decisório da Santa Sé concernente ao ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick envolve o período de 1930 a 2017 e descreve como o caso foi abordado durante três pontificados.

O texto de 461 páginas está disponível em inglês e italiano e foi escrito pela Secretaria de Estado do Vaticano a pedido do Papa Francisco.

Em 6 de outubro de 2018, o Papa Francisco solicitou um estudo preciso da documentação sobre o ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick com a informação dos arquivos dos dicastérios e dos escritórios da Santa Sé “com o a fim de investigar todos os fatos relevantes, situá-los em seu contexto histórico e avaliá-los objetivamente”.

O relatório também inclui “documentação relevante nos arquivos da Santa Sé, da Nunciatura em Washington e das dioceses dos Estados Unidos envolvidas de várias maneiras” e mais de 90 entrevistas de testemunhas, incluindo funcionários atuais e passados da Santa Sé, Cardeais e Bispos nos Estados Unidos, oficiais da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB), ex-seminaristas e sacerdotes de várias dioceses, secretários de McCarrick em Metuchen, Newark e Washington e leigos nos Estados Unidos, Itália e outros lugares. As entrevistas citadas no relatório foram realizadas entre maio de 2019 e outubro de 2020.

“Publicamos o Relatório com tristeza pelas feridas causadas às vítimas, às suas famílias, à Igreja nos Estados Unidos, à Igreja Universal”, disse em 10 de novembro o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin.

Explicou que nestes dois anos a Santa Sé deu “passos significativos para assegurar uma maior atenção à proteção dos menores e intervenções mais eficazes para evitar que certas decisões tomadas no passado se repitam", como o Motu proprio Vos estis lux mundi.

Além disso, o Secretário de Estado indicou que “são páginas que nos encorajam a uma reflexão profunda e a questionarmo-nos sobre o que podemos fazer a mais no futuro, aprendendo com as dolorosas experiências do passado”.

Por isso, o Cardeal Parolin assinalou que, para que estes acontecimentos não se repitam, “além de normas mais eficazes, precisamos de uma conversão dos corações”; com "pastores críveis anunciadores do Evangelho".

O relatório enfatiza que antes de 2018, o Papa Francisco “nunca falou sobre McCarrick com o Cardeal Ouellet, que era o prefeito do Dicastério competente no assunto, nem com o Papa Emérito Bento XVI”.

“Até 2017, ninguém - nem o Cardeal Parolin, nem o Cardeal Ouellet ou o Arcebispo Becciu ou o Arcebispo Viganò - deu ao Papa Francisco qualquer documentação contra McCarrick, incluindo as cartas anônimas dos primeiros anos da década de 1990 ou das acusações dos dois sacerdotes que acusaram McCarrick”, alerta.

Nesse sentido, o relatório descreve que o Papa Francisco "só tinha ouvido falar que havia vozes relacionadas a uma conduta imoral com adultos, que ocorreram antes da nomeação de McCarrick em Washington. Por acreditar que as acusações haviam sido examinadas e rejeitadas por João Paulo II, e sendo consciente que McCarrick estava em atividade durante o Pontificado de Bento XVI, Francisco não viu necessidade de modificar a linha adotada em anos anteriores”.

No entanto, em junho de 2017, a Arquidiocese de Nova York “recebeu a primeira denúncia conhecida de abuso sexual de uma vítima menor de 18 anos realizado por McCarrick no início dos anos 1980” e “pouco depois que a acusação foi qualificada como credível, o Papa Francisco pediu a renúncia de McCarrick do Colégio de Cardeais.

“Depois de um processo penal administrativo conduzido pela Congregação para a Doutrina da Fé, McCarrick foi considerado culpado de atos contrários ao sexto mandamento que envolviam menores e adultos, e com base nisso foi demitido do estado clerical”, lembra o relatório.

Como se sabe, em 16 de fevereiro de 2019, a Congregação para a Doutrina da Fé condenou o ex-cardeal e ex-arcebispo de Washington, Theodore Edgar McCarrick, por abusos sexuais de menores e adultos agravado pelo abuso de poder e o despojou de sua condição de sacerdote da Igreja Católica.

Em um comunicado oficial, a Sala de Imprensa da Santa Sé indicou que a condenação de McCarrick é definitiva, portanto, não há possibilidade de apelação contra ela.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF