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quarta-feira, 17 de maio de 2023

São Pascoal Bailão

São Pascoal Bailão | A12

17 de maio

São Pascoal Bailão

Pascoal nasceu na cidade de Torrehermosa, Reino de Aragão, Espanha, em 1540 – no dia de Pentecostes, conhecido no país como “Páscoa do Espírito Santo”, daí o seu nome. Sua família era pobre, de camponeses extremamente virtuosos, e desde criança trabalhou como pastor de ovelhas para outros. Isolado, nos campos, admirava a natureza, reconhecendo nela a mão de Deus, e aproveitando o tempo, a solidão e o ambiente para rezar.

Tinha enorme interesse em aprender a ler e escrever, sendo muito autodidata, e também, na impossibilidade de ir à escola, pedindo por caridade a todos que encontrava no caminho, ao levar o rebanho, que lhe ensinasse as letras de um livro que carregava consigo. Sempre um livro de oração, ou sobre a vida de Jesus, ou de algum santo, pois seu interesse era unicamente conhecer melhor a religião.

Aos 18 anos, pediu admissão no convento dos Franciscanos Reformados de Santa Maria de Loreto, chamados Alcarinos pela influência de São Pedro de Alcântara, mas não foi aceito.

Seu rico patrão, piedoso e admirando suas qualidades, quis adotá-lo como filho e fazê-lo seu herdeiro, mas pascoal recusou, pois tinha o propósito de vida consagrada e temia que os bens terrenos o atrapalhassem neste caminho. Na sua pobreza, dividia o que recebia para a própria subsistência com os necessitados.

Aos 20 anos decidiu ir para o reino de Valência, em busca de admissão no convento dos franciscanos descalços, em região desértica próxima a Monteforte. O superior quis testá-lo, e pediu que primeiramente cuidasse dos rebanhos dos habitantes vizinhos. Isto Pascoal fez com grande humildade, e em breve ficou conhecido como o “santo pastor”. Em 1564, finalmente foi admitido como irmão converso no noviciado; recusou o convite para ser incluído no coro entre os religiosos, por se achar indigno.

Também se achava indigno do sacerdócio e de assim poder tocar Jesus Eucarístico com as próprias mãos. Assim permaneceu irmão leigo a vida toda, procurando os serviços mais humildes no convento. Trabalhou como porteiro, hospedeiro, enfermeiro, na cozinha e refeitório, como ajudante de serviços gerais ou urgentes. Aproveitava todas as oportunidades de prestar aos outros qualquer serviço penoso e humilhante, tendo-se por muito honrado com isso.

Com o tempo, seu fervor aumentou, e procurou acrescentar novas austeridades à Regra; mas era obediente e, sem apego à própria vontade, se advertido pelos superiores de algum exagero, abandonava tais mortificações. De toda a forma, sua rotina incluía penitências constantes, pouca alimentação, oração constante, mesmo durante o trabalho; tinha apenas um hábito, velho pelo uso, andava descalço na neve e nos caminhos mais ásperos, distribuía com os pobres as sobras da comida dos frades, rezando com eles antes e depois das refeições.

Observava exemplarmente a regra, e sempre tratava a todos com respeito, caridade e afabilidade. Jamais se queixava com a mudança de convento, que, para evitar apegos secretos do coração, ocorria regularmente de acordo com o costume da Ordem.

Em 1576, foi encarregado de levar documentos importantes ao Padre Geral da Ordem, em Paris. Viagem perigosa (que fez descalço), pois quase todo o trajeto incluía cidades dominadas pelos huguenotes calvinistas, muito hostis à Igreja, e seu hábito franciscano o evidenciava.

O perigo de vida era real. Duas vezes foi preso como espião; foi atacado com pedras e bastões, insultado, ridicularizado; em Orléans, quase foi apedrejado por uma disputa sobre a Eucaristia, negada pelos hereges; um ferimento no ombro o incomodou pelo resto da vida. De tudo Deus o livrou.

De volta à Espanha, retomou no mesmo dia da chegada, apesar do evidente cansaço, seus trabalhos no convento. Nunca comentou os perigos da viagem, limitando-se a responder com poucas palavras às perguntas feitas, e suprimindo qualquer coisa que lhe pudesse ser elogiado.

Pascoal era devotíssimo de Nossa Senhora, a Quem continuamente pedia a intercessão para obter a pureza de alma, da Paixão de Cristo e também da Eucaristia, passando horas e noites inteiras diante do Santíssimo. Sem ter estudado Teologia, escreveu uma Coleção de Máximas provando a presença real de Jesus na hóstia e no vinho consagrados, bem como no poder divino transmitido ao Papa. Este livreto chegou às mãos de Gregório XIII, e o Pontífice apelidou Pascoal de “Serafim da Eucaristia”.

Muitas vezes o observaram em êxtase, e também flutuando durante as horas de Adoração Eucarística. Nos seus últimos anos de vida, passava a maior parte das noites ajoelhado ou prostrado diante do altar.

 Após a Comunhão, faleceu em Villa Real, Valência, com 52 anos, alquebrado pelas provações, jejuns constantes e privações corporais, aos 17 de maio de 1592 – assim como a data do seu nascimento, um dia de Pentecostes. Grande número de milagres ocorreu no período de três dias de exposição do seu corpo. São Pascoal é patrono dos Congressos Eucarísticos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não há quem, contemplando sinceramente a Natureza, não possa chegar a Deus, como indica São Paulo na sua carta aos romanos (cf. Rm 1,21-25). É preciso saber “ler neste livro”, e não foi outro o interesse de São Pascoal Bailão em aprender as letras: queria conhecer a Palavra. Muito empenho e interesse dedicamos a muitas coisas, mas a que ponto naquelas de Deus e da Igreja? É certo que crescemos em santidade e alegria se, como este santo, dedicarmos amor e tempo à devoção para com Nossa Senhora, a Paixão de Cristo e a Eucaristia – Deus vivo entre nós! – porém, o fazemos? Com seriedade? Não se diga que as atividades diárias o impedem, pois também Pascoal as tinha, e mesmo em viagem, aliás árdua, não deixou de buscar a intimidade com Deus. Vale a pena, se quisermos viver as duas primeiras proposições da seguinte afirmação de São Pascoal, prestar atenção na terceira: “Precisamos ter um coração de filho para Deus; um coração de mãe, para o próximo; um coração de juiz, para si". O chamado “santo pastor” não quis contudo ser sacerdote, por se achar indigno de ter a permissão de segurar, nas próprias mãos, a Hóstia Consagrada, Jesus Cristo vivo e presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Que tipo de juízes somos, de coração, para não nos importarmos com os abusos litúrgicos na Santa Missa? Pode ser que a Igreja determine períodos de exceção, mas o correto é que os fiéis recebam a Eucaristia de joelhos e diretamente na boca, das mãos ungidas – só elas – do sacerdote. Não é meramente uma questão de higienização manual, é uma questão de direito e dignidade específicas que só os presbíteros têm. Se tão negligentes são assim os fiéis com as coisas de Deus, também no momento mais sagrado do mais sagrado dos momentos que é a Santa Missa, como desejar sinceramente que o mundo em que vivemos se aproxime mais de Deus? Acaso serão os ateus, hereges e idólatras os responsáveis por louvar corretamente a Deus?

Oração:

Ó Deus e Senhor Nosso, Bom Pastor, por intercessão de São Pascoal Bailão, dai-nos a graça de sermos santas ovelhas, não deixando passar frivolamente o sacrifício da Vossa Santa Páscoa redentora, para que no Vosso Pentecostes definitivo se manifeste, também, mais o nosso amor verdadeiro a Vós, à Vossa Igreja e aos irmãos, do que os nossos pecados de indiferença, descaso e comodismo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF