Translate

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Em defesa do amor romântico

Halfpoint | Shutterstock
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Ideologias contrárias à família e à pureza do amor não convencem pessoas que fazem uma experiência realmente positiva de amor e vida familiar.

Poucas coisas são tão desejadas e, ao mesmo tempo, tão desacreditadas em nossa sociedade quanto o chamado “amor romântico” – aquele apresentado na fase áurea do cinema hollywoodiano, nas novelas de televisão tidas como mais ingênuas, nos romances mais piegas. Uma espécie de realismo cínico nos ensina continuamente que esse amor é quase impossível, algo como um prêmio aleatório dado por Deus a alguns poucos escolhidos, servindo muito mais como armadilha para meninas incautas que se entregam a príncipes encantados que, com o tempo, se revelam sapos insensíveis ou lobos violentos.

O movimento feminista tem muito a ver com esse descrédito do amor romântico. Suas críticas ao machismo e ao patriarcalismo mostraram como, de fato, no casamento, um discurso de amor e dedicação muitas vezes encobre relações de opressão, violência, infidelidade e egoísmo. Mas, não nos enganemos, esse descrédito na possibilidade de um amor sincero, que realize os cônjuges, é transmitido também em círculos familiares, quando as mulheres mais velhas ensinam às jovens que “os homens são todos iguais” (isso é, não confiáveis), nas intermináveis piadas na mesa de bar, onde os maridos aparecem como vítimas ingênuas de esposas retratadas como bruxas. Nesses âmbitos, muito distantes do movimento feminista, se respira a mesma desilusão em relação ao amor, se alimenta o mesmo cinismo de que as relações são enganadoras e a entrega ao outro uma falácia que encobre e legitima a dominação.

Ideologias contrárias à família e à pureza do amor não convencem pessoas que fazem uma experiência realmente positiva de amor e vida familiar. Infelizmente, a força dessas ideologias é inseparável das contradições que, de fato, acontecem em nossa sociedade.

O amor romântico e o cristianismo

Tal como apresentado em nossos tempos, o amor romântico pode ser caracterizado por se propor como sendo para toda a vida, exclusivo (os amantes são únicos, um para o outro), incondicional (se mantém mesmo quando o outro não corresponde às expectativas) e implica numa doação total de si. Essas características encontram uma enorme correspondência com as exigências mais profundas do ser humano. Cientistas demonstraram a existência de reações fisiológicas associadas ao estar apaixonado e conseguem explicar até mesmo as vantagens adaptativas que fariam a espécie humana ter mais sucesso na conquista do planeta contando com o amor conjugal. Contudo, mesmo sendo natural ao ser humano, a compreensão e a proposição do amor romântico é uma criação cultural da civilização ocidental – e não pode ser separada da história do cristianismo.

Os termos refletem os parâmetros de um contexto patriarcal do mundo helênico da época, mas é bastante claro o encorajamento ao amor romântico, tal como definido acima, na famosa passagem da Carta aos Efésios: “Vós, esposas, obedecei a vossos maridos, como ao Senhor […] Vós, esposos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5, 22-25). Para ambos, marido e mulher, a dedicação ao outro é colocada como norma absoluta. Um vive totalmente para o outro – e não mais para si mesmo. A esposa obedece ao marido, mas esse deve amá-la como Cristo amou a Igreja, isso é sacrificando a própria vida por ela.

Com uma certa ironia, mas muita razão, a reflexão crítica moderna observou que as mulheres obedeciam aos maridos todos os dias, enquanto eles se sacrificavam por elas em algumas poucas ocasiões dramáticas. Assim, a passagem bíblica ganhava, na prática, uma realização bem diferente do amor romântico. Esse não é um pecado menor na história do cristianismo. Pelo contrário, é um dos maiores. As sociedades se organizam em torno das famílias. Quando elas não vivem uma verdadeira proposta de amor, as consequências tanto pessoais quanto comunitárias são péssimas.

O amor que é um critério que se aprende

Infelizmente, as novas gerações aprenderam a duvidar do amor, vendo as infidelidades entre os cônjuges (e não me refiro aqui apenas à traição com uma terceira pessoa, mas a todas as pequenas traições que realizamos quando não correspondemos um ao outro). Nunca tivemos tanta liberdade para amar como em nossos tempos, mas essa liberdade parece ter levado mais a um ceticismo do que a uma realização do amor.

A ficção cada vez menos apresenta a perspectiva do “foram felizes para sempre”, ainda que essa expectativa – uma vez apresentada – nunca possa ser totalmente eliminada do coração humana. A proliferação de terapeutas de casais, livros e conselheiros afetivos mostra que a esperança de uma realização definitiva no amor permanece presente, mesmo que desacreditada. Cada ser humano é único, cada casal é um relacionamento único, cada sucesso e cada fracasso têm suas peculiaridades. Generalizações são perigosas nesse âmbito. Contudo, algumas características da apropriação mundana do ideal cristão não podem ser ignoradas.

O ser humano é sempre contraditório, nunca consegue corresponder integralmente aos seus ideais. Não é possível um amor verdadeiro sem o perdão recíproco. Mas o perdão não elimina as consequências dos erros. O perdão se torna conivência e resignação abjeta se não vem acompanhado pelo esforço sincero do perdoado em não repetir o erro.

Além disso, o amor romântico foi apresentado, ao longo do tempo, cada vez mais como um sentimento instintivo. Mas esse é apenas seu aspecto mais superficial e embrionário. Ele cresce, para alcançar a estabilidade, como um critério, um desejo de bem do outro que orienta as decisões nos momentos difíceis. Os pais usufruem o amor dos filhos em momentos de convivência agradável. Mas reconhecem a força desse amor em momentos difíceis, quando são levados a fazer sacrifícios pelo bem dos filhos. Com os casais também é assim. Descobrimos o amor um pelo outro não tanto nos momentos agradáveis, mas nas fadigas que vivemos felizes pelo bem do outro.

Sendo assim, esse amor não é algo instintivo apenas, mas algo aprendido ao longo do tempo. Aprendemos a amar, não apenas aceitando os defeitos do outro e as frustrações do relacionamento, mas descobrindo novas alegrias e novos prazeres na convivência mútua. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Preparai o caminho do Senhor

Guadium Press
Nos dias antecedentes ao Santo Natal do Senhor, a Santa Igreja prepara seus filhos durante o Advento, com uma liturgia que incita ao arrependimento das faltas, a fim de que, limpos de alma, estejam aptos a celebrarem santamente o nascimento do Menino Deus.

Redação (05/12/2021 11:14Gaudium Press): Com certa frequência, descrevem-se nas Sagradas Escrituras, momentos em que o povo eleito, desviado da verdadeira conduta pela prática de costumes pagãos, suplicava ao Senhor para que os amparassem das aflições que lhes eram acometidos como castigo por suas faltas, seja a iminente invasão de inimigos, sejam as pestes que se alastravam, a fome e tantas outras desgraças.

E, nestas circunstâncias, Deus sempre lhes enviava um libertador, que os salvavam, recordando da aliança feita com eles. Assim vemos no período dos Juízes, Otoniel libertando os israelitas dos Idumeus, Gedeão combatendo os Madianitas, e Sansão matando os Filisteus.

Do mesmo modo, vemos no livro dos Macabeus, quando Matatias se depara com as abominações praticadas em Judá e em Jerusalém, levanta-se cheio de heroísmo contra as determinações do rei de prestar culto aos deuses no altar de Modin, reunindo entorno de si uma rebelião armada por fidelidade à lei e zelo pelo templo, prosseguindo posteriormente seus filhos, como demonstram os grandes feitos de Judas Macabeu nas incontáveis batalhas travadas contra os inimigos da lei.

Por esta razão, eles tinham a Deus como o ‘Libertador’ de todas as nações, como descrito no livro dos salmos: “O Senhor é o meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador” (Sl 17, 3). Por isso, eles viviam na esperança da vinda do Messias, do “Libertador”, tantas vezes anunciado pelos profetas, que viria trazer a paz a Israel, causa da glória e alegria da Cidade Santa, como diz a primeira leitura:

“Despe, ó Jerusalém, a veste de luto e de aflição e reveste, para sempre, os adornos da glória vinda de Deus. [Pois Ele] mostrará teu esplendor a todos os que estão debaixo do céu”. (Br 5, 1-4)

Um farol seguro a iluminar o caminho

Todavia, o nascimento do Menino Jesus ocorreu num período em que os judeus se encontravam em uma lamentável decadência. Esperar-se-ia que multidões acorressem à procura do Messias recém-nascido, oferecendo-Lhe não uma gruta como morada, mas um palácio!

Ora, a atitude foi bem diferente. São Lucas narra a recusa de hospedagem que a Santíssima Virgem e São José receberam em Belém, e São Mateus demonstra como Jerusalém ficou perturbada com a notícia da vinda dos reis magos que vinham adorar o “rei dos judeus”, pois este acabara de nascer (cf. Mt 2, 2-3).

Mas Deus, que nunca abandona o seu povo, compadece-se dele ainda quando recebe de presente a ingratidão. Digna-se enviar São João Batista, como descreve o Evangelho deste domingo, relembrando as palavras do profeta Isaías a seu respeito:

“Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’” (Lc 3, 4)

Veio como um farol a iluminar a todos, conduzindo as “ovelhas” transviadas a “um batismo de conversão para o perdão dos pecados” (Lc 3, 3). Voz que divide bons e maus, e aponta a direção da reta escolha: negar o mundo e suas más solicitações, e escolher a Jesus, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).

Cabe a nós uma pergunta: será que esta voz ressoa ainda em nossos dias? Sem dúvida, os horrores proclamados em tantos ambientes, denotam ser esta uma situação de decadência muitíssimo pior do que a reinante na época de Jesus.

É inegável que Deus sempre envia seus “libertadores” como remédio de salvação para a humanidade. De nossa parte, cumpre distinguir com atenção qual são as vozes que conduzem à verdade, mediante a emenda de nossas faltas e à fidelidade aos mandamentos, para que jamais estejam fechadas as portas de nosso coração ao Divino Infante, como outrora estiveram no povoado de Belém.

Por Guilherme Motta

Fonte: https://gaudiumpress.org/

ESPIRITUALIDADE: Amor sem limites (Parte 14/19)

Capa: Fragmento de um ícone de meados de
século XVII atribuído a Emanuel Lombardos.

Um Monge da Igreja do Oriente

AMOR SEM LIMITES

Tradução para o português:
Pe. André Sperandio

Ecclesia

28. Um sorriso, um olhar

O amor sem limites usa meios bem simples para estabelecer contato. As palavras não são imprescindíveis, sequer, necessárias. Basta, se são puros e verdadeiros, um sorriso ou um olhar.

Um sorriso, um olhar... dois meios de expressão infinita. Expressão silenciosa e profunda de nós mesmos. União com aqueles aos quais jamais abordaríamos com a palavra, ou que ou não voltaríamos a ver novamente.

Eu olho para ti, desconhecido ou desconhecida, para ti a quem Deus colocou no meu caminho. Deus, em silêncio, te faz vivente diante de mim, presente a mim. Em teus olhos eu vislumbro a tua alma. Meu olhar leva a minha alma a ti.

Submerso no "outro". Eu estou em ti. Tu estás em mim. Entre nós torna-se real uma comunhão. O que nos une, nos atrai, nos vincula é o rosto de Deus visto através de nossos rostos.

Troca-se um sorriso. Este sorriso distende os lábios que estavam fechados. relacha os dentes que estavam pressionados.

Algo começou entre nós, algo que vamos deixar nas mãos de Deus os eventos seguintes. Uma porta foi aberta.

A ti, de quem recebi hoje um sorriso ou um olhar verdadeiro e puro... Tu, que recebeste de mim um sorriso ou um olhar verdadeiro e puro - sublinho estas palavras tão importantes: verdadeiro e puro -, a ti, eu abençôo em silêncio.

Peço ao Senhor-amor que, brotando do encontro de nossas almas em silêncio, surja uma luz dourada que ilumine nossa jornada.

29. Cego e surdo

Senhor-amor, eu te pedi para me abrir aos outros. E, no entanto, tu me fizeste compreender que teu servo também precisa ser cego e surdo. Vendo, como se não visse; ouvindo como se não tivesse ouvido.

Amor, faz-me surdo. Fecha os meus ouvidos para as acusações e calúnias que ouço proferir contra outras pessoas.

Amor, faz-me cego. Fecha meus olhos a todas as fraquezas humanas. Devo reprovar claramente o que faz o mal, por palavra ou por ato, mas não tenho o direito de julgar e condenar seu autor. Senhor, só tu conheces, só tu sabes tudo.

O teu enviado não quiz olhar para aquela para mulher surpreendida em adultério, enquanto era acusada; mas a olhou quando os dois ficaram a sós. Enquanto a acusavam, ele se inclinava para o chão e, silencioso, escrevia.

Com tal atitude, fechou a boca dos acusadores daquela mulher. Com tal atitude, fechou para sempre, por todos os séculos, a boca para todas as acusações.

® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid

Professor Fernando Altemeyer Jr: o rosto da Igreja na América Latina e no Caribe

Números da Igreja Católia na América Latina e Caribe 

Com 108.796.000 católicos, de acordo com os dados coletados pelo professor Altemeyer Junior, o México é o país com o maior número de pessoas que se declaram católicas, com o Brasil, por muitos anos na liderança, passando para o segundo lugar com 106 milhões de católicos.

Padre Modino - CELAM

A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe revelou a diversidade de rostos e realidades, tanto eclesiais como sociais, presentes no continente. O conhecimento dos dados nos ajuda a elaborar análises mais precisas e, a partir daí, a discernir com maior precisão o caminho a seguir.

Este trabalho foi realizado pelo professor Fernando Altemeyer Junior, que fez uma análise detalhada da realidade eclesial da América Latina e do Caribe, levando em conta diferentes elementos: católicos romanos, a porcentagem que representam da população, circunscrições eclesiásticas, paróquias, centros pastorais, bispos, padres, diáconos, religiosos irmãos, religiosas, catequistas e a outra religião predominante em cada um dos países.

Com 108.796.000 católicos, de acordo com os dados coletados pelo professor Altemeyer Junior, o México é o país com o maior número de pessoas que se declaram católicas, com o Brasil, por muitos anos na liderança, passando para o segundo lugar com 106 milhões de católicos. A este respeito, é surpreendente que os dados mostrem que no Brasil a porcentagem de católicos atinge apenas 50%, uma seção na qual a Argentina, com 89,85%, está em primeiro lugar, praticamente empatada com o México, com 89,33%. A porcentagem mais baixa de católicos está em Barbados, com 3,4% da população.

Em termos de circunscrições eclesiásticas, o Brasil está em primeiro lugar com 278, muito à frente do México, que está em segundo lugar com 99. Em termos de paróquias, a ordem é a mesma, com 12.013 e 6.979, respectivamente. O mesmo vale para os centros de pastoral com 50.159 e 9.871. O número de bispos com 465 e 176 também é liderado pelo Brasil e México, o que contrasta com 8 países que têm apenas um bispo e 6 que não têm bispos residentes no país.

O Brasil lidera no número de sacerdotes com 24.598, diáconos com 4.770, irmãos religiosos com 111.816, irmãs religiosas com 2.7182, e está em segundo lugar no número de catequistas com 120.130. Nesta seção, o maior número corresponde ao México com 211.912, sendo o segundo em número de sacerdotes, com 15.921, irmãos religiosos, com 6.427, e irmãs religiosas, que chegam a 26.604. É surpreendente que o Chile seja o país com o segundo maior número de diáconos, que chegam a 1.032, se levarmos em conta que o número de sacerdotes é de apenas 2.395.

Para se ter uma ideia do que estes números representam em relação ao total do continente, temos que dizer que de acordo com os dados fornecidos pelo professor Altemeyer Jr., a população da América Latina e do Caribe é de 452.786.675 habitantes, 80,2% dos quais se consideram católicos. Existem 837 circunscrições eclesiásticas, 36.539 paróquias e 108.138 centros pastorais. Há 1.439 bispos, 77.140 sacerdotes e 10.181 diáconos. Há 23.670 irmãos religiosos, 113.444 irmãs religiosas e 956.792 catequistas.

São números que devem levar à reflexão e que, numa primeira análise, nos mostram a força da vida religiosa feminina e dos leigos, especialmente as mulheres, que constituem a grande maioria dos catequistas, ministério recentemente reconhecido pelo Papa Francisco, mas que não está sendo implementado com reconhecimento explícito em muitas igrejas particulares. Neste tempo sinodal, é hora de parar, pensar e, a partir dos dados, que são mais do que números frios, descobrir o que Deus espera da Igreja na América Latina e no Caribe neste momento da história.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Sede de ganho e poder nos dividiu, diz o papa Francisco aos ortodoxos gregos

O papa com Ieronymos II e seus intérpretes / Vatican Pool

REDAÇÃO CENTRAL, 04 dez. 21 / 01:45 pm (ACI).- “Venenos mundanos nos contaminaram, as ervas daninhas da suspeita aumentaram a distância e deixamos de cultivar a comunhão”, disse o papa Francisco hoje, 4 de dezembro, na sede da arquidiocese ortodoxo de Atenas, Grécia, no encontro com o patriarca, Sua Beatitude Ieronymos II.

Em seu discurso, o Papa disse: “Com vergonha reconheço pela Igreja Católica, ações e escolhas que pouco ou nada têm a ver com Jesus e com o Evangelho, mas marcadas por uma sede de ganho e de poder, fizeram definhar a comunhão. Permitimos que a fertilidade fosse comprometida por divisões. A história tem o seu peso e hoje sinto aqui a necessidade de renovar o pedido de perdão a Deus e aos irmãos pelos erros cometidos por tantos católicos. Porém, a certeza de que nossas raízes são apostólicas e de que, apesar das distorções do tempo, a planta de Deus cresce e frutifica no mesmo Espírito, nos conforta muito”.

“Não tenhamos então medo”, segue o papa, “mas ajudemo-nos uns aos outros a adorar a Deus e a servir ao próximo, sem fazer proselitismo e respeitar plenamente a liberdade dos outros” e “invoquemos o Espírito de comunhão , para que nos impulsione nos seus caminhos e ajude a fundar a comunhão não nos cálculos, nas estratégias e nas conveniências, mas no único modelo a olhar: a Santíssima Trindade ”.

Francisco falou da «fecunda colaboração no campo cultural entre a Apostolikí Diakonía da Igreja da Grécia - cujos representantes tive a alegria de encontrar em 2019 - e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, como também a importância dos simpósios inter-cristãos, promovidos pela Faculdade de Teologia Ortodoxa da Universidade de Tessalônica junto com a Pontifícia Universidade Antonianum de Roma. São ocasiões que permitiram estabelecer relações cordiais e iniciar intercâmbios úteis entre acadêmicos de nossas confissões. Agradeço também a participação ativa da Igreja Ortodoxa da Grécia na Comissão Conjunta Internacional para o Diálogo Teológico. Que o Espírito nos ajude a prosseguir com sabedoria por estes caminhos!”

As propostas concretas do papa são desenvolver "juntos formas de cooperação na caridade, vamos abrir e colaborar nas questões éticas e sociais para servir as pessoas do nosso tempo e levar-lhes a consolação do Evangelho" e para "trazer a consolação de Deus e curar nossos relacionamentos feridos, precisamos orar uns pelos outros”.

Por fim, Francisco fez uma referência à sinodalidade: “Acabamos de iniciar, como católicos, um itinerário para aprofundar a sinodalidade e sentimos que temos muito a aprender convosco. Desejâmo-lo sinceramente, certos de que, quando os irmãos na fé se aproximam, desce aos corações a consolação do Espírito ”.

Sua Beatitude Ieronymos II, arcebispo de Atenas e de toda a Grécia e primaz da Igreja Autocéfala Ortodoxa da Grécia, nasceu em Oinofyta, Beócia, em 1938 em uma família de etnia albanesa.

Arqueólogo de formação, foi ordenado diácono e depois sacerdote em 1967, abandonando a carreira acadêmica. Suas iniciativas no campo social também são numerosas. Em 16 de abril de 2016, ele visitou o acampamento de Mórias na ilha de Lesbos junto com o papa Francisco e o patriarca ecumênico Bartolomeu para aumentar a consciência pública sobre o problema dos refugiados. Os três líderes cristãos assinaram uma declaração conjunta. Além de exercer seu ministério pastoral, continuou suas pesquisas sobre a arqueologia cristã com a publicação de livros e numerosos artigos e estudos sobre temas teológicos, sociais e históricos.

Na Sala do Trono da Arquidiocese, onde foi a reunião, está exposto o livro do Evangelho e, antes de se sentar, o arcebispo e o papa o beijaram.

Ieronymos II, em sua saudação, destacou a pandemia: “é necessário que todos nós, líderes cristãos, testemunhemos juntos o que o mundo precisa neste momento” e sublinhou: “a pandemia que nos atingiu não compromete a fé tanto quanto a própria vida do homem”.

Depois, tratou do drama dos refugiados: “Juntos teremos que mover as montanhas, as paredes e a intransigência dos poderosos da terra. Palavras bonitas não são mais suficientes ".

O arcebispo também falou sobre os problemas ambientais, e disse ao papa: “A Igreja de Atenas e todas as suas instituições estarão à sua disposição”. E mais uma vez ele destaca a ameaça da tecnologia digital e, no final, acrescenta que "o caminho comum da Igreja Católica Romana e da Igreja Ortodoxa no primeiro milênio do Cristianismo realmente tem muito a nos ensinar".

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa depede-se da Grécia, concluindo sua 35ª Viagem Apostólica

Papa Francisco | Vatican News

Às 10:58, o voo com Francisco decolou do Aeroporto Internacional de Atenas. Após breve encontro com o Ministro das Relações Exteriores da Grécia, as saudações às Delegações e embarque no vôo A320neo / Egeu com o qual retornará a Roma.

Antonella Palermo - Cidade do Vaticano

O Pontífice deixa as terras helênicas, umas das etapas de sua 35ª Viagem Apostólica, que incluiu também Chipre. O traslado de Atenas ao aeroporto de Roma Ciampino levará pouco mais de duas horas. Durante o vôo, está agendada a habitual coletiva de imprensa com os jornalistas a bordo que acompanharam a visita papal.

O tapete vermelho, o entusiasmo do povo grego, com a memória dos rostos maravilhados e felizes dos imigrantes que colorem uma sociedade composta de humanidade ferida, mas que recebeu o conforto da comunidade eclesial universal.

O encontro com os jovens do Colégio São Dionísio das Irmãs Ursulinas de Atenas selou um caminho que quis dar impulso às novas gerações que lutam por um futuro marcado por incertezas e medos.

A esperança e o entusiasmo expressos nas palavras do Papa são a herança humana e espiritual do Sucessor de Pedro, que tocou nas chagas das populações cipriota e grega, bem como de todos aqueles que embarcam no que chamou de "odisseia moderna", as migrações em busca de um futuro de felicidade e de uma vida digna negada em países em guerra e onde o êxodo parece ser a única forma de salvação.

No contexto de uma viagem marcada pelo diálogo ecumênico tão crucial nestas terras, se compõe mais uma peça de um magistério que quer construir pontes e abraçar os povos em um estilo de fraternidade baseada no Evangelho.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

São Nicolau

São Nicolau | arquisp
06 de dezembro

São Nicolau

Nicolau é também conhecido por São Nicolau de Mira e de Bari. Venerado, amado e muito querido por todos os cristãos do Ocidente e do Oriente. Sem dúvida alguma, é o santo mais popular da Igreja. Ele é padroeiro da Rússia, de Moscou, da Grécia, de Lorena, na França, de Mira, na Turquia, e de Bari, na Itália, das crianças, das moças solteiras, dos marinheiros, dos cativos e dos lojistas. Por tudo isso os dados de sua vida se misturam às tradições seculares do cristianismo.

Filho de nobres, Nicolau nasceu na cidade de Patara, na Ásia Menor, na metade do século III, provavelmente no ano 250. Foi consagrado bispo de Mira, atual Turquia, quando ainda era muito jovem e desenvolveu seu apostolado também na Palestina e no Egito. Mais tarde, durante as perseguições do imperador Diocleciano, foi aprisionado até a época em que foi decretado o Edito de Constantino, sendo finalmente libertado. Segundo alguns historiadores, o bispo Nicolau esteve presente no primeiro Concílio, em Nicéia, no ano 325.

Foi venerado como santo ainda em vida, tal era a fama de taumaturgo que gozava entre o povo cristão da Ásia. Morreu no dia 6 de dezembro de 326, em Mira. Imediatamente, o local da sepultura se tornou meta de intensa peregrinação. O seu culto se difundiu antes na Ásia, e o local do seu túmulo, fora da área central de Mira, se tornou meta de peregrinação.

O documento mais antigo sobre ele foi escrito por Metódio, bispo de Constantinopla, que em 842 relatou todos os milagres atribuídos a são Nicolau de Mira. Depois, mais de sete séculos passados da sua morte, "Nicolau de Mira" se tornou "Nicolau de Bari". Em 1087, a cidade de Bari, em Puglia, na Itália, sofria a subjugação dos normandos. E Mira já estava sob domínio dos turcos muçulmanos. Setenta marinheiros italianos desembarcaram nessa cidade e se apoderaram das suas relíquias mortais, transferindo-as para Bari. O corpo de são Nicolau foi acolhido, triunfalmente, pela população de Bari, que o elegeu seu padroeiro celestial. E ele não decepcionou: por sua intercessão os prodígios e milagres ocorriam com grande freqüência. Seu culto se propagou em toda a Europa. Então, a sua festa, no dia 6 de dezembro, foi confirmada pela Igreja.

A tradição diz que os pais de Nicolau eram nobres, muito ricos e extremamente religiosos. Que era uma criança com inclinação à virtuosidade espiritual, pois nas quartas e nas sextas-feiras rejeitava o leite materno, ou seja, já praticava jejum voluntário. Quando jovem, desprezava os divertimentos e vaidades, preferindo freqüentar a igreja. Costumava fazer doações anônimas em moedas de ouro, roupas e comida às viúvas e aos pobres. Dizem que Nicolau colocava os presentes das crianças em sacos e os jogava dentro das chaminés à noite, para serem encontrados por elas pela manhã. Dessa tradição veio a sua fama de amigo das crianças. Mais tarde, ele foi incluído nos rituais natalinos no dia 25 de dezembro, ligando Nicolau ao nascimento do Menino Jesus.

Mais tarde, quando já era bispo, um pai, não tendo o dinheiro para constituir o dote de suas três filhas e poder bem casá-las, havia decidido mandá-las à prostituição. Nicolau tomou conhecimento dessa intenção, encheu três saquinhos com moedas de ouro, o dote de cada uma das jovens, para salvar-lhes a pureza. Durante três noites seguidas, foi à porta da casa daquele pai, onde deixava o dote para uma delas. Existem muitas tradições e também lendas populares que se criaram em torno deste santo, tão singelo e singular.

A sua figura bondosa e caridosa, símbolo da fraternidade cristã, mantém-se viva e impressa na memória de toda a cristandade. Agora, também na da humanidade toda, porque perpetuada através dos comerciantes nas vestes de Papai Noel nos países latinos, de Nikolaus na Alemanha e de Santa Claus nos países anglo-saxões. Mesmo sob falsas vestes, são Nicolau nos exemplifica e recorda o seu grande amor às crianças e aos pobres e a alegria em poder servi-los em nome de Deus.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

domingo, 5 de dezembro de 2021

Maria Santíssima na Piedade Cristã

Crédito: Editora Cléofas

“A Mariologia não constitui um entrave para a verdadeira piedade? Ela pode desviar de Cristo a atenção dos fiéis, criando obstáculos a uma devoção cristocêntrica?”

Desde cedo na era cristã, a atenção dos fiéis se voltou para Maria, Mãe de Jesus, e, consequentemente, Mãe de Deus feito homem (theotókos, em grego). A piedade para com Maria se foi desenvolvendo no decorrer dos séculos, à semelhança do que se dá com as potencialidades de uma semente destinadas a se desabrochar lentamente. Nos últimos tempos, as expressões de devoção mariana chegaram ao auge; tomadas em si mesmas ou independentemente do seu quadro real, poderiam causar estranheza, dando talvez a crer que os fiéis admitem dois Mediadores — Cristo e Maria — ou prestam a Maria o culto que só a Deus convém.

De antemão seja dito de maneira peremptória: a teologia católica professa um único Mediador entre Deus e os homens — Jesus Cristo (cf. 1 Tim 2,5) — e rejeita qualquer forma de devoção a Maria que se possa confundir com a adoração devida a Deus só. Maria é criatura; por isto todo o apreço que os fiéis lhe dedicam, tem que se referir, em última análise, ao Criador ou a Deus.

Feita esta observação, procuremos averiguar como se poderia delinear a genuína atitude dos fiéis frente a Maria ou o lugar que a piedade para com Maria deve ocupar na vida cristã. A seguir, acrescentar-se-á algo a respeito das duas tendências da Mariologia contemporânea.

1. A genuína devoção a Maria

Todo cristão é chamado a reproduzir em si a imagem do Cristo Jesus, ao qual o Pai quis nos tornássemos configurados (cf. Rom 8, 29). Em consequência, a espiritualidade cristã é essencialmente cristocêntrica, ou seja, voltada para Cristo, o Primogênito dentre muitos irmãos (cf. Rom 8,29). O cristão tem que prolongar em si os sentimentos do Cristo Jesus (cf. Flp 2,5): é Cristo quem nele vive, padece e triunfa (cf. Gál 2,20; Col 1,24; Flp 4,13).

Ora o cristocentrismo da piedade cristã, entre outras consequências, há de acarretar a seguinte: em relação à Mãe de Jesus — Maria — o cristão procurará comportar-se como um outro Jesus. A própria devoção a Cristo, ou melhor, a identificação com Cristo o levará a estimar Maria; ele então cultivará em si o afeto filial e a ternura dedicada que o Senhor Jesus nutria para com sua Mãe Santíssima.. Em outros termos: o genuíno cristão não pode deixar de alimentar em si uma profunda piedade mariana; tal piedade contudo jamais será independente da piedade para com Cristo, nem anterior a esta (como se os fiéis passassem de Maria a Jesus, e de Jesus ao Pai), mas será toda iluminada pela perspectiva de Cristo, toda vivida por causa de Jesus.

Eis como D. Columba Marmion, que tanto explanou a nossa filiação adotiva em Cristo, expõe a doutrina acima:

«Nossa perfeição se deve avaliar pelo nosso grau de semelhança a Jesus Cristo… Ora o amor e o respeito de Jesus para com sua Mãe eram imensos; por conseguinte, devo procurar Imitar Jesus nesse ponto».

«Devemo-nos tornar pela graça o que Jesus é por natureza: filho de Deus e filho de Maria».

«Há dois atributos fundamentais que constituem, por assim dizer, a essência do Homem-Deus; imitá-los, reproduzi-los em nós, eis a essência da nossa santidade: Jesus é ‘Filho do Pai’ e ‘Filho de Maria’. Quanto mais formos, por Jesus, ‘filhos do Pai’ e ‘filhos de Maria’, tanto mais participaremos da sua santidade infinita, tanto mais seremos perfeitos» (textos transcritos da obra de M. M. Philipon, La doctrine spirituelle de Dom Marmion. Paris 1954, 286. 299).

A respeito das relações de Jesus com Maria nos SS. Evangelhos, cf. «P. R.» 6/1958, qu. 8.

Desta forma a devoção para com Maria aparece arraigada no âmago mesmo da vida cristã; longe de constituir uma etapa medianeira ou preliminar na demanda de Cristo, ela vem a ser a expressão mais óbvia da inserção em Cristo que constitui a artéria central da vida sobrenatural. O cristão renasce em Cristo (nada é anterior a Jesus, entre os mananciais da vida cristã) ; é também em Cristo que o fiel desenvolve a sua vida espiritual; por isto mesmo é ele devoto de Maria; a piedade para com a Mãe de Jesus não divide a atenção do cristão, mas, ao contrário, é toda inspirada e canalizada pela piedade para com Jesus.

«Jesus Cristo é nosso modelo. Assim como encontramos nele o modelo perfeito do Filho de Deus, nele também encontramos o modelo perfeito do filho de Maria».

«Jesus amou e honrou sua Mãe. A nós toca honrá-la, amá-la, regozijar-nos por todos os seus privilégios». «… Amemos Maria mais que todas as genitoras… Maria vê Jesus em cada um de nós» (D. Marmion, ob. cit. 301).

É na base destas ideias que se fala da «maternidade espiritual» de Maria em relação ao gênero humano. As palavras «Eis teu filho» que Jesus proferiu a Maria indicando João Evangelista (cf. Jo 19, 26), recobrem todos os homens na medida em que cada um é irmão de Jesus, seja por afinidade de natureza (todos são filhos de Adão), seja por afinidade sobrenatural (em virtude do batismo).

Pode-se ainda observar que a piedade para com Maria leva espontaneamente os fiéis a procurar reproduzir em si as virtudes da Mãe de Jesus (ninguém é verdadeiro devoto dos santos, caso não seja também zeloso imitador dos mesmos). Na verdade, as virtudes de Maria não são senão facetas da plenitude de perfeição de Jesus mesmo (cf. Jo 1,16); considerando a vida de Maria nos quadros que a Escritura Sagrada sucessivamente descreve (desde a Anunciação do Anjo até a descida do Espírito Santo em Pentecostes), os fiéis vão contemplando, em última análise, a maneira concreta como a vitória de Cristo se realizou na mais digna das criaturas: a humildade de Maria, seu devotamento à obra da Redenção, sua perseverança na fé, sua paciência no sofrimento são lições que devem levar os fiéis a concretizar em sua vida pessoal a figura de Jesus; é. em última instância, o Cristo que os fiéis contemplam em Maria e é a Cristo que Maria os quer fazer chegar. A devoção a Maria, assim como procede da união do cristão com Cristo, deve terminar em aumento dessa mesma união com o Senhor.

Destarte a verdadeira devoção mariana consistirá em que cada cristão se torne para Maria um outro filho, um «outro Cristo», o que só se pode dar por efeito de uma identificação crescente com Cristo ou na base de uma piedade estritamente cristocêntrica.

A propósito muito se recomenda a citada obra de Philipon: «A doutrina espiritual de D. Marmion» (tradução brasileira da Ed. AGIR), no cap. «A Mãe de Cristo».

A história dos estudos marianos tem suas fases bem características, através das quais se foi desenvolvendo a riqueza doutrinária contida no grão de mostarda ou na semente da Revelação primitiva; as proposições referentes a Maria foram sendo sucessivamente afirmadas no decorrer dos séculos, não como novas verdades de fé. mas como explicitações de verdades já professadas no credo inicial da Cristandade.

Assim se distinguem:

– o período patrístico, em que os grandes bispos e defensores da fé na Igreja primitiva elaboraram os primeiros dados da Mariologia: muito focalizaram o paralelismo entre Maria e a Igreja, ambas realizando a função da Maternidade em relação a Cristo (Maria por obra do Espírito Santo gerou o Cristo físico; a Igreja, por obra do mesmo Espírito, que age através dos sacramentos, gera o Cristo místico nas almas). O período atingiu seu apogeu no concílio de Éfeso (431), quando foi definida a divina maternidade de Maria. Seguiu-se…

– o período dos pregadores orientais (até o séc. IX): falando aos fiéis por ocasião das festas de Maria, os teólogos e pastores de almas foram exaltando as prerrogativas da Mãe de Deus: preservação de todo pecado, assunção corpórea aos céus, aspectos de seu poder intercessor. Vieram…

– os séculos XII e XIII no Ocidente, em que S. Anselmo, S. Bernardo, S. Boaventura deram notável incremento à piedade para com Maria, realçando seu papel no plano divino;

– do fim do séc. XIII a meados do séc. XVI, a teologia em geral se viu depauperada pela baixa do nível filosófico e cultural da época;

– em fim do séc. XVI registrou-se um surto dos estudos marianos, entrando muito em foco a Imaculada Conceição; o movimento partiu da Espanha e atingiu o seu auge entre 1630 e 1650; teve, porém, o seu lento declínio, de sorte que no começo do séc. XIX a literatura referente a Maria era escassa e de fraco conteúdo.

– por volta de 1840 recomeçou a ascensão: aparecimento da Imaculada e comunicação da Medalha Milagrosa a Sta. Catarina Labouré, em 1830; definição da Imaculada, em Í854; aparições da Imaculada em Lourdes (1858).

– no início do séc. XX novo Impulso foi dado à Mariologia, Impulso que, a partir de 1930, como se sabe, tomou vulto inédito na história da Teologia.

Hoje em dia duas são as diretivas predominantes nos estudos concernentes à Santa Mãe de Deus: a tendência que se poderia chamar «Cristotípica», e a «eclesiotípica». A primeira, representada principalmente por teólogos espanhóis, procura explanar tudo que há de original e próprio em Maria, tendendo a colocá-la num plano que transcende o das demais criaturas e o da Igreja; Maria aparece assim como colaboradora intimamente associada à obra de Cristo e da Redenção (é essa tendência que muito promove os estudos sobre a «Corredentora, a Medianeira Universal»…).

A orientação eclesiotípica, professada principalmente por teólogos alemães, tende, ao contrário, a ver o que há de comum entre Maria e a Igreja; Maria é tida então como protótipo e miniatura da Igreja («Ecclesia»). Tal corrente é muito mais bíblica e tradicional,… mais segura e construtiva, porque menos sutil e abstrata. Tomou forte incremento nos últimos anos, de certo modo em reação contra divagações acadêmicas da tendência «cristotípica»; é sóbria e reservada em suas publicações, ao passo que a corrente cristotípica se mostra extraordinariamente fecunda e prolixa. A orientação eclesiotípica merece todo encômio por ser uma expressão da volta às fontes muito acentuada entre os fiéis católicos contemporâneos (cf. «P. R.» 20/1959, qu. 3). É na direção eclesiotípica que se deve desejar o desenvolvimento dos estudos marianos.

Aliás, o paralelo «Maria-Igreja» vem a ser o ponto de encontro de dois outros paralelismos focalizados pelos cristãos antigos e medievais: «Eva-Maria» e «Eva-Igreja». Maria e a Igreja representam realizações grandiosas e sucessivas de uma realidade única e básica: a Maternidade sobrenatural, que gera Cristo e os cristãos. Acontece, porém, que, desempenhando essa sua missão, Maria e a Igreja não fazem senão reparar e restaurar a maternidade mesma que Eva pela primeira vez representou na história, mas representou de maneira falha, gerando para a morte, e não para a vida. Assim Maria e a Igreja constituem facetas de uma segunda Eva. verdadeira Mãe dos vivos (cf. Gên 3,20); por sua vez, Maria, a Igreja e Eva vêm a ser concretizações de uma realidade grandiosa e primordial — a Maternidade e sua função salvífica no plano de Deus.

Fazendo eco, no setor da piedade, a essa corrente mariológica tradicional ou muito reabastecida pelas fontes, é que se situa o tipo de piedade mariana indicada no primeiro parágrafo da presente resposta: o cristão deve mais e mais tornar-se um outro Cristo; em consequência há de ser genuíno «filho do Pai» e devoto filho de Maria.

Conhecendo este belo aspecto da piedade mariana, os irmãos separados já não ressentirão as dificuldades que lhes causam certas formas de devoção que o povo católico às vezes cultiva com exuberância, mas sem orientação teológica, formas de devoção, portanto, pouco representativas da mente da Igreja. Longe de ser aberração ou desvio, vê-se que uma piedade filial para com Maria, a. Mãe de Jesus, não pode deixar de decorrer da configuração do cristão ao Cristo Jesus.

Note-se, aliás, que a consideração de Maria «Mãe de Jesus» é predominante na devoção dos cristãos orientais: as imagens ou Ícones de Maria costumam apresentar a Senhora com o Menino-Deus nos braços.

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

Fonte: https://cleofas.com.br/

ARMANDO O PRESÉPIO DE NATAL

Crédito: Comboni

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

Já estamos em um novo Ano Litúrgico, no Advento, tempo da “bela tradição das famílias prepararem o Presépio, e o costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças” …: é assim que começa a Carta Apostólica do Papa Francisco, “Sinal Admirável”, sobre o valor e o significado do Presépio.  

“Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. O Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele. O evangelista Lucas limita-se a dizer que, tendo-se completado os dias de Maria dar à luz, ‘teve o seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria’ (2, 7). Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra presépio. Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar como ‘o pão vivo, o que desceu do céu’ (Jo 6, 51). Uma simbologia, que já Santo Agostinho, a par doutros Padres da Igreja, tinha entrevisto quando escreveu: ‘Deitado numa manjedoura, torna-Se nosso alimento’. Na realidade, o Presépio inclui vários mistérios da vida de Jesus, fazendo-os aparecer familiares à nossa vida diária”. 

A ideia dessa representação é atribuída a São Francisco de Assis: “Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro” … “O Presépio é um convite a ‘sentir’, a ‘tocar’ a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação, tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até à Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados”. 

“‘Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer’ (Lc 2, 15) …: os pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da salvação que nos é oferecida… Pouco a pouco, o Presépio leva-nos à gruta, onde encontramos as figuras de Maria e de José. Maria é uma mãe que contempla o seu Menino e O mostra a quantos vêm visitá-Lo… Ao lado de Maria, em atitude de quem protege o Menino e sua mãe, está São José… É o guardião” … “O coração do Presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, no Natal, a figura do Menino Jesus. Assim Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher nos nossos braços… Em Jesus, Deus foi criança e, nesta condição, quis revelar a grandeza do seu amor” … 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa Francisco: “A luz de Jesus é sempre maior que as trevas”

ANDREAS SOLARO | AFP

"Jesus é a luz que ilumina as noites do coração e do mundo, derrota as trevas e vence toda a cegueira."

O Papa Francisco afirmou, durante a homilia da sua primeira Missa nesta viagem apostólica ao Chipre, que a luz de Jesus é sempre “maior que qualquer uma das nossas trevas”.

Celebrando em latim no Estádio GSP da capital Nicósia, o Papa exortou:

“Renovemos a nossa confiança n’Ele. Digamos a Ele: Jesus, acreditamos que a vossa luz é maior que qualquer uma das nossas trevas. Acreditamos que podeis curar-nos, que podeis renovar a nossa fraternidade, que podeis multiplicar a nossa alegria, e, com toda a Igreja, nós Vos invocamos todos juntos: vinde, Senhor Jesus!”.

A Santa Missa foi concelebrada com o patriarca maronita de Antioquia, cardeal Béchara Boutros Raï, e com o patriarca latino de Jerusalém, dom Pierbattista Pizzaballa. Participaram cerca de 10 mil pessoas, incluindo o presidente da República do Chipre e um grupo de fiéis do Líbano. Os cantos litúrgicos foram entoados por um grande coro que juntou crianças, adolescentes e adultos. A primeira leitura e o Evangelho foram proclamados em grego, enquanto o salmo foi cantado em inglês.

A luz de Jesus

Francisco falou, no sermão, da passagem do Evangelho de São Mateus em que Jesus cura dois cegos que, no entanto, “enxergam o que mais importa: eles reconhecem Jesus como o Messias que veio ao mundo”. A partir desta passagem, o Papa sugeriu três atitudes: ir atrás de Jesus para pedir a cura, suportar juntos os sofrimentos e anunciar com alegria o Evangelho.

Sobre Jesus, Francisco declarou:

Jesus é a luz que ilumina as noites do coração e do mundo, derrota as trevas e vence toda a cegueira. Nós também, como os dois cegos, temos cegueiras no coração. Somos caminhantes muitas vezes imersos nas trevas da vida. A primeira coisa a fazer é ir atrás de Jesus como Ele próprio nos pede: ‘Vinde a Mim todos vós que estais cansados e oprimidos, pois vos darei alívio'”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF