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terça-feira, 15 de novembro de 2022

No entardecer do mundo

Dom Lindomar Rocha | CNBB

NO ENTARDECER DO MUNDO

  Dom Lindomar Rocha Mota

Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Quase concluindo o ano litúrgico e o ciclo do Evangelho de Lucas, deparamo-nos com a mensagem escatológica de Jesus. É a sua última pregação antes da Paixão e Ressurreição. 

Em questão, o fim dos tempos, os falsos profetas, eventos catastróficos e a coragem de testemunhar. 

A profecia que identificava a destruição do Templo com fim dos tempos é superada! Entretanto, Jesus alerta que no vazio deixado por sua ausência, como, por fim, o vazio deixado pelas grandes tradições, oferece oportunidade para pregadores de ocasião. Gente que se alvora a salvar o mundo com suas palavras e caminhos extemporâneos. Há uma alerta geral, pois nos lembra o Senhor: “Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome” (Lc 21,8). 

Os falsos profetas se espalham por toda parte. Por vezes são invejados e copiados, mas isso não testemunha o Reino nem a presença de Jesus. 

Tempos difíceis também não são provas para o fim dos tempos. Eventos catastróficos e esperanças desviadas são sinais inequívocos de um mundo em ocaso, mas não é o ocaso final.  

No entardecer do mundo a única coisa que atesta os sinais do Reino é a coragem dos discípulos. 

A coragem daqueles que decidem permanecer de pé no crepúsculo é a prova do Reino. Desde sempre estimamos e apreciamos a coragem. Ela se manifesta em meio às dificuldades e é marcada pela decisão de não seguir o caminho fácil. De não ceder ao mal. De não manipular a vontade de Deus, mas de ser passagem que permite o Reino acontecer. 

Essa coragem é a marca dos que darão testemunho. Não haverá, como por fim, já não há agora, vida fácil. Neste quesito o Senhor não engana ninguém. “Vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês” (Lc 21,10). 

Neste tempo crepuscular o discípulo aparece fragilizado. Não demonstra fortuna e parece envolto em dúvidas. Está fraco. É odiado “por todos, por causa do nome do Senhor”. É neste momento que ele enfrenta o mal. 

A coragem transforma a caminhada numa jornada. Os empecilhos e até perigo para a vida não esmorece os discípulos. Eles estão dispostos fazer a jornada até o fim. Rindo dos infortúnios e alegrando-se com as derrotas. Assim, Paulo se misturava com os grandes e pequenos do mundo. Assim, pescadores de origem modestas olharam o mundo nos olhos. Anunciaram a sua morte e proclamaram o nascimento de um mundo novo. 

Confiantes eles confiaram. Não prepararam nada com antecedência e não se espantaram com o novo que vinha. 

Com coragem permaneceram firmes na fé e nesta perseverança ganharam a vida que o Senhor lhes prometera (Lc 21,19).

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF