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sábado, 21 de janeiro de 2023

Os perigos da superproteção para nossos filhos

As borboletas têm seu tempo para sair do casulo Freepik

Os perigos da superproteção para nossos filhos

Crianças precisam aprender a lidar com as pequenas frustrações e a solucionar problemas que representem um desafio à sua altura.

Por Daniel Becker - 19/01/2023

Um homem andava pelo campo quando viu uma borboleta lutando para sair de seu casulo. Ela se contorcia intensamente para passar através do pequeno buraco. Com pena, ele aumentou um pouco o buraco, facilitando a passagem da borboleta.

O que o homem não sabia era que o processo de esforço e compressão contra o casulo era o que permitia que a circulação do sangue fosse direcionada para as asas.

Quando a borboleta emergiu do casulo, era incapaz de voar.

É difícil demais ver nossos filhos sofrendo. É uma tendência mais que compreensível, quase instintiva, tentar ajudar, resolver o problema para ele.

Sofia vem do play chorando porque as amigas a excluíram da brincadeira. João não quer ir à escola porque não estudou para a prova. Malu está sofrendo porque as melhores amigas já têm celular e ela não. Pedro, 3 anos, chora desesperado porque não consegue completar o quebra cabeça e Lia se joga no chão porque quer comer biscoito quando faltam 15 minutos para o jantar. Situações cotidianas da infância.

É natural querermos ir tirar satisfação com as amigas de Sofia, ligar para a escola para dizer que João está com febre, comprar um celular para Malu, completar o jogo para Pedro e dar o biscoito para Lia.

Isso pode trazer alívio e alegria no curto prazo, mas é um atalho perigoso.

Crianças precisam aprender a lidar com as pequenas frustrações e a solucionar problemas que representem um desafio à sua altura, ou seja, que elas sejam capazes de resolver com algum esforço. Não estou falando de criar frustrações artificiais nem de abandoná-las à própria sorte. Claro que não.

Trata-se de acolher seus sentimentos, mostrar que estamos ao seu lado, mas que cabe a elas encontrar soluções. Podemos ajudar, acalmar, orientar, apoiar, dar pistas, guiar com perguntas. Mas elas precisam desenvolver a capacidade de encontrar caminhos próprios para resolver seus problemas.

Isso contribui para desenvolver habilidades como paciência, adiamento da gratificação, imaginação, resiliência, solução de problemas, perseverança. E importante: ajuda a quebrar o narcisismo. Afinal, o mundo não existe apenas em função delas, nem gira em torno dos umbiguinhos, por mais lindos que sejam.

Fonte: https://oglobo.globo.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF