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sexta-feira, 16 de junho de 2023

Santos Julita e Ciro

Santos Julita e Ciro | Templário de Maria

16 de junho

Santa Julita é padroeira das viúvas

São Ciro é o padroeiro das crianças vítimas de maus tratos

Origens

Julita foi a mãe de Ciro. Nascida na cidade de Icônio, na região da Licaônia, hoje Turquia, Santa Julita era uma mulher muito rica, pertencente à aristocracia. Ficou viúva logo depois do nascimento de seu filho. No batismo do menino, ele recebeu o nome de Ciro. Viúva, Santa Julita perseverou na fé cristã e ensinava Ciro nos caminhos do Senhor.

Perseguição

Quando Ciro completou três anos, o imperador romano Diocleciano começou sua terrível perseguição contra os cristãos, prendendo e matando a muitos. Julita, então, fugiu com Ciro para a região da Selêucia e depois para a cidade de Tarso. Em Tarso, ela foi presa por Alexandre, o governador romano da região, pelo fato de ser cristã.

Torturas

O governador Alexandre, vendo que Julita era pessoa rica e influente, quis que ela renunciasse à fé cristã para servir de exemplo todos. Santa Julita, porém, não renunciou a Jesus. Por isso, o governador tirou o filho Ciro dos braços da santa, colocou-o em seu colo (o do governador) e mandou que Julita fosse submetida aos açoites. O governador ficou ali, com Ciro em seu colo, assistindo ao sofrimento de Santa Julita, na esperança de que ela, assim, renegasse a fé.

Ciro, o mais novo mártir do cristianismo

Ao ver que Santa Julita não abandonava a fé, o governador mandou que aumentassem as torturas. Então, o pequeno Ciro, ao ver o terrível sofrimento da mãe, pulou do colo do governador e foi para junto de sua mãe. Quando todos esperavam que ele simplesmente fosse pedir pela mãe, ele começou a gritar: “Eu também sou cristão! Eu também sou cristão!” O governador ficou tão furioso que deu um violento chute no menino. Este rolou por uma escada abaixo e morreu. Ciro foi o mais novo mártir do cristianismo. Mesmo criança com, no máximo cinco anos, morreu por testemunhar que era cristão. Por isso, ele é padroeiro das crianças vítimas de maus tratos.

Morte de Santa Julita

Ao ver o filho morto com tamanha viol6encia, Santa Julita não murmurou nem chorou. Ela somente pediu a Deus que lhe concedesse a graça de poder morrer pela fé como seu pequeno Ciro. E assim aconteceu. Santa Julita sofreu ainda outras torturas e, em seguida, foi decapitada. Era o ano 304.

Família cristã

Santa Julita e São Ciro testemunham para todo mundo que a fé em Jesus Cristo é maior que tudo, inclusive a morte. Eles também testemunham o poder da união familiar, permanecendo unidos em Cristo, mesmo com Ciro ainda tão pequeno. Ciro só não é mais novo do que os Santos Inocentes, aqueles meninos com menos de dois anos, assassinados por Herodes em Belém, por ocasião do nascimento de Jesus.

Oração a Santa Julita e São Ciro

Ó Deus, que destes a Santa Julita e a São Ciro a graça de tão grande perseverança na fé, a ponto de entregarem suas vidas por amor a Jesus, dai também a nós a graça de perseverarmos na fé, para que o mundo veja que pertencemos a vós. Por Cristo, nosso Senhor, amém. Santa Julita e São Ciro, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Das Homilias sobre o Livro de Josué, de Orígenes, presbítero

A queda das mulharas de Jericó | santuariodosmilagresbrasil

Das Homilias sobre o Livro de Josué, de Orígenes, presbítero

(Hom. 6,4: PG 12,855-856)             (Séc. III)

A tomada de Jericó

Jericó, sitiada, tem de ser tomada. Como será vencida Jericó? Não se desembainha a espada contra ela, não se arremete o aríete, nem se vibram as lanças. Somente se tocam as trombetas sacerdotais, e os muros de Jericó desabam. Com frequência vemos nas Escrituras o nome de Jericó empregado como figura do mundo. No Evangelho, quando se narra que o homem desceu de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos ladrões, sem qualquer dúvida, refere-se àquele Adão que do paraíso foi lançado ao exílio do mundo. Também os cegos em Jericó, aos quais Jesus restituiu a vista, eram figura daqueles que neste mundo são vítimas da cegueira da ignorância e para os quais veio o Filho de Deus. Portanto, esta Jericó, este mundo, irá cair. Pois a consumação dos tempos já foi bem anunciada pelos Santos Livros.

Como se dará sua consumação? Por que meios? Ao som das trombetas, lê-se. De que trombetas? Paulo esclarece. Escuta-o: Soará a trombeta e os mortos em Cristo ressurgirão incorruptos e o Senhor mesmo, ao sinal dado, à voz do arcanjo e da trombeta de Deus, descerá do céu. Então Jesus, nosso Senhor, vencerá com trombetas Jericó e jogá-la-á por terra, de tal forma que só se salve a meretriz e sua casa. Virá, diz ele, nosso Senhor Jesus, e virá ao som das trombetas.  

Salvará aquela única que recebeu seus exploradores, que, tendo acolhido na fé e na obediência seus apóstolos, os colocou nos aposentos de cima. Unirá, então, esta meretriz à casa de Israel. Contudo não repitamos nem lhe lembremos a antiga culpa. Outrora meretriz, agora, porém, é virgem casta e foi unida a um só varão casto, o Cristo. Ouve o que o Apóstolo diz dela: Decidiu isso: a um só varão, Cristo, apresentar-vos como virgem casta. Pertencia também a ela aquele que dizia: Fomos também nós outrora insensatos, incrédulos, inconstantes, escravos de múltiplos desejos e volúpias.  

Queres ainda mais acuradamente saber como a meretriz já não o é mais? Escuta Paulo de novo: Assim também éreis vós, mas fostes lavados, fostes santificados no nome de nosso Senhor, Jesus Cristo, e no Espírito de nosso Deus. Para poder escapar e não perecer com Jericó, ela recebeu dos exploradores eficacíssimo sinal de salvação, uma fita escarlate. Na verdade, pelo sangue de Cristo, esta Igreja toda inteira se salvará, no mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, a quem a glória e o império pelos séculos dos séculos. Amém.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

A melhor maneira de nunca ficar sem dinheiro

Kelly Sikkema | Unsplash CC0

Por Aliénor Strentz

A lógica da sociedade do consumo nos leva a nunca estarmos satisfeitos com o que temos. Parece que sempre nos falta algo. A Bíblia, entretanto, propõe uma mudança de mentalidade.

Por vezes, circula nos meios católicos um preconceito segundo o qual dinheiro é sinônimo de “mal” e riqueza é sinônimo de “problema”. No entanto, a Bíblia nos mostra que a riqueza pode ser o resultado da bênção divina. Em Gênesis (26,12-13), Isaac colheu o cêntuplo do que havia semeado, porque o Senhor o abençoou. Os versículos seguintes indicam ainda que Isaac crescia cada vez mais, até ficar muito rico.  

Como Isaac, Salomão é abençoado por Deus, que lhe promete “riquezas, tesouros e glória”. Deus explica a Salomão que ele ficará muito rico justamente porque não desejou riquezas, mas pediu ao Eterno “sabedoria” para conduzir bem o povo. 

A atitude correta do coração 

Por outro lado, a Bíblia condena uma relação desequilibrada com o dinheiro, causando ganância, cobiça, depressão e infelicidade. Tornamo-nos idólatras se nos deixamos arrebatar pela sede de uma posse cada vez maior das coisas materiais e efêmeras e se erramos o nosso objetivo, que é unir-nos ao Deus eterno, única fonte da nossa verdadeira felicidade.

O jovem rico interpelado por Jesus (Mateus 19, 16-22) coloca o dinheiro no topo da sua hierarquia de valores. Apesar de suas virtudes morais, desenvolveu uma forma de idolatria em relação ao dinheiro, que o impedia de seguir a Cristo, de dar frutos e de ser feliz.

Ao contrário desse jovem, Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos, mudará radicalmente sua atitude em relação ao dinheiro a partir do encontro com Cristo (Lucas 19, 1-10). Ele não desejará a pobreza, mas usará sua prosperidade com sabedoria, em favor dos necessitados. 

O medo de perder não vem de Deus

Nesta nossa sociedade consumista, o que temos nunca é suficiente. Muitas vezes, sucumbimos à tentação de gastar mais. Chegamos a nos endividar para conseguir mais e mais coisas. 

A sensação de riqueza também é relativa: a única forma de se sentir realmente rico é não encontrar ninguém que tenha mais – o que é quase impossível.

A Bíblia nos convida a passar de um estado de espírito “normal” para uma perspectiva profundamente “anormal”. Uma lição ensinada por Provérbios: a melhor maneira de nunca ficar sem dinheiro é ser generoso, dar generosamente! 

“A alma generosa será cumulada de bens; e o que largamente dá, largamente receberá.”

Provérbios 11,25

Então, em vez de nos deixarmos guiar pelo medo da falta, devemos dar um salto de fé, acreditando resolutamente no que o Senhor nos revela: “A prata e o ouro me pertencem”(Ageu 2,8). 

Podemos meditar na vida de muitos santos, como Madre Teresa ou mesmo São Maximiliano Kolbe, que, numa época em que não tinham nada para continuar seu trabalho ou socorrer os pobres, receberam uma inesperada e providencial ajuda em dinheiro.

O estado de espírito certo e sábio

A sabedoria da Bíblia visa libertar-nos do domínio que o dinheiro e as posses podem exercer sobre nós e ajudar-nos a alcançar a verdadeira felicidade. Em resumo, a Escritura nos oferece quatro lições sobre dinheiro e a mentalidade certa a adotar para não ser escravo dele:

– O dinheiro é um meio para fazer o bem e ser feliz (Salmo 127,2: “Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar).

– Nosso coração e nossa esperança devem permanecer fixos somente em Deus, e não na riqueza, que pode desaparecer (1 Timóteo 6,17: “Exorta os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua esperança nas riquezas volúveis, mas em Deus, que nos dá abundantemente todas as coisas para delas fruirmos”).

– Nossos atos de generosidade nunca são uma perda, mas uma santificação de nosso dinheiro (Lucas 12,33: “Vendei o que possuis e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói”).

– Não estaremos honrando a Deus se estivermos constantemente reclamando da falta. (1 Timóteo 6,6-8: “Grande fonte de lucro é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de des­prendimento. Porque nada trouxe­mos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isso”).

Assim, a riqueza é antes de tudo um estado de espírito, essencial para praticarmos a generosidade. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: sofremos a escassez de fraternidade, dizer seriamente "não" à guerra

Uma mulher vítima da guerra na Ucrânia | Vatican News

"Como homem de fé, acredito que a paz seja o sonho de Deus para a humanidade. A paz é possível, se realmente desejada", escreve Francisco em seu discurso lido no Conselho de Segurança da ONU por dom Paul Richard Gallagher. A "fraternidade não pode permanecer uma ideia abstrata, mas deve se tornar o ponto de partida concreto", recorda o Papa.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O secretário para as Relações com os Estados e as Organizações Internacionais, dom Paul Richard Gallagher, leu um discurso do Papa Francisco, na tarde desta quarta-feira (14/06), no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque.

O Santo Padre agradece o convite, ao qual aceitou de bom grado, para se dirigir ao Conselho de Segurança da ONU, "porque estamos atravessando um momento crucial para a humanidade, no qual a paz parece sucumbir diante da guerra".

Francisco recorda, no texto lido por dom Gallagher, "que os conflitos estão aumentando e a estabilidade está cada vez mais ameaçada". "Estamos vivendo uma terceira guerra mundial em pedaços que, quanto mais o tempo passa, mais parece se expandir. O Conselho, cujo mandato é supervisionar a segurança e a paz no mundo, às vezes parece impotente e paralisado aos olhos do povo. Porém, o seu trabalho, apreciado pela Santa Sé, é essencial para promover a paz", ressalta o Papa, convidando os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a "enfrentar os problemas comuns, distanciando-se das ideologias e particularismos, das visões e interesses partidários, cultivando uma única intenção: trabalhar para o bem de toda a humanidade". "Espera-se que o Conselho respeite e aplique «a Carta das Nações Unidas com transparência e sinceridade, sem segundas intenções, como um ponto de referência obrigatório de justiça e não como um instrumento para mascarar intenções ambíguas»."

Enfraquecimento dos laços sociais

A seguir, o Papa recorda que "no mundo globalizado de hoje estamos todos mais próximos, mas não por isso mais irmãos".

“Pelo contrário, sofremos a escassez de fraternidade, que emerge das tantas situações de injustiça, pobreza e desigualdade, a falta de uma cultura da solidariedade.”

"As novas ideologias, marcadas pelo individualismo generalizado, egocentrismo e consumismo materialista, enfraquecem os laços sociais, alimentando a mentalidade do ‘descarte’, que leva ao desprezo e abandono dos mais frágeis, daqueles que são considerados ‘inúteis’", ressalta.

Segundo Francisco, "o pior efeito desta escassez de fraternidade são os conflitos armados e as guerras, que não tornam apenas as pessoas inimigas, mas povos inteiros, cujas consequências negativas se repercutem por gerações". "Com o nascimento das Nações Unidas parecia que a humanidade tivesse aprendido, depois de dois terríveis conflitos mundiais, a caminhar em direção a uma paz mais estável, a se tornar, finalmente uma família de nações. Em vez disso, parece que se está voltando atrás na história, com o surgimento de nacionalismos fechados, acirrados, ressentidos e agressivos, que desencadearam conflitos não apenas anacrônicos e ultrapassados, mas ainda mais violentos", escreve o Papa.

A paz, sonho de Deus para a humanidade

"Como homem de fé, acredito que a paz seja o sonho de Deus para a humanidadeMas constato, infelizmente, que por causa da guerra esse sonho maravilhoso está se transformando num pesadelo. Claro, do ponto de vista econômico, muitas vezes a guerra atrai mais do que a paz, pois favorece ganhos, mas sempre para poucos e em detrimento do bem-estar de populações inteiras", destaca o Papa, recordando que "o dinheiro ganho com a venda de armas é dinheiro sujo de sangue inocente. É preciso mais coragem para abrir mão dos lucros fáceis a fim de manter a paz do que para vender armas cada vez mais sofisticadas e poderosas. É preciso mais coragem para buscar a paz do que para fazer a guerra. É preciso mais coragem para favorecer o encontro do que o confronto, para sentar-se à mesa das negociações do que para continuar as hostilidades".

"Para construir a paz é preciso sair da lógica da legitimidade da guerra", sublinha Francisco, ressaltando que se essa lógica poderia valer nos tempos passados, "em que os conflitos armados tinham um alcance mais limitado, hoje, com as armas nucleares e as armas de destruição em massa, o campo de batalha tornou-se praticamente ilimitado e os efeitos potencialmente catastróficos".

“Chegou a hora de dizer seriamente "não" à guerra, de afirmar que as guerras não são justas, mas que só a paz é justa: uma paz estável e duradoura, não construída sobre o equilíbrio precário da dissuasão, mas sobre a fraternidade que une.”

Segundo o Pontífice, "aqueles que trabalham para a construção da paz devem promover a fraternidade", escutar "o grito de quem sofre por causa dos conflitos, principalmente as crianças. Os seus olhos cheios de lágrimas nos julgam, o futuro que preparamos para elas será o tribunal das nossas escolhas presentes".

Escrever um novo capítulo de paz na história

"A paz é possível, se realmente desejada! A paz deve ser racional, não passional, magnânima, não egoísta; a paz não deve ser inerte e passiva, mas dinâmica, ativa e progressiva; a paz não deve ser frágil, inepta e servil, mas forte tanto pelas razões morais que a justificam quanto pelo consenso unido das nações que devem sustentá-la".

Segundo o Papa, "estamos ainda em tempo para escrever um novo capítulo de paz na história: podemos fazer da guerra uma coisa do passado e não do futuro". A seguir, cita novamente a palavra "fraternidade" que "não pode permanecer uma ideia abstrata, mas deve se tornar o ponto de partida concreto".

"Pela paz, por toda iniciativa e processo de paz", Francisco garante o seu apoio, sua oração e a dos fiéis católicos. O Papa conclui o texto, esperando "que não só o Conselho de Segurança, mas toda a Organização das Nações Unidas, todos os seus Estados membros e cada um de seus funcionários, possam prestar um serviço eficaz à humanidade, assumindo a responsabilidade de zelar não só pelo seu próprio futuro, mas também pelo de todos, com a audácia de renovar agora, sem medo, o que é preciso para promover a fraternidade e a paz em todo o planeta".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Revista teológica promove evento em conjunto com Academia Brasileira de Filosofia no Rio

Academia Brasileira de Filosofia. - Foto: Ricardo Murdocco/Divulgação

REDAÇÃO CENTRAL, 15 Jun. 23 / 08:20 am (ACI).-

A Communio Brasil, divisão brasileira da revista internacional Communio de teologia, ciência e cultura, fará o simpósio “Fé, Cultura e a Identidade da Terra de Santa Cruz no Bicentenário da Independência Brasileira” em conjunto com a Academia Brasileira de Filosofia na sede da academia no Rio de Janeiro (RJ) nos dias 15 e 16 de junho, das 14h às 19h.

O evento contará com a participação de dom Orani cardeal Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, e dom Karl Josef Romer, bispo auxiliar emérito do Rio de Janeiro, e editor da Communio no Brasil.

A revista Communio é uma revista teológica internacional criada em 1974 pelo sacerdote, teólogo e escritor suíço Hans Urs von Balthasar com o objetivo de oferecer espaço editorial a teólogos que não compartilhavam da mesma visão que a revista Concilium, criada em 1965 após o encerramento do concílio Vaticano II, sobre dar prosseguimento a reformas radicais após o encerramento do concílio. Entre os membros da Concilium que migraram para a Communio estava Joseph Ratzinger, futuro papa Bento XVI.

Entre os temas tratados no simpósio, estão O Direito das Gentes contra a Escravidão em Padre Antônio Vieira; A Doutrina Teológica nos Sermões Litúrgicos do Padre Antônio Vieira; O Catolicismo como Grande Esteio de Solidariedade nas Comunidades Negras; O Projeto Brasileiro no Contexto da História Ocidental; Religião Católica, Moral Pública e Estadística Patriótica: A Narrativa Historiográfica do Visconde de Cairu e Arte Sacra no Rio de Janeiro: Arte, Patrimônio e Cultura.

O evento presencial é gratuito e dará um certificado aos participantes que tiverem mais de 75% de presença.

A sede da Academia Brasileira de Filosofia fica na Rua do Riachuelo, 303, no Centro.

Mais informações sobre o evento estão disponíveis no conta oficial da Revista Communio Brasil no instagram: @communiobrasil.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A dimensão pastoral das festas juninas

Festas juninas | jovensconectados

A DIMENSÃO PASTORAL DAS FESTAS JUNINAS

Dom Antonio de Assis 
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)

O mês de junho, de norte a sul do Brasil, é caracterizado pelas festas folclóricas, mas com uma forte roupagem religiosa. Por isso, nas aglomerações festivas de rua e nas instituições ressalta-se naturalmente a figura dos santos do mês de junho celebrados pela Igreja Católica, como: Santo Antônio (dia 13), São João Batista (dia 24), São Pedro e São Paulo (dia 29). Mas o folclore ultrapassa o aspecto religioso, por isso, em muitos lugares, falar da festa de Santo Antônio ou de São João não significa um evento religioso da Igreja Católica.  

Verdade, é que todos os anos talvez na maioria das nossas comunidades, paróquias, instituições religiosas, escolas católicas etc., acontecem as festas juninas. É um marco muito significativo que mobiliza, com antecedência, muitas pessoas e é sempre uma festa esperada com alegria. Há casos, em que ela tem conotação puramente econômica, em outros contextos, o grande objetivo é promover a confraternização, o espírito de comunhão, a amizade, a experiência festiva para animar as pessoas. 

 Oportunidade pastoral 

Independente das tendências do caráter das festas juninas, creio que estamos diante de uma oportunidade pastoral, sobretudo, quando esses eventos acontecem dentro dos ambientes institucionais católicos. A razão de ser da Igreja é a evangelização. Evangelizar é apresentar a pessoa de Jesus e a beleza dos valores do Reino de Deus.  

Tudo o que a Igreja faz, deve ser um exercício de evangelização, uma prática que visa despertar e estimular a fé, a catequese, a formação humana, atitudes éticas. Cada festa junina é uma enorme oportunidade para a pregação da Palavra de Deus através das múltiplas atividades e elementos típicos do folclore junino.  

A evangelização está comprometida com a promoção da dignidade humana; portanto, evangelizar requer também estimular o acolhimento, a fraternidade, a solidariedade, a partilha; evangelizar é ainda abraçar a promoção do sentido da vida: o viver com alegria, evitar excessos, fazer o bem, ser ético, ser solidário, evitar vícios. Por isso, durante as horas de uma festa junina, a sensibilidade pastoral pode generosamente disseminar bons conceitos, divulgar boas ideias, provocar compromissos sobre o sentido da vida e a importância da fé.  

O clima das festas juninas, naturalmente nos convida para a importância do aprofundamento de valores como a familiaridade, a amizade, a afetividade, a cordialidade, proximidade, harmonia nas relações. A evangelização e a catequese, não acontecem somente através da pregação explícita, mas também por meio de atividades como festas, o esporte, a música, a dança, o turismo religioso, a experiência de serviço voluntário etc.   

Elementos das festas juninas e a vida cristã 

Nas festas juninas há uma série de elementos típicos, sempre presentes, que podem ser objeto de reflexão e assim, despertar a atenção, provocar a consciência, incentivar a reflexão dos brincantes. Recordemos alguns desses elementos: a decoração, trajes, músicas e danças, comidas e bebidas típicas, a fogueira, a imagem dos santos, as brincadeiras etc.  

A decoração do ambiente, os enfeites e os trajes, nos alertam para dar atenção ao extraordinário, que supera o cotidiano e a rotina. A vida cristã é chamada a ser decorada pela beleza das virtudes; a atratividade da decoração das festas juninas nos recorda a beleza das virtudes da vida cristã que enfeitam a nossa vida. O cristão é chamado a trajar as virtudes de Jesus Cristo. Por isso São Paulo nos alerta: “vistam-se de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência… E acima de tudo, vistam-se com o amor, que é o laço da perfeição” (Cl 3,12-14); e São Pedro: “revistam-se de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a graça aos humildes.” (1Pd 5,5); para entrar no céu precisamos do traje da Caridade! (cf. Mt 25,31-46). 

Nas festas juninas há músicas e danças animadas: são atividades artísticas que nos recordam a harmonia, o louvor, o dinamismo da vida cristã; a espiritualidade cristã é integrada, harmônica, motivadora, estimulante, equilibrada; música e dança devem estar em harmonia, assim como na Igreja a fé e as atitudes; fé e vida não se separam. Assim como se dança no compasso da música, na Igreja vivemos no compasso da Palavra de Deus, do magistério da Igreja, das orientações pastorais. 

Nas festas juninas comemos e bebemos: há comidas e bebidas típicas; também na Igreja, há “comidas e bebidas típicas”: é o Pão da Palavra, o Banquete da Eucaristia, a festa do convívio fraterno… É importante convidar os participantes da festa a refletirem sobre o que os alimenta; não basta o alimento que se perde, alerta Jesus (cf. Jo 6,22-29). É preciso alimentar a alma, o coração, a inteligência! 

As imagens dos santos, nos convidam a sermos autênticos discípulos de Jesus Cristo; os santos são modelos de virtudes, são nossos intercessores; nos indagam sobre a necessidade da santidade, da vida exemplar, da tradução da fé em atitudes concretas. Nas festas juninas poderíamos falar mais das virtudes dos santos para estimular o povo a cultivar bons ideais. 

Outro elemento expressivo nas festas juninas é a fogueira; em alguns lugar ela é até eletrônica! Não importa! Certo é que há uma realidade que nos recorda a luz; o fogo é símbolo da presença do Espírito Santo que tudo ilumina, aquece, transforma, purifica; Jesus Cristo é a luz do mundo; cada cristão é chamado a ser luz, e convidado a manter aceso dentro de si, o fogo do amor, da fraternidade, da paz, da justiça. O fogo é também um convite a saída da escuridão, das trevas, da maldade, da violência, e toda forma de pecado…  

 Algumas preocupações práticas 

O zelo para com a dimensão pastoral das festas juninas e de outros eventos, não se improvisa; a consciência dessa necessidade deve estar presente no projeto e no programa de atividades. Em nossas festas juninas e em outros eventos devemos sempre nos preocupar com o saldo pastoral, ou seja, que além do evento em si, seus participantes recebam algo que perdure no tempo e os enriqueça. Enfim, a Igreja vive para evangelizar e, pensar criativamente e com a devida sutileza a questão, é necessário. Vejamos algumas preocupações concretas:    

É preciso ter critério para a escolha das músicas, danças, brincadeiras; quanto às músicas é preciso dar atenção à letra e nem toda dança é conveniente; por outro lado, há brincadeiras que geram confusão, pois nem todos sabem brincar; 

Em cada festa é necessário um grupo de locutores habilitados, com sensibilidade catequética, capazes de reflexão; as festas juninas das Instituições Católicas devem ter um diferencial específico, um clima e conteúdo educativos;   

A festa junina é sempre um evento afetivo, envolvente e aprazível; assim também devem ser todas as nossas comunidades; por isso a festa junina é uma ocasião para se estimular o espírito de família, de comunhão, participação, envolvimento, corresponsabilidade, de amizade na Igreja e sinodalidade;  

Ao longo da festa junina, animadores bem-preparados, podem muito bem com serenidade e sutileza apresentar a instituição (paróquia, comunidade, escola…) com suas atividades, formas de engajamento, projetos, ofertas de serviços; estimulando o voluntariado;  

A comemoração do santos juninos é um convite para ressaltar e refletir sobre as virtudes deles, repropondo aos participantes o ideal da fé, da esperança, da vida espiritual, do chamado à santidade, do amor à Igreja, da paixão por Deus, da Caridade;  

A festa é sempre espaço para semear mensagens de otimismo, valores éticos, boas atitudes, estímulos de formação humana, cuidado com a família etc.  

Em algumas instituições costuma-se escolher um tema para a festa; é uma boa ideia e pode ser uma fonte de conteúdo a ser veiculado ao longo da programação. 

Festa por festa e forró por forró, tem em todo lugar; por isso somos chamados a promover algo diferente zelando pelo clima humano, assegurando conteúdo edificante e mensagens estimulantes que tocam o coração. Vale a pena nunca perdermos a oportunidade de festejar evangelizando.  

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

Você acha importante essa preocupação pastoral nos nossos eventos festivos? 

Por que muitas vezes, o aspecto econômico ou puramente lúdico, suprime a preocupação pastoral? 

Quais outras preocupações práticas contribuem para o fortalecimento da dimensão pastoral das festas juninas e de outros eventos?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Caridade na Verdade: a Defesa da Vida

A Defesa da Vida | Presbíteros

Caridade na Verdade: a Defesa da Vida

Dissemos anteriormente que, segundo Bento XVI, “a abertura moralmente responsável à vida é uma riqueza social e econômica” (Caritas in veritate, n. 44). Ele relacionou explicitamente a crise econômica com a crise demográfica, que ocorre especialmente nos países ricos, mas afeta também o Brasil atual.

Houve quem dissesse que o papa merecia o Nobel de Economia devido a esse ensinamento. O número 28 de Caritas in veritate (Caridade na Verdade) trata um assunto relacionado com esses: o do respeito pela vida. Esse tema “não pode ser de modo algum separado das questões relativas ao desenvolvimento dos povos.

Trata-se de um aspecto que, nos últimos tempos, está a assumir uma relevância sempre maior, obrigando-nos a alargar os conceitos de pobreza e subdesenvolvimento às questões relacionadas com o acolhimento da vida, sobretudo onde o mesmo é de várias maneiras impedido”. O papa indica que a pobreza atual não é simplesmente econômica, mas sobretudo moral, quando não se elabora políticas sociais que promovam a vida, mas sim o que João Paulo II chamava de “cultura da morte”.

De fato, não é só a pobreza que provoca altas taxas de mortalidade infantil, “mas perduram também, em várias partes do mundo, práticas de controle demográfico por parte dos governos, que muitas vezes difundem a contracepção e chegam mesmo a impor o aborto. Nos países economicamente mais desenvolvidos, são muito difusas as legislações contrárias à vida, condicionando já o costume e a práxis e contribuindo para divulgar uma mentalidade antinatalista que muitas vezes se procura transmitir a outros Estados como se fosse um progresso cultural”.

Essa mentalidade de morte não provém apenas de governos e de Estados, mas também de “algumas organizações não governamentais”, que “trabalham ativamente pela difusão do aborto, promovendo nos países pobres a adopção da prática da esterilização, mesmo sem as mulheres o saberem. Além disso, há a fundada suspeita de que às vezes as próprias ajudas ao desenvolvimento sejam associadas com determinadas políticas de saúde que realmente implicam a imposição de um forte controle dos nascimentos”. É preocupante ainda as legislações a favor da eutanásia e as pressões de grupos que reivindicam o seu reconhecimento jurídico.

Segundo Caritas in veritate (Caridade na Verdade), a abertura à vida e a sua proteção legal, desde a concepção até a morte natural, é central para o verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa a suprimir a vida, acaba por perder as energias para trabalhar em vistas do autêntico bem do homem.

“Se se perde a sensibilidade pessoal e social ao acolhimento duma nova vida, definham também outras formas de acolhimento úteis à vida social”. Como diz o famoso Ditktum de Böckënforde, que foi muito discutido pelo pensamento político europeu, “o estado secular liberal vive de premissas que ele próprio não pode garantir”. 

Por outro lado, a acolhida da vida revigora as energias morais de um país e torna os seus membros capazes de ajuda recíproca e de sacrifícios. De forma que, “os povos ricos, cultivando a abertura à vida, podem compreender melhor as necessidades dos países pobres, evitar o emprego de enormes recursos econômicos e intelectuais para satisfazer desejos egoístas dos próprios cidadãos e promover, ao invés, ações virtuosas na perspectiva duma produção moralmente sadia e solidária, no respeito do direito fundamental de cada povo e de cada pessoa à vida”.

Por Padre Anderson Alves

Fonte: https://presbiteros.org

quarta-feira, 14 de junho de 2023

A primeira e pior das mentiras

Pinóquio e mentira | Shutterstock

Por Joseph Pearce

Não é de admirar que todo tipo de gente esteja tentando nos vender felicidade.

Todo mundo quer ser feliz. Faz parte da nossa própria natureza. É como se estivéssemos programados para desejar a felicidade, desejando-a mais do que qualquer outra coisa.

Sendo assim, não é de admirar que todo tipo de gente esteja tentando nos vender felicidade – ou, pelo menos, promessas de felicidade. Se comprarmos o produto xis ou escolhermos o estilo de vida ípsilon, seremos felizes. O problema é que esse desejo de felicidade foi envenenado pela ideia de que podemos encontrar a felicidade fazendo o que queremos, ou aquilo que achamos que queremos.

Isso é mentira. É a primeira e a pior das mentiras.

É, no entanto, e tragicamente, uma mentira em que a maioria de nós acredita até descobrir, da maneira mais difícil, que fomos enganados.

Chegamos a entender, geralmente muito tarde, que existem duas maneiras de descobrir que o caminho do egoísmo não faz feliz o egoísta. A melhor maneira é ouvir a sabedoria das eras, conforme ensinada pela sabedoria dos sábios. A outra maneira é viver egoisticamente, fazendo tudo o que queremos até percebermos que isto só nos destrói.

Como muita gente, ou como a maioria, até, eu fui motivado, quando jovem, pelo orgulho que busca o auto-aperfeiçoamento. Fiz o que quis e quando quis. Isto significava usar e abusar de outras pessoas para satisfazer os meus próprios desejos. Em vez de me sacrificar pelos outros, que é o significado do amor, eu sacrifiquei os outros por mim, que é a ausência de amor. Ao escolher a ausência de amor, descobrimos que não temos amor. E é então que descobrimos que desamor é solidão.

Ao nos tornarmos o deus do nosso próprio e patético microcosmo, percebemos que o deus-de-mim-mesmo é o mais solitário de todos os falsos deuses.

Não, fazer tudo do nosso jeito não nos torna felizes. É mentira.

A felicidade que buscamos não pode ser encontrada, a menos que paremos de fazer tudo o que queremos e comecemos a fazer pelos outros. Isso porque a verdadeira felicidade é inseparável do verdadeiro amor, que é o sacrifício de si pelo próximo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A mediação de Maria - Parte III

Na Viagem Apostólica à Romênia, a Divina Liturgia com a beatificação de 7 bispos Greco-Católicos mártires (2/6/ 2019) (@Robert Ghement)  (ANSA)

"O Papa Paulo VI, ao encerrar a terceira sessão do Concílio, em 21/11/64, declarou que o capítulo VIII da Lumen Gentium vem a ser a mais vasta síntese que um Concílio ecumênico elaborou sobre o papel de Maria na obra salvífica."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Sobretudo desejamos seja claramente evidenciado que Maria, humilde serva do Senhor, é toda relativa a Deus e a Cristo, único mediador e Redentor nosso. E igualmente sejam ilustradas a verdadeira natureza e as intenções do culto mariano na Igreja, especialmente lá onde se acham muitos irmãos nossos separados, de modo que os que não fazem parte da comunidade católica compreendam que, longe de ser fim em si mesma, a devoção a Maria é, ao contrário, meio essencialmente ordenado a orientar as almas para Cristo, e assim uni-Ias ao Pai, no amor do Espírito Santo. (Papa Paulo VI, 21 de Novembro de 1964)”

Na Santa Missa pela América Latina celebrada pelo Papa Francisco em 12 de dezembro de 2017, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, o Papa Francisco recordou - falando de Maria -  que "ao longo dos tempos, a piedade cristã procurou sempre louvá-la com novos títulos: tratava-se de títulos filiais, títulos do amor do povo de Deus, mas que em nada tocavam o seu ser mulher-discípula." Ela - frisou Francisco - foi discípula! Nunca roubou para si mesma nada do seu Filho; serviu-o porque é mãe, dá a vida na plenitude dos tempos, como ouvimos, àquele Filho nascido de mulher."

Padre Gerson Schmidt* continua a nos propor algumas reflexões sobre a mediação de Maria, em particular hohe do Concílio Vaticano I até o pontificado de São João Paulo II:

"A questão da mediação mariana na salvação retorna periodicamente na história moderna da Igreja. A Igreja já ensina quatro dogmas relacionados à Virgem, a saber, sua perpétua virgindade, sua dignidade como Mãe de Deus, sua Imaculada Conceição e sua gloriosa Assunção ao céu em alma e corpo.

Já no Concílio Vaticano I (1869-1870), havia quem apoiasse a ideia de um novo dogma para permitir que Maria participasse do poder redentor de Jesus. Pio XI (1922-1939) foi o primeiro pontífice que falou de Maria corredentora. João Paulo II fez isso várias vezes, mas todos os Pontífices rejeitaram a ideia de um novo dogma.

No Concílio Vaticano II (1962-1965), alguns bispos também apresentaram o pedido, em particular, mas João XXIII e Paulo VI não o levaram em consideração, inclusive porque os protestantes não veneram Maria e tal manobra arriscaria arruinar as relações entre os cristãos em pleno Concílio ecumênico.

O Papa Paulo VI, ao encerrar a terceira sessão do Concílio, em 21/11/64, declarou que o capítulo VIII da Lumen Gentium vem a ser a mais vasta síntese que um Concílio ecumênico elaborou sobre o papel de Maria na obra salvífica. Disse São Paulo VI, enquanto Papa que encerrava as conclusões dos padres conciliares na Lumen Gentium: “A Igreja não hesita em proclamar essa função subordinada de Maria. Pois sempre de novo experimenta e recomenda-se ao coração dos fiéis para que, encorajados por esta maternal proteção, mais intimamente deem sua adesão ao Mediador e Salvador” (PR, p. 448-449).

O Papa João Paulo II, aplicando o Concílio na Igreja, mandou que o assunto sobre a mediação de Maria fosse estudado com vivo interesse por renomados teólogos, especializados em Mariologia, cabendo destaque ao XII Congresso Mariológico de Chestochowa (Polônia), ocorrido em agosto de 1996. Os estudiosos reunidos para o XII Congresso Mariológico Internacional atenderam a um especial pedido da Santa Sé e estudaram “a possibilidade e a oportunidade” da definição dos títulos marianos de “Medianeira”, “Corredentora” e “Advogada”. Era uma Comissão de quinze teólogos, peritos em Mariologia, vindos de diversas regiões e universidades do mundo católico, além de alguns poucos membros de outras comunidades cristãs: anglicanos, luteranos e ortodoxos.

A que conclusões chegaram os estudiosos em Chestochowa? Os especialistas foram desfavoráveis, por ora, à definição de Nossa Senhora como Medianeira, Corredentora e Advogada do gênero humano por seis principais razões que veremos na resposta à questão seguinte deste capítulo, pois se fazem merecedoras de atenção.

Eles chegaram às seguintes conclusões: 

1)Os títulos propostos podem não ter sentido devidamente claro a todos, de modo que correriam o risco de serem compreendidos de maneiras diversas pelo Povo de Deus; 
2) Deve-se manter a linha do Concílio Vaticano II que não quis definir nenhum desses títulos, mas, ao contrário, os usou de modo muito sóbrio na Lumen Gentium (n. 62); 
3) Desde o Papa Pio XII, o título de “Corredentora” não é usado em documentos papais de grande relevo doutrinário; 
4) Quanto ao título de “Medianeira”, a Comissão recordou que, desde os primeiros decênios do século XX, a Santa Sé o estudou por meio de três comissões diferentes e acabou por abandonar a questão; 
5) Mesmo se houvesse conteúdo doutrinário para definir esses títulos de Nossa Senhora agora, essa definição não seria teologicamente acertada, pois o assunto requer um aprofundamento na perspectiva da Trindade, da Eclesiologia e da Antropologia, e 
6) os teólogos não católicos, bem como alguns católicos, viram na definição desse dogma, pontos de maiores dificuldades ao diálogo ecumênico (cf. L’Osservatore Romano, 24/06/1997; PR, p. 450).

O grande Mariólogo São Luís Maria Grignon de Montfort, disse o seguinte: "Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus, seria preciso rejeitá-la como uma ilusão do demônio. Mas é tão o contrário [...], esta devoção só nos é necessária para encontrar Jesus Cristo, amá-lO ternamente e fielmente servi-lO". Maria nunca quer nada para Ela. Ao contrário, a Virgem sempre nos direciona para o Seu Filho, a fim de que deixemos de ofendê-lO com nossos pecados e possamos crer no único Redentor dos homens."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF