Translate

terça-feira, 12 de abril de 2022

Segunda-feira Santa e a unção em Betânia

Imagem Web

A Liturgia da Igreja nesta segunda-feira da Semana Santa traz uma pequena profecia de Jesus ao ser ungido por Maria, irmã de Lázaro e Marta. ““Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura.”, diz Jesus quando Judas, olhando tão somente para o dinheiro, repreende Maria enquanto derramava o vaso de perfume em Jesus.

O Mestre fala de sua sepultura que se aproximava e de seu corpo que seria buscado pelas mulheres para ser ungido e não foi encontrado, pois Ele já havia ressuscitado. Ao dizer “deixa-a”, Jesus explica que aquela unção prefigura sua paixão e morte.

A lamúria de Lázaro preocupando-se apenas com o valor do perfume e com o “gasto” que poderia ser investido em outras questões, manifesta o coração do homem que, por vezes, antepõe suas necessidades materiais, emocionais e humanas à amizade com Cristo. Maria, amiga de Jesus, não se preocupou com valores, ela depositou, como o óbolo da viúva, aquilo que tinha para honrar Nosso Senhor.

No mundo de valores invertidos, é necessário que coloquemos as coisas no seu devido lugar: Ao Senhor devemos dar o nosso melhor; para a viúva no Templo era aquela última moeda, para Maria, amiga de Jesus, foi a unção com o vaso de perfume e o ato de enxugar seus santíssimos pés com os cabelos, para os apóstolos, foi o sim generoso, mesmo sem compreender, para tantos santos foi a renúncia de seus bens, títulos e afins; e para nós, qual é o melhor que posso dar ao Senhor? Certamente, o nosso coração é o que Ele mais deseja, mas depois da manjedoura, o lugar mais pobre que Jesus veio habitar foi em nossos corações. Por isso, podemos oferecer a Ele muito mais que o nosso coração.

“Pobres sempre tereis convosco”, e não errou Jesus em afirmar isso. Pelo contrário, a constatação do Senhor é de que a pobreza, sempre estaria rondando o ser humano, seja pelas próprias misérias, que vêm, sobretudo pelo pecado no coração, seja pela triste certeza de que muitos irmãos e irmãs não têm o mínimo para um avida digna. Louvar e bendizer ao Senhor não está em contradição ao encontro com Ele nos pobres. Ao elevarmos o incenso numa Liturgia bem celebrada, nosso coração deve realizar seu rebaixamento para que, saindo do templo depois de uma bela celebração, possa se encontrar com o irmão sofredor e ver Jesus Cristo, também nele. O ouro do Cálice onde se conserva o Santíssimo Sangue de Nosso Senhor é prolongado no “ouro” do irmão que passa fome e deve ter sua dignidade elevada.

Que a generosidade de Maria, ao dar o seu melhor para o Senhor, nos motive a vivermos totalmente para Ele que entregou tudo – a sua vida – para nossa salvação. E que a preocupação com os irmãos menos favorecidos seja um incômodo honesto de nossos corações para que, nas nossas possibilidades, ajudemos o Cristo sofredor que encontramos todos os dias naqueles que são nossos irmãos e irmãs.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF