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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

CIÊNCIA: As crianças estão perdendo suas habilidades motoras?

Uma criança empilha blocos de plástico, praticando a coordenação necessária para tarefas como amarrar os sapatos ou usar uma tesoura. Atividades como essa estão se tornando menos comuns à medida que as telas e a conveniência remodelam as experiências da primeira infância, dizem os especialistas.

Foto de Alvils StrikerisSHUTTERSTOCK

Ciência

As crianças estão perdendo suas habilidades motoras? As telas podem ser as culpadas

Desde fechar zíperes até virar as páginas de um livro, tarefas simples estão se tornando desafios para uma geração criada com tablets. Conheça aqui o que os pais precisam saber para ajudar.

Por Teal Burrell

Publicado 10 de out. de 2025, 16:58 BRT

professora Amy Hornbeck percebe que algo está errado assim que seus alunos entram na sala de aula. Antes, as crianças chegavam com os bolsos cheios de pedras, brinquedos e bugigangas coletadas durante aventuras ao ar livre

Agora, elas chegam com os olhos grudados nas telas dos celulares ou dos tablets. E isso é evidente em outras tarefas do dia a dia das crianças: elas não conseguem fechar o zíper dos casacos, virar as páginas de um livro ou até mesmo segurar uma colher corretamente.

Hornbeck não é a única a perceber essas mudanças. Uma pesquisa recente da Education Week (principal evento que debate a educação nos Estados Unidos) descobriu que 77% dos educadores relataram que os jovens alunos têm mais dificuldade em manusear lápiscanetas e tesouras. Em comparação, 69% observaram um aumento nas dificuldades para amarrar os sapatos em relação a cinco anos atrás.

“É como se eles nunca tivessem visto um bloco de brinquedo de montar”, diz Hornbeck, instrutora das Escolas Públicas de Beverly City, em Nova Jersey (Estados Unidos), descrevendo como as crianças se atrapalham quando solicitadas a empilhar apenas três blocos. “O que eles fazem com o bloco depois que você mostra o que fazer é impressionante.”

As crianças de hoje estão perdendo habilidades motoras finas essenciais — os movimentos pequenos e precisos necessários para amarrar um cadarço, escrever com uma caneta ou construir uma torre. Especialistas apontam uma combinação complexa de tempo de telahábitos diferentes e uma mudança nas experiências da infância como os culpados. 

National Geographic traz aqui o que os pais precisam saber para ajudar seus filhos e evitar esse problema.

As crianças brincam ao ar livre em uma escola de imersão na natureza em Portland, Oregon, onde escalar, cavar e explorar ajudam a desenvolver habilidades motoras finas.

Foto de Lynn JohnsonNat Geo Image Collection

O papel da pandemia no atraso de algumas habilidades motoras 

É fácil culpar a pandemia de Covid-19 por essa diminuição nas habilidades motoras finas. Um estudo com mais de 250 bebês nascidos no primeiro ano da pandemia descobriu que eles tiveram pontuações mais baixas em testes de motricidade fina aos seis meses de idade do que bebês nascidos antes da pandemia.

Lauren Shuffrey, que realizou o estudo e agora é professora da NYU Grossman School of Medicine, nos Estados Unidos, diz que é difícil saber se os resultados são decorrentes do aumento do estresse pré-natal ou do ambiente diferente que os bebês da pandemia experimentaram nos primeiros meses de vida.

Ficar em casa com pais que trabalham também levou ao aumento do tempo de tela para crianças de todas as idades — um fator relacionado a atrasos nas habilidades motoras finas. “Os pais fizeram o que tinham que fazer em circunstâncias menos que ideais”, afirma Shuffrey.

No entanto, Steven Barnett, codiretor do Instituto Nacional de Pesquisa em Educação Infantil da Universidade Rutgers, também nos Estados Unidos, acredita que essa tendência é anterior à pandemia. “Isso já vem acontecendo há muito tempo”, comenta ele, sugerindo que a pandemia pode ter acelerado um problema já existente.

Como as telas estão substituindo as brincadeiras práticas e manuais dos pequenos?

O tempo passado diante das telas — sejam celulares, tablets, eBooks ou TV — é tempo que as crianças não se dedicam a atividades manuais, como brincar com blocos, bonecos, artesanato, desenho e construção. 

Embora aprender matemática ou criar arte digital possa ser educativo, isso não desenvolve o controle motor fino que vem da escrita à mão, do recorte ou de desenhar e colorir.

As brincadeiras ao ar livre, que são cruciais para o desenvolvimento motor fino e grosso, também estão diminuindo. “As crianças não estão mais cavando na terracolhendo flores, todas as coisas interessantes que elas poderiam fazer por conta própria”, explica Barnett.

conveniência na criação dos filhos também afetou o desenvolvimento de habilidades, diz Hornbeck. Calças elásticas sem zíperes ou botões economizam tempo nas manhãs agitadas, e lanches pré-embalados eliminam a bagunça — mas esses atalhos privam as crianças de oportunidades de praticar fechar zíperes, abotoar botões ou usar talheres.

As preferências das crianças por brinquedos também mudaram, afirma Hornbeck. Peças magnéticas, que se encaixam facilmente, substituíram quebra-cabeças e blocos de madeira, que exigem muito mais paciência e precisão

E em três das quatro salas de aula que Hornbeck observou, nenhuma criança se aventurou na área de leitura durante um período de três horas. “Essa é uma grande mudança”, diz ela. “No passado, não era assim, ninguém queria ir para a área dos livros.”

Crianças brincando ao ar livre nadam na costa da vila de Rose, em Montenegro.

Foto de Eric MartinFigarophotoRedux

Esse declínio reflete uma tendência mais amplaler por prazer tornou-se muito menos comum entre as crianças de quase todo o mundo, de acordo com dados da Pew Research. Embora virar as páginas de um livro possa parecer uma tarefa menor, Hornbeck observa que a capacidade mais ampla de se concentrar e seguir instruções — habilidades estimuladas pela leitura — é fundamental para atividades como fechar um zíper ou amarrar um cadarço.

Essa mudança não afeta apenas a alfabetização, mas também tem efeitos em cadeia em habilidades como capacidade de atenção e concentração, que são essenciais para o desenvolvimento motor fino. “O nível de frustração com tarefas simples está realmente aumentando”, revela Hornbeck. “Isso faz com que as crianças simplesmente queiram desistir e não fazer.”

Barnett acrescenta que a diminuição da capacidade das crianças de se concentrarem em uma tarefa, especialmente aquelas que exigem esforço, é um fator-chave para o declínio das habilidades motoras finas

Veja os quebra-cabeças, por exemplo. Para montar um, é preciso ter estratégia, virar as peças e tentar várias vezes até acertar. Mas Hornbeck diz: “Muitas crianças simplesmente dizem ‘Não’. Elas estão acostumadas a jogar no computador, que gira as peças para elas.” Ela acrescenta: “Os tablets oferecem muito mais apoio imediato do que na vida real.”

Como reconstruir as habilidades motoras finas das crianças?

Hornbeck sugere que os pais procurem oportunidades para desafiar seus filhos e insiram atividades motoras finas nas tarefas diárias. Como cozinhar juntos, procurem pedras no caminho para a escola, encham copos e apertem esponjas no banhoDesenhar ou pintar alguma coisa também é interessante.

E percebam que essas atividades não podem competir com uma tela. “Você encontrará mais resistência se desligar a televisão e disser: ‘Agora é hora de ler’”, comenta Hornbeck. Para evitar a briga, faça a atividade primeiro e não ligue a tela.

Barnett concorda. “Tire-os das telas”, diz ele. “As crianças estão tentando pegar livros. Isso é um sinal.”

Fonte: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2025/10/as-criancas-estao-perdendo-suas-habilidades-motoras-as-telas-podem-ser-as-culpadas

Leão XIV: valorizar a contribuição que professores e educadores oferecem à comunidade

Jubuleu do Mundo Educativo, 31/10/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

O Papa reuniu-se com quinze mil professores e alunos, na Praça São Pedro, para o Jubileu do Mundo Educativo. Ele exortou os professores a entrarem em contato com a "interioridade" de seus alunos, pois sem um encontro profundo com eles, "qualquer proposta educativa está destinada ao fracasso". "Estejamos atentos: desmerecer o papel social e cultural dos formadores é hipotecar o próprio futuro, e uma crise na transmissão do saber traz consigo uma crise de esperança", disse Leão XIV.

https://youtu.be/PRQq7MdouyM

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Leão XIV encontrou-se com os educadores, na Praça São Pedro, nesta sexta-feira (31/10), no âmbito do Jubileu do Mundo Educativo em andamento. Participaram quinze mil pessoas entre professores e alunos.

Em seu discurso, o Santo Padre manifestou alegria de encontrar "educadores vindos de todo o mundo e envolvidos em todos os níveis de ensino, desde o básico até à universidade".

Como sabemos, a Igreja é Mãe e Mestra, e vós contribuís para encarnar o seu rosto para tantos alunos e estudantes a cuja educação vos dedicais. Na verdade, graças à luminosa constelação de carismas, metodologias, pedagogias e experiências que representais, e graças ao vosso compromisso “polifónico” na Igreja, Diocese, Congregações, Institutos religiosos, associações e movimentos, garantis a milhões de jovens uma formação adequada, dando sempre centralidade ao bem da pessoa, na transmissão do saber humanístico e científico.

O Papa disse que "foi professor nas instituições educativas da Ordem de Santo Agostinho", e partilhou sua experiência, retomando quatro aspectos da doutrina do "Doctor Gratiae" que ele considera fundamentais para a educação cristã: a interioridade, a unidade, o amor e a alegria. "São princípios que gostaria que se tornassem os pilares de um caminho a percorrer juntos, fazendo deste encontro o início de um percurso comum de crescimento e enriquecimento recíprocos", sublinhou.

Encontro profundo entre as pessoas

Sobre a interioridadeSanto Agostinho diz que «o som das nossas palavras atinge os ouvidos, mas o verdadeiro mestre está dentro» e acrescenta: «Aqueles a quem o Espírito não instrui internamente, vão-se sem ter aprendido nada».

De acordo com Leão XIV, Santo Agostinho nos lembra "que é um erro pensar que para ensinar bastem palavras bonitas ou boas salas de aula, laboratórios e bibliotecas. Estes são apenas meios e espaços físicos, certamente úteis, mas o Mestre está dentro. A verdade não circula através de sons, muros e corredores, mas no encontro profundo entre as pessoas, sem o qual qualquer proposta educativa está destinada ao fracasso".

"Vivemos num mundo dominado por telas e filtros tecnológicos muitas vezes superficiais, no qual os alunos precisam de ajuda para entrar em contato com a sua interioridade. E não só eles", frisou o Papa, lembrando que "também para os educadores, frequentemente cansados e sobrecarregados com tarefas burocráticas, é real o risco de esquecer o que São John Henry Newman sintetizou com a expressão: cor ad cor loquitur (“o coração fala ao coração”) e que Santo Agostinho recomendava, dizendo: «Não saias de ti, mas volta para dentro de ti mesmo, a Verdade habita no coração do homem»".

“São expressões que convidam a olhar para a formação como uma estrada na qual professores e discípulos caminham juntos, conscientes de não procurar em vão, mas, ao mesmo tempo, de ter de continuar a procurar, depois de ter encontrado. Só este esforço humilde e partilhado – que nos contextos escolares se configura como projeto educativo – pode levar alunos e professores a aproximarem-se da verdade.”

Estímulo para o crescimento

A seguir, o Papa falou sobre a unidade, recordando o seu lema: In Illo uno unum (Em Cristo, somos um). "Também esta é uma expressão agostiniana que nos lembra que só em Cristo encontramos verdadeiramente a unidade, como membros unidos à Cabeça e como companheiros de viagem no caminho de contínua aprendizagem da vida", sublinhou.

Segundo o Papa, "esta dimensão do “com”, constantemente presente nos escritos de Santo Agostinho, é fundamental nos contextos educativos, como desafio a “descentrar-se” e como estímulo para o crescimento".

“Por esta razão, decidi retomar e atualizar o projeto do Pacto Educativo Global, que foi uma das intuições proféticas do Papa Francisco, meu venerado predecessor. Afinal, como ensina o Mestre de Hipona, o nosso ser não nos pertence: «A tua alma – diz ele – […] já não é tua, mas de todos os irmãos». E se isso é verdade em sentido geral, é-o ainda mais na reciprocidade típica dos processos educativos, nos quais a partilha do saber não pode deixar de se configurar como um grande ato de amor.”

Não desmerecer o papel social e cultural dos formadores

A seguir, passou para a terceira palavra: amor. "Um dístico agostiniano faz-nos refletir sobre isso: «O amor a Deus é o primeiro na ordem dos preceitos, o amor ao próximo é o primeiro na ordem da execução»".

"No campo da formação, cada um poderia perguntar-se qual é o compromisso empregado para atender às necessidades mais urgentes, como o esforço para construir pontes de diálogo e paz também dentro das comunidades docentes, como a capacidade de superar preconceitos ou visões limitadas, como a abertura nos processos de coaprendizagem, como o esforço para ir ao encontro dos mais frágeis, pobres e excluídos, respondendo às suas necessidades", disse Leão XIV, acrescentando:

“Partilhar o conhecimento não é suficiente para ensinar: é preciso amor. Só assim o conhecimento, não apenas em si mesmo, mas sobretudo pela caridade que transmite, será proveitoso para quem o recebe. O ensino jamais pode ser separado do amor: uma dificuldade atual das nossas sociedades a este respeito é a de não saber mais valorizar suficientemente a grande contribuição que professores e educadores oferecem à comunidade. Estejamos atentos: desmerecer o papel social e cultural dos formadores é hipotecar o próprio futuro, e uma crise na transmissão do saber traz consigo uma crise de esperança.”

A inteligência artificial pode isolar os alunos isolados

Por fim, última palavra-chave: alegria. De acordo com o Papa, "os verdadeiros mestres educam com um sorriso e o seu desafio é conseguir despertar sorrisos no fundo da alma dos seus discípulos".

“Hoje, nos nossos contextos educativos, é preocupante ver crescer em todas as idades os sintomas de uma fragilidade interior generalizada. Não podemos fechar os olhos diante destes silenciosos pedidos de ajuda; pelo contrário, devemos esforçar-nos para identificar as suas razões mais profundas. A inteligência artificial, em particular, com o seu conhecimento técnico, frio e padronizado, pode isolar ainda mais os alunos já isolados, dando-lhes a ilusão de não precisarem dos outros ou, pior ainda, a sensação de não serem dignos de estar com eles.”

Leão XIV disse que "o papel dos educadores, por outro lado, é um compromisso humano, e a própria alegria do processo educativo é totalmente humana". Concluiu, convidando-os a fazer da interioridade, unidade, amor e alegria os “pontos cardeais” de sua missão para com os seus alunos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

LIVROS: Mestre e discípulo: ausentes da chamada (Parte 1/2)

As imagens deste artigo foram retiradas do livro Les doigts pleins d'encre, de Robert Doisneau e Cavanna | 30Giorni

LIVROS

Arquivo 30Dias nº 01/02 - 2006

Mestre e discípulo: ausentes da chamada

Giulio Ferroni discute o livro de Massimo Borghesi, "O Sujeito Ausente: Educação e Escola entre Memória e Niilismo". O livro "toca no cerne fundamental da educação, que deveria ser um diálogo aberto e concreto entre o professor, um guardião vigilante e sensível de uma tradição, e o aluno, consciente de seu próprio distanciamento dessa tradição, mas ansioso por se aproximar dela". Resenha.

Por Giulio Ferroni

As condições de uma escola que parece condenada a uma crise sem fim, continuamente posta em causa por reformas que, em vez de a revitalizarem, parecem produzir mais desvios e lacerações, deram origem a inúmeras intervenções: propostas de modelos pedagógicos, lamentos e melancolias de professores, cadernos de lamentações , perspectivas críticas, etc.

Mas pode-se ter a impressão de que quase todos os livros sobre educação produzidos pelas editoras permanecem muito ancorados no particular, ou quase nunca conseguem conectar a crise da educação com o contexto cultural e antropológico mais amplo: programas e propostas, críticas e denúncias raramente confrontam as contradições do sistema escolar com a influência dos modelos culturais dominantes, raramente conseguem identificar a conexão que liga a perda de prestígio, vigor e capacidade educativa da escola às questões teóricas e aos modos de interação do universo cultural em que estamos imersos, que convencionalmente definimos como "pós-moderno".

Essas intervenções geralmente parecem se dirigir a um grupo social considerado solidário, oferecendo dados críticos e modelos pedagógicos considerados adequados a uma noção abrangente do mundo e da cultura contemporâneos; ao criticar o presente ou sugerir medidas corretivas, ao defender ou condenar reformas, elas se referem, no entanto, ao que acreditam serem as necessidades compartilhadas da sociedade contemporânea. Eles afirmam estar em consonância com as demandas da cultura atual, concebida como um todo único e homogêneo que não recebe respostas adequadas, mas ao qual eles pretendem responder. 

Em suma, aqueles que escrevem sobre a escola parecem sempre presumir que ela está falhando porque não corresponde aos níveis culturais e comportamentais exigidos pelos valores e perspectivas atuais. Nas reflexões pedagógicas, esses aspectos quase nunca são discutidos; são tomados como certos, concebidos como algo homogêneo e, portanto, diligentemente buscados; e, de uma forma ou de outra, tentam pintar a imagem de uma escola capaz de responder a esses valores e perspectivas. A pedagogia e a própria crítica pedagógica quase sempre ignoram um engajamento crítico com a cultura contemporânea como um todo, ocultam suas contradições e evitam questionar a própria natureza do universo ao qual a escola deveria responder.

Não questionam os fundamentos e modelos que impulsionam as demandas que a sociedade faz à própria escola; geralmente carecem de uma perspectiva filosófica ou se referem genericamente a modelos filosóficos, ideológicos, antropológicos e psicológicos que nunca foram totalmente discutidos e fundamentados.

Massimo Borghesi, O Sujeito Ausente: Educação e Escola entre Memória e Niilismo, Itaca, Castel Bolognese (Ravena), 2005, 172 pp. | 30Giorni

O livro de Massimo Borghesi, O Sujeito Ausente: Educação e Escola entre Memória e Niilismo (Itaca, 2005, €15,00), que revisita, reelabora e expande, com um novo prefácio , o volume Memória Evento Educação, publicado em 2002 , parece particularmente recomendável . Isso se deve precisamente ao fato de que nele o problema da educação e a crise atual nas escolas são rastreados até um ponto crucial da filosofia: os modelos culturais difundidos que dominam nossas sociedades, essa cultura da aparência, da exterioridade, do hedonismo e do niilismo consumista que domina o cenário atual e que frequentemente acusa as escolas de não estarem à altura do presente, de serem muito "elitistas" e muito distantes da vida, ou melhor, daquilo que hoje se acredita ser e deveria ser. 

prefácio do livro enfatiza claramente que "a crise atual reside não tanto no declínio de uma imagem 'elitista' da escola, como frequentemente se lamenta, mas na 'desconstrução' de uma tradição cultural que levou a uma dupla ausência : a do professor-mestre e a do aluno-discípulo". Isso toca no cerne fundamental da educação, que deveria ser um diálogo aberto e concreto entre o professor , o guardião vigilante e sensível de uma tradição (por mais complexa, heterogênea e fragmentada que seja), e o aluno , consciente de seu próprio distanciamento dessa tradição e, ao mesmo tempo, ansioso por se aproximar dela, por torná-la parte de seu presente, por meio do contato, da troca, do encontro e, possivelmente, do conflito com o professor. E demonstra-se que o atual declínio da educação, sua perda de eficácia, ligada à própria perda de prestígio social das escolas e de seus professores, remonta a uma característica determinante da cultura difundida, a um universo de comunicação no qual se trava uma guerra total contra a continuidade da tradição, no qual esquemas, comportamentos e modelos teóricos baseados na transgressão, na inversão e na provocação são impostos em todos os níveis: formas que encontram seu enquadramento social no império da publicidade e da televisão, seu método na desconstrução , na intercambialidade de tudo com tudo, seu estilo e emblema no chamado pós-modernismo. 

Fonte: https://www.30giorni.it/

O Papa Leão XIV recebe o líder da Igreja Assíria do Oriente

O Papa Leão XIV Recebeu Em Audiência Privada O Católico Da Igreja Assíria Do Oriente, Sua Santidade Mar Awa III. Foto: Vatican Media

O Papa Leão XIV recebe o líder da Igreja Assíria do Oriente e lhe diz qual é o desafio para a unidade entre as duas igrejas

Palavras do Papa Leão XIV a Sua Santidade Mar Awa III, Católico-Patriarca da Igreja Assíria do Oriente, e sua comitiva.

27 DE OUTUBRO DE 2025, 05H29 - EDITORIAL ZENIT

(ZENIT News / Cidade do Vaticano, 27 de outubro de 2025) – Na manhã de segunda-feira, 27 de outubro, o Papa Leão XIV recebeu em audiência privada o Católico da Igreja Assíria do Oriente, Sua Santidade Mar Awa III. Esta foi a primeira audiência entre o Papa e este líder do cristianismo oriental. A Igreja Assíria do Oriente (também conhecida como Igreja do Oriente ou Igreja Nestoriana) é uma igreja cristã oriental que, segundo a tradição, teve origem no século I d.C., fundada pelo Apóstolo Tomé juntamente com os Santos Mari e Addai. Separou-se oficialmente de outros ramos do cristianismo em 424, estabelecendo sua autonomia doutrinal e eclesiástica. Sua sede está localizada em Ankawa, Erbil, no Curdistão iraquiano, e possui aproximadamente 400.000 membros.

***

Santidade,

Queridos amigos em Cristo:

“Graça e paz a vós da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Ef 1,2). Com estas palavras de São Paulo, acolho-o, Sua Santidade, como um amado irmão em Cristo, e expresso mais uma vez a minha gratidão pela sua presença na inauguração do meu pontificado. Estendo também as minhas sinceras saudações aos membros da Comissão Conjunta para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Assíria do Oriente.

Estas visitas conjuntas do Católico-Patriarca da Igreja Assíria do Oriente e dos membros da Comissão representam um belo costume estabelecido nos últimos anos. Elas testemunham que o encontro fraterno e o diálogo teológico são elementos mutuamente constitutivos no caminho para a unidade. O “diálogo da verdade” é uma expressão do amor que já une as nossas Igrejas, enquanto o “diálogo da caridade” deve também ser compreendido a partir de uma perspectiva teológica.

Foto COPYRIGHT c VATICAN MEDIA

Sua última visita, em 2024, marcou o trigésimo aniversário do diálogo oficial entre as nossas Igrejas. O progresso alcançado ao longo destes anos é significativo, pois seguiu fielmente o mandato e a metodologia estabelecidos pelos nossos antecessores. Como afirmado na Declaração Conjunta de Sua Santidade João Paulo II e Sua Santidade Mar Dinkha IV de 1994: “Para que a comunhão seja plena e completa, é necessária unanimidade quanto ao conteúdo da fé, aos sacramentos e à constituição da Igreja.

” Este tríptico serviu de estrutura para as fases subsequentes do nosso diálogo teológico. Tendo chegado a um consenso sobre a fé cristológica — resolvendo, assim, uma controvérsia de mil e quinhentos anos — o nosso diálogo prosseguiu com o reconhecimento mútuo dos sacramentos, possibilitando uma certa communicatio in sacris entre as nossas Igrejas. Desejo expressar a minha profunda gratidão a cada um de vocês, teólogos da Comissão Conjunta, pelas vossas valiosas contribuições e pelos esforços conjuntos, sem os quais estes acordos doutrinais e pastorais não teriam sido possíveis.

No que diz respeito à constituição da Igreja — tema que se encontra atualmente no centro do diálogo — o principal desafio reside no desenvolvimento conjunto de um modelo de plena comunhão inspirado no primeiro milénio, mas que, simultaneamente, responda atentamente aos desafios do presente. Como os meus predecessores têm sublinhado repetidamente, tal modelo não deve implicar absorção ou dominação; pelo contrário, deve promover a troca de dons entre as nossas Igrejas, recebidos do Espírito Santo para a edificação do Corpo de Cristo (cf. Ef 4,12). Aguardo com interesse os frutos do vosso diálogo teológico em curso sobre esta questão, realizado “claramente em conjunto”, como São João Paulo II desejava fervorosamente na sua encíclica Ut unum sint (n. 95).

Neste caminho rumo à plena comunhão, a sinodalidade apresenta-se como uma via promissora . Durante a sua visita em 2022, Sua Santidade, o Papa Francisco, cunhou uma expressão que foi posteriormente incluída no Documento Final do recente Sínodo sobre a Sinodalidade da Igreja Católica; cito: “O caminho da sinodalidade, que a Igreja Católica está trilhando, é e deve ser ecumênico, assim como o caminho ecumênico é sinodal” ( Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação, Missão , n. 23). No espírito desse Sínodo, espero sinceramente que o 1700º aniversário do Concílio de Niceia nos leve a “pôr em prática formas de sinodalidade entre cristãos de todas as tradições” e inspire novas “práticas sinodais ecumênicas” (Ibid., n. 138-139).

Foto COPYRIGHT c VATICAN MEDIA

Podemos prosseguir esta peregrinação fortalecidos pelas orações de todos os santos de nossas Igrejas, especialmente Santo Isaac de Nínive, cujo nome foi acrescentado ao Martirológio Romano no ano passado. Por sua intercessão, que os cristãos do Oriente Médio sempre deem um testemunho fiel de Cristo ressuscitado, e que nosso diálogo acelere a chegada do dia bendito em que celebraremos juntos no mesmo altar, participando do mesmo Corpo e Sangue de nosso Salvador, “para que o mundo creia” (Jo 17,21).

Unidos em oração com nosso Salvador, convido vocês agora a recitarem comigo a Oração do Senhor. Pai Nosso…

Foto COPYRIGHT c VATICAN MEDIA

Obrigado por ler nosso conteúdo.

Equipe Editorial da Zenit

Fonte: https://es.zenit.org/2025/10/27/papa-leon-xiv-recibe-a-lider-de-iglesia-asiria-de-oriente-y-le-dice-cual-es-el-reto-para-la-unidad-entre-ambas-iglesias/

ROBÓTICA: E se um robô cuidar de você ou dos seus pais na velhice? (Parte 2/2)

Pepper, o pequeno robô humanoide, já conduziu aulas de alongamento com moradores de uma casa de repouso - (crédito: AFP via Getty Images)

ROBÓTICA

E se um robô cuidar de você ou dos seus pais na velhice?

Parece coisa de filme de ficção científica — mas alguns cientistas acreditam que essa tecnologia inovadora pode ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema de cuidados.

B B C NEWS

Pallab Ghosh - Correspondente de ciência

postado em 28/10/2025 18:18 / atualizado em 28/10/2025 22:25

Dos laboratórios para o mundo real

Praminda Caleb-Solly, professora da Universidade de Nottingham, está determinada a fazer com que esses robôs funcionem bem na prática. "Estamos tentando tirar esses robôs dos laboratórios e levá-los para o mundo real", diz ela.

Para isso, criou a rede 'Emergence', que conecta fabricantes de robôs a empresas e indivíduos que os utilizarão — e também para descobrir diretamente com os idosos o que eles esperam dessas máquinas.

As respostas variam.

Algumas pessoas disseram que querem robôs com interação por voz e, compreensivelmente, aparência não ameaçadora. Outras preferem um "design fofo". Mas muitos pedidos se resumem à forma prática como o robô deve se adaptar às necessidades em mudança — e ao fato de que ele deve se carregar e se limpar sozinho.

"Não queremos cuidar do robô — queremos que o robô cuide de nós", disse uma pessoa entrevistada.

Algumas empresas no Reino Unido também estão testando robôs.

O provedor de cuidados domiciliares Caremark vem experimentando o Genie, um pequeno robô ativado por voz, com algumas pessoas que utilizam seus serviços em Cheltenham.

Um homem com início precoce de demência explicou que gostava de pedir ao Genie para tocar músicas de Glenn Miller.

No geral, entretanto, as reações foram "como Marmite", segundo o diretor Michael Folkes — algumas pessoas adoraram o Genie, enquanto outras foram menos entusiasmadas.

Mas Folkes também ressalta que esses dispositivos não têm o objetivo de substituir pessoas. "Estamos tentando construir um futuro em que os cuidadores tenham mais tempo para cuidar."

Mãos robóticas: aprendendo com a evolução

De volta ao laboratório da Shadow Robot Company, em Londres, Rich Walker aponta outro grande desafio: dominar a mão robótica perfeita.

"Para que o robô seja útil, ele precisa ter a mesma capacidade de interagir com o mundo que um humano", explica. "E, para isso, precisa de destreza semelhante à humana."

O governo anterior anunciou um investimento de £34 milhões no desenvolvimento de robôs que poderiam, entre outras funções, prestar cuidados (Getty Images)

A mão robótica que Walker me mostra certamente parece ágil. É feita de metal e plástico, equipada com 100 sensores, e possui a destreza e a força de uma mão humana. Cada dedo se move para tocar o polegar de forma suave, rápida e precisa, finalizando com um gesto de "OK".

Ela consegue até resolver um cubo mágico usando apenas uma das mãos.

Ainda assim, está longe de realizar tarefas mais delicadas, como usar uma tesoura ou pegar objetos pequenos e frágeis.

"O jeito como usamos uma tesoura é realmente impressionante, quando você pensa nisso", diz Walker.

"Se você tentar analisar o que acontece, está usando o sentido do tato de maneira sutil e precisa, recebendo feedback que faz você ajustar a forma de cortar. Como você ensina um robô a fazer isso?"

Images Para que o robô seja útil, ele precisa ter a mesma capacidade de interagir com o mundo que um humano. E, para isso, precisa de destreza semelhante à humana" (Bloomberg via Getty)

A equipe de Walker, junto com outras 35 empresas de engenharia, está trabalhando para projetar uma mão mais parecida com a nossa — parte do que é conhecido como Programa de Destreza Robótica.

É um dos projetos conduzidos por uma agência governamental chamada Advanced Research and Invention Agency (ARIA), que busca apoiar pesquisas científicas de alto risco (porque podem não dar certo), mas também de alto retorno, pelo seu potencial de transformar a sociedade.

A líder do projeto, professora Jenny Read, explica que estão estudando como os animais se movimentam para orientar melhor o design, não apenas da mão, mas para repensar completamente como os robôs são construídos.

"Uma das coisas mais impressionantes nos corpos dos animais é a graça e eficiência que eles apresentam; a evolução garantiu isso", diz ela.

"Acho que a graça é realmente uma forma de eficiência."

Replicando músculos humanos

Guggi Kofod, engenheiro e agora empreendedor da Dinamarca, está tentando desenvolver músculos artificiais para robôs que possam ser usados no lugar de motores.

Sua empresa, Pliantics, com sede na Dinamarca, ainda está em fase inicial de desenvolvimento, mas já alcançou um avanço importante: encontrou um material que parece funcionar e é durável.

Ele também é movido por motivos profundamente pessoais.

"Várias pessoas próximas a mim morreram recentemente de demência", explica. "Vejo como é desafiador para quem cuida de pacientes com demência.

"Então, se pudermos construir sistemas que os ajudem a não ter medo e que permitam viver, pelo menos, com uma qualidade de vida decente… Isso é incrivelmente motivador para mim."

Os músculos que a empresa de Kofod desenvolve são feitos de um material macio que se estende e se contrai, de forma semelhante aos músculos reais, quando uma corrente elétrica é aplicada.

Guggi Kofod está trabalhando com a Shadow Robot, como parte do projeto ARIA, para desenvolver uma mão robótica do tamanho humano cujos músculos artificiais possam proporcionar uma pegada mais precisa e delicada.

O objetivo final é que a mão consiga detectar pequenas mudanças de pressão ao segurar um objeto e saiba exatamente quando parar de apertar, assim como a pele das pontas dos dedos faz.

O que os robôs significam para os cuidadores

O professor Wright, que observou os robôs no Japão, tem uma preocupação final: se a tecnologia se popularizar, os robôs podem acabar tornando a vida dos cuidadores humanos mais difícil.

"A única forma economicamente viável de fazer isso funcionar é pagar menos aos cuidadores e ter casas de repouso muito maiores, padronizadas para facilitar a operação dos robôs", argumenta.

"Como resultado, haveria mais robôs cuidando das pessoas, enquanto os cuidadores seriam pagos com salário mínimo apenas para dar suporte aos robôs — o oposto da visão de que os robôs devolveriam tempo aos cuidadores para que pudessem passar mais momentos de qualidade com os residentes, conversar com eles."

Outros especialistas têm uma visão mais positiva. "Vai se tornar uma indústria enorme, considerando o déficit que temos atualmente na força de trabalho. A demanda por cuidadores, à medida que a população envelhece, será enorme", afirma Gopal Ramchurn, professor de inteligência artificial na University of Southampton.

Ele também é CEO da Responsible AI, organização que busca garantir que sistemas de inteligência artificial sejam seguros, confiáveis e dignos de confiança.

Mas ele cita o robô humanoide Optimus, de Elon Musk, que serviu bebidas e interagiu em um evento da Tesla no ano passado, como sinal de que — gostemos ou não — os robôs estão chegando.

"Estamos tentando antecipar esse futuro, antes que as grandes empresas de tecnologia implantem essas máquinas sem nos perguntar o que pensamos sobre elas", acrescenta.

Portanto, agora é o momento de desenvolver regulamentações adequadas para garantir que os robôs trabalhem a nosso favor, e não o contrário, argumenta.

"Precisamos estar preparados para esse futuro."

BBC

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/10/7280763-e-se-um-robo-cuidar-de-voce-ou-dos-seus-pais-na-velhice.html

Prefácio inédito de Francisco no livro de Pe. Gutiérrez: Deus não esquece dos pequenos

Papa Francisco (Foto/Crédito: Vatican Media)

O jornal vaticano "L'Osservatore Romano" publicou trechos do prefácio inédito do Papa Francisco ao livro “Vivir y pensar el Dios de los pobres”, a última obra do Pe. Gustavo Gutiérrez, publicada postumamente sob a curadoria de Leo Guardado. O peruano faleceu há quase um ano. O livro, traduzido do espanhol para o italiano por Marta Pescatori, foi publicado pela Editora Queriniana.

L'Osservatore Romano

Publicamos trechos do prefácio do Papa Francisco ao livro “Vivir y pensar el Dios de los pobres” (Viver e pensar o Deus dos pobres), a última obra de Gustavo Gutiérrez (1928-2024) publicada postumamente sob curadoria de Leo Guardado. O livro, traduzido do espanhol para o italiano por Marta Pescatori, foi publicado pela Editora Queriniana (Brescia, 2025, 368 páginas, 42 euros).

Em foto de arquivo, o cardeal Barreto com o Pe. Gustavo Gutiérrez (Vatican News)

Gustavo Gutiérrez, durante a sua longa vida, foi um servo fiel de Deus e um amigo dos pobres. A sua teologia marcou a vida da Igreja e ainda é atual, com um frescor que abre caminhos ao seguimento de Jesus. Alegramo-nos com a publicação deste livro, Viver e pensar o Deus dos pobres. Com a sua morte, eu disse: “hoje penso em Gustavo, Gustavo Gutiérrez. Um grande, um homem de Igreja que soube calar quando devia calar, que soube sofrer quando devia sofrer e que soube dar tantos frutos apostólicos e uma teologia tão rica”. Neste último livro, Gustavo nos presenteia mais uma vez com o fruto do seu empenho, da sua oração e da sua reflexão. Quero destacar nessas páginas a profunda e permanente fidelidade à Igreja em seu caminho. Uma fidelidade vivida com humildade, às vezes com dor e, fundamentalmente, com liberdade. Já nos Anos 60, as inquietações teológicas de Gustavo estavam gradualmente emergindo através da sua história pessoal, dos seus estudos e do seu trabalho pastoral.

Uma nova era se iniciou com aquele imenso sopro do Espírito que foi o Concílio Vaticano II, em cuja quarta sessão acompanhou, como jovem teólogo, o cardeal Juan Landázuri Ricketts, arcebispo de Lima. O impulso conciliar e os textos que o expressavam ofereceram um terreno sólido sobre o qual se basear e horizontes abertos para reorientar o trabalho pastoral a partir da realidade de um território como a América Latina. Muitos grupos cristãos estavam vivendo desafios, questionamentos e esperanças que derivavam do forte clamor dos pobres e do crescente compromisso com este mundo. “A irrupção dos pobres”, como Gustavo a chama, exigia justiça e uma outra maneira de viver a fé, de pensar a fé, de dizer a fé, em suma, de ser Igreja. Gustavo frequentemente lembrava, oralmente e por escrito, a frase de João XXIII de 11 de setembro de 1962, um mês antes da inauguração do concílio: “a Igreja se apresenta como é e quer ser, como a Igreja de todos e, particularmente, a Igreja dos pobres”; e também, já na sala conciliar, a insistência na mesma linha do cardeal Giacomo Lercaro. A evolução do concílio ofereceu modelos fundamentais nessa perspectiva, mas, no final, esse sonho de uma Igreja dos pobres permaneceu um horizonte a ser alcançado. O Pacto das Catacumbas, assinado por um grupo de padres conciliares, muitos dos quais latino-americanos, assumiu essa orientação espiritual, teológica e pastoral. A Igreja na América Latina abriu os braços ao concílio de maneiras diferentes, mas é muito claro que em todos os países e em todos os âmbitos eclesiais houve pessoas e grupos — de leigos, religiosos, presbíteros e bispos — que acolheram a letra e o espírito do Vaticano II com entusiasmo e dedicação. Uma prova válida disso é a II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Medellín, 1968), com São Paulo VI que pisou nessas terras.

Entre aqueles que prepararam e acompanharam Medellín estava Gustavo, que trabalhava dia e noite. Gustavo, outros teólogos e pastores e muitos bispos, já em espírito sinodal, teceram em torno daquela experiência eclesial uma rede de confiança e amizade que favoreceu decisões pastorais, documentos e reflexões teológicas: eles marcaram, e continuam marcando, a identidade eclesial da América Latina e do Caribe. Na III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em 1979, o nosso querido Gustavo esteve muito presente tanto nos debates anteriores quanto durante o desenrolar da conferência na cidade de Puebla, no México. Gustavo manteve uma clara linha de continuidade com Medellín, muito atento à realidade social e eclesial, lembrando sempre que a opção pelos pobres é evangelicamente central entre as antigas e novas pobrezas. (...) Somente com os rostos dos pobres no centro encontraremos um terreno comum sobre o qual nos reconhecermos mutuamente na Igreja, no encontro com as culturas em que se desenvolve nossa vida de fé, no cuidado da criação e no diálogo ecumênico e interreligioso. Toda a reflexão de Gustavo nos chamou a estar atentos às inegáveis mudanças do nosso tempo, muitas das quais positivas para a humanidade, até mesmo fascinantes, mas que tantas vezes escondem ou mascaram o que há de mais cruel e desumano em nossa realidade universal.

A sua pergunta constante, “Como podemos falar de Deus a partir do sofrimento do inocente?”, continua sendo premente para os crentes diante do poder da injustiça e da mentira. Os pontos centrais da sua teologia querem estar presentes onde a marca de Deus parece ter sido apagada na atmosfera cultural. Enraizada na libertação que Cristo nos oferece, a sua teologia afirma a gratuidade do amor de Deus que nos envolve na história. A teologia de Gustavo permanece na Igreja não como um belo tesouro do passado, mas como aquele “segundo ato”, uma tarefa sempre aberta, para pensar a nossa experiência vivida de Deus; uma experiência já iniciada e experimentada justamente ali onde nos tornamos próximos dos feridos, abandonados à beira da estrada, e de onde tentamos dizer com humildade, com terna convicção, aos mais pobres e a todos: “Deus te ama”. Gustavo nos deu as ferramentas teológicas indispensáveis para que nunca nos esquecêssemos dos pobres. Neste último livro, ele deixa muito claro que lembrar-se dos pobres significa muito mais do que uma coleta; não é um acréscimo piedoso. Como ensina Paulo, é o coração da mensagem (2 Coríntios 8–9). Em consonância com este texto, convém evocar as palavras de uma pessoa muito querida a Gustavo, Bartolomé de Las Casas: «De cada um dos pequenos e mais esquecidos, Deus guarda uma recordação muito próxima e viva». A partir daqui, o Reino que Jesus anuncia abraça toda a criação, cada ser humano e realidade humana, em todos os tempos e lugares. Este é o Deus de Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Leão XIV: o amor gera diálogo e paz; a Igreja rejeita o antissemitismo

Audiência Geral, 29/10/205 - Papa Leão XIV (Vatican News)

O Papa dedicou a catequese desta quarta-feira (29/10) aos 60 anos da Nostra aetate : “Este Documento luminoso ensina-nos a encontrar os seguidores de outras religiões não como estranhos, mas como companheiros no caminho da verdade,” afirmou.

Thulio Fonseca - Vatican News

Há sessenta anos, em 28 de outubro de 1965, o Concílio Vaticano II, com a promulgação da Declaração Nostra aetate, inaugurou uma nova etapa de respeito e colaboração entre as religiões. Na Audiência Geral desta quarta-feira, 29 de outubro, o Papa Leão XIV recordou os sessenta anos desse documento, sublinhando que ele “ensina que os fiéis de outras religiões são companheiros de viagem no caminho da verdade” e convidando todos a renovar o compromisso pela paz e pela fraternidade entre os povos.

Inspirando-se no diálogo de Jesus com a samaritana, Leão XIV afirmou que o Evangelho revela “a essência do autêntico diálogo religioso: uma troca que ocorre quando as pessoas se abrem umas às outras com sinceridade, escuta atenta e enriquecimento mútuo”.  O Papa explicou que esse encontro “nasce da sede — a sede de Deus pelo coração humano e a sede humana de Deus — e convida a uma nova compreensão do culto, que não se limita a um lugar específico, mas se realiza em espírito e verdade”.

Raízes hebraicas e condenação do antissemitismo

Ao recordar o contexto histórico da Nostra aetate, Leão XIV destacou sua orientação inicial para o mundo judaico e reafirmou com clareza:

“A Igreja não tolera o antissemitismo e o combate, por causa do próprio Evangelho.”

O Papa ressaltou que o documento representou um ponto de não retorno na consciência eclesial: “A Igreja reconhece que os primórdios da sua fé e eleição já se encontram nos patriarcas, em Moisés e nos profetas.”

“Agir juntos pelo bem comum”

Leão XIV afirmou que o espírito da Nostra aetate continua a iluminar o caminho da Igreja: “Todas as religiões podem refletir um raio da verdade que ilumina todos os homens.” Por isso, disse o Papa, o diálogo “não deve ser apenas intelectual, mas profundamente espiritual”, tendo suas raízes no amor — “único fundamento da paz, da justiça e da reconciliação”, e exortou todos os católicos a valorizarem “tudo o que há de bom, verdadeiro e santo nas outras tradições religiosas”, rejeitando qualquer forma de discriminação.

O Papa convidou os representantes de diferentes tradições a unir esforços diante dos desafios do nosso tempo: “Mais do que nunca, o mundo precisa da nossa unidade, da nossa amizade e da nossa colaboração.” Leão XIV destacou a responsabilidade comum de promover o bem e proteger a dignidade humana, inclusive no uso das novas tecnologias: “As nossas tradições têm um imenso contributo a dar para a humanização da técnica e para inspirar a sua regulamentação.”

Esperança, fraternidade e oração

Encerrando a catequese, o Papa lembrou que “a paz começa no coração dos homens” e convidou todos a restaurar a esperança nas famílias, nas comunidades e nas nações: “Trabalhemos juntos, porque se estivermos unidos, tudo é possível. Garantamos que nada nos divide.”

Por fim, Leão XIV convidou a uma breve oração silenciosa, recordando que “a oração tem o poder de transformar as nossas atitudes, os nossos pensamentos, as nossas palavras e as nossas ações”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Quais livros devem estar na biblioteca de referência de todo católico?

John Touhey | Aleteia

John Burger - publicado em 06/10/20 - atualizado em 29/10/25

Para encontrar uma resposta rápida ou para aprofundar seu conhecimento, considere ter estes livros em sua estante.

Quando você está procurando uma resposta rápida, você automaticamente faz a pergunta no Google? Mas será que o popular mecanismo de pesquisa consegue substituir uma biblioteca básica com livros de referência?

Claro, é fácil, é conveniente, é rápido, apenas “google”. Mas ter bons livros sólidos onde você pode ir para respostas prontas tem grandes vantagens.

Por um lado, se você estiver usando um livro de referência que foi exaustivamente examinado por especialistas e autoridades no assunto, pode ter certeza de que está recebendo respostas diretas.

Por outro lado, a internet pode estar tão cheia de desinformação e teorias de conspiração que às vezes não temos certeza de onde encontrar a verdade.

E isso é ainda mais importante ao lidar com questões de fé. Os pais que levam a sério o ensinamento da Igreja precisam ter alguns livros que os ajudarão a transmitir as verdades eternas aos filhos.

Então, quais seriam alguns livros de referência para uma biblioteca básica católica?

Consultamos vários pensadores católicos, teólogos e professores para ver o que eles recomendam. Aqui está um sumário:

1 - VIDA DOS SANTOS - BUTLER

“Embora a escolha óbvia para qualquer referência obrigatória em uma biblioteca católica seja a Bíblia ou o Catecismo da Igreja Católica, devo admitir que meu livro de referência mais consultado é uma versão gasta da "Vida dos Santos", de Butler, disse a escritora católica Lisa Henley.

Assim, "encontro-me sempre a recorrer às histórias do padre Alban Butler sobre os homens e mulheres canonizados pela Igreja. Estudando as histórias dos santos e buscando sua intercessão e acompanhamento para minha própria caminhada, encontro edificação e amizade espiritual."

2 - CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Quando o Catecismo da Igreja Católica foi publicado, em 1992, Brian Caulfield sentiu que era um “fermento” para a Igreja e para aqueles que procuravam ensinar e defender a fé.

“Virar cada página era como abrir uma porta e pisar em terra firme em meio à confusão catequética da época”, disse Caulfield, vice-postulador da causa de canonização de pe. Michael J. McGivney.

De fato, “eu estava ensinando educação religiosa na paróquia, preparando alunos para a primeira comunhão, e comecei a fazer cópias da seção sobre a Eucaristia para meus alunos. Depois do Catecismo, até mesmo os livros didáticos de educação religiosa começaram a melhorar, à medida que os bispos exigiam que os editores o obedecessem. Cada vez que consulto a edição de 1992 que ainda tenho em minha estante, lembro-me do senso de missão que tantos de nós tínhamos naquela época.”

3 - COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

O escritor David Mills afirmou que o ensinamento da Igreja sobre como devemos viver no mundo é um “tópico cada vez mais crucial para os católicos" de hoje. Basta olhar em qualquer site de notícias (ou pegar um jornal) e você concordará com isso.

Na verdade, “a Igreja oferece uma quantidade incrível de ensinamento sobre o assunto, mas ele está espalhado em dezenas de documentos. O Compêndio coloca tudo em ordem para que você possa encontrar rapidamente o tópico sobre qualquer assunto que você precise saber.”

4 - BÍBLIA

Claro, o "Livro dos Livros" deve estar na prateleira de todo católico.

5 - OS PADRES DA IGREJA

“Uma referência para mim são Os Padres da Igreja", disse Gretchen Crowe, diretora editorial de periódicos do Our Sunday Visitor.

“De São Clemente de Roma a São João de Damasco, as pequenas biografias dos Padres da Igreja podem ser lidas como um todo, ou individualmente, e o leitor não pode deixar de perceber maior compreensão - e atrevo-me a dizer apreço - pela Igreja primitiva.”

Alguns outros livros que você pode considerar colocar em sua estante ou entre seus favoritos:

6 - OS DOCUMENTOS DO VATICANO II

O que os padres conciliares escreveram sobre viver a fé no mundo moderno pode ser encontrado nos 16 documentos que eles emitiram entre 1962-1965.

7 - ENCICLOPÉDIA CATÓLICA

Embora tenha sido publicada há mais de um século, a Enciclopédia Católica ainda contém muita história e referências que valem a pena conhecer.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2020/10/06/quais-livros-devem-estar-na-biblioteca-de-referencia-de-todo-catolico/

ROBÓTICA: E se um robô cuidar de você ou dos seus pais na velhice? (Parte 1/2)

Pepper, o pequeno robô humanoide, já conduziu aulas de alongamento com moradores de uma casa de repouso - (crédito: AFP via Getty Images)

ROBÓTICA

E se um robô cuidar de você ou dos seus pais na velhice?

Parece coisa de filme de ficção científica — mas alguns cientistas acreditam que essa tecnologia inovadora pode ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema de cuidados.

BBC NEWS

Pallab Ghosh - Correspondente de ciência

postado em 28/10/2025 18:18 / atualizado em 28/10/2025 22:25

Escondidas em um laboratório no noroeste de Londres, três mãos robóticas de metal preto se movem lentamente sobre uma bancada de engenharia.

Nada de garras ou pinças — cada uma tem quatro dedos e um polegar, articulados de forma quase humana.

"Não estamos tentando criar um Exterminador do Futuro", brinca Rich Walker, diretor da empresa que as desenvolveu.

De aparência mais hippie do que o estereótipo de um engenheiro, Walker se orgulha de mostrar o que considera um passo importante na robótica.

"Queríamos construir um robô que ajude as pessoas, que torne a vida melhor — um assistente capaz de fazer qualquer tarefa doméstica, de varrer o chão a preparar uma refeição."

Mas a ambição vai além das tarefas cotidianas: pesquisadores e empresas apostam que robôs desse tipo podem ajudar a enfrentar uma das maiores questões do futuro — como cuidar de uma população cada vez mais idosa, com menos profissionais disponíveis para prestar assistência.

No Reino Unido, essa discussão vem ganhando força diante do envelhecimento rápido da população, mas o debate é global.

Pepper, o pequeno robô humanoide, já conduziu aulas de alongamento com moradores de uma casa de repouso (AFP via Getty Images)

A aposta em robôs de cuidado cresce em vários países, com governos e empresas investindo em tecnologias capazes de oferecer apoio físico, companhia e monitoramento a pessoas que vivem sozinhas ou têm limitações de mobilidade.

No Reino Unido, isso vem sendo visto como uma possível resposta à escassez de cuidadores e ao envelhecimento acelerado da população — desafios que também se repetem em boa parte do mundo desenvolvido.

A promessa é tentadora: máquinas que aliviam a sobrecarga dos sistemas de saúde e oferecem mais autonomia aos idosos.

Mas também levanta dilemas éticos e emocionais: será que queremos — e podemos confiar — que uma máquina cuide de nós quando estivermos mais vulneráveis?

Treinos com o robô Pepper

O Japão oferece um vislumbre de um futuro em que robôs convivem entre nós.

Há dez anos, o governo japonês começou a oferecer subsídios a fabricantes de robôs para desenvolver e popularizar o uso dessas máquinas em casas de repouso — uma iniciativa impulsionada pelo envelhecimento da população e pela escassez relativa de profissionais de cuidado.

O professor James Wright, especialista em inteligência artificial e pesquisador visitante da Queen Mary University, em Londres, passou sete meses observando esse fenômeno — em especial, como esses robôs funcionavam no ambiente de uma casa de repouso japonesa.

Ao todo, três tipos de robôs foram estudados. O primeiro, chamado **HUG**, foi desenvolvido pela Fuji Corporation, no Japão, e se parecia com um andador altamente sofisticado.

Ele tinha apoios acolchoados que permitiam às pessoas se inclinar com segurança, ajudando cuidadores a transferi-las da cama para uma cadeira de rodas ou para o banheiro, por exemplo.

O robô de cuidados HUG, desenvolvido pela Fuji Corporation, no Japão, foi projetado para ajudar cuidadores a erguer pessoas (NurPhoto via Getty Images)

O segundo robô, por sua vez, parecia uma pequena foca e se chamava Paro. Criado para estimular pacientes com demência, ele foi programado para responder a carinhos com movimentos e sons.

O terceiro era um pequeno robô humanoide de aparência simpática chamado Pepper. Ele podia dar instruções e demonstrar exercícios movendo os braços — e chegou a conduzir aulas de ginástica na casa de repouso.

Antes mesmo de começar suas observações, o professor Wright já havia se deixado levar um pouco pelo entusiasmo em torno dessas tecnologias.

"Eu esperava que os robôs fossem facilmente adotados pelos cuidadores, que estão sobrecarregados e extremamente atarefados", contou.

"O que encontrei foi quase o oposto."

Pepper podia dar instruções e demonstrar exercícios movendo os braços — mas algumas pessoas que o testaram acharam sua voz aguda demais (Getty Images)

Ele descobriu que, na verdade, o que mais consumia o tempo da equipe das casas de repouso era limpar e recarregar os robôs — e, principalmente, resolver falhas quando algo dava errado.

"Depois de algumas semanas, os cuidadores concluíram que os robôs davam mais trabalho do que ajuda e começaram a usá-los cada vez menos, porque simplesmente não tinham tempo para isso", contou.

"O HUG precisava ser movido o tempo todo para não atrapalhar os moradores. O Paro causou angústia em uma residente que acabou se apegando demais a ele. E os exercícios do Pepper eram difíceis de acompanhar — ele era baixo demais para ser visto por todos e sua voz aguda dificultava a compreensão."

O Paro se parece com uma pequena foca e foi projetado para reagir com movimentos e sons quando é acariciado (The Washington Post via Getty Images)

As equipes responsáveis pelos robôs tiveram suas próprias respostas à pesquisa do professor Wright.

Os desenvolvedores do HUG afirmam que, desde então, aprimoraram o design para torná-lo mais compacto e fácil de usar. Takanori Shibata, criador do Paro, disse que o robô vem sendo utilizado há 20 anos e apontou estudos que comprovariam "evidências clínicas de seus efeitos terapêuticos". O Pepper agora pertence a outra empresa, e seu software foi significativamente atualizado.

Ainda assim, o estudo não foi desprovido de valor.

Walker, da Shadow Robot, é enfático ao afirmar que o uso de robôs em cuidados não deve ser descartado. Ele argumenta, entre outras coisas, que a próxima geração desses robôs será muito mais capaz.

BBC

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/10/7280763-e-se-um-robo-cuidar-de-voce-ou-dos-seus-pais-na-velhice.html

São Narciso

São Narciso (A12)
29 de outubro
São Narciso

A tradição da Igreja celebra neste dia a São Narciso de Jerusalém, a quem se atribui muitos milagres e o fato de ter falecido aos 116 anos de idade. Foi bispo de Jerusalém no final do século II e é recordado como um homem de Deus, que viveu uma espiritualidade adornada pela humildade, a pureza e o espírito de penitência.

Fez um trabalho admirável na evangelização dos pagãos, amou com ternura os pobres e doentes. Presidiu o Concílio onde se decidiu que a Páscoa devia cair no domingo. Conta-se que foi também na véspera de uma festa de Páscoa, que Narciso transformou água em azeite para acender as lamparinas da igreja que estavam secas.

Narciso foi caluniado, sob juramento, por três homens e embora perdoasse seus detratores, o inocente Bispo preferiu se retirar para o isolamento de um deserto. Segundo a história, os caluniadores sofreram terríveis castigos. Depois de algum tempo Narciso reapareceu e foi aclamado novamente como bispo da cidade.

Colaboração: Yara Fonseca

Reflexão:

Sob a intercessão de São Narciso queremos pedir hoje por todos os bispos, para que possam encontrar no seu testemunho a coragem e perseverança necessária para cumprir o ministério episcopal. Peçamos ao bom Deus que iluminados pelo Espírito eles sejam sinal de unidade do Povo de Deus a eles confiado.

Oração:

Onipotente e poderoso Senhor, que destes a São Narciso muita luz para guiar o rebanho de Cristo na cidade de Jerusalém, mandai o vosso Espírito Santo para nos guardar e mostrar os caminhos que levam a vós. E pela intercessão de São Narciso, concedei-nos a graça que vos imploramos. Por Cristo Jesus Nosso Senhor, Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF