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terça-feira, 11 de novembro de 2025

Quarenta anos do Caminho Neocatecumenal em Goiás são celebrados em Iaciara

40 anos do Caminho Neocatecumenal em Iaciara - Goiás | Foto: Bianca Gomes dos Santos Jacques

QUARENTA ANOS DO CAMINHO NEOCATECUMENAL EM GOIÁS SÃO CELEBRADOS EM IACIARA

Post 10 de setembro de 2025  Autor: C. N. Brasil

Há quatro décadas, na cidade de Iaciara, no interior de Goiás, nascia uma semente que transformaria a vida de centenas de fiéis em todo o Estado. Foi ali, em 1985, que o Caminho Neocatecumenal iniciou sua missão na Diocese de Formosa, um itinerário de iniciação cristã que, quarenta anos depois, continua a dar frutos.

No dia 7 de setembro de 2025, cerca de mil pessoas se reuniram no Ginásio de Esportes de Iaciara para celebrar a solene Eucaristia em ação de graças pelos 40 anos do Caminho Neocatecumenal em Goiás.

No início da celebração, foram apresentados os itinerantes Leonel e Francisca, Pe. Marcos Cristiano e Hudson, responsáveis atuais pelo Caminho no Estado, e acolhida a segunda equipe itinerante, Assis e Érica, Pe. Antônio Rodrigues e Jonatas. A celebração contou ainda com a presença de Dom Adair José Guimarães, bispo da Diocese de Formosa, de diversos sacerdotes e dos irmãos que, há quatro décadas, estiveram nas origens dessa evangelização, incluindo o Pe. Luiz Gonzaga, que iniciou o Caminho em Iaciara em 1985.

Leonel e Francisca / Assis e Érica. | Foto: Bianca Gomes dos Santos Jacques

Em Goiás, o acolhimento do Caminho Neocatecumenal veio pelas mãos de Dom Victor Tielbeek, e as primeiras catequeses deram origem a três comunidades, que se expandiram para outras cidades. Atualmente, o Caminho está presente em quatro dioceses, dezesseis paróquias e quarenta e três comunidades em todo o Estado.

Durante a primeira parte da celebração, foram lidas mensagens de gratidão enviadas por bispos e catequistas que acompanharam essa história, entre eles Dom Washington Cruz, arcebispo emérito de Goiânia, o Pe. José Gomes Sousa, reitor do Seminário Redemptoris Mater de Évora, e a equipe de catequistas responsável pelo Caminho no Brasil, composta pelo Pe. José Folqué, Raúl Viana e Toña Santiago.

Dom Adair José Guimarães. | Foto: Bianca Gomes dos Santos Jacques

A celebração eucarística foi presidida pelo bispo de Formosa, Dom Adair José Guimarães. Em sua homilia, ele relacionou a liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum ao carisma do Caminho, destacando o espírito de gratidão e conversão que marca cada etapa vivida pelas comunidades.

O Caminho Neocatecumenal forma pessoas que, tendo sido escravas do pecado e do mundo, tornam-se irmãos em Cristo, fazendo da própria vida um dom e uma reconciliação.

Dom Adair destacou ainda a importância do Caminho como itinerário de formação cristã, reconhecido por São João Paulo II, e sua fecundidade em vocações sacerdotais, famílias missionárias e comunidades perseverantes na fé:

O Caminho tem sido, nestes quarenta anos, uma fortaleza espiritual para muitas comunidades de nossa diocese. Em tempos de crise de fé e de ataques contra a família, o testemunho de oração e missão destas comunidades é um dom precioso para toda a Igreja local.

Ao final da celebração, os presentes entoaram com júbilo o hino Te Deum, em ação de graças pelos frutos colhidos ao longo desses quarenta anos.

40 anos do Caminho Neocatecumenal em Iaciara - Goiás | Fotos: Bianca Gomes dos Santos Jacques


Leão XIV planeja encontro de cardeais em janeiro do ano que vem

Consistório público ordinário para a criação de cardeais na basílica de São Pedro, no Vaticano, em 7 de dezembro de 2024. | YouTube

Por Edward Pentin

10 de nov de 2025 às 14:01

O papa Leão XIV planeja convocar um consistório extraordinário de cardeais no início de janeiro do ano que vem, cujo tema ainda não foi divulgado.

Numa breve comunicação enviada a cardeais em 6 de novembro e obtida pelo jornal National Catholic Register, da EWTN, na última sexta-feira (7), a Secretaria de Estado da Santa Sé disse que “o Santo Padre Leão XIV tem em mente convocar um consistório extraordinário para os dias 7 e 8 de janeiro de 2026”.

“Em tempo oportuno, o decano do Colégio Cardinalício enviará a Vossa Eminência a carta pertinente com mais detalhes”, disse a nota, antes de terminar: “Com profunda reverência, Gabinete de Coordenação da Secretaria de Estado”.

Quando o Register perguntou a Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, sobre a comunicação na última sexta-feira (7), ele disse que ainda não havia “confirmado publicamente a existência dela” e que não acreditava que um anúncio de tal evento seria feito “com tanta antecedência”.

Além de o tema permanecer desconhecido, também não se sabe ao certo se todos os cardeais foram notificados da reunião planejada.

Os consistórios extraordinários são geralmente reuniões especiais de todos os cardeais, convocadas pelo papa para discutir assuntos de “necessidades particulares da Igreja” ou questões de grande importância que exigem ampla consulta entre os cardeais do mundo.

Cardeais presentes no conclave que elegeu Leão XIV reclamaram da falta de reuniões e de espírito de equipe sob o pontificado do papa Francisco.

Realizado a portas fechadas, o último consistório extraordinário no Vaticano ocorreu em 29 e 30 de agosto de 2022, sob o pontificado do papa Francisco. O objetivo dele era reunir todos os cardeais para discutir a implementação e o significado da então nova constituição apostólica para a Cúria Romana, intitulada Praedicate evangelium. O encontro também se concentrou nas reformas da governança da Igreja e da Cúria Romana.

No consistório, os cardeais receberam um relatório oficial sobre a reforma da Cúria e, em seguida, dividiram-se em grupos linguísticos para debater as consequências práticas e os princípios subjacentes à nova constituição, antes de se reunirem para uma discussão final de síntese. O formato foi uma mudança em relação aos consistórios anteriores, que se baseavam na sinodalidade.

O papa Francisco também aproveitou a oportunidade para fazer um consistório de novos cardeais ao mesmo tempo, embora seja improvável que essa seja a intenção do papa Leão XIV, já que o Colégio de Cardeais já tem 128 cardeais eleitores, bem acima do limite recomendado de 120.

Antes desse consistório extraordinário, um outro mais famoso foi realizado em 20 e 21 de fevereiro de 2014, também sob o pontificado do papa Francisco. O encontro reuniu todos os cardeais para falar sobre o tema da família e teve como objetivo fornecer orientação e fundamentos teológicos para um Sínodo da Família, que foi feito ainda em 2014 e novamente em 2015.

Aquele consistório extraordinário teve um discurso controverso do cardeal Walter Kasper, no qual o teólogo alemão lançou o que ficou conhecido como a “Proposta Kasper”, que abriria caminho para uma “solução pastoral” que permitiria a alguns divorciados recasados ​​na esfera civil receber a Sagrada Comunhão. A proposta, que atraiu ​​críticas, influenciou os trabalhos do sínodo, e uma versão dela esteve na exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, publicada pelo papa Francisco em 2016. Vários cardeais se manifestaram contra a intervenção de Kasper, segundo relatos.

Essa foi a única reunião extraordinária do Colégio de Cardeais sob o pontificado de Francisco na qual os membros foram autorizados a falar livremente sobre qualquer tema que desejassem. Nas reuniões subsequentes, em fevereiro de 2015 e na última, em agosto de 2022, as intervenções foram limitadas a determinados assuntos.

Antes de Francisco, o papa são João Paulo II convocou seis consistórios extraordinários, três dos quais discutiram questões sobre reforma da Cúria Romana e à situação financeira da Santa Sé. Os outros três encontros abordaram as ameaças contemporâneas à vida, a proclamação de Cristo como único salvador e a ameaça das seitas (1991); a preparação para o Jubileu de 2000 (1994); e as perspectivas da Igreja no terceiro milênio à luz da Novo millennio ineunte (2001), carta apostólica de são João Paulo II que delineia as prioridades da Igreja para o milênio.

Bento XVI não fez nenhum consistório extraordinário formal em seu pontificado, optando por fazer reuniões de um dia inteiro na véspera dos consistórios de novos cardeais.

*Edward Pentin é colaborador sênior do National Catholic Register e Analista da Santa Sé da EWTN News. Ele começou a fazer reportagens sobre o papa e a Santa Sé com a Rádio Vaticano antes de se tornar o correspondente em Roma do National Catholic Register da EWTN. Ele também fez reportagens sobre a Santa Sé e a Igreja Católica para uma série de outras publicações, incluindo Newsweek, Newsmax, Zenit, The Catholic Herald e The Holy Land Review, uma publicação franciscana especializada na Igreja e no Oriente Médio. Edward é o autor de The Next Pope: The Leading Cardinal Candidates (Sophia Institute Press, 2020) e The Rigging of a Vatican Synod? Uma investigação sobre suposta manipulação no Sínodo Extraordinário sobre a Família (Ignatius Press, 2015).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65399/leao-xiv-planeja-encontro-de-cardeais-em-janeiro-do-ano-que-vem

“Luz da luz”: uma mostra sobre Niceia, 1.700 anos depois do concílio

2025.11.06 Mostra Nicea Luce da Luce | Vatican News 

Apresentada na quinta-feira na Sala Marconi do Dicastério para a Comunicação, a exposição que foi criada por ocasião das comemorações do Concílio de Niceia. Aberta durante o Meeting de Rimini, a mostra segue seu percurso com etapas em Roma e Istambul, onde será visitada pelo Papa durante a sua primeira Viagem Apostólica à Turquia.

Silvia Guidi - Cidade do Vaticano

Uma mostra que se tornou muitas coisas: uma ocasião, muito concreta, de diálogo entre mundos diferentes, uma chave de interpretação original para falar de um tema difícil e, aparentemente, destinado apenas para aqueles que trabalham com teologia, como o Mistério da Trindade. É também uma maneira de entender o que é um concílio e para que ele serve. Uma oficina educativa permanente em que, por vezes, os papéis de professor e aluno se invertem e os estudantes ensinam e explicam aos visitantes os painéis da exposição. 

Mas também é uma oportunidade para descobrir os motivos históricos que causaram a difusão das igrejas com a planta basilical (e não com a planta central, como nos primeiros anos do cristianismo). 

Até mesmo um Vade Mecum – o catálogo, editado pela Edizioni Ares de Milão (136 páginas, 15 euros) – ajudará os jornalistas a acompanhar e entender melhor a viagem do Papa Leão XIV à Turquia, de 27 a 30 de novembro próximo. “Luz da Luz. Niceia, 1.700 anos depois”, foi exposta em agosto passado no Encontro pela Amizade entre os Povos. 

Uma mostra itinerante

A mesma mostra, visitada em Rimini pelo Patriarca de Constantinopla, Sua Santidade Bartolomeu, será exposta – traduzida em inglês e turco – no pátio da Catedral Católica de Istambul e também receberá o Papa, em uma troca ideal com forte valor simbólico. 

A gênese e os muitos desdobramentos inesperados e imprevisíveis deste projeto foram discutidos na quinta-feira, 6 de novembro, na Sala Marconi do Pallazo Pio, durante uma coletiva de imprensa. Na ocasião, foi anunciada a chegada da exposição itinerante em Roma, onde ficará aberta à visitação de 7 a 13 de novembro, na Pontifícia Universidade de Santa Cruz. 

Um mergulho em uma página da história aparentemente muito distante, mas, na realidade, percorrida por perguntas que são idênticas às nossas. E uma resposta clara e atualizada fruto de uma década de estudos para os questionamentos: “O que é a heresia ariana? E por que é importante conhecê-la?”. 

O lugar das perguntas

“Depois de um ano de trabalho conjunto, estamos na primeira apresentação desta mostra itinerante que continua a gerar e a florir uma consciência que nós mesmos precisamos, antes de tudo. É necessário que façamos a experiência de qual é a verdadeira necessidade do homem, encontrar uma paternidade que dê sabor e frescor a cada instante da vida. A exposição do Meeting, um protótipo de basílica, também impressionou os carpinteiros que o estavam construindo, por causa de sua beleza. Mas estávamos conscientes de que não é fácil explicar o Concílio de Niceia em um mundo onde as crianças não sabem mais o Pai Nosso. O objetivo do Meeting é suscitar perguntas. Depois de 250 visitas guiadas, dez mil presentes, filas longuíssimas para conseguir entrar, podemos dizer que conseguimos”, disse Alessandra Vitez, responsável pela Mostra Meeting de Rimini e palestrante do encontro. Prova de que, em todas as épocas, o homem tem uma profunda necessidade de algo verdadeiro. 

A universidade e o mundo

Pensar em Deus equivale a pensar na humanidade, escreve Rowan Williams, arcebispo emérito de Cantuária, no último capítulo do catálogo, porque falsas interpretações de Deus produzem falsas interpretações do homem. A heresia, contudo, também é um tijolo que contribuiu para construir a história. Tudo é útil porque se pode descobrir um pedaço da das estrada verdadeira, enfatizaram os palestrantes que participaram do encontro. Fernando Puig, reitor da Pontifícia Universidade de Santa Cruz, evidenciou a importância da terceira missão de toda universidade (e de uma comunicação por osmose permanente com o mundo externo). Entre os curadores do projeto, estavam presentes também o padre Giulio Maspero (decano da Faculdade de Teologia – Pontifícia Universidade de Santa Cruz) e Ilaria Vigorelli, (diretora do Centro Ror -Centro de Pesquisa de Ontologia Relacional).

“Aos meus estudantes, gostaria sempre que esse conceito fosse claro: não estão aqui para estudar coisas entediosas para se tornarem padres, mas para descobrir que evangelizar é a coisa mais interessante do mundo”, reiterou Puig. “Essa exposição trabalha ativamente para aumentar essa conscientização.” 

Um Deus que gera 

Os curadores assumiram o desafio de mostrar como hoje todos nos sentimos errados, incapazes e insuficientes, também porque a verdade de que o Deus de Jesus Cristo é trinitário está na sombra do nosso contexto cultural. Estamos todos reféns, uns mais outros menos, de “uma lógica do desempenho”, uma tensão contínua para tornarmos os primeiros da classe e alcançar o resultado, na qual o papel de Jesus é apenas funcional. Mas, diante da conversão do bom ladrão, deveríamos entender que a salvação vem do simples fato de reconhecer que Jesus é Deus. 

O cerne daquilo que a exposição pretende apresentar é que, em Niceia, a Igreja conseguiu dizer a si mesma e ao mundo que Deus “é” Pai e não só “age” como Pai, acrescentaram Vigorelli e Maspero. Ou seja, significa que Ele só sabe gerar e regenerar, portanto, sempre perdoar e acolher. E isso, depois do assassinato simbólico de Deus e do Pai pela modernidade, é uma verdade que a era pós-moderna precisa ouvir de novo, profundamente. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

“Leo from Chicago”: documentário sobre as raízes estadunidenses do Papa Leão

“Leo from Chicago” (Vatican News)

“Leo from Chicago”, em 10 de novembro será lançado o documentário sobre as raízes estadunidenses do Papa Leão

Por ocasião dos seis meses de pontificado, na segunda-feira (10) será publicado o documentário em três idiomas (inglês, italiano, espanhol) nos canais da Vatican News, com produção do Dicastério para a Comunicação.

https://youtu.be/LjyYryr4ghY

Vatican News

Por ocasião do sexto mês da eleição do Papa Leão XIV, a Rádio Vaticano – Vatican News publicam Leo from Chicago, um documentário que reconstitui a história, as raízes familiares, os estudos e a vocação agostiniana de Robert Francis Prevost em sua terra natal: os Estados Unidos. Uma jornada que começa na infância em Dolton, através das memórias dos irmãos Louis e John, e continua entre escolas e universidades, comunidades e paróquias, com as vozes de confrades, professores, colegas de estudo e amigos de longa data.

Leo from Chicago, segue o documentário León de Perú, apresentado em junho passado, sobre os anos de missão do futuro Pontífice no país. É uma produção da Direção Editorial do Dicastério para a Comunicação, em colaboração com a Arquidiocese de Chicago e o Apostolado El Sembrador Nueva Evangelización (ESNE). Foi realizado pelos jornalistas Deborah Castellano-Lubov, Salvatore Cernuzio, Felipe Herrera-Espaliat, com montagem de Jaime Vizcaíno Haro.

Às 18h (hora de Roma) de segunda-feira, 10 de novembro, o documentário será publicado no canal do YouTube da Vatican News em três idiomas (inglês, italiano e espanhol) e divulgado por outros meios de comunicação internacionais.

Leo from Chicago será exibido nos próximos dias em algumas cidades italianas, por ocasião de alguns encontros públicos promovidos pelo Dicastério para a Comunicação dedicados à figura do Papa Leão, em particular em Vicenza e Cremona (21 de novembro), Trento (25 de novembro), Verona (1º de dezembro), Gênova (5 de dezembro) e Cagliari (15 de dezembro).

Assista ao documentário "León de Perú" sobre os anos de missão do Papa Leão XIV:

https://youtu.be/Rzc0PnbSGb0

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Escalada em árvore e folha como laço: veja como é feito o ‘verdadeiro’ açaí do Pará

É necessário escalar a palmeira com açaí para pegar o fruto
Foto: Adrielle Farias/Terra

Escalada em árvore e folha como laço: veja como é feito o ‘verdadeiro’ açaí do Pará

Nativo da Amazônia, o açaí é o principal meio de sustento de famílias ribeirinhas na Ilha do Combu, no Pará.

Por: Adrielle Farias, de Belém (PA)

10 nov 2025 - 09h49

Para 'tirar' o sustento da família, como dizem os nortistas, John Victor dos Santos, de 28 anos, acorda todos os dias às 6h30min para colher açaí. "Levanto cedo, tomo um bom café e vou para a mata trabalhar. Essa é minha rotina", conta ao Terra. 

O açaí brota do açaizeiro, uma espécie de palmeira nativa da Amazônia que pode atingir até 20 metros de altura. Mas, quem consome o fruto em forma de suco, vitamina ou sobremesa, nem imagina o que existe por trás de sua produção.

John nasceu e foi criado na Ilha do Combu, distante a 10 minutos de Belém (PA). O local, habitado por diversos ribeirinhos que vivem da agricultura de subsistência e da pesca, virou um ponto de referência de turismo, bioeconomia e sociobioeconomia. 

"Comecei a trabalhar com meu pai aos seis anos de idade. Quando cresci, fui ficando independente e hoje eu cuido do manejo do açaí.  Quando chega o verão, que é quando mais temos açaí no pé para colher, eu preciso de mais gente para trabalhar comigo. Não é só chegar, subir e colher. A gente tem que tirar o açaí certo, que é o açaí preto", explica. 

O modo como o ribeirinho usa para colher o açaí é o tradicional, passado de geração em geração em comunidades paraenses. Primeiro, é necessário pegar uma folha da palmeira para criar um laço que o sustentará na escalada do açaizeiro. Em seguida, ele usa as forças dos pés e das mãos --sem medo e em menos de 2 minutos-- para subir ao topo da árvore para retirar o fruto de cor roxa. 

Para encher uma cesta com os pequenos caroços de açaí, é necessário subir 10 vezes à mesma árvore. A depender do dia e da colheita, ele percorre por outras diversas palmeiras, sempre respeitando o crescimento do fruto. 

Após encher as cestas com os caroços do fruto, John inicia o processo de moer o açaí em uma pequena máquina que precisa ser operada manualmente. "Quanto menos água você coloca, mais gostoso o açaí fica", relata o ribeirinho, enquanto mostra à reportagem do Terra o procedimento que já faz parte de sua rotina.

Com o açaí pronto, é hora de ir para a feira em Belém. Para isso, é necessário pegar um barco até a capital paraense e ficar atento para chegar no local até às 8h, que é o horário em que o movimento de compras se inicia. Uma bacia de açaí pode custar até R$ 500, a depender da época de colheita.

"Se você arrumar bem o seu açaí e deixar ele bonito, vai ser um açaí que todos vão procurar. As pessoas vão conhecer. Meu pai trabalhou com açaí na feira por muito tempo, então tem gente que logo que chega já compra comigo, por causa disso", afirma.

John Victor dos Santos se prepara para colocar os caroços de açaí na cesta
Foto: Adrielle Farias/Terra

Ilha do Combu: paraíso amazônico

A Ilha do Combu é a quarta maior do Pará, que conta com 39 ilhas. No local, há 5 comunidades: Beira Rio, Guamá, Igarapé do Combu, Furo da Paciência, Igarapé do Piriquitaquara e Furo do Benedito. A maneira mais comum de se locomover entre os locais da ilha é por meio de barcos.

Logo que se entra no barco em Belém em direção à Ilha do Combu, uma paisagem distante dos prédios da capital paraense começa a destoar em meio ao barulho das águas do Rio Guamá. Com a intensa movimentação de visitantes no Estado por causa da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), o turismo na ilha se intensificou nos últimos dias. 

A ilha abriga uma série de locais que proporcionam experiências, tais como a colheita do açaí com um morador da região e o turismo gastronômico na fábrica de chocolates Filha do Combu. Esta última, por exemplo, tornou-se referência de bioeconomia no Brasil.

Criada por Dona Nena há 20 anos, a fábrica nasceu com o intuito de ser uma renda extra na vida da empreendedora, mas acabou se tornando um negócio que agregou as populações ribeirinhas da Ilha do Combu e passou a proporcionar renda para mulheres da região.

*Essa reportagem foi produzida como parte da Climate Change Media Partnership 2025, uma bolsa de jornalismo organizada pela Earth Journalism Network, da Internews, e pelo Stanley Center for Peace and Security.

Fonte: Portal Terra

https://www.terra.com.br/planeta/cop30/escalada-em-arvore-e-folha-como-laco-veja-como-e-feito-o-verdadeiro-acai-do-para,15e6d242297edba51415b3dcad2c157dzh9wwbzh.html?utm_source=clipboard

Os primeiros 6 meses do pontificado de Leão XIV em 12 datas

Antoine Mekary | ALETEIA

I. Media - publicado em 10/11/25

À medida que a Igreja celebra meio ano com este sucessor de Pedro, relembramos 12 datas marcantes que definiram o início do pontificado de Leão XIV.

8 de maio

Às 18h07, sob o olhar de câmeras do mundo inteiro, a fumaça branca subiu da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, provocando um clamor que sacudiu as colunas da Basílica de São Pedro — e espantou a família de gaivotas que observava o movimento no telhado.

O norte-americano Robert Francis Prevost foi eleito o 267º papa da história, aos 69 anos de idade. Após um conclave que durou pouco mais de 24 horas, os 133 cardeais eleitores chegaram a um consenso após apenas quatro votações.

Durante sua bênção Urbi et Orbi, o novo pontífice anunciou ao mundo uma paz “desarmada e desarmante.”

18 de maio

Na presença de 156 delegações governamentais de todo o mundo, Leão XIV celebrou a Missa de inauguração oficial de seu ministério petrino na Praça de São Pedro.

Diante de cerca de 100 mil pessoas, recebeu o pálio — uma estola litúrgica de lã branca — e o Anel do Pescador, símbolo da autoridade papal e da sucessão de São Pedro.

Durante a homilia, afirmou que seu pontificado seria marcado pela caridade e expressou o desejo de uma Igreja unida, sinal de comunhão e fermento de um mundo reconciliado.

24 de maio

Os papas passam, a Cúria permanece.

Com essa frase memorável em seu primeiro discurso aos funcionários do Vaticano, reunidos na Sala Paulo VI, Leão XIV prestou homenagem a seus colaboradores, demonstrando apreço e desejo de trabalho em equipe.

O novo papa também restaurou o bônus de €500 destinado aos funcionários do Vaticano após o conclave, benefício que havia sido suspenso por seu predecessor.

7 a 22 de julho

Primeiras férias papais em Castel Gandolfo, antiga residência de verão dos papas Bento XVI, João Paulo II e outros.

Amante de esportes, Leão XIV pôde aproveitar as quadras de tênis e os cavalos do local.

Seu irmão, John Prevost, confidenciou que o Papa pretende retornar regularmente ao refúgio, onde não ocupa o antigo Palácio Apostólico — transformado em museu por Francisco —, mas sim a Villa Barberini, outra residência pertencente à Santa Sé.

© Francesco Sforza | Vatican Media

9 de julho

O Papa recebe o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com quem já havia se encontrado durante sua instalação como bispo de Roma.

Nesta nova audiência, Leão XIV reiterou sua disposição para sediar negociações de paz entre Rússia e Ucrânia no Vaticano.

28 de julho a 3 de agosto

Durante uma semana de verão, centenas de milhares de jovens de todo o mundo lotaram as ruas de Roma para o Jubileu da Juventude, o primeiro grande encontro de Leão XIV com os jovens.

O evento culminou em Tor Vergata, onde cerca de 1 milhão de participantes estiveram na vigília e na missa com o Papa, que os exortou a “buscar a verdade com paixão.”

7 de setembro

Leão XIV presidiu a primeira canonização de seu pontificado, declarando Pier Giorgio Frassati (1901–1925) e Carlo Acutis (1991–2006) santos, durante uma missa na Praça de São Pedro.

Em sua homilia, encorajou os jovens a não desperdiçar a vida, mas a tornar-se santos pelo amor a Deus e aos pobres.

A canonização havia sido adiada devido à morte de Francisco, que originalmente canonizaria Carlo em abril e Frassati em agosto.

18 de setembro

Publicação da primeira entrevista oficial do Papa, no livro Leão XIV: Cidadão do Mundo, Missionário do Século XXI(com tradução em inglês prevista para o início de 2026), onde o pontífice falou abertamente sobre diversos temas.

26 de setembro

Nomeação de Filippo Iannone como Prefeito do Dicastério para os Bispos, cargo anteriormente ocupado por Prevost antes de sua eleição ao papado.

Aos 67 anos, o italiano — que chefiava o Dicastério para os Textos Legislativos — tornou-se o primeiro prefeito nomeado por Leão XIV.

9 de outubro

Publicação da primeira carta apostólica de Leão XIV, intitulada Dilexi te (“Eu te amei”).

O texto, iniciado por Francisco e concluído por Leão XIV, é dedicado ao amor pelos pobres.

Nele, o Papa exorta os cristãos a rejeitarem ideologias paralisantes e a denunciarem as “estruturas de injustiça”, reiterando o compromisso com migrantes, mulheres vítimas de abuso, prisioneiros e a educação dos mais pobres.

23 de outubro

Visita de Estado do rei Carlos III ao Vaticano — a primeira de um monarca britânico desde a separação entre a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra, em 1534.

Durante o encontro, o Papa e o rei rezaram juntos na Capela Sistina, um gesto histórico.

Como sinal de amizade entre anglicanos e católicos, Carlos III recebeu um título honorário na Abadia de São Paulo Extramuros, e Leão XIV recebeu outro na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.

Photo by Handout / VATICAN MEDIA / AFP

1º de novembro

Na solenidade de Todos os Santos e ao término do Jubileu da Educação, Leão XIV proclamou o cardeal britânico John Henry Newman (1801–1890) como “Doutor da Igreja” e copadroeiro das escolas católicas.

Inspirando-se no ex-anglicano convertido ao catolicismo, o Papa destacou a missão da educação cristã diante dos desafios do niilismo e da desigualdade moderna.

Datas futuras já anunciadas

20 de novembro: primeira viagem fora de Roma, para Assis, onde encerrará a 81ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana.

27 de novembro a 2 de dezembro: primeira viagem apostólica internacional, com destino à Turquia e ao Líbano.


Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/11/10/os-primeiros-6-meses-do-pontificado-de-leao-xiv-em-12-datas/

A bioeconomia das conexões na COP30

Mudanças de comportamento, a COP 30 e sustentabilidade cultural - (crédito: Uai Turismo)

ARTIGO

A bioeconomia das conexões na COP30

A COP30 pode marcar o momento em que o Brasil apresenta ao mundo um novo paradigma — não baseado na competição por recursos finitos, mas na integração entre biodiversidade, conhecimento e desenvolvimento humano.

Maurício Antônio Lopes — Pesquisador da Embrapa Agroenergia e membro da Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA).

A COP30, realizada em Belém, traz o mundo ao coração da Amazônia. A carga simbólica do evento é evidente, pois, pela primeira vez, a conferência climática das Nações Unidas ocorrerá em um território que sintetiza os dilemas e as esperanças da humanidade diante da crise climática. Mais do que palco de negociações, a Amazônia é um espaço onde se colocam os desafios e as soluções para unir desenvolvimento e proteção da natureza.

A Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA) apresenta à COP30 uma proposta baseada na bioeconomia das conexões, entendida como uma abordagem que busca superar o isolamento entre setores e disciplinas, condição que ainda limita a transição sustentável. Jovem e atuante, a ABCA reúne lideranças da ciência agronômica comprometidas em fortalecer a base científica da agricultura tropical e afirmar seu papel como infraestrutura estratégica para a soberania alimentar, a sustentabilidade e o desenvolvimento do país.

A visão da ABCA para a COP30 reconhece que os desafios climáticos, energéticos, alimentares e sociais são interdependentes e exigem soluções guiadas pela lógica dos nexos — as inter-relações entre água, energia, alimentos, biodiversidade e sociedade. Por isso, a ABCA propõe um modelo de bioeconomia capaz de integrar esses elementos. Seu fundamento é sistêmico: o desenvolvimento sustentável depende das interações entre pessoas, ecossistemas, territórios e instituições, e não de ações isoladas.

Essa visão difere da noção mais difundida de bioeconomia, frequentemente centrada na substituição de insumos fósseis por biomassa em cadeias industriais. A bioeconomia das conexões amplia esse horizonte ao reconhecer que o potencial transformador está nas relações entre sistemas — na integração de ciclos ecológicos e produtivos, na cooperação entre cadeias de valor e na inteligência distribuída dos territórios. Seu avanço depende da convergência entre políticas públicas, ciência e investimento orientado para modelos que conciliem rentabilidade, regeneração ambiental e inclusão social.

Ao propor a ativação dessas conexões, o Brasil leva à COP30 uma visão que nasce da própria trajetória e experiência: a de um país que transformou ciência e diversidade em força produtiva e, agora, pode inspirar um novo ciclo de prosperidade tropical. Essa visão propõe que o desenvolvimento do século 21 se construa sobre a integração entre conhecimento, natureza e sociedade — uma economia viva, capaz de regenerar ecossistemas, reduzir desigualdades e gerar inovação a partir da biodiversidade.

A ciência agronômica alinha-se naturalmente a essa lógica, pois nasceu da necessidade de integrar conhecimentos e práticas para produzir de forma racional, evoluindo para reconhecer limites ecológicos e incorporar sustentabilidade como princípio orientador. Por essência, é uma ciência de conexões — entre solo, água, plantas, clima e pessoas — e de tradução da complexidade dos sistemas vivos em soluções aplicáveis aos territórios. 

Essa evolução ampliou seu escopo: de uma ciência voltada principalmente à produtividade para outra que integra regeneração, conservação e inclusão social como dimensões inseparáveis do desenvolvimento. Foi essa trajetória que permitiu ao Brasil transformar vastas regiões tropicais com sistemas produtivos baseados em pesquisa, inovação e manejo inteligente — hoje mais preparados para enfrentar os desafios climáticos e sociais do nosso tempo.

Essa trajetória confere à ciência agronômica um papel central na bioeconomia das conexões. Ao combinar observação empírica, modelagem científica e diálogo com os territórios, a agronomia fornece a infraestrutura de conhecimento para articular produção e conservação em bases regenerativas. Sua capacidade de integrar tecnologias emergentes e práticas de manejo adaptadas aos biomas tropicais permite transformar desafios ambientais e sociais em oportunidades de inovação e progresso.

A ABCA, ao propor essa visão, lança um chamado à convergência. Governos, empresas, agricultores, cientistas e comunidades precisam alinhar esforços em torno de uma agenda para transformar conhecimento em soluções concretas nos territórios. Com sua base científica sólida e diversidade biológica sem paralelo, o Brasil tem condições únicas para propor ao mundo um novo pacto entre sociedade e natureza — um modelo de desenvolvimento ancorado na força da ciência, na riqueza dos seus biomas e na capacidade criativa de seu povo, capaz de gerar prosperidade com regeneração.

A COP30 pode marcar o momento em que o Brasil apresenta ao mundo um novo paradigma — não baseado na competição por recursos finitos, mas na integração entre biodiversidade, conhecimento e desenvolvimento humano. A bioeconomia das conexões propõe unir produção e conservação, ciência e sociedade, convertendo a inteligência dos trópicos em soluções para um mundo em transição. 

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2025/11/7288235-a-bioeconomia-das-conexoes-na-cop30.html

Tabgha, Igreja do Primado

Tabgha, Igreja do Primado | Opus Dei

Tabgha, Igreja do Primado

A uns três quilômetros a oeste de Cafarnaum, segundo a tradição, Jesus teria indicado aos discípulos onde jogar as redes para a segunda pesca milagrosa, e confirmou São Pedro no primado da Igreja.

02/05/2019

Em outros artigos anteriores, citamos o testemunho da peregrina Egéria sobre Tabgha, que vem do século IV: “não longe de Cafarnaum veem-se os degraus de pedra onde o Senhor se sentou. Ali, junto ao lago, encontra-se um terreno coberto de abundante erva e muitas palmeiras e, perto do mesmo lugar, sete fontes jorrando água abundante de cada uma delas. Neste lugar o Senhor saciou uma multidão com cinco pães e dois peixes. A pedra sobre a qual Jesus pousou o pão foi transformada num altar. Junto às paredes daquela igreja passa a rua, onde Mateus tinha o seu telônio. No monte vizinho há um lugar onde o Senhor subiu para pronunciar as Bem-Aventuranças”[1].

Concentramos a nossa atenção no primeiro lugar indicado por Egéria: “os degraus de pedra onde o Senhor se sentou”. Segundo esta tradição, referem-se ao lugar de onde Jesus teria indicado aos da barca que lançassem as redes à sua direita, durante a aparição do Senhor ressuscitado que São João narra no fim do seu evangelho: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos (Jo 21, 2-14).

Tabgha, Igreja do Primado | Opus Dei

O relato de Egéria não afirma que existisse uma igreja na margem onde Jesus apareceu, mas um texto tardio – dos séculos X-XI – atribui à imperatriz Santa Helena a construção de um santuário dedicado aos Apóstolos no lugar onde o Senhor comeu com eles. Alguns documentos a partir do século IX denominam-no indistintamente ‘Mensa, Tabula Domini’, dos Doze Tronos ou das Brasas, todos nomes que recordam aquele almoço. Através de um testemunho da Idade Média, sabemos também que o templo estava particularmente dedicado ao Príncipe dos Apóstolos: “no sopé do monte está a igreja de São Pedro, muito bela, mas abandonada”, afirma o peregrino Saewulfus em 1102[2]. Após diversas vicissitudes, foi definitivamente destruída em 1263. A atual, construída pelos franciscanos em 1933 sobre as fundações da antiga capela, chama-se Igreja do Primado para recordar o lugar onde Jesus confirmou Pedro como pastor supremo da IgrejaDepois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, tu me amas mais do que estes?”. Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo” (Jo 21, 15-17).

Pesquisas arqueológicas realizadas em 1969 confirmaram que sob a igreja do Primado se encontram restos de dois santuários mais antigos. Do primeiro, datado de finais do século IV, restam alguns fragmentos das paredes com reboco branco; o segundo, construído cem anos mais tarde em basalto, é reconhecível nas paredes perimetrais. Ambos tinham como centro uma rocha chamada pelos peregrinos ‘Mensa Christi’, que atualmente se continua a venerar diante do altar como o local da refeição com os Apóstolos. Além disso, os degraus referidos por Egéria podem-se observar na parte exterior, no lado sul da capela, protegidos por um portão.

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A confirmação de São Pedro no Primado

Comentando o diálogo entre Jesus e São Pedro que consideramos, São Leão Magno – pontífice romano entre os anos 440 e 461 – destacava que a solicitude do Príncipe dos Apóstolos se estende especialmente aos seus sucessores: “em Pedro robustece-se a fortaleza de todos, de tal modo se ordena o auxílio da graça divina, que a firmeza conferida a Pedro por Cristo se dá aos outros apóstolos por Pedro. Por isso, depois da ressurreição, o Senhor, para manifestar a tripla confissão de amor eterno, depois de ter dado ao bem-aventurado apóstolo Pedro as chaves do reino, numa manifestação plena de mistério, diz três vezes: apascenta as minhas ovelhas. E fá-lo sem dúvida agora, e o piedoso pastor manda que se realize o mandato do Senhor, confirmando-nos com exortações e rezando por nós sem cessar, para que não sejamos vencidos por nenhuma tentação. Se ele realiza este cuidado da sua piedade para com todo o povo de Deus, e em toda a parte, como se deve crer, quanto mais se dignará conceder a sua ajuda a nós, que fomos imediatamente instruídos por ele, que estamos junto ao sagrado leito do seu sono, onde descansa a mesma carne que presidiu?”[3].

No início do seu pontificado, Bento XVI também se referiu à missão de velar pela Igreja que o Senhor confiou a Pedro e aos seus sucessores, e por três vezes pediu orações para ser fiel ao seu ministério: “uma das características fundamentais deve ser a de amar os homens que lhe foram confiados, assim como ama Cristo, a cujo serviço se encontra. ‘Apascenta as minhas ovelhas’, diz Cristo a Pedro, e a mim, neste momento. Apascentar significa amar, e amar quer dizer também estar prontos para sofrer. Amar significa: dar às ovelhas o verdadeiro bem, o alimento da verdade de Deus, da palavra de Deus, o alimento da sua presença, que ele nos oferece no Santíssimo Sacramento. Queridos amigos neste momento eu posso dizer apenas: rezai por mim, para que eu aprenda cada vez mais a amar o Senhor. Rezai por mim, para que eu aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho, a Santa Igreja, cada um de vós singularmente e todos vós juntos. Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos. Rezai uns pelos outros, para que o Senhor nos guie e nós aprendamos a guiar-nos uns aos outros”[4].

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Dom Álvaro esteve na igreja do Primado no dia 16 de março de 1994. Rezou pelo Papa, e teve uma oportunidade especial para se unir à sua pessoa e às suas intenções. Dom Javier Echevarría recordou-o pouco depois:

"Quando entramos na Igreja do Primado, os frades franciscanos, que nos receberam com muito carinho, ficaram contentes ao ver o Padre. Disseram-nos: aqui temos o costume de oferecer aos bispos a estola que Paulo VI usou quando fez a sua viagem em 1964, para darem a bênção aos fiéis. O Padre ficou muito contente, porque uma ocasião de unir-se a Pedro, ao Papa, seja quem for, é motivo de alegria para um bom filho da Igreja. Temos de amar o Papa com loucura.

O Padre ficou muito feliz por usar aquela estola que já é uma recordação, uma relíquia, de Paulo VI. Deu a bênção aos fiéis. Mas não contávamos com as pessoas sempre querem mais: naquele momento chegou um grupo de italianos e quando viram o que o Padre tinha acabado de fazer, disseram: nós também queremos uma bênção! O Padre voltou a vestir a estola, deu-lhes a bênção com alegria e pediu-lhes orações”[5].

São Josemaria deixou-nos a convicção de que depois de Deus e da nossa Mãe a Virgem Santíssima, na hierarquia do amor e da autoridade, vem o Santo Padre[6]. Em 14 de fevereiro de 1975, durante a última tertúlia geral na Venezuela, ele expressou esta ideia em outras palavras:

-Padre, como podemos demonstrar nestes momentos o nosso amor e fidelidade ao Papa? Perguntou uma mulher.

-Que boa pergunta, minha filha! O Papa é o Vice-Cristo, o Papa é Pedro, o Papa é o representante de Deus na terra. O nosso amor de cristãos tem de ser assim: Jesus Cristo, Maria Santíssima, São José, o Papa! O Papa acima de tudo (...). Na terra, está formando - por assim dizer - uma unidade de amor com Cristo, com Maria Santíssima, Mãe de Cristo, e com São José (...). Já te respondi: amar o Papa!

As pessoas irromperam em uma salva de palmas, e o fundador do Opus Dei se juntou a eles dizendo:

-Sim, para o Papa, para o Papa este aplauso.

O aplauso tornou-se então muito maior[7].


[1] Appendix ad Itinerarium Egeriæ, II, V, 2-3 (CCL 175, 99).

[2] Saewulfus, Relatio de peregrinatione ad Hierosolymam et Terram Sanctam.

[3] São Leão Magno, Homilia na festa de São Pedro Apóstolo.

[4] Bento XVI, Homilia no solene início do ministério petrino, 24-IV-2005

[5] Javier Echevarría, Palavras citadas em Crónica, 1994, pp. 294-295
(AGP, biblioteca, P01).

[6] São Josemaria, Forja, n. 135.

[7] São Josemaria, Anotações de uma tertúlia, 14-II-1975, publicado no vídeo “Amor ao Papa”.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/tabgha-igreja-do-primado/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF