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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

A beleza dos Salmos na vida cristã

Chat Karen Studio | Shutterstock
Por Hozana - publicado em 11/08/23
Não é incrível como um livro de cânticos pode ter atravessado gerações e ser tão atual?

Todos conhecem a célebre afirmação do personagem Dom Quixote, obra de Miguel de Cervantes: “Sempre ouvi dizer: quem canta seus males espanta”. E não é que ele estava certo? Estudos mostram que cantar produz endorfina, a mesma substância gerada quando realizamos exercícios físicos ou comemos chocolate. Além de ter uma potente ação analgésica, estimula a sensação de bem-estar, autoconfiança, otimismo e conforto. Cantar também diminui o stress, melhora a capacidade pulmonar e ativa o sistema cardiovascular e ameniza os efeitos do envelhecimento.

E se o canto é para Deus em forma de louvor?

O louvor é antes de tudo uma manifestação da graça de Deus em nós. É o Espírito Santo que nos faz reconhecer a grandeza d’Aquele que nos ama de maneira incomparável. Esse mesmo Espírito deve nos fazer entender que nosso louvor não acrescenta nada a Deus, que é desde todo sempre perfeito, Todo-poderoso, princípio e fim de tudo. Algumas vezes rezamos na missa: “Na Verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Ainda que nossos louvores não vos sejam necessários, vós nos concedeis o dom de vos louvar. Eles nada acrescentam ao que sois, mas nos aproximam de vós por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso”(Prefácio Comum IV – O louvor, dom de Deus).

Que imensa graça!

Deus nos concede o dom do louvor e esse dom nos aproxima d’Ele, gera em nós intimidade com Ele. Louvamos a Deus pelo que Ele é, por sua grandeza e majestade infinitas, não somente pelo que Ele faz. 

Paralelamente, para a vida cristã em geral, revestem-se de singular importância os Salmos do Antigo Testamento, que há séculos têm sido uma particular fonte de inspiração para os fiéis cristãos. Não é em vão São Basílio Magno, Doutor da Igreja, ensina que o livro dos Salmos “é um depósito geral dos mais excelentes ensinamentos” (Homilia ao Salmo 1). Na língua hebraica, é chamado “Livro dos Louvores” ou “Hinos” (Tehillim, da raiz hll, “louvar”). Embora somente na 3ª parte do saltério predominem os salmos de louvor e o nome “hino” seja dado apenas ao Sl 145, esta atitude orante se faz presente ao longo de todo o livro – por isso o fiel não se esquece de louvar a Deus mesmo quando suplica (cf. Sl 22,2.26; 106,1.47s). Os termos “Salmos” e “saltério” provêm do grego “Psálmoi” (“melodias”) e “Psaltérion” (“instrumento de cordas”, como a lira, a harpa…), pois, em sua maioria eram acompanhados pelo canto instrumental. Vale lembrar que o gênero salmódico se encontra presente também em outros livros (cf. Êx 15; Nm 21,17s; Jz 5; 1Sm 21; 2Sm 1; Jó 2 etc.)

“Os Salmos constituem a obra-prima da oração no Antigo Testamento. Apresentam dois componentes inseparáveis: o pessoal e o comunitário. Estendem-se a todas as dimensões da história, comemorando as promessas já realizadas e esperando a vinda do Messias. Rezados e realizados em Cristo (Lc 20,42, grifo meu), os Salmos são um elemento essencial e permanente da oração de sua Igreja e são adequados aos homens de qualquer condição ou tempo.” (CIC, 2596-2597)

Trata-se de um dos mais citados pelos escritores do Novo Testamento. O próprio Jesus orava os salmos, e sua vida e ação trouxe um significado pleno para o sentido que essas orações já possuíam. Depois dele, os salmos se tornaram a oração do novo povo de Deus.

Os 150 salmos formam o núcleo da oração cotidiana: a Liturgia das Horas, também conhecida por Ofício Divino. O rosário, que era formado incialmente por 150 Ave Marias, formou-se por analogia aos 150 salmos do Ofício. Na Igreja, o “motu proprio Tra le Solecitudine” de 1903, do Papa Pio X, excluiu da liturgia os salmos “de concerto”. Após o Concílio Vaticano II, foi restaurado o salmo responsorial na missa, através da Instrução Geral do Missal Romano de 1969, tornando-se assim parte integrante da Liturgia da Palavra.

Não há unanimidade a respeito da classificação dos Salmos. Admite-se, em geral, que se enquadram numa subespécie do gênero literário lírico ou poético e, dentre as diversas válidas tentativas de classificá-los, acredita-se que podem ser divididos em alguns gêneros. A Bíblia de Jerusalém propõe a seguinte: 

Hinos (Sl 8, etc.); 

Súplicas coletivas (Sl 12, etc.); 

Súplicas individuais (Sl 3, etc.); 

Lamentações (Sl 22, etc.); 

Ação de graças (Sl 18, etc.); 

Oráculos (Sl 2, etc.); 

Salmos régios (Sl 24, etc.); 

Gêneros mistos (Sl 27, etc.). 

Há outras tipificações que incluem, por exemplo: 

Salmos de penitência (Sl 32, etc.); 

Salmos imprecatórios (Sl 58, etc.); 

Salmos didáticos (Sl 62, etc.).

Não é incrível como um livro de cânticos pode ter atravessado gerações e ser tão atual? Você também rezar com os Salmos todos os dias através de um itinerário de oração guiado, que facilita e atualiza cada Salmo bíblico. Reze conosco na rede social de oração Hozana (clique aqui para participar)

E não se esqueça: “Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai e louvai ao Senhor no vosso coração” (Ef 5,19)

Wellington de Almeida Alkmin, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF