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sábado, 12 de julho de 2025

Por que Moisés teria permitido o divórcio?

Drazen Zigic | Shutterstock

Dário Ramos - publicado em 11/07/25

Uma reflexão sobre matrimônio, divórcio e o princípio do tempos (Cf. Mt 19,1-9)

Alguns fariseus colocaram diante de Jesus um questionamento sobre o matrimônio: Se eles não poderiam repudiar suas mulheres, por que Moisés teria permitido o divórcio? Jesus dá uma resposta que remete ao início de nossa existência: “por causa da dureza do vosso coração, mas no princípio não era assim”. (Cf. Mt 19,1-9)

Quase todo dia os sites de fofoca noticiam rompimentos de namoros, noivados e casamentos entre celebridades. E foi notícia o divórcio de um cantor e uma influencer, famosos por compartilhar a rotina da vida a dois em suas redes sociais. O ‘ex-casal’ fez uma postagem para explicar o porquê da separação, o que causou grande repercussão.

O objetivo não é falar da vida deles ou dos motivos pelos quais eles podem ter se separado. Isso não cabe a ninguém, e poderia estar assumindo uma postura de juiz se fosse comentar sobre a vida pessoal deles. Não é o caso.

Me surpreendeu, no entanto, a reação dos fãs do casal, e sobre isso desejo refletir. Por que nos choca tanto um divórcio se é algo tão comum – no sentido de recorrente - em nosso cotidiano? Por que muitos fãs chegaram a comentar que estavam desiludidos com o amor se a todo o momento recebemos notícias de términos de relacionamentos? Cristo responde: no princípio não era assim.

Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. O papa João Paulo II vem nos ensinar em sua obra que não só o homem sozinho é imagem e semelhança de Deus, mas de forma especial o casal, a comunhão entre homem e mulher -communio personarum-, por serem uma imagem daquilo que Deus é, ou seja, uma comunhão de amor (Pai – Filho – Espírito Santo).  

E não para por aí: a união do casal ainda nos fala sobre aquilo que viveremos um dia no céu, a comunhão eterna com Deus. É claro que, o pecado original e a inclinação que herdamos dele não nos permite ver plenamente esta realidade (esta é a dureza dos nossos corações).

Cada vez que um casal se separa, portanto, não ficamos desiludidos com o casal em si. O divórcio nos causa um impacto porque nos comunica uma mentira: “não é possível viver uma comunhão de amor”. É fato que não conseguimos vivê-la perfeitamente nesta terra. Mas o matrimônio, neste sentido, não quer nos falar só sobre esta terra, quer nos apontar para o que viveremos no céu, a eterna comunhão com Deus.

Ficamos frustrados porque, ao vermos um casal se separando, a analogia que Deus encontrou para nos dizer que fomos feitos para Ele e criados para amar acaba sendo violentada. A história que Deus deseja nos contar por meio de cada casal é interrompida. E nossos corações vão se tornando mais duros e passam a acreditar na mentira que nos é contada. As consequências? Paramos de acreditar na união aqui na terra, e em seguida, na união com Deus no céu.

Mas, não podemos nos esquecer de que é possível e que outros já viveram a união da terra como meio para chegar à união do céu. É o caso de Luís e Zélia Martin (os pais de Teresa de Lisieux e outras 4 religiosas), dos pais de João Paulo II (o casal Wojtyla) cujo processo de beatificação está em andamento e do casal italiano Luigi e Maria Beltrame - os primeiros a serem beatificados juntos. 

Todos esses encontraram no matrimônio um caminho que os levou à comunhão eterna com Deus. A pequena trindade (eis aqui uma analogia) na terra levou cada integrante destas famílias a experimentarem a comunhão com a Trindade no céu.

O divórcio nos choca porque tenta nos convencer de que não fomos criados para uma comunhão, nem nesta terra e nem no céu. A história interrompida volta a ser contada a cada vez que alguém permite que Cristo alcance com a sua redenção o coração duro e o encaminhe para os seus desígnios de amor. Através destes o próprio Deus nos revela esta grande verdade: fomos criados para nos unirmos a Ele. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/11/por-que-moises-teria-permitido-o-divorcio/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF