Em sua mensagem para o V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos
intitulada "Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança", o
Santo Padre recorda que muitas vezes "os nossos avós foram para nós um
exemplo de fé e devoção, de virtudes cívicas e compromisso social, de memória e
perseverança nas provações! A nossa gratidão e coerência nunca serão
suficientes para agradecer este bonito legado que nos foi deixado com tanta
esperança e amor."
Mariangela Jaguraba – Vatican News
Foi divulgada, nesta quinta-feira (10/07), a mensagem do
Papa Leão XIV para o V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos intitulada
"Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança".
O Pontífice inicia a mensagem, recordando que "o
Jubileu que estamos vivendo nos ajuda a descobrir que a esperança é, em todas
as idades, perene fonte de alegria" e "quando é provada pelo fogo de
uma longa existência, torna-se fonte de uma bem-aventurança plena".
Idosos: primeiras testemunhas da esperança
A seguir, o Papa recorda alguns homens e mulheres, na
Bíblia, em idade avançada, "que o Senhor inclui nos seus desígnios de
salvação". Abraão e Sara, Isabel e Zacarias, Jacó, já idoso, que abençoa
os filhos de José, seus netos, Moisés e Nicodemos. "Deus mostra várias
vezes a sua providência dirigindo-se a pessoas idosas" (...). "Com
estas escolhas, Ele nos ensina que, aos seus olhos, a velhice é um tempo de
bênção e graça e que, para Ele, os idosos são as primeiras testemunhas
da esperança", ressalta Leão XIV.
De acordo com o Pontífice, "só se compreende a vida da
Igreja e do mundo na sucessão das gerações. Por isso, abraçar um idoso
ajuda-nos a entender que a história não se esgota no presente, nem em encontros
rápidos e relações fragmentárias, mas se desenrola rumo ao futuro".
“Portanto, se é verdade que a
fragilidade dos idosos precisa do vigor dos jovens, é igualmente verdade que a
inexperiência dos jovens precisa do testemunho dos idosos para projetar o
futuro com sabedoria.”
"Quantas vezes os nossos avós foram para nós um
exemplo de fé e devoção, de virtudes cívicas e compromisso social, de memória e
perseverança nas provações! A nossa gratidão e coerência nunca serão
suficientes para agradecer este bonito legado que nos foi deixado com tanta
esperança e amor", sublinha o Papa.
Ser protagonista da “revolução” da gratidão
"Desde as suas origens bíblicas, o Jubileu
representou um tempo de libertação: os escravos eram libertados, as dívidas
perdoadas, as terras devolvidas aos seus proprietários originais. Era um
momento de restauração da ordem social desejada por Deus, em que se sanavam as
desigualdades e as opressões acumuladas ao longo dos anos", ressalta o
Papa na mensagem.
"Olhando para os idosos nesta perspectiva jubilar,
também nós somos chamados a viver com eles uma libertação, sobretudo da solidão
e do abandono. Este ano é o momento propício para realizá-la: a fidelidade
de Deus às suas promessas ensina-nos que há uma bem-aventurança na velhice, uma
alegria autenticamente evangélica que nos convida a derrubar os muros da
indiferença na qual os idosos estão frequentemente encerrados", escreve o
Pontífice.
“Em todas as partes do mundo,
as nossas sociedades estão a habituar-se, com demasiada frequência, a deixar
que uma parte tão importante e rica do seu tecido social seja marginalizada e
esquecida. Perante esta situação, é necessária uma mudança de atitude, que
testemunhe uma assunção de responsabilidade por parte de toda a Igreja.”
Segundo o Papa, "cada paróquia, associação ou grupo
eclesial é chamado a tornar-se protagonista da “revolução” da gratidão e do
cuidado, a ser realizada através de visitas frequentes aos idosos, criando para
eles e com eles redes de apoio e oração, tecendo relações que possam dar
esperança e dignidade àqueles que se sentem esquecidos. A esperança cristã
impele-nos continuamente a ousar mais, a pensar em grande, a não nos
contentarmos com o status quo. Neste caso específico, a trabalhar
por uma mudança que devolva aos idosos a estima e o afeto".
A seguir, Leão XIV recorda que "o Papa
Francisco quis que o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos fosse
celebrado, em primeiro lugar, encontrando aqueles que estão sozinhos. E
decidiu-se, pela mesma razão, que aqueles que não puderem vir a Roma neste ano
em peregrinação podem «obter a Indulgência jubilar se visitarem por um côngruo
período […] idosos em solidão […] quase fazendo uma peregrinação em direção a
Cristo presente neles»".
“Visitar um idoso é um modo de
encontrar Jesus, que nos liberta da indiferença e da solidão.”
Não perder a esperança na velhice
A seguir, o Pontífice recorda o Livro do Eclesiástico que
"afirma que a bem-aventurança é daqueles que não perderam a
esperança, dando a entender que na nossa vida – especialmente se for longa
– podem existir muitos motivos para sempre lançar o olhar para o passado, em
vez de olhar para o futuro". No entanto, o Papa Francisco escreveu
durante sua última internação no Hospital Gemelli, que «o nosso físico está
fraco, mas, mesmo assim, nada nos impede de amar, de rezar, de nos doarmos, de
sermos uns pelos outros, na fé, sinais luminosos de esperança».
"Possuímos uma liberdade que nenhuma dificuldade pode
tirar-nos: a de amar e rezar. Todos, podemos amar e rezar, sempre. O bem que
desejamos às pessoas que nos são caras – ao cônjuge com quem compartilhamos
grande parte da vida, aos filhos, aos netos que alegram os nossos dias – não
desaparece quando as forças se esvaem. Pelo contrário, muitas vezes é
justamente o carinho deles que desperta as nossas energias, trazendo-nos
esperança e conforto", escreve o Papa. "Por isso, sobretudo na velhice,
perseveremos confiantes no Senhor. Deixemo-nos renovar todos os dias, na oração
e na Santa Missa, pelo encontro com Ele. Transmitamos com amor a fé que vivemos
na família e nos encontros quotidianos durante tantos anos: louvemos sempre a
Deus pela sua benevolência, cultivemos a unidade com as pessoas que nos são
caras, abramos o nosso coração aos que estão mais longe e, em particular, aos
necessitados. Assim, seremos sinais de esperança, em todas as idades",
conclui o Papa Leão XIV.
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