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terça-feira, 8 de junho de 2021

Santo Efrém, diácono e doutor da Igreja

S. Efrém | Pantokrator

Santo Efrém nasceu no ano 306, bem no início do século IV, na cidade de Nisibi, atual Turquia. Cresceu em meio a graves conflitos de ordem religiosa, além das heresias que surgiam tentando abalar a unidade da Igreja. Mas todos eles só serviram de fermento para que sua fé em Cristo e sua ardente devoção à Virgem Maria vigorassem e se firmassem.

O pai de Efrém era sacerdote pagão, embora sua mãe, cristã, defendesse a liberdade religiosa educando o filho dentro dos preceitos da palavra de Cristo. Ele foi educado na infância entre a dualidade do paganismo do pai e do cristianismo da mãe, pois o Edito de Milão, autorizando a liberdade de culto, só entrou em vigor quando ele já tinha sete anos de idade. Mas o patriarca da família jamais aceitou a fé professada pelo filho. Como não o venceu nem com a força, nem com argumentos, expulsou-o de casa. Efrém foi batizado aos dezoito anos e viveu do seu próprio sustento, trabalhando num balneário local.

No ano 338, Nisibi foi invadida pelos persas. Efrém, então diácono, deslocou-se para a cidade de Edessa, também atual Turquia. Os poucos registros sobre sua vida contam-nos que era muito austero. Ele dirigiu e lecionou uma escola que pregava e defendia os princípios cristãos, escrevendo várias obras sobre o tema. Como não sabia grego, sua obra ficou isenta da influência dos teólogos seus contemporâneos, inclinados à controvérsia da Trindade. Efrém foi um ardente defensor da genuína doutrina cristã antiga.

Com veia poética, seus sermões atraiam multidões e sua escola era muito concorrida pelo conteúdo didático simples e exortativo, atingindo diretamente o povo mais humilde. Na sua época estava-se organizando o canto religioso alternado nas igrejas. Esse movimento foi iniciado pelos bispos Ambrósio de Milão e Diodoro da Antioquia. A colaboração do diácono Efrém de Nisibi foram poesias na língua nativa próprias para o canto coletivo, o que permitiu uma rápida divulgação.

Por sua linguagem poética, Santo Efrém recebeu o apelido carinhoso de “Harpa do Espírito Santo”.

Somente a Nossa Senhora dedicou mais de vinte poemas, transformados em hinos. Suas poesias eram tão populares e empolgantes que da Síria espalharam-se e chegaram até o Oriente mediterrâneo, graças a uma cuidadosa e fiel tradução em grego.

Efrém morreu no dia 9 de junho de 373, em Edessa, sem ter sido ordenado sacerdote. Desde então, é venerado neste dia por sua santidade, tanto pelos católicos do Oriente como do Ocidente. O papa Bento XV declarou-o doutor da Igreja em 1920.

A Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Salustiano e Clodolfo.

Via Franciscanos

https://pantokrator.org.br/

segunda-feira, 7 de junho de 2021

PAIS DA IGREJA: «Louvores dos Santos Padres à Maria»

Ecclesia

«Louvores dos Santos Padres à Maria»

* * *

Ave, alegria que desejamos.

Ave, exaltação do gozo da Igreja.

Ave, nome que emana doçura.

Ave, rosto que emana bondade divina.

Ave, morada de santidade.

Ave, Mãe revestida de luz, que engendras o Sol sem ocaso.

Ave, Mãe pura em santidade.

Ave, fonte corrente de água que leva a vida.

Ave, Mãe misteriosa e inexplicável.

Ave, livro novo que encerra a nova mensagem de Deus.

Ave, alabastro que contêm a mirra de santidade que procede de Deus.

Ave, beleza que prega a riqueza da virgindade.

Ave, criatura que levas o teu Criador.

Ave, tu que conténs o que nada pode conter.

Ave, tabernáculo de Deus e do Verbo.

Ave, a maior Santa de todas as santas.

Ave, Arca da Aliança, que nos fazes presentes a Deus.

Ave, tesouro inesgotável de vida.

Ave, diadema precioso dos reis piedosos.

Ave, gloria venerável dos Santos Padres.

Ave, nuvem luminosa, que derramas sobre nós
a brisa espiritual e divina.

Ave, fonte plena dos dons de Deus.

Ave, Cheia de graça, de quem nasceu o Sol da salvação.

Ave, que nos entregas a Cristo,
Sol que enche de bondade a Criação.

Ave, tu por quem brindam os troféus.

Ave, tu por quem sucumbem os inimigos.

Ave, saúde de meu corpo.

Ave, salvação de minha alma.

* * *

Ave, flor de imortalidade.

Ave, coroa de castidade.

Ave, cheia de graça, arca de santidade e ramo de justiça.

Ave, Maria, plantada por Deus, que floresces como uma flor incorruptível.

Ave, tu que, com o ritmo cadencioso de teus passos, pisoteaste o diabo.

Ave, oh Esposa de Deus, que puseste sobre nós o manto divino do perdão.

Ave, árvore com frutos de luz.

Ave, bosque com ramagem abundante, onde muitos vem se proteger.

Ave, tu que levas em teu seio o Guia dos extraviados.

Ave, satisfação do supremo Juiz.

Ave, reconciliação de muitos pecadores.

Ave, coroa de confiança para os necesitados.

Ave, amor que supera todo desejo.

Ave, Mãe do Cordeiro sem mancha e da Pedra angular da Igreja.

Ave, Cheia de graça, verdadeiro incensório de ouro.

Ave, Tesouro de pureza, sacratíssimo e sem mancha alguma.

Ave, Nuvem resplandecente do Espírito vivificante.

Ave, que trazes a chuva da misericórdia, que banha todo o criado.

Ave, que nos dás o Verbo de Deus para atrair os extraviados.

Ave, Mãe do que vem reconciliar-nos, e com Deus.

Ave, Cheia de graça, esperança de todas nações da terra.

Ave, que transformaste a dor em gozo.

Ave, Cheia de graça imaculada.

Ave, que dispuseste para a sepultura o Cordeiro de Deus.

Ave, Cheia de graça, gozo da alma.

Ave, boa mediadora de todos os pecadores.

Ave, Cheia de graça, refúgio admirável e compassivo.

Ave, tu que és contemplada como a formosura mais grandiosa e excelsa.

* * *

Ave, raio de sol espiritual.

Ave, tu que fazes surgir a luz do astro ponente.

Ave, claridade que ilumina a as almas.

Ave, relâmpago que estremece aos inimigos.

Ave, porque tu fizeste que e levantasse uma uma luminosa claridade.

Ave, porque tu fazes brotar um rio de águas abundantes.

Ave, vivente imagem da fonte  batismal.

Ave, tu que apagas a mancha do pecado.

Ave, fonte que lava a consciência.

Ave, cálice que encerra a alegria.

Ave, perfume do bom odor de Cristo.

Ave, palácio sagrado, imaculado e puríssimo do Senhor, Rei do universo.

Ave, fonte do gozo espiritual mais pleno.

Ave, oh ameno e espiritual paraíso de Deus.

Ave, Cheia de graça , terra fecunda em aromas.

Ave, arca portadora de vida e novo vaso perfumado do Espírito.

Ave, tu que fazes resplandecer a imagem da Ressurreição.

Ave, tu que manifestas a vida angélica.

Ave, Cheia de graça, candelabro de ouro, que sustentas lâmpadas acesas.

Ave, Cheia de graça, mesa que contém o Pão da vida.

Ave, Cheia de graça, monte de Deus, monte fecundo.

Ave, monte de Deus manifestado ante todo o mundo.

Ave, muralha inexpugnável da Igreja.

Ave, muro indestrutível do Reino.

Ave, Mãe da Igreja, da nova Sião e da Nova Jerusalém.

Ave, em quem nos reconhecemos e nos encontramos com Deus.

Ave, cheia de graça, monte de Deus manifestado ante todo o mundo.

Ave, cheia de graça, refúgio admirável e compassivo,
auxílio para todos os cristãos
e que és contemplada como a formosura mais grandiosa e excelsa.

* * * 

TraduçãoPe. André Sperandio


Fonte: Ecclesia

A Eucaristia nos primórdios da Igreja

Editora Cléofas

A Eucaristia nos primórdios da Igreja

Por Prof. Felipe Aquino

Jesus instituiu a Eucaristia na última Ceia, que era a ceia judaica da Páscoa. Esta ceia começava servindo-se ervas amargas e pães ázimos, sem fermento. As ervas amargas simbolizavam os tempos duros de escravidão do povo judeu no Egito, e os pães ázimos simbolizavam que a saída foi às pressas, sem que as mulheres tivessem tempo de colocar o fermento nos pães. Antes e depois tomava-se uma taça de vinho.

Então, o filho mais novo perguntava ao pai o sentido dessas coisas estranhas, e o pai lhes explicava como Deus milagrosamente os libertara dos egípcios, passando das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade. Terminava com a recitação da primeira parte do Hallel (Salmos 112 e 113, 1-8).

Em seguida fazia-se a ceia. O pai de família tomava um dos pães ázimos, partia-o e distribuía-o. Depois se comia o cordeiro. No final, o pai tomava novo cálice de vinho e proferia a ação de graças após a refeição. Todos bebiam do mesmo cálice; era o “cálice da bênção”, do qual fala S. Paulo em 1Cor 10,16. Em seguida cantava-se a segunda parte do Hallel (Sl 113,9; 117,29 e 135).

Foi neste contexto que Jesus celebrou e instituiu a Eucaristia como narram os evangelistas (Mt 26,26-29; Mc 14, 22-25; Lc 22, 15-20; 1Cor 11, 23-26).

Jesus terminou dizendo aos Apóstolos: “fazei isto em memória de mim” (1Cor 11, 24). Através dessa passagem de S. Paulo aos Coríntios, do ano 56, sabemos que a Eucaristia era celebrada em uma refeição comum, nas casas, levando cada um a sua refeição. Por causa dos abusos, como mostra S. Paulo, logo houve a separação da ceia comum da Eucaristia, que passou a ser celebrada nas primeiras horas do domingo, quando Cristo ressuscitou.

No ano 56 S. Paulo deixava claro aos coríntios que quem participasse indignamente da Eucaristia, se tornaria réu “do corpo e do sangue do Senhor” (1 Cor 11, 23-26). E as graves consequências desse pecado, indicadas pelo Apóstolo, mostram que a Eucaristia não é mero símbolo, mas presença real de Jesus na hóstia consagrada.

“Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a comunhão com o corpo e Cristo?” (1Cor 10,16-21).

Plínio o jovem, Governador da Bitínia na Ásia Menor, em 111, atestava:

“Os cristãos estão habituados a se reunirem em determinado dia, antes do nascer do sol, e cantar um cântico a Cristo, que eles têm como Deus. De tarde, reúnem-se de novo em uma ceia comum em favor dos mais pobres, chamada ágape” (Epistola a Trajano 10,96).

Depois dos escritos dos Evangelhos, a mais antiga descrição da celebração da Eucaristia é a de S. Justino, em sua Apologia, do ano 150, escrita ao imperador romano Antonino. Vejamos o seu relato:

“Terminadas as orações, damos mutuamente o ósculo da paz. Apresenta-se, então, a quem preside aos irmãos, pão e um vaso de água e vinho, e ele tomando-os dá louvores e glória ao Pai do universo pelo nome de seu Filho e pelo Espírito Santo, e pronuncia uma longa ação de graças em razão dos dons que dele nos vêm. Quando o presidente termina as orações e a ação de graças, o povo presente aclama dizendo: Amém… Uma vez dadas as graças e feita a aclamação pelo povo, os que entre nós se chamam diáconos oferecem a cada um dos assistentes parte do pão, do vinho, da água, sobre os quais se disse a ação de graças, e levam-na aos ausentes.

Este alimento se chama entre nós Eucaristia, não sendo lícito participar dele senão ao que crê ser verdadeiro o que foi ensinado por nós e já se tiver lavado no banho [batismo] da remissão dos pecados e da regeneração, professando o que Cristo nos ensinou.

Porque não tomamos estas coisas como pão e bebida comuns, mas da mesma forma que Jesus Cristo, nosso Senhor, se fez carne e sangue por nossa salvação, assim também se nos ensinou que por virtude da oração do Verbo, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças – alimento de que, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossas carnes – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. E foi assim que os Apóstolos, nas Memórias por eles escritas, chamadas Evangelhos, nos transmitiram ter-lhe sido ordenado fazer, quando Jesus, tomando o pão e dando graças, disse: “Fazei isto em memória de mim, isto é o meu corpo”. E igualmente, tomando o cálice e dando graças, disse: “Este é o meu sangue”, o qual somente a eles deu a participar…

No dia que se chama do Sol [domingo] celebra-se uma reunião dos que moram nas cidades e nos campos e ali se leem, quanto o tempo permite, as Memórias dos Apóstolos ou os escritos dos profetas.

Assim que o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos tais belos exemplos. Erguemo-nos, então, e elevamos em conjunto as nossas preces, após as quais se oferecem pão, vinho e água, como já dissemos. O presidente também, na medida de sua capacidade, faz elevar a Deus suas preces e ações de graças, respondendo todo o povo “Amém”. Segue-se a distribuição a cada um, dos alimentos consagrados pela ação de graças, e seu envio aos doentes, por meio dos diáconos. Os que têm, e querem, dão o que lhes parece, conforme sua livre determinação, sendo a coleta entregue ao presidente, que assim auxilia os órfãos e viúvas, os enfermos, os pobres, os encarcerados, os forasteiros, constituindo-se, numa palavra, o provedor de quantos se acham em necessidade” (Apologias).

A Didaquè (ou Doutrina dos Doze Apóstolos), do primeiro século, traz este relato:

“Reunidos no dia do Senhor (dominus), parti o pão e daí graças, depois de confessardes vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro. Quem tiver divergência com seu companheiro não deve juntar-se a nós antes de se reconciliar, para que não seja profanado vosso sacrifício, conforme disse o Senhor: Que em todo lugar e tempo me seja oferecido um sacrifício puro, pois sou um rei poderoso, diz o Senhor, e meu nome é admirável entre as nações” (Ml 1, 11) (n. XIV).

“Quanto à Eucaristia, celebrai-a assim:

Primeiro, sobre o cálice: Damos-te graças, Pai nosso, pela santa videira de Davi, teu servo, que nos deste a conhecer por Jesus, teu Servo.

Glória a ti nos séculos!

Depois sobre o pão partido:

Damos-te graças, Pai nosso, pela vida e pela sabedoria que nos deste a conhecer por Jesus, teu Servo.

Glória a ti nos séculos!

Assim como esse pão, outrora disseminado sobre as montanhas, uma vez ajuntado, se tornou uma só massa, seja também reunida tua Igreja, desde as extremidades da terra, em teu reino, pois a ti pertence a glória e o poder, por Jesus Cristo, para sempre.

Que ninguém coma ou beba da vossa Eucaristia se não for batizado em nome do Senhor, pois a este respeito disse ele: “Não deis aos cães o que é santo” (Mt 7,6).

Depois de vos terdes saciado, dai graças assim:

Nós te damos graças, Pai Santo, pelo teu santo nome que puseste em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos deste por meio de Jesus, teu Servo. Glória a ti nos séculos!

Tu, Senhor onipotente, tudo criaste para honra e glória do teu nome; e deste alimento e bebida aos homens, para seu desfrute; a nós porém, deste um alimento e uma bebida espirituais e a vida eterna, por meio do teu Servo.

Assim, antes de tudo, damos-te graças porque és poderoso. Glória a ti nos séculos!

Lembra-te Senhor, de livrar do mal a tua Igreja, e de torná-la perfeita em teu amor. Congrega-a dos quatro ventos, santificada no reino que lhe preparaste, pois a ti pertence o poder e a glória, para sempre!

Hosana ao Deus de Davi!

Se alguém é santo, aproxime-se; se alguém não é, converta-se!

Maranathá. Amém.

Quanto aos profetas, deixai-os render graças o quanto quiserem. (n.10)

Santo Inácio de Antioquia (†107), bispo e mártir, disse sobre a Eucaristia:

“Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a Eucaristia de Deus e o seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões, são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união na fé. Nada há melhor do que a paz, pela qual cessa a guerra das potências celestes e terrestres” (Carta aos Efésios).

Santo Ireneu (140-202), deixou este registro sobre a Eucaristia:

“Dado que nós seus membros [de Cristo], nos alimentamos de coisas criadas, (as quais, aliás, ele mesmo nos oferece…), também quis fosse seu sangue o cálice de vinho, extraído da Criação, para com ele robustecer nosso sangue; quis fosse seu corpo o pão, também proveniente da Criação, para com ele robustecer nossos corpos. Se, pois, a mistura do cálice e pão recebem a palavra de Deus tornando-se a Eucaristia do sangue e do corpo de Cristo, pelos quais cresce e se fortifica a substância de nossa carne, como se haverá de negar à carne, assim nutrida com o corpo e sangue de Cristo, e feita membro do seu corpo, a aptidão de receber o dom de Deus, a vida eterna?

Assim como a muda da videira, depositada na terra, depois frutifica, e o grão de trigo, caído no solo e destruído, ressurge multiplicado pela ação do Espírito de Deus que tudo sustém; e em seguida pela arte dos homens se fazem dessas coisas vinho e pão, que pela palavra de Deus se tornam a Eucaristia, corpo e sangue de Cristo; assim também nossos corpos, alimentados com a Eucaristia, ao serem depositados na terra e aí destruídos, vão ressurgir um dia para a glória do Pai, quando a palavra de Deus lhes der a ressurreição. O Pai reveste de imortalidade o que é mortal, dá gratuitamente a incorrupção ao que é corruptível, pois o poder de Deus se manifesta na fragilidade” (Contra as heresias, lv 5, cap. 2, 18,19,20).

Santo Hipólito de Roma (160-235):

“Logo que se tenha tornado bispo, ofereçam-lhe todos o ósculo da paz, saudando-o por ter se tornado digno. Apresentem-lhe os diáconos a oblação e ele, impondo as mãos sobre ela, dando graças com todo o presbiterium, diga:

O Senhor esteja convosco.

Respondam todos:

E com o teu espírito.

– Corações ao alto!

– Já os oferecemos ao Senhor.

– Demos graças ao Senhor.

– É digno e justo.

E prossiga a seguir:

Graças te damos, Deus, pelo teu Filho querido, Jesus Cristo, que nos últimos tempos nos enviastes, Salvador e Redentor, mensageiro da tua vontade, que é o teu Verbo inseparável, por meio do qual fizestes todas as coisas e que, porque foi do teu agrado, enviaste do Céu ao seio de uma Virgem; que, aí encerrado, tomou um corpo e revelou-se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem. Que, cumprindo a tua vontade – e obtendo para ti um povo santo – ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do sofrimento os que confiaram em ti. Que, enquanto era entregue à voluntária Paixão para destruir a morte, fazer em pedaços as cadeias do demônio, esmagar os poderes do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e dar a conhecer a Ressurreição, tomou o pão e deu graças a ti, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu Corpo que por vós será destruído; tomou, igualmente, o cálice, dizendo: Este é o meu Sangue, que por vós será derramado. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em minha memória.

Por isso, nós que nos lembramos de sua morte e Ressurreição, oferecemos-te o pão e o cálice, dando-te graças porque nos considerastes dignos de estar diante de ti e de servir-te.

E te pedimos que envies o Espírito Santo à Oblação da santa Igreja: reunindo em um só rebanho todos os fiéis que recebemos a Eucaristia na plenitude do Espírito Santo para o fortalecimento da nossa fé na verdade, concede que te louvemos e glorifiquemos, pelo teu Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti a glória e a honra – ao Pai e ao Filho, com o Espírito Santo na tua santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém (Tradição Apostólica).

São Cipriano de Cartago (†258) dizia, em tempo de perseguição dos cristãos:

“Os fiéis bebem diariamente do cálice do Senhor, para que possam também eles derramar o seu sangue por Cristo” (Epist. 56, n. 1).

Santo Hilário de Poitiers (316-367):

“Ele mesmo diz: “Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come da minha carne e bebe do meu sangue, fica em mim e eu nele” (Jo 6,56). Quanto à verdade da carne e do sangue, não há lugar para dúvida; é verdadeiramente carne e verdadeiramente sangue, como vemos pela própria declaração do Senhor e por nossa fé em suas palavras. Esta carne, uma vez comida, e este sangue, bebido, fazem que sejamos também nós um em Cristo, e o Cristo em nós. Não é isto verdade? Não o será para os que negam ser Jesus Cristo verdadeiro Deus! Ele está, pois, em nós por sua carne, e nós nele, e ao mesmo tempo o que nós somos está com Ele em Deus.

…Ele está em nós pelo mistério dos sacramentos, como está no Pai pela natureza da sua divindade, e nós nele pela sua natureza corporal. Ensina-se, portanto, que pelo nosso Mediador se consuma a unidade perfeita, pois enquanto nós permanecemos nele, ele permanece no Pai, e, sem deixar de permanecer no Pai, permanece também em nós, e assim nós subimos até à unidade do Pai. Ele está no Pai, fisicamente, segundo a origem de sua eterna natividade, e nós estamos nele, fisicamente, enquanto também está em nós fisicamente” (Sobre a Santíssima Trindade).

São Cirilo de Jerusalém (†386):

“Quanto a mim, recebi do Senhor o que também vos transmiti” etc. (1Cor 11,23). Esta doutrina de São Paulo é bastante para produzir plena certeza sobre os divinos mistérios pelas quais obtendes a dignidade de vos tornardes concorpóreos e consanguíneos de Cristo.

Quando, pois, ele mesmo declarou do pão: “isto é o meu corpo”, quem ousará duvidar?

E quando ele asseverou categoricamente: “isto é o meu sangue”, quem ainda terá dúvida, dizendo que não é?

Outrora, em Caná da Galiléia, por sua vontade, mudara a água em vinho, e não seria também digno de fé, ao mudar o vinho em sangue?…

É, portanto, com toda a segurança que participamos de certo modo do corpo e sangue de Cristo: em figura de pão é deveras o corpo que te é dado, e em figura de vinho o sangue, para que, participando do corpo e sangue de Cristo, te tornes concorpóreo e consanguíneo dele. Passamos a ser assim Cristóforos, isto é, portadores de Cristo, cujo corpo e sangue se difundem por nossos membros. E então, como diz S. Pedro, “participamos da natureza divina” (2Pe 1,4).

Não trates, por isso, como simples pão e vinho a este pão e vinho, pois, são, respectivamente, corpo e sangue de Cristo, consoante a afirmação do Senhor. E ainda que os sentidos não o possam sugerir, a fé no-lo deve confirmar com segurança. Não julgues a coisa pelo paladar. Antes pela fé, enche-te de confiança, não duvidando de que foste julgado digno do corpo e sangue de Cristo.

Ao te aproximares, não o faças com as mãos estendidas nem com os dedos separados. Faze com a esquerda como um trono na qual se assente a direita, que vai conter o Rei. E, no côncavo da palma, recebe o Corpo de Cristo, respondendo: “Amém”. Com segurança, então, depois de santificados teus olhos pelo contato do santo corpo, recebe-o, cuidando para nada perderes… Depois, aguardando a oração, dá graças a Deus que te fez digno de tão grandes mistérios.

Conservai invioláveis estas tradições, guardai-as sem falha” (Catequeses Mistagógicas).

Nota: A Tradição da Igreja mostra que, para os primeiros cristãos, na celebração da Eucaristia torna-se presente a própria oblação de Cristo ao Pai feita no Calvário. É importantíssimo entender que não se trata de uma repetição ou multiplicação do sacrifício do Calvário, pois Jesus se imolou uma vez por todas (Hb 4, 14; 7, 27; 9, 12.25s. 28; 10, 12.14). A Ceia “torna presente” através dos tempos o único sacrifício de Cristo, para que possamos participar dele e sermos salvos. O corpo e o sangue de Jesus estão presentes na Eucaristia não de qualquer modo, mas como “vítima”; pois estão corpo e sangue separados sobre o altar, como no sacrifício das vítimas do Sinai que selou a Antiga Aliança (Ex 24,6-8).

Assim diziam os santos Padres:

S. João Crisóstomo, bispo de Constantinopla (†403):

“Sacrificamos todos os dias fazendo memória da morte de Cristo” (In Hebr 17,3).

Teodoreto de Ciro (†460):

“É manifesto que não oferecemos outros sacrifícios senão Cristo, mas fazemos aquela única e salutífera comemoração” (In Hebr. 8,4).

S. Leão Magno (400-461), Papa e doutor da Igreja:

“Talvez digas: é meu pão de cada dia. Mas este pão é pão antes das palavras sacramentais; desde que sobrevenha a consagração, a partir do pão se faz a carne de Cristo. Passemos então provar esta verdade. Como pode aquilo que é pão ser corpo de Cristo? Com que termos então se faz a consagração e com as palavras de quem? Do Senhor Jesus. Efetivamente tudo o que foi dito antes é dito pelo sacerdote… Quando se chega a produzir o venerável sacramento, o Sacerdote já não usa suas próprias palavras, mas serve-se das palavras de Cristo. É, pois, a palavra de Cristo que produz este sacramento. Qual é esta palavra de Cristo? É aquela pela qual todas as coisas foram feitas. O Senhor deu ordem e se fez o céu. O Senhor deu ordem e se fez a terra. O Senhor deu ordem e se fez os mares. O Senhor deu ordem e todas as criaturas foram geradas. Percebes, pois, quanto é eficaz a palavra de Cristo. Se, pois, existe tamanha força na Palavra do Senhor Jesus, a ponto de começarem as coisas que não existiam, quanto mais eficaz não deve ser para que continuem a existir as que eram, e sejam mudadas em outra coisa?

Assim, pois, para dar-te uma resposta, antes da consagração não era o corpo de Cristo, mas após a consagração, posso afirmar-te que já é o corpo de Cristo.

Não é, pois, sem motivo que tu dizes: Amém, reconhecendo já, em espírito, que recebes o corpo de Cristo. Quando te apresentas para pedi-lo, o sacerdote te diz: “Corpo de Cristo”. E tu responde: Amém, quer dizer, é verdade. Aquilo que a língua confessa, conserve-o o afeto. No entanto, para saberes: é este o sacramento, precedido pela figura” (Os Sacramentos e os Mistérios, Lv 4, 4-6, Ed. Vozes, pag. 50-55).

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Com a Fratelli tutti, rumo a uma política melhor

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Quando as instituições políticas são fracas, o Estado se torna ineficiente, os corruptos se dão bem, os autoritários se impõem, os fracos e os pobres sofrem ainda mais.

Comentei no último artigo que o início precoce da campanha para as próximas eleições mostrou a força dos políticos personalistas e a fragilidade das nossas instituições políticas (os poderes executivo, legislativo e judiciário, bem como a máquina estatal que os aparelha). A força de líderes políticos com grande carisma pessoal e sensibilidade social não é obrigatoriamente ruim. Como o Papa Francisco observa, eles podem dar uma importante contribuição para a construção de uma sociedade melhor. Essa habilidade torna-se má quando esses líderes a utilizam para manipular e enganar o povo (cf. Fratelli tutti, FT 159).

Se a força desses políticos não é obrigatoriamente um defeito, a fragilidade das instituições sempre é problemática. Caberia a elas manter, ao longo do tempo, as boas políticas públicas e corrigir as más; garantir que os corruptos não usem o poder de forma criminosa e interesseira; manter o equilíbrio entre os diferentes atores políticos; evitar os autoritarismos. Quando as instituições políticas são fracas, o Estado se torna ineficiente, os corruptos se dão bem, os autoritários se impõem, os fracos e os pobres sofrem ainda mais. Por isso, é importante sempre procurar candidatos comprometidos com o fortalecimento das instituições.

A política melhor

O jogo no qual acontece esse fortalecimento das instituições e a construção do bem comum não é o da antipolítica, mas sim daquilo que o Papa Francisco chamou, na Fratelli tutti, de “política melhor” (FT 176-197). Existe um caminho para a construção dessa “política melhor”. Pode ser mais lento do que gostaríamos (FT 195-196), pois é feito de pequenas conquistas que vão se somando, mais do que de transformações súbitas (que frequentemente se revelam enganosas).

Esse caminho, na reflexão do Papa, se baseia numa aposta, pessoal e coletiva, na possibilidade do amor orientar a política. Nesse sentido, é uma proposta eminentemente ética. Imbuídas de uma verdadeira “caridade social e política”, nos colocando juntos, em busca do bem comum, tendo em vista sobretudo os que mais sofrem, os pobres e os últimos, ao longo do tempo faremos a diferença. No caminho proposto por Francisco, esse amor político tem duas passagens obrigatórias. A primeira é o compromisso com os últimos, com os que mais sofrem. É olhando para eles – e não para os nossos interesses e convicções – que descobrimos as formas de construir o bem comum e de realizarmos a nossa própria humanidade. A segunda passagem é a do diálogo. Acreditamos que o bem triunfa pela eliminação de nossos adversários, mas o bem só pode triunfar no diálogo e no encontro entre os bons.

Nosso problema é que as ideologias frequentemente nos cegam para o que acontece de bom e não percebemos que esse caminho já está sendo construído hoje. Primeiro julgamos a posição ideológica de uma pessoa, para depois olharmos seu compromisso ético com o bem e a verdade. Sempre é difícil encontrar quem pense exatamente como nós, então acabamos condenando também pessoas bem-intencionadas. Além disso, nos tornamos presas fáceis de manipulações por líderes que parecem pensar como nós, mas na verdade apenas se aproveitam de nosso ressentimento e de nossa frustração com os demais políticos.

Um exemplo concreto – e uma tarefa para todos nós

Um dos instrumentos mais importantes para a construção, no Brasil, dessa “política melhor” são os movimentos de renovação e as escolas de formação de novos quadros políticos. Em sua maioria, não se filiam a um partido ou a outro e atraem jovens interessados em trabalhar na política de uma forma mais ética e voltada ao bem comum.

Não são secretos ou coisa parecida, mas costumam agir com discrição, justamente porque não querem se apresentar como forças políticas específicas, mas ajudar a criar políticos mais éticos e conscientes em várias frentes. Por isso, precisamos estar atentos para conhecer seu trabalho e os novos políticos que estão formando.

Alguns destes movimentos e escolas de formação têm forte influência católica ou cristã ecumênica, outros têm origem muita diversa – e podem até parecer em oposição a certos valores cristãos. O que os coloca, apesar da pluralidade de posições, em condições de dialogar é a confiança – nem sempre explicita – no compromisso ético dos jovens que desejam fazer um trabalho político.

A quem pedir, será dado; quem buscar, encontrará; quem bater terá a porta aberta (cf. Mt 7, 7). Muitas vezes não acreditamos nessa promessa evangélica – e por isso não procuramos com o necessário empenho. Existe sempre gente bem-intencionada procurando construir uma política melhor, mas temos que nos esforçar para encontrá-los. Se existem pessoas bem-intencionadas se jogando na política, é nossa tarefa apoiá-los.

Em alguns casos, a questão é simplesmente apoiar com o voto e acompanhar seu trabalho parlamentar. Em outros, existem pontos de desencontro e desentendimento – e aí o diálogo e o testemunho ganham importância. Quando políticos bem-intencionados pensam diferente de nós, não podemos simplesmente cancelá-los. Se fizermos isso, fortaleceremos os corruptos e os desleais. Temos, nesse caso, que tornar nosso testemunho de amor e compromisso com o bem comum ainda mais explícito, consciente e sábio, para que esses bons políticos também possam ver e compreender nossas propostas. A força dos maus se baseia, em grande parte, nas divisões que erroneamente separam os bons.

Fonte: Aleteia

Irmã Maria Laura Mainetti: Religiosa assassinada em ritual satânico já é beata

Beata Maria Laura Mainetti. Foto: Diocese de Como (Itália)

Roma, 07 jun. 21 / 06:37 am (ACI).- Irmã Maria Laura Mainetti agora é beata. A freira italiana, assassinada em 6 de junho de 2000 por três adolescentes em um ritual satânico, foi beatificada em uma cerimônia presidida pelo Cardeal Marcelo Semeraro, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, no estádio de Chiavenna, Diocese de Como, na Itália, perante 2.500 fiéis.

A freira era superiora da Comunidade das Filhas da Cruz do Instituto Maria Imaculada de Chiavenna quando três jovens de 17 e 16 anos a mataram a facadas. Ele tinha 60 anos.

Na cerimônia de beatificação, o cardeal Semeraro, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, afirmou em sua homilia que se sentiu “particularmente comovido por presidir esta liturgia” e assegurou que “vivemos este encontro em um momento de grande alegria para esta Igreja diocesana”.

Com efeito, por ocasião da beatificação, os sinos das igrejas da Diocese de Como tocaram em uníssono em sinal de alegria para o novo Beato.

Em sua homilia, o Cardeal Semeraro destacou que “a Beata Maria Laura Mainetti invocou a verdadeira caridade do Senhor” e destacou que “enquanto ela morria, perdoava e regava por aqueles que a matavam”.

Além disso, revelou que “no processo de beatificação, uma testemunha perguntou-se: 'Como pode uma religiosa que vive tanto tempo no seu ritmo normal de vida chegar à consciência de rezar por quem a assassina enquanto é torturada, quase como se tratássemos de uma fotocópia do Evangelho?'".

Ele também observou que “nossa mártir escreveu que seu caminho espiritual era muito simples: você deve fazer algo de bom para os outros. Ele também disse que deveria dar um sentido pleno à vida. A Santidade é assim. Não é fruto do esforço humano, mas antes nos lembra uma florzinha no meio de uma grande gramado”.

“Nossa mártir”, continuou o cardeal Semeraro, “escolheu o todo, a maior, a verdadeira caridade. A base para o florescimento da santidade não é excepcional, é a fidelidade no dia a dia”.

Nascida em Colico, Itália, em 20 de agosto de 1939, Irmã Maria Laura Mainetti foi batizada com o nome de Teresina. Sua mãe faleceu logo após o seu nascimento. Teresina foi então educada com as religiosas da Congregação das Filhas da Cruz.

Começou o postulantado em agosto de 1957 na Casa Provincial. Em fevereiro de 1958 entrou no noviciado e em 15 de agosto de 1959 fez os votos de pobreza, castidade e obediência em Roma. Finalmente, realizou os votos perpétuos em 25 de agosto de 1964 na Casa Mãe da Congregação em La Puye, França.

Sempre focada no acompanhamento e na formação de crianças e jovens com dificuldades, morreu justamente porque procurou ajudar uma jovem. Suas assassinas, sabendo da entrega da freira, simularam um telefonema: uma jovem alegou ter sido estuprada e precisava de ajuda. Atraída por essa mentira, a irmã María Laura foi conduzida a um parque deserto, onde foi morta por 19 feridas de faca para cumprir um ritual satânico.

O Papa Francisco, durante a oração do Angelus deste domingo, recordou que “hoje em Chiavenna, na Diocese de Como, a Irmã Maria Laura Mainetti, membro das Filhas da Cruz, foi assassinada há 21 anos por três jovens influenciadas por uma seita satânica”.

"A crueldade... Precisamente Aquela que mais amou os jovens, e que amou e perdoa esses mesmos jovens prisioneiros do mal, deixa-nos o seu programa de vida: fazer todas as pequenas coisas com fé, amor e entusiasmo”.

«Que o Senhor nos dê fé, amor e entusiasmo», concluiu o Santo Padre recordando o exemplo da nova beata.

Fonte: ACI Digital

Santo Antônio Maria Gianelli

S. Antônio Maria Gianelli | ArquiSP
07 de junho

Santo Antônio Maria Gianelli

Entre as múltiplas atividades deste santo lígure, da província de Gênova, está uma associação de nome insólito por ter sido fundada por um pároco, a “sociedade econômica”, embora de finalidades evangélicas. Propunha-se, com efeito, a educar e assistir moralmente as jovens, confiadas aos cuidados das “damas da caridade” — um nome igualmente inusitado, mudado em 1829 para o bem conhecido “filhas de Maria”. A congregação teve um rápido desenvolvimento na América Latina, onde o padre Antônio durante suas visitas era chamado pelo povo de “o santo das irmãs”.

Pároco de Chiavari de 1826 a 1838, não se confinou aos limites de sua vasta paróquia. Um ano depois da nomeação já lançara as bases para a fundação de uma congregação masculina, posta sob o patrocínio de santo Afonso de Ligório, reunindo jovens sacerdotes para as missões populares e para o amparo de paróquias particularmente necessitadas. Os missionários “ligorianos” assumiram o nome de oblatos de santo Afonso.

Eleito bispo de Bobbio em 1837, introduziu na diocese as reformas já promovidas como pároco de Chiavari, instituindo um seminário. Neste reapresentava aos estudantes de filosofia e de teologia a negligenciada Summa de são Tomás de Aquino, em um momento singular, em razão do avanço de um positivismo ateu e de um racionalismo que se haviam infiltrado até mesmo entre os estudiosos católicos.

Cuidou, pois, da formação do clero com mão enérgica, removendo párocos pouco zelosos e recorrendo com freqüência à colaboração de seus oblatos. Pastor vigilante, mas caritativo e compreensivo, tomista convicto, mas não fechado às novas correntes do pensamento e à renovação da filosofia escolástica, que naqueles anos fermentava em torno do grande pensador e santo sacerdote Antônio Rosmini.

D. Gianelli morreu aos 57 anos, depois de uma vida relativamente breve, mas intensa, dedicada com coração e espírito de missionário às obras benéficas no campo ­religioso e social. Foi canonizado por Pio XII, a 21 de outubro de 1951.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Fonte: Arquidiocese de São Paulo

domingo, 6 de junho de 2021

X DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano "B"

Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília

Jesus age pela força do Espírito de Deus

O texto do Evangelho deste domingo (Mc 3, 20-35) mostra a reação dos contemporâneos de Jesus à sua missão, principalmente à sua ação de exorcista. O texto vai mostrando progressivamente as reações e, ao mesmo tempo, a clareza de Jesus diante da sua missão de colocar em movimento o Reino de Deus por obra do Espírito Santo que age Nele.

Num primeiro momento, tem-se a atitude da multidão que se apinhou, de modo que Ele não podia nem se alimentar (Mc 3, 20). A multidão é capaz de intuir o novo de Deus que está acontecendo, ao contrário dos seus familiares que “quando tomaram conhecimento disso, saíram para detê-lo, por que diziam: ele está fora de si” (Mc 3, 21). Possivelmente a intervenção dos Seus familiares se devesse às noticias que recebiam sobre a Sua doutrina e a Sua atividade: a grande liberdade de Jesus diante das antigas tradições rabínicas e sua rejeição da casuística desumana dos fariseus. Não queriam ver o nome da família desonrado. Foram atrás de Jesus para agarrá-Lo e levá-Lo de volta para o clã.

Agora entram em cena os escribas que haviam descido de Jerusalém; parece uma delegação oficial que veio de Jerusalém, a capital religiosa do país, para julgar os fatos que estão acontecendo na Galileia. Mas já dão logo a sentença: Ele tem Beelzebul, é pelo chefe dos demônios que Ele expulsa os demônios. Jesus os chama para junto de Si e lhes fala em parábolas. Jesus mostra que se o reino de satanás está dividido caminhará para a ruína. Aí está o absurdo da argumentação dos escribas vindo de Jerusalém. E Jesus continua falando por meio de imagens, agora mostrando que a casa de um homem forte só poderá ser saqueada se aparecer um mais forte do que ele para amarrá-lo e saqueá-lo. Jesus liberta os possessos pelo demônio por que é mais forte do que satanás. Está no meio dos homens alguém que domina satanás, porque é mais forte do que ele. O pecado contra o Espírito Santo consiste no fechamento à percepção de que aquilo que está acontecendo em Jesus de Nazaré é obra do Espírito Santo, enquanto os escribas atribuem a satanás. O pecado contra o Espírito Santo reside no não querer perceber a obra de Deus, atribuindo-a a satanás.

No momento seguinte, temos a família de Jesus que chega e manda chamá-Lo. Jesus vai mostrar quais são seus verdadeiros familiares: “quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mc 3, 35). Sua família tem agora uma dimensão maior do que a mera consanguinidade, pois o critério para fazer parte é a busca da vontade de Deus. É este o grande critério para entender a mensagem de Jesus. A multidão que está sentada ao Seu redor (Mc 3, 34) é apresentada como gente que busca realizar a vontade de Deus: “e perpassando com o olhar os que estavam sentados ao seu redor disse…” (Mc 3, 34).

Peçamos a graça, neste domingo, de sermos homens e mulheres que buscam viver da vontade de Deus, pois este é o grande critério para sermos membro do povo de Deus, para a verdadeira oração (Mt 6, 10), uma vez que é justamente isto o que pedimos no Pai Nosso, todos os dias, quando rezamos.

Por Dom Paulo Cezar Costa - Arcebispo de Brasília

Fonte: Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF