O JEJUM QUE AGRADA A DEUS!
Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Hoje nos reunimos para refletir sobre a
segunda catequese quaresmal, que nos chama a contemplar o valor espiritual do
jejum em nossas vidas. O jejum é uma prática antiga, enraizada na tradição
religiosa, e é especialmente significativo durante a Quaresma, um período de
preparação para a celebração da Páscoa.
A palavra jejum pode evocar diferentes imagens
e ideias em nossas mentes. Alguns podem associá-la a abstinência de alimentos,
enquanto outros podem considerá-la como um ato de privação de algo querido. No
entanto, o verdadeiro significado do jejum vai além da simples abstenção
física. Envolve uma renúncia voluntária, um desapego das necessidades do corpo
em busca de um alimento espiritual mais profundo.
Nas Escrituras Sagradas, encontramos várias
passagens que nos incentivam a jejuar como um meio de nos aproximarmos de Deus
e fortalecer nossa vida espiritual. O próprio Jesus nos ensinou sobre o jejum e
exemplificou sua importância durante seu ministério terreno. Em Mateus 4,2,
lemos: “Depois jejuou quarenta dias e quarenta noites, e finalmente
teve fome.” Jesus usou esse tempo de jejum no deserto para fortalecer
sua comunhão com o Pai e resistir às tentações de Satanás.
Além disso, em Mateus 6,16-18, Jesus instrui
seus seguidores sobre como jejuar de maneira significativa: “Quando
jejuarem, não mostrem uma aparência sombria, como os hipócritas, pois eles
mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que estão jejuando. Eu
lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Mas
quando você jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto, para que não pareça aos
outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que está em secreto; e seu
Pai, que vê em secreto, o recompensará.”0
Essas palavras de Jesus destacam a importância
da humildade e da sinceridade em nosso jejum. Não devemos jejuar para
impressionar os outros, mas sim como uma expressão de nosso amor e devoção a
Deus.
Além disso, o jejum nos convida a refletir
sobre nossas próprias fraquezas e dependência de Deus. Quando nos privamos de
algo, somos confrontados com nossas próprias limitações e necessidades. Isso
nos lembra da necessidade constante de buscar força e orientação divina em
nossas vidas.
Portanto, durante esta Quaresma, que possamos
abraçar o jejum como uma oportunidade de crescimento espiritual. Que possamos
nos aproximar de Deus com humildade e sinceridade, renunciando não apenas aos
prazeres terrenos, mas também aos nossos próprios desejos egoístas. Que
possamos seguir o exemplo de Jesus, encontrando força e sustento em nosso Pai
celestial.
Que o Espírito Santo nos guie e fortaleça
neste caminho de renúncia e autoconhecimento, para que possamos experimentar a
plenitude da vida que Deus tem para nós.
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