Concretude é a palavra que mais
se repete na reflexão de Francisco no Angelus deste domingo. A inspiração é o
modo de agir de Jesus no Evangelho que, diante de quem sofre, "se inclina,
toma pela mão e cura". O pensamento do Papa se dirige a um mundo dominado
por "uma virtualidade efêmera das relações", enquanto o amor
"precisa de presença, encontro, tempo e espaço dados", selfies ou
"mensagens precipitadas" não bastam.
Mariangela
Jaguraba/Jackson Erpen – Vatican News
O Papa
Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (11/02), Dia Mundial
do Enfermo, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Na alocução
que precedeu a oração, o Pontífice falou sobre o Evangelho deste domingo que
nos apresenta a cura de um leproso.
"Ao
doente, que lhe implora, Jesus responde: “Eu quero: fica curado!”. Pronuncia
uma frase muito simples, que coloca imediatamente em prática. De fato, “no
mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado.” "Este é o estilo
de Jesus com quem sofre: poucas palavras e fatos concretos", sublinhou o
Papa.
A seguir,
Francisco disse que muitas vezes no Evangelho, Jesus se comporta assim com
aqueles que sofrem: surdos-mudos, paralíticos e muitos outros necessitados.
"Ele sempre faz assim: fala pouco e as são acompanhadas imediatamente por
ações: nesse caso, se inclina, pega pela mão, cura. Não se detém em discursos
ou interrogatórios, muito menos em pietismo e sentimentalismos. Demonstra, pelo
contrário, o pudor delicado de quem escuta atentamente e age com solicitude, de
preferência sem chamar a atenção", ressaltou o Pontífice.
É uma
maneira maravilhosa de amar, e como nos faz bem imaginá-la e assimilá-la!
Pensemos também em quando nos acontece de encontrar pessoas que se comportam
assim: sóbrias nas palavras, mas generosas no agir; relutantes em aparecer, mas
prontas em se tornarem úteis; eficazes em socorrer, porque dispostas a ouvir.
Amigas e amigos a quem se pode dizer: “Você pode me ouvir? Quer me ajudar?”,
com a confiança de ouvir a resposta, quase com as palavras de Jesus: “Sim, eu
quero, estou aqui para você, para ajudá-lo!" Esta concretude é ainda mais
importante num mundo como o nosso, em que uma virtualidade evanescente das
relações parece ganhar cada vez mais terreno.
A
"Palavra de Deus nos provoca", disse o Papa, citando um trecho da
Carta de São Tiago que diz: «Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o
alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e
fartai-vos”, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes
aproveitará?».
O amor
precisa de concretude. O amor que não é concreto não é forte, precisa de
presença, de encontro, precisa de tempo e de espaço dados: não pode limitar-se
a belas palavras, a imagens em uma tela, a selfies de um momento ou a mensagens
precipitadas. São instrumentos úteis, que podem ajudar, mas não bastam para o
amor, não podem substituir-se à presença concreta.
Francisco convidou cada um a se perguntar: "Sei ouvir as pessoas, estou disponível para os seus bons pedidos? Ou dou desculpas, adio, me escondo atrás de palavras abstratas e inúteis? Concretamente, quando foi a última vez que fui visitar uma pessoa solitária ou doente, ou que mudei os meus planos para atender às necessidades de quem me pedia ajuda?"
"Que Maria, solícita no cuidar, ajude-nos a ser prontos e concretos no amor", concluiu o Papa.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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