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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

S. PEDRO CANISIO, PRESBÍTERO JESUÍTA E DOUTOR DA IGREJA

s. Pedro Canisio | Vatican Media

A sonolência dos bons

“Vejam, Pedro dorme, mas Judas está acordado”.

Estas palavras de Pieter Kanijs, citadas pelo Papa Bento XVI no início da Quaresma de 2011, são definidas “um grito de angústia no seu momento histórico”, destinadas a sacudir “a sonolência dos bons”.

Pedro nasceu em 1521, em Nimegue, uma aldeia holandesa situada no Ducado de Gueldres e, portanto, no Sacro Império Romano.

“Vós sabeis, Senhor, em quantos modos e quantas vezes, naquele mesmo dia, me confiastes a Alemanha, pela qual, depois, teria continuado a ser solicitado e pela qual teria desejado viver e morrer!”

Pedro Canísio entrou para a Companhia de Jesus em 1543, após ter feito os Exercícios Espirituais sob a direção do Pedro Fabro. Participou do Concílio de Trento em 1547 e, em 1562, foi expressamente convocado pelo Bispo de Augusta, Cardeal Otto Truchsess Von Waldburg. Na ocasião, começou a usar a forma latina do seu nome.

No âmbito da Reforma católica, promovida pelo Concílio de Trento, sua principal missão foi estimular as raízes espirituais de cada um dos fiéis e do corpo da Igreja no seu conjunto.

Na Europa

Após um breve período em Roma e em Messina, Pedro foi enviado ao Ducado da Bavária, onde desempenhou o cargo de Decano, Reitor e Vice-chanceler da Universidade de Ingolstadt.

A seguir, foi administrador da Diocese de Viena e um requisitado pregador na Catedral de Santo Estêvão, dedicando-se ainda ao ministério pastoral em hospitais e prisões.

Em 1556, foi nomeado primeiro Padre Provincial da Alemanha Superior, onde criou uma rede de comunidades e colégios jesuítas, sempre com o intuito de apoiar a Reforma católica. Com o mesmo objetivo, participou de importantes negociações como representante oficial da Igreja.

“Com a sua amável Providência – escreveu São João Paulo II na sua Carta aos Bispos alemães, por ocasião do IV centenário da sua morte – Deus fez de São Pedro Canísio seu próprio embaixador, em um período em que a voz do anúncio católico da fé, nos países de língua alemã, arriscava cair no silêncio”.

“Embaixador do anúncio católico”

“São Pedro Canísio transcorreu boa parte da sua vida em contato com pessoas socialmente mais importantes do seu tempo e exerceu uma influência especial com os seus escritos. Foi autor das obras completas de São Cirilo de Alexandria e de São Leão Magno, das Cartas de São Jerônimo e das Orações de São Nicolau de Flüe. Publicou livros de devoção em várias línguas, biografias de alguns santos suíços e muitos textos de homilética. Mas, seus escritos mais difundidos foram os três Catecismos, elaborados entre 1555 e 1558. O primeiro Catecismo era destinado aos estudantes, que tinham noções elementares de teologia; o segundo, aos jovens do povo, para uma primeira instrução religiosa; o terceiro, aos jovens com formação escolar, em nível de escolas Secundárias e Superiores. A doutrina católica era exposta com perguntas e respostas breves, em termos bíblicos, com muita clareza e sem acenos polêmicos. Durante a sua vida, foram 200 as edições deste Catecismo!”

A sua atividade pela Reforma católica, mantida de modo afável e gentil, contou com o pleno apoio seja do imperador Ferdinando I seja do Papa Gregório XIII. Ele não gostava de colocar em realce heresias e erros na doutrina, mas aspectos de novidades perenes na Doutrina católica.

Nos últimos anos da sua vida, fundou em 1580, em Friburgo, Suíça, o colégio Sankt Michael, que, depois, foi transferido para Feldkirch e, enfim, para St. Blasien, na Floresta Negra.

Quando morreu, em 21 de dezembro de 1597, foi sepultado na igreja Sankt Michael do colégio de Friburgo.

Textos correlacionados:

Papa Bento XVI, Audiência geral de 9 de fevereiro de 2011:

https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/it/audiences/2011/documents/hf_ben-xvi_aud_20110209.html

Papa João Paulo II, Carta aos Bispos alemães, por ocasião do IV centenário da morte de Pedro Canísio:

http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/it/letters/1997/documents/hf_jp-ii_let_19970925_canisio.html


Vatican News

domingo, 20 de dezembro de 2020

ROSTO DE 2020

Crédito: Templo da Arte
por Dom Genival Saraiva
Bispo Emérito de Palmares (PE)

Num olhar sobre o “o que quer que seja”, é muito comum a pessoa fazer um olhar sobre a realidade com base no fator tempo. Santo Agostinho fala do tempo na sua tríplice face – presente, passado e futuro: “se nada passasse, não haveria tempo passado; se nada sucedesse, não havia o tempo futuro; e se agora nada houvesse, não existia o tempo presente.” Nesse olhar, a pessoa faz comparação, encontra semelhança, identifica diferença entre o que é recente ou remoto, atual ou antigo, novo ou velho, presente ou passado, presente ou futuro. Cada indivíduo faz isso enquanto atento cultor do caráter investigativo ou como despretensioso leitor da história, movido por espírito de pesquisa elaborada ou por deleite intelectual, por amor à ciência ou por simples curiosidade, conforme a sua lente de leitura da realidade. O objeto dessa leitura é muito diversificado, podendo ser de natureza religiosa, histórica, social, cultural, política.

É nessa ótica que todas as pessoas veem a pandemia do coronavírus e fazem suas considerações. O calendário civil, por muitas linguagens, induz qualquer pessoa a ler a realidade de hoje, confrontando-a com a face de ontem e enxergando o amanhã, com interrogações, incertezas, expectativas e esperanças. Isso está acontecendo a essa altura de 2020, em todo o mundo, no contexto da pandemia. Nesse contexto, o Papa Francisco escreveu na Carta Encíclica “Fratelli Tutti” (Todos irmãos): “Além disso, enquanto redigia esta Carta, irrompeu de forma inesperada a pandemia da Covid-19, que deixou descobertas as nossas falsas seguranças. Apesar das várias respostas que deram os diferentes países, ficou evidente a incapacidade de agir em conjunto. Embora estejamos superconectados, verificou-se uma fragmentação que tornou mais difícil resolver os problemas que nos afetam a todos. Se alguém pensa que se trata apenas de fazer funcionar melhor o que já fazíamos, ou que a única lição a aprender é que devemos melhorar os sistemas e regras já existentes, está negando a realidade.” (n.7) […] “É verdade que uma tragédia global como a pandemia da Covid-19 despertou, por algum tempo, a consciência de sermos uma comunidade mundial que viaja no mesmo barco, em que o mal de um prejudica a todos.”(n.32)

Países do mundo asiático e europeu vivenciam o segundo “fim e início de ano”, sob o estigma da pandemia. Esse mal, sem precedentes na humanidade, deixa trágicas consequências no mundo, em razão de mais de um milhão de mortes e sequelas dolorosas em mais de setenta milhões de infectados. Nos países latino-americanos, incluído o Brasil, as pessoas, as famílias e a população vivem o primeiro “fim e início de ano” com a indesejada, porém necessária, “marca registrada” do isolamento social, do distanciamento interpessoal, do uso de máscara e de outros procedimentos contidos nos protocolos de prevenção da covid-19, emitidos pelos poderes públicos. As estatísticas da pandemia fotografam o rosto desfigurado da população brasileira com um próximo e triste registro de duzentas mil mortes e passam de sete milhões os casos confirmados de infecção pela covid-19. Seguramente, a maioria, se não a totalidade, das pessoas tem diante de si o peculiar pano de fundo de 2020, com a marca existencial de suas dores e lágrimas, em face de vítimas fatais, perdas materiais e prejuízos financeiros, causados pela pandemia.

Mesmo vivendo em meio à penumbra dessas aflições, é necessário que as pessoas vislumbrem, com a luz da sua razão e a pulsação da esperança em seu coração, a aurora da superação desse grave problema, através de mudanças de comportamento individual e coletivo e da adoção de políticas públicas pertinentes, como a aguardada vacinação em massa da população. Diante desse mal, os cristãos sabem que “a esperança não decepciona”. (Rm 5,5)

CNBB

Criação e Gênesis

Criação | Veritatis Splendor

Por Catholic Answers

Os fundamentalistas costumam fazer um teste de ortodoxia cristã sobre acreditar que o mundo foi criado em seis dias de 24 horas e que outras interpretações de Gênesis 1 não são possíveis. Eles afirmam que, até recentemente, essa visão do Gênesis foi a única aceitável – de fato, a única que havia.

Os escritos dos Padres, que eram muito mais próximos do que nós no tempo e cultura do público original do Gênesis, mostram que esse não era o caso. Houve grande variação de opinião sobre quanto tempo levou a criação. Alguns disseram que apenas alguns dias, outros argumentaram por um período muito mais longo, por tempo indeterminado. Aqueles que tomaram a última visão apelaram para o fato “de que com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (II Pe 3:8; cf. Sl 90:4), que a luz foi criada no primeiro dia, mas o sol não foi criado até o quarto dia (Gn 1:3, 16), e que foi dito a Adão que ele iria morrer no mesmo “dia” enquanto comia da árvore, mas ele viveu até os 930 anos de idade (Gn 2:17, 5:5).

Os católicos têm a liberdade para acreditar que a criação teve alguns dias ou um período muito mais longo, segundo a maneira como eles veem a evidência, e estão sujeitos a qualquer julgamento futuro da Igreja (Encíclica Humani Generis 36-37,1950, de Pio XII). Eles não precisam ser hostis à cosmologia moderna. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Muitos estudos científicos… enriqueceram esplendidamente o nosso conhecimento sobre a idade e as dimensões do cosmo, o desenvolvimento de formas de vida, e o aparecimento do homem. Estes estudos nos convidam a uma maior admiração pela grandeza do Criador.” (CIC 283). Ainda assim, a ciência tem seus limites (CCC 284, 2293-4). As seguintes citações dos Padres mostram como eram amplamente divergentes as visões dos primeiros cristãos.

Justino Mártir

“Porque, como foi dito a Adão que no dia em que ele comesse da árvore ele iria morrer, sabemos que ele não completou mil anos [Gn 5:05]. Percebemos, ainda, que a expressão “O dia do Senhor é como mil anos” [Sl 90:4] está relacionada a este assunto.” (Diálogo com o judeu Trifão 81 [155 d.C.]).

Teófilo de Antioquia

“No quarto dia, os luzeiros vieram à existência. Visto que Deus tem presciência, ele entendeu o absurdo dos filósofos tolos que iam dizer que as coisas produzidas na terra vêm das estrelas, de modo que eles pudessem pôr Deus de lado. Portanto, a fim de que a verdade pudesse ser demonstrada, plantas e sementes surgiram antes das estrelas. Pois o que passa a existir mais tarde não pode causar o que é anterior a si.” (Para Autólico 2:15 [181 d.C.]).

“Todos os anos a partir da criação do mundo [ao tempo de Teófilo] quantidade a um total de 5.698 anos e meses e dias ímpares… Ainda que um erro cronológico tenha sido cometido por nós, por exemplo, de 50 ou 100 ou até 200 anos, não houve milhares e dezenas de milhares, como Platão e Apolônio e outros autores mentirosos escreveram até agora. E, talvez, o nosso conhecimento de todo o número dos anos não seja muito preciso, porque os meses e dias ímpares não estão estabelecidos nos livros sagrados.” (Ibid., 3:28-29).

Irineu

“E há alguns, mais uma vez, que relegam a morte de Adão até o ano milésimo, pois uma vez que “um dia do Senhor é de mil anos”, ele não ultrapassou os mil anos, mas morreu dentro de si, corroborando, portanto, a sentença de seu pecado” (Contra as Heresias 5:23:2 [189 d.C.]).

Clemente de Alexandria

“E como poderia a criação ocorrer no tempo, vendo que o tempo nasceu junto com as coisas que existem?… Isso, então, podemos ser ensinados que o mundo se originou e não suponha que Deus o fez no tempo, a profecia acrescenta: “Este é o livro da geração, também das coisas em si mesmas, quando foram criados, no dia em que Deus fez o céu e a terra.” [Gn 2:04].

Pois a expressão ‘quando foram criados’ sugere uma produção indefinida e sem data. Mas a expressão “no dia em que Deus os fez”, isto é, em e por que Deus fez “todas as coisas” e “sem que nem mesmo uma coisa foi feita”, aponta a atividade exercida pelo Filho.” (Miscelâneas 6:16 [208 d.C.]).

Orígenes

“Pois quem tem entendimento vai supor que o primeiro e o segundo e terceiro dia existiram sem o sol e a lua e as estrelas, e que o primeiro dia foi, por assim dizer, também sem um céu?… Eu não suponho que alguém duvide que essas coisas indicam figurativamente certos mistérios, sendo que a história ocorreu em aparência e não literalmente.” (As Doutrinas Fundamentais 4:1:16 [225 d.C.]).

“O texto diz que “houve a tarde e a manhã”, não disse “o primeiro dia”, mas disse que “um dia.” É porque ainda não havia tempo antes que o mundo existisse. Mas o tempo começa a existir com os seguintes dias” (Homilias sobre o Gênesis [234 d.C.]).

“E uma vez que ele [o pagão Celso] faz as declarações sobre os “dias da criação”, fundamento da acusação, como se ele os entendesse clara e corretamente, algumas das quais decorreu antes da criação da luz e do céu, o sol e a lua e as estrelas, e alguns deles após a criação destes, só devemos fazer esta observação, que Moisés deve ter esquecido que ele tinha dito um pouco antes”, que em seis dias a criação do mundo tinha sido acabada” e que, em consequência deste ato do esquecimento ele acrescente a estas palavras o seguinte: “Este é o livro da criação do homem no dia em que Deus fez o céu e a terra [Gn 2:4]'” (Contra Celso 6:51 [248 d.C.]).

“E no que diz respeito à criação da luz no primeiro dia… e das [grandes] luzes e estrelas sobre o quarto… temos tratado com o melhor de nossa capacidade em nossas notas sobre o Gênesis, bem como nas páginas anteriores, quando encontramos a falha com aqueles que, tomando as palavras em seu significado aparente, disseram que o tempo de seis dias foi ocupado na criação do mundo” (ibid., 6:60).

“Pois ele [o pagão Celso] não sabe nada sobre o dia do sábado, e o descanso de Deus, que segue a conclusão da criação do mundo, e que dura durante a duração do mundo, e no qual todos aqueles manterão o festival com Deus, que tem feito todo o seu trabalho em seus seis dias.” (ibid., 6:61).

Cipriano

“Os sete primeiros dias no arranjo divino contêm sete mil anos” (Tratados 11:11 [250 d.C.]).

Vitorino

“Deus produziu toda a massa para o adorno de sua majestade em seis dias. No sétimo dia, ele consagrou com uma bênção.” (Sobre a Criação do Mundo [280 d.C.]).

Lactâncio

“Portanto, que os filósofos, que enumeram milhares de eras desde o início do mundo, saibam que o ano 6.000 ainda não está completo… Portanto, uma vez que todas as obras de Deus foram concluídas em seis dias, o mundo deve continuar em seu estado atual através de seis eras, ou seja, seis mil anos. Pois o grande dia de Deus é limitado por um círculo de mil anos, como mostra o profeta, que diz: “Na tua face, Senhor, mil anos são como um dia [Sl 90:4]'”(Institutos Divinos 7:14 [307 d.C.]).

Basílio Magno

“E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia.” Por que ele disse ‘um’ e não ‘primeiro’?… Ele disse ‘um’, porque ele estava definindo a medida de dia e noite… dado que 24 horas preenchem o intervalo de um dia.” (Os Seis Dias de Trabalho 1:1-2 [370 d.C.]).

Ambrósio de Milão

“A Escritura estabeleceu uma lei de que a 24 horas, incluindo o dia e a noite, deve ser dado o nome do único dia, como se fosse para dizer o comprimento de um dia é de 24 horas de extensão… As noites neste cálculo são consideradas partes componentes dos dias que são contados. Portanto, assim como há uma única revolução do tempo, há apenas um dia. Há muitos que chamam mesmo uma semana de um dia, porque ela retorna a si mesma, assim como um dia faz, e pode-se dizer que sete tempos giram sobre si mesmos.” (Hexamerão [393 d.C.]).

Agostinho

“Não raro acontece que algo sobre a terra, sobre o céu, sobre outros elementos deste mundo, sobre o movimento e rotação ou até mesmo a magnitude e as distâncias das estrelas, sobre eclipses definitivos do sol e da lua, sobre a passagem do anos e estações, sobre a natureza dos animais, de frutas, de pedras, e de outras coisas parecidas, possa ser conhecido com a maior certeza pelo raciocínio ou pela experiência, até mesmo por quem não é cristão. É muito vergonhoso e desastroso, porém, e muito digno de ser evitado, que ele [o não cristão] deva ouvir um cristão falar tão estupidamente sobre estas questões, e como se de acordo com escritos cristãos, para que pudesse dizer que ele mal poderia rir quando viu como totalmente em erro eles estão. Em vista disso e em mantê-lo em mente constantemente ao lidar com o livro de Gênesis, eu expliquei, na medida em que eu era capaz, em detalhes e estabeleci para consideração os significados das passagens obscuras, tomando cuidado para não afirmar precipitadamente um significado em prejuízo de outro e talvez melhor explicação” (A Interpretação Literal do Gênesis 1:19-20 [408 d.C.]).

“Com as escrituras, é uma questão de tratar sobre a fé. Por essa razão, como já observei várias vezes, se alguém, sem entender o modo de eloqüência divina, encontrar alguma coisa sobre estas questões [sobre o universo físico] em nossos livros, ou ouvir o mesmo desses livros, de tal natureza que pareça estar em desacordo com as percepções de suas próprias faculdades racionais, que ele acredite que essas outras coisas não são de modo algum necessárias às admoestações ou contas ou previsões das escrituras. Em suma, deve-se dizer que os nossos autores sabiam a verdade sobre a natureza dos céus, mas não foi a intenção do Espírito de Deus, que falou através deles, ensinar aos homens tudo o que não seria de utilidade para eles para sua salvação” (ibid., 2:9).

“Sete dias por nosso cálculo, segundo o modelo dos dias da criação, perfazem uma semana. Pela passagem de tais semanas o tempo passa, e nestas semanas um dia é constituído pelo curso do sol a partir da sua ascensão à sua configuração, mas devemos ter em mente que esses dias de fato recordam os dias da criação, mas sem ser de forma alguma realmente semelhante a eles.” (ibid., 4:27).

“Pelo menos sabemos que ele [o dia da criação do Gênesis] é diferente do dia comum com o qual estamos familiarizados.” (ibid., 5:2).

“Porque nesses dias [de criação] a manhã e a noite são contadas até que, no sexto dia, todas as coisas que Deus então fez foram terminadas, e no sétimo no repouso de Deus foi misteriosamente e sublimemente sinalizado. Que tipo de dias esses foram é extremamente difícil ou talvez impossível para nós conceber, e quanto mais a dizer!” (A Cidade de Deus 11:06 [419 d.C.]).

“Nós vemos que os nossos dias normais não têm noite, mas pela fixação [do Sol] e não da manhã, mas pelo nascer do sol, mas os três primeiros dias de todos foram passados sem sol, uma vez que é relatado ter sido feito no quarto dia. E antes de tudo, na verdade, a luz foi feita pela palavra de Deus, e Deus, lemos, separou da escuridão e chamou a luz “dia” e às trevas “noite”, mas que tipo de luz que era, e por qual movimento periódico fez tarde e manhã, está além do alcance dos nossos sentidos, nem podemos entender como ele era e no entanto devemos acreditar sem hesitação.” (ibid., 11:7).

“Eles [os pagãos] são enganados, também, por esses documentos altamente mentirosos que professam dar a história do [homem] como a de muitos milhares de anos, embora calculando pelos escritos sagrados, descobrimos que 6.000 anos ainda não se passaram” (ibid., 12:10).

* Traduzido por Marcos Zamith, para o Veritatis Splendor, do original em inglês “Creation and Genesis” do website Catholic Answers (http://www.catholic.com).

Portal Veritatis Splendor

Cãozinho abandonado se abriga no presépio, comove cidade e volta a viralizar

Aleteia

Ao lado da imagem do Menino Jesus, o filhote de pastor alemão, abandonado pelos donos, encontrou calor e aconchego.

Cãozinho abandonado se abriga no presépio, comove cidade e volta a viralizar! Assim como no ano passado (e em vários dezembros anteriores), voltaram a ser compartilhadas nas redes sociais as fotos de um tocante episódio que aconteceu em 2008 na cidade catarinense de Criciúma.

Na ocasião, de fato, uma “figura viva” inusitada se juntou ao presépio de uma praça local: ao lado da figura do Menino Jesus, um filhote de pastor alemão, que havia sido abandonado pelos donos, encontrou calor e aconchego nas palhas da manjedoura.

Cãozinho no presépio
Reprodução Redes Sociais

Cãozinho abandonado se abriga no presépio

A serenidade do cãozinho diante das centenas de olhares da população, enquanto dormia ao lado da imagem do Menino Deus, encantou os cidadãos que contemplavam o presépio naquele dia. Foi o suficiente para que as fotos viralizassem na internet – e continuassem voltando à tona com regularidade, o que indica que uma dose de ternura é sempre bonita de rever.

Quando acordou diante das câmeras e dos curiosos, o filhote até levou um pequeno susto inicial, que logo se transformou num desfecho digno das histórias natalinas: assim como alguém o tinha abandonado, outro alguém decidiu adotá-lo e acolhê-lo em sua casa.

Cãozinho no presépio
Reprodução Redes Sociais

Aleteia

Natal: Festa da Humildade de Deus, diz Cantalamessa na Pregação de Advento

Cantalamessa na Pregação de Advento
Foto: Vatican Media

A humildade não consiste no ser pequeno; no considerar-se pequeno; no proclamar-se pequeno; consiste em fazer-se pequeno por amor a Deus.

 Cidade do Vaticano (19/12/2020, 10:45, Gaudium Press) Na terceira das pregações do Advento, a expressão “Veio morar entre nós” foi o tema desenvolvido pelo pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, ao Papa e à Cúria Romana, na manhã de sexta-feira (18/12), na Sala Paulo VI. Foi a última das pregações deste retiro 2020.

“Deus está do lado do homem, que Ele é seu amigo e aliado contra as forças do mal”

O Pregador da Casa Pontifícia iniciou suas reflexões comentando a expressão “Deus está conosco”.
Para o Frade Capuchinho, a expressão quer dizer que “Deus está do lado do homem, que Ele é seu amigo e aliado contra as forças do mal”.

O pregador lembrou a seus ouvintes que “devemos reencontrar o significado primordial e simples da encarnação do Verbo, para além de todas as explicações teológicas e dos dogmas construídos sobre ela. Deus veio habitar em nosso meio! Quis fazer deste evento o seu nome próprio: Emanuel, Deus-conosco”.

E recordou que “o que Isaías profetizara, ‘A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel’ (Is 7,14), tornou-se fato realizado”.

O que significa a palavra humildade aplicada a Deus? Jesus pode dizer que é humilde?

Cantalamessa continuou sua pregação afirmando que “Deus é amor, por isso é humildade! O amor cria dependência da pessoa amada, uma dependência que não humilha, mas torna felizes”.
Para ele, “As duas frases “Deus é amor” e “Deus é humildade”, são como dois lados da mesma moeda”.

Mas, o que significa a palavra humildade aplicada a Deus e em que sentido Jesus pode dizer: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29), perguntou o Capuchinho para, em seguida, explicar, afirmando:

“A explicação é que a humildade essencial não consiste no ser pequeno (pode-se ser pequeno sem, de fato, ser humilde); não consiste no considerar-se pequeno (isso pode depender de uma má ideia de si mesmo); não consiste em proclamar-se pequeno (pode-se dizê-lo sem crê-lo); consiste em fazer-se pequeno e fazer-se pequeno por amor, para elevar os demais. Neste sentido, realmente humilde é somente Deus”, disse o Frei Capuchinho.

Natal: festa da humildade de Deus

“O Natal é a festa da humildade de Deus. Para celebrá-la em espírito e verdade, devemos nos fazer pequenos, como devemos nos abaixar para entrar pela porta estreita que dá acesso à Basílica da Natividade em Belém.

(…) Se, na verdade, pelo fato da encarnação, a Palavra, em certo sentido, assumiu cada homem (assim pensavam alguns Padres gregos), pelo modo em que ela se realizou, ele assumiu, em um título todo particular, o pobre, o humilde, o sofredor. “Instituiu” este sinal, como instituiu a Eucaristia. Assim, aquele que pronunciou sobre o pão as palavras: “Isto é o meu corpo”, pronunciou as mesmas palavras também sobre os pobres.

Desejado dos povos, Pedra angular: vinde e salvai este homem frágil, que criastes do barro!

Frei Cantalamessa concluiu a sua pregação com as seguintes palavras, ditas em forma de oração:

“Ó Rei das nações. Desejado dos povos; Ó Pedra angular, que os opostos unis: Oh, vinde e salvai este homem tão frágil, que um dia criastes do barro da terra!”
Vinde e reerguei a humanidade extenuada pela longa prova desta pandemia.” (JSG)

https://gaudiumpress.org/

Os nomes “Jesus” e “Emanuel” são o mesmo? Teólogo responde

Anunciação, obra de Bartolomé Estaban Murillo

REDAÇÃO CENTRAL, 19 dez. 20 / 05:00 am (ACI).- Ao aproximar-se o Natal, alguns fiéis podem se perguntar por que, se o profeta Isaías anunciou que o Filho de Deus seria chamado “Emanuel”, o anjo disse a Maria e José que colocassem no Menino o nome de “Jesus”. Existe alguma contradição? Ambos os nomes são o mesmo?

Pe. Miguel A. Fuentes, do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), escreveu um artigo em seu blog “El teólogo responde” (O teólogo responde) para responder a esta dúvida que foi exposta por um fiel.

“Com dois versículos de diferença, São Mateus indica dois dos nomes que receberá o Menino nascido da Virgem: porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados... que se chamará Emanuel (Mt 1,21-23)”, assinalou o sacerdote.

Entretanto, indicou que, “como disse Manuel de Tuya, O.P., não há oposição entre ambos os nomes, ‘porque o nome que se anuncia em Isaías (Emanuel) é o nome profético de Cristo, e o nome de Jesus é seu nome próprio e pessoal. O nome profético só indica o que significará para os homens, naquele momento, o nascimento deste menino. Será ‘Deus conosco’ de um modo particular’”.

“Assim – continua o texto de Manuel de Tuya –, se lê no mesmo Isaías, quando diz a Jerusalém: ‘Então te chamarão Cidade da Justiça, Cidade fiel’ (Is 1,26), não porque tivesse de chamar-se materialmente, mas porque tinha desde então certa conveniência por causa da purificação que nela faria Yahveh. Ou, como disse a este propósito São Jerônimo, ‘Jesus e Emanuel significam o mesmo, não ao ouvido, mas ao sentido’”.

O artigo de Pe. Fuentes continua assim:

1. Emanuel: expressa a natureza, a personalidade do Filho de Maria. O nome está contido na profecia que Isaías proclama diante do desconfiado Acaz, cinco séculos antes da vinda do anunciado nela: Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conosco’ (Is 7,14).

‘Emanuel’: Deus conosco. Jesus é Deus; o Deus adorável que fez o céu e a terra, que governa os astros e a quem os anjos servem. Mas sem deixar de ser Deus nem perder sua Glória, se ‘funde’ em nossa história e em nosso mundo para conviver com os homens (Ba 3,38). Emanuel expressa quem é o que nasce: é Deus que se faz carne. Por isso, o anjo disse a Maria: o que nascerá de ti será santo, será chamado Filho de Deus (Lc 1,35).

2. Jesus: Porás o nome de Jesus, porque Ele salvará seu povo de seus pecados (Mt 1,21). Tais palavras do anjo a José. Este nome expressa a missão do Filho de Deus ao se encarnar. Revela o motivo da encarnação. Jesus, em língua hebraica se diz Yehoshuah e quer dizer Yahveh salva, Deus salva; quer dizer, pois, saúde-doador. O que vem dar a saúde à alma, que é onde mora a enfermidade do pecado.

Quem pode perdoar os pecados senão Deus?, perguntam-se os inimigos de Cristo, escandalizados não só porque curou um paralítico em Cafarnaum, mas também, especialmente, porque anunciou a remissão de seus pecados (cf. Mc 2.7). Entenderam que desta maneira se iguala a Deus, e não estão errados: só Deus pode perdoar os pecados dos homens. Por isso, Cristo os perdoava, porque era Deus e para isso havia se encarnado. Isto é o que nos revela com seu nome.

Muitos hebreus se chamaram Jesus por casualidade, dizia Maldonado no século de ouro espanhol, ‘Cristo, ao contrário, por determinado conselho, não humano mas divino. Aqueles que levaram este nome antes Dele não foram verdadeiros salvadores, e Cristo o é mais ainda do que o homem pode significar. Para eles era nome comum e vulgar; para Cristo foi peculiar e, segundo o profeta havia predito, próprio e singular, porque da maneira que de Cristo se disse, a ninguém lhe convém mais do que a Ele, pois não há em outro alguma saúde’.

ACI Digital

4º Domingo do Advento

Anunciação  (BAV Chig.A.IV.74, f. 56v)

Que sempre, em nossa vida, seja feita a vontade do Senhor! Sejamos seus colaboradores em tudo que Ele solicitar nossa participação! O SIM de Maria mudou o rumo da Humanidade.

Padre César Augusto, SJ

Continuamos com o ambiente alegre, promovido pela liturgia como anúncio da instauração do Reino de Deus, trazido pelo Messias.

Na primeira leitura de hoje, Samuel 7, 1-5.8-12.14,16, nos é dada a certeza, pela Palavra de Deus, de que será Ele quem construirá uma habitação eterna para nós, ao mesmo tempo em que rejeita a casa desejada por Davi, para Ele. Assim, como na resposta que Jesus dá à samaritana, Deus deve ser adorado em espírito e verdade e não tanto em Jerusalém e nem em outro lugar (Jo 4, 20-24). O Senhor habita no meio do seu povo e não pode estar restrito a um lugar. Do mesmo modo como esteve presente em todos os lugares onde o rei Davi caminhou, assim também o Senhor caminha conosco, afinal Ele é o Emanuel, Deus conosco, e também sempre foi e é o Senhor quem nos liberta de todos os nossos inimigos.

Para concretizar o que foi dito anteriormente de o Senhor ser o nosso protetor, nosso libertador e habitar entre nós, o Verbo se encarna no seio de Maria e se torna um homem semelhante a nós, como afirma São Paulo no capítulo 2 , versículo 7 da carta aos Filipenses. Lemos em Jo 1,14 “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós;”

Esse anúncio da encarnação, encontramos no Evangelho de hoje, extraído de Lucas 1, 26-38. O próprio nome que receberá o filho de Maria, Jesus, já nos revela a missão do Menino: Deus Salva!

Além da certeza do amor de Deus por nós, que poderemos apreender da liturgia de hoje? Certamente a figura de Maria, com sua disponibilidade para fazer a vontade do Senhor, nos tocou e sentimos uma grande vontade de imitar nossa mãe.

Que sempre, em nossa vida, seja feita a vontade do Senhor! Sejamos seus colaboradores em tudo que Ele solicitar nossa participação! O SIM de Maria mudou o rumo da Humanidade, colaborou extremamente com a História da Salvação, do mesmo modo a humildade de José, que com sua fé e sem pedir explicações, colaborou com a maior glória de Deus!

Vatican News

São Domingos de Silos

S. Domingos | ArqSP

É historicamente reconhecida a influência das ordens religiosas na formação da sociedade européia na Idade Média. Numa época onde a força era a suprema lei e o valor militar de um homem se sobrepunha a todos os outros, os monastérios eram verdadeiros oásis de paz e os monges, os guardiões da cultura, do direito e da liberdade. Talvez o maior defensor dos valores monásticos tenha sido o religioso Domingos de Silos, que valorizava nos mosteiros o ensino não só da agricultura como dos demais ofícios e artes.

Domingos nasceu no ano 1000, em Navarra, Espanha, no seio de uma família pobre e cristã. Quando menino, foi pastor de ovelhas. Já desse período se conta que era bondoso ao extremo, oferecia leite de ovelha para alimentar os caminhantes pobres. Ao mesmo tempo, gostava muito de estudar, motivo que levou seus pais a entregá-lo ao padre da paróquia onde moravam. Ele criara uma escola ao lado da igreja.

Saiu-se tão bem que o padre quis ordená-lo sacerdote. Antes disso, Domingos resolveu experimentar a vida de eremita para depois, enfim, entrar num convento beneditino, onde descobriu sua verdadeira vocação, pois logo se tornou exemplo para os demais monges. Quando completou trinta anos, foi encarregado de restaurar e reabrir o Mosteiro de Santa Maria, havia muito tempo fechado. Para isso tornou-se esmoleiro, trabalhou como operário, fez de tudo um pouco para conseguir recursos e poder receber os candidatos à vida monástica. A surpresa veio, quando viu que, entre eles, estava seu próprio pai, além de alguns parentes.

Terminada essa obra, foi convidado a ser o abade do Mosteiro de São William de la Cogola. Foi perseguido, porém, pelo príncipe de Navarra, que tinha a intenção de apossar-se dos bens do convento. Assim, teve de refugiar-se em Castela. Lá, recebeu com prazer a missão de reavivar o Mosteiro de São Sebastião de Silos, em Burgos, quase desabitado e em decadência total. Domingos foi abade do mosteiro por mais de trinta anos, sendo considerado seu novo fundador. Imprimiu espírito novo, atividade intensa e fecunda, tornando-o um centro de cultura e cenáculo de evangelização.

Ao final da vida, era chamado de "apóstolo de Castela". Previu a data da própria morte, que ocorreu em 20 de dezembro de 1073. Festejado nesse dia pela Igreja como são Domingos de Silos, a sua popularidade é muito vasta. Depois de sua morte, o nome do abade foi impresso, na história da Espanha, ao lado de "el Cid Campeador", o libertador do povo espanhol do jugo dos invasores infiéis.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

sábado, 19 de dezembro de 2020

A FESTA DA PRESENÇA DE DEUS

Katedrale

Por meio da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece para sempre presente em nossa história e, por isso, o Natal é a Festa da presença de Deus, pois o Menino que nasceu para nós continua a caminhar conosco através do tempo e em todos os lugares. Deste modo, ser alcançados pela presença de Deus, que se faz próximo de nós no Natal, é um dom inestimável.

Graças à presença de Deus em nosso meio, a vida se torna bela, a alegria é permanente, o amor se expande e a misericórdia se alastra, pois o Natal é uma efusão de luz para todos, porque nos revela os sinais da caridade de Cristo e nos faz sentir o carinho e a ternura divina. Mas donde nasce esta alegria tão pura, tão doce, tão misteriosa? Nasce da contemplação do Menino Deus e da certeza de que o Cristo é o dom maior e mais precioso que o Pai fez a nós e por Ele exultam os nossos corações de entusiasmo e de esperança.

Quem é este Menino Deus? É o nosso Deus adorado e amado, é o Filho de Deus feito Homem. É “o Verbo que se fez Carne e habitou entre nós!” (Jo 1, 14).  Ele é a Palavra de Deus que nos fala de modo novo, com força nova. Da presença da Palavra de Deus, do próprio Deus no atual momento da história, nasce a certeza de que, apesar das sombras que ainda existem no mundo, Deus está ao nosso lado, Ele confia em nós; afinal, Ele é o Deus generoso, bom e fiel. Ele vem habitar entre nós, escolhe a terra como sua morada para estar ao nosso lado e caminhar conosco no cotidiano da fé.

A partir de Belém, a Terra do Pão, o Planeta Terra, de algum modo, passou a ser a tenda de Deus, o lugar do encontro de Deus conosco, o lugar da solidariedade de Cristo para conosco e, por isso, a presença de Deus nos revela que as dificuldades, as perseguições, as ameaças e as sombras passam, desaparecem, mas o amor e a misericórdia permanecem.

Desde Belém, na sucessão dos tempos e dos séculos, todos nós devemos procurar a Jesus. Seguindo os Suas Palavras e ensinamentos, certamente, nós iremos encontrá-Lo assim como os Reis Magos e os Pastores que foram testemunhas oculares do nascimento do nosso Redentor. Algumas vezes será preciso procurá-Lo, porque O perdemos pelo mau uso da liberdade; outras, pelo contrário, O procuraremos para conhecê-Lo melhor, para amá-Lo mais e sem reservas e para fazer com que o nosso próximo O conheça e ame, pois nada é mais belo, urgente e importante do que voltar e conceder gratuitamente aos nossos contemporâneos tudo aquilo que recebemos gratuitamente de Cristo. Nada nos pode eximir ou livrar deste fascinante compromisso.

Na Manjedoura de Belém, nós encontramos o Menino Deus nos braços da Virgem Santa Maria e sob os atentos cuidados de São José. Da contemplação do Verbo que veio nos salvar, nós percebemos que Deus está presente nos sacramentos, em especial, na Eucaristia, na Palavra celebrada, na comunidade reunida e no serviço desprendido em prol dos pobres e dos excluídos. Deus está presente em nosso coração e em nossa vida, no aprendizado da Verdade e do Bem.

Neste Natal e sempre, confiemo-nos a Deus e à intercessão de Maria e de São José, a fim de que nos ajudem a reconhecer no rosto do nosso próximo, especialmente das pessoas mais frágeis e marginalizadas, o rosto do Filho de Deus que se fez Homem, para nos revelar que a nossa presença no mundo, a vivência da santidade e a correspondência à vida da graça são dons inestimáveis do amor redentor de Cristo que assumiu a nossa natureza humana para nos ensinar a permanecer na doce e suave presença de Deus, revelando ao mundo que Cristo está presente em nosso meio, fazendo caminho conosco, renovando nossa pertença à Igreja e atualizando a estória da nossa salvação.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

O Arcanjo Gabriel

Arcanjo Gabriel | Semente das Estrelas
ARCANJO GABRIEL

Etimologia hebraica: homem de Deus ou Deus se mostrou forte.

Gabriel pertence às classificações dos anjos da época do jadaísmo tardio, especialmente na literatura apocalíptica.

Aparece no livro de Daniel, onde explica a visão do carneiro e do bode (Dn 8, 15-16). Sob o nome de "homem Gabriel", retornando a profecia das 70 semanas (Jr 25, 11; 29, 10), precisa-lhe o sentido (Dn 9, 20-27).

Gabriel aparece no livro de Henoc, sob o nome arcanjo, como "posto à frente do paraíso, dos dragões e dos querubins". Ora sua tarefa é guardar o paraíso, ora ele intercede pelos homens.

A tradição judaica conservou esses dados.

Lucas os retorna em seu evangelho da infância. Gabriel tem a missão de anunciar a Zacarias o nascimento de João Batista, e, à Virgem Maria (Lc 1, 11-20.26-28).

Combinando Lc 1, 19; Tb 12, 15 e Ap 8, 2, a tradição cristã viu em Gabriel um dos sete arcanjos ou "anjos da face" conhecidos pela tradição judaica. Com Miguel e Rafael, é um dos três anjos a quem a Bíblia dá um nome próprio.

O arcanjo Gabriel aparece, portanto, como um mensageiro de boas notícias. Talvez sua representação tradicional, com asas, venha de Dn 9, 21, de conformidade com a interpretação geral dos dados da literatura apocalíptica sobre os anjos.

Dicionário Bíblico Universal
Editoras: Aparecida (SP) e Vozes (Petrópolis - RJ)

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF