Philip
Kosloski - publicado em 24/10/25
Os santos viveram vidas santas e alcançaram profunda
união com Deus nesta terra, mas isso não significa que devamos imitar todos os
aspectos de suas vidas.
Quando lemos um bom livro espiritual — especialmente um que
descreve a vida e as práticas de um santo — às vezes podemos pensar que tudo
deve ser imitado. Isso pode facilmente nos sobrecarregar, levando-nos
a acreditar que esse é o único caminho para a santidade.
Podemos chegar a pensar que precisamos vender todos
os nossos bens, rezar 12 rosários por dia ou ficar
sentados dentro de uma igreja por longas horas para sermos santos.
O venerável Agostinho Baker, um monge beneditino
do século XVII, deu orientações detalhadas sobre o que evitarao
dedicar-se a esse tipo de leitura espiritual. Suas sugestões podem nos ajudar
a enxergar livros e artigos espirituais sob outra perspectiva,
reconhecendo que cada pessoa segue um caminho único rumo a Deus, e
que o que funciona para uma pessoa não necessariamente funcionará para
nós.
Os santos não foram feitos para serem imitados por
completo
Baker adverte em seu livro Santa Sabedoria (Holy
Wisdom, em inglês):
“Que [o leitor] não se apresse em aplicar [os conselhos da
leitura espiritual] a si mesmo pela prática, baseando-se em seu próprio
julgamento natural ou em suas inclinações, mas que observe seu próprio
espírito, seu caminho e a orientação interior de Deus, e os utilize em
conformidade; do contrário, em vez de obter benefícios, podem surgir
inconvenientes tais que teria sido melhor nunca ter lido.”
Por exemplo, um santo pode ter praticado grandes
mortificações que o ajudaram a se aproximar de Deus; mas se nós as
imitarmos, podemos causar mais dano do que bem à nossa alma.
Baker reforça esse conselho ao escrever:
“De todos os erros, o maior e mais perigoso é imitar
indiscriminadamente os exemplos e práticas dos santos — em particular as
mortificações corporais extraordinárias, assumidas voluntariamente (ainda que
por indicação especial de Deus), como trabalhos, jejuns, vigílias, disciplinas,
etc.”
Todos somos diferentes
Sem dúvida, podemos nos inspirar nas vidas dos
santos, mas precisamos “traduzir” suas experiências para a nossa
realidade — com a ajuda de Deus e de um diretor espiritual de
confiança. Deus pode querer que vivamos de modo semelhante,
mas não exatamente igual.
Baker continua:
“O benefício que devemos — e podemos facilmente — obter da
leitura das práticas extraordinárias dos outros é admirar os caminhos de Deus
na condução de seus santos e aproveitar a ocasião para nos humilhar e desprezar
a nós mesmos, ao vermos o quanto estamos distantes deles na prática das
virtudes; mas sem imitá-los nessas coisas, a não ser quando estivermos certos
de que Deus nos guia com uma luz sobrenatural e nos concede uma graça
extraordinária — e ainda assim, somente depois de termos obtido a permissão e a
aprovação de um diretor prudente.”
Cada um de nós é único e irrepetível, o que
significa que nosso caminho para Deus será diferente do de qualquer
outra pessoa.


Nenhum comentário:
Postar um comentário