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domingo, 16 de abril de 2023

Os Sermões sobre o Cântico dos Cânticos de São Bernardo de Claraval

By Daniilantiq | Shutterstock
Por Vanderlei de Lima

Bernardo foi um grande admirador de Orígenes, importante místico, filósofo e exegeta cristão do século III. Daí ter, como ele, por referência os três livros bíblicos atribuídos ao sábio rei Salomão.

“Sermões sobre o Cântico dos Cânticos”: Eis o título de uma das clássicas obras de São Bernardo de Claraval (1090-1153). Foi publicada, em tradução brasileira, pela Editora Permanência do Rio de Janeiro.

O livro é extenso – são oitenta e seis sermões – e denso. Daí, ser nossa intenção, aqui, propor, à luz de boas fontes, apenas um comentário geral sobre os Sermões. Seu “‘gênero literário’ é mais livre […]. Não obstante, é claro que as coleções de sermões registradas por escrito e publicadas sofreram um paciente trabalho de redação e edição” (Bernardo Olivera, OCSO. Introducción a los Padres e Madres cistercienses de los siglos XII e XIII. Burgos: Fonte & Monte Carmelo, 2020, p. 79). Ora, o Cântico dos Cânticos é um poema de amor do Antigo Testamento que faz o homem se reencontrar com Deus de um modo esponsal. Trata-se de um livro “escrito com arte pelo Espírito Santo” (Pierre Riché. Vida de São Bernardo. São Paulo: Loyola, 1981, p. 63). Nele, o “diálogo entre a esposa e o esposo não é senão aquele que existe entre a alma e o Verbo Divino, entre a Igreja e Cristo” (idem, p. 62). Daí a questão: que metodologia ou “linha exegética” – diríamos hoje – usava o Abade de Claraval para suas explanações nessa obra?  

Versículo por versículo

Responde-nos o próprio Riché, ao demonstrar – de modo mais detalhado – a procura do santo por Aquele que ele ama, Jesus Cristo: “Bernardo explica versículo por versículo nos sentidos alegórico e místico. Com admirável domínio, com uma arte raramente alcançada, Bernardo dedica os nove primeiros sermões ao beijo, sem jamais perturbar-se, nem perturbar seus ouvintes. Quando é levado a falar da sexualidade, ele age com calma e sem complexos, pois vive sóbria e castamente, graças à leitura e à oração. Ele passa sem dificuldade do canto nupcial ao da união mística. Na sua trajetória, conduz seus monges do jardim à adega, da adega ao quarto. O jardim é o da criação, da reconciliação vinda do Salvador, da colheita, do fim do mundo. As adegas guardam os aromas, os unguentos e o vinho, isto é, as três regras de vida segundo a disciplina, a natureza e a graça. Tudo isso requer um longo encaminhamento. O beijo da alma e do Verbo de Deus mal acaba de se realizar, eis que corre o risco de findar bruscamente. Bernardo confidencia aos seus monges que seu diálogo com Cristo é muitas vezes difícil. Desde o começo em que o Verbo se retirou, tudo isso começa imediatamente a enlanguescer no torpor e arrefece” (idem, p. 63).

São Bernardo

Dom Bernardo Bonowitz, OCSO, antigo abade do Mosteiro de Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo do Tenente (PR), completa a explanação de Riché assegurando que São Bernardo foi um grande admirador de Orígenes, importante místico, filósofo e exegeta cristão do século III. Daí ter, como ele, por referência os três livros bíblicos atribuídos ao sábio rei Salomão: Eclesiastes, Provérbios e Cântico dos Cânticos. Para o santo, sem essa sequência não se consegue compreender a contento o Cântico dos Cânticos. Eis as oportunas palavras de Bonowitz: “O Cântico dos Cânticos é escrito em linguagem figurativa, usa as metáforas do amor carnal humano para aludir aos mistérios da união espiritual entre Deus e a alma e, diz Bernardo prudentemente, se você não tiver passado pela formação providenciada pelos dois livros anteriores de Salomão, Eclesiastes e Provérbios, é mais do que provável que você não compreenderá a terceira obra, que tudo coroa” (São Bernardo, o numerólogo. Campinas: Ecclesiae, 2019, p. 18).

Em suma, o estudioso só tem a louvar a Editora Permanência pela publicação dessa obra magna de São Bernardo. Não deve, contudo, deixar de notar pontos que deveriam ser revistos. Por exemplo, as abreviaturas da Sagrada Escritura: Judite aparece, na página 21, como JDt, quando, via de regra, se usa Jt; Sabedoria, na página 20, Sab, mas deveria ser Sb; Hebreus, na página 113, vem como Hebr e o correto seria Hb etc. A palavra consequência está com trema nas páginas 38 e 108, por exemplo. A nota 1 diz, sem mais, que São Roberto de Molesmes foi o fundador de Cister, quando, na verdade, Cister é fruto de uma comunidade fundadora a incluir os santos abades Roberto, Alberico e Estêvão Harding. Ainda: o nome da obra poderia aparecer sempre, como no título, Cântico dos Cânticos) mas, no corpo do livro, vem Cantar dos Cantares. No sumário, há Deus com d minúsculo (Sermão LV), igreja em vez de Igreja (Sermão XXX) etc.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Reflexão para o Segundo Domingo de Páscoa (A)

Evangelho do domingo - Jesus Cristo (Vatican Media)

Peçamos ao Senhor que nossa vida de batizados, de homens e mulheres que crêem em Jesus, seja fiel à nossa profissão de fé.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A primeira leitura deste domingo nos relata a vida dos primeiros cristãos. Ela está estruturada sobre quatro colunas: o ensinamento dos apóstolos, a partilha dos bens, a partilha do pão ou Eucaristia e as orações em comum.

O ensinamento dos apóstolos ou catequese provocava nos discípulos uma mudança de vida. A fé na palavra de Deus, revelada por e em Jesus Cristo, agora era explicada pelos apóstolos, e os cristãos deixavam de ser simples cidadãos, para com suas vidas, testemunharem Jesus Cristo. Esse testemunho veremos concretamente nas outras três colunas.

Se acreditavam em Jesus Cristo, elas criam que Deus era Pai de todos e isso os levava a um sentimento de radical fraternidade, daí a partilha de bens, a renúncia à propriedade particular, onde tudo é, livremente, colocado em comum e distribuído de acordo com as necessidades pessoais. Com isso não existe mais pobres.

A partilha do pão celebrava a memória de Jesus que partilhou sua vida. Assim, se reuniram para realizar o gesto e o mandamento de Jesus: “Fazei isso em memória de mim”.

O Senhor estava presente no meio deles de modo eucarístico e era partilhado como alimento, como sustento para o dia a dia.

Finalmente a Comunidade também se reunia para louvar o Senhor e, certamente, rezar o Pai-Nosso.

O autor dos Atos nos fala ainda que esse estilo de vida simples, fraterno e temente a Deus, suscitava a adesão de outras pessoas a fazerem parte do grupo dos amigos de Jesus.

Peçamos ao Senhor que nossa vida de batizados, de homens e mulheres que crêem em Jesus, seja fiel à nossa profissão de fé.

Para isso vale que cada noite nossa consciência diante do Senhor nos diga até onde vivemos nossa fé, se fomos capazes de partilhar nossos bens, nosso tempo, nossa atenção, nossa capacidade de ajudar o outro.

A partilha do pão eucarístico da vida que é Jesus deverá refletir o meu dia, meu ato de partilhar os bens que geram vida, com aquele irmão ou irmã, aquele próximo que é carente deles.

Feliz Páscoa!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Bernadete Soubirous

Santa Bernadete Soubirous / arqusp
16 de abril

Santa Bernadete Soubirous

"Maria é tão bela que, quando a vejo, gostaria de morrer para vê-la novamente", era a resposta da vidente de Lourdes a quantos a confortavam durante a longa enfermidade que por nove anos lhe causou sofrimentos indizíveis. A Virgem a tinha preparado para esta prova: "Não te prometo fazer-te feliz neste mundo, mas no outro". O privilégio de ter sido escolhida pela Virgem, aos 14 anos, para confirmar a verdade dogmática da Imaculada Conceição, proclamada por Pio IX em 1854, valeu-lhe bem pouca glória humana.

Concluído o ciclo das visões na gruta de Massabielle, iniciadas em 11 de fevereiro de 1858, Bernadete permaneceu o resto da vida na sombra. Foi acolhida no Instituto das Irmãs da Caridade de Nevers, onde passou seis anos, sempre na casa de Lourdes, para ser depois admitida ao noviciado de Nevers. E enquanto junto da milagrosa fonte ocorriam os primeiros prodígios e de toda a parte acorriam multidão de devotos, ela só pedia para permanecer escondida e esquecida de todos.

Na profissão religiosa tinha assumido o nome de irmã Bernarda e durante 15 anos de vida conventual suportou em silêncio sofrimentos físicos e morais, como a indiferença das próprias irmãs, de acordo com o desígnio providencial que priva as almas escolhidas da compreensão e frequentemente também do respeito das almas medíocres. Em comunidade exerceu as funções de enfermeira e de sacristã, até que o agravamento de seu mal a obrigou a permanecer no leito durante todos os nove anos que precederam sua santa morte. Foi canonizada em 8 de dezembro de 1933.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

sábado, 15 de abril de 2023

As Fontes da Teologia: as Sagradas Escrituras

As Sagradas Escrituras / Canção Nova

As Fontes da Teologia: as Sagradas Escrituras

A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita e tem lugar especial na vida da Igreja. Contém a mensagem divina da salvação que sob a inspiração do mesmo Espírito Santo que falou pelos profetas, foi redigida pelos escritores sagrados, entre eles os Apóstolos.

Encontra-se intimamente unida à Tradição, que deriva dos Apóstolos e cresce na Igreja com a ajuda do Espírito Santo.

 “A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência” (Dei Verbum 9).

 “A sagrada Teologia apoia, como em seu fundamento perene, na palavra de Deus escrita e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce, investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser como que a alma da sagrada teologia. Também o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura” (Dei Verbum 24). 

2.      O Cânon Bíblico;

Cânon é um padrão, uma norma que julga um pensamento ou uma doutrina. O cânon bíblico é o conjunto dos livros que a Igreja considera oficialmente como base da sua doutrina e dos seus costumes, pelo fato de serem inspirados por Deus.

A canonicidade não supõe a autenticidade literária. Por muito tempo, por exemplo, se pensou que a Carta aos Hebreus fosse obra de São Paulo. Hoje isso não é aceito na ciência bíblica, mas com isso essa carta não deixa de ser canônica e inspirada por Deus.

O cânon bíblico foi definido tal como o conhecemos hoje por volta do ano 300. Os critérios que determinaram o reconhecimento dos livros como Palavra de Deus foram os seguintes: uma reta regra de fé, uma clara origem apostólica (para os livros do Novo Testamento) e o uso habitual no culto.

 “A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé” (Dei Verbum 21).

3.      Inspiração da Escritura;

A inspiração da Sagrada Escritura é um carisma, um dom do Espírito Santo, que atuou nos escritores sagrados. É a ação do Espírito Santo na alma dos escritores o que lhes deu a infalibilidade.

“As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.

E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras. Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas» ( Tim. 3, 7-17) (Dei Verbum 11).

4. A Hermenêutica bíblica:

“Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.

Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «gêneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de gêneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se freqüentemente nas relações entre os homens de então. Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus”.

5.      Sagrada Escritura, Igreja e Teologia

“A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar continuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia, trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus. O sagrado Concilio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças” (Dei Verbum 23).

Recentemente o Papa Bento XVI, num discurso à Pontifícia Comissão Bíblica esclarecia esse tema.

“Só o contexto eclesial permite à Sagrada Escritura ser entendida como autêntica Palavra de Deus, que se converte em guia, norma e regra para a vida da Igreja e em crescimento espiritual dos crentes.

Isso, não impede de nenhuma maneira uma interpretação séria, científica, mas abre também o acesso às dimensões ulteriores de Cristo, inacessíveis a uma análise só literária, que é incapaz de acolher em si o sentido global que através dos séculos guiou a Tradição de todo o Povo de Deus.

Há um princípio hermenêutico sem o qual os escritos sagrados ficariam como letra morta, só do passado: a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do próprio Espírito mediante o qual foi escrita. 

O estudo científico dos textos sagrados é importante, mas não é por si só suficiente, pois levaria em conta só a dimensão humana.

Para respeitar a coerência da fé da Igreja, o exegeta católico tem que estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, dentro da mesma fé da Igreja.

O exegeta católico não se sente só membro da comunidade científica, mas também e sobretudo membro da comunidade dos crentes de todos os tempos. 

Na realidade, estes textos não foram entregues só aos pesquisadores ou à comunidade científica para satisfazer sua curiosidade e ou para oferecer-lhes temas de estudo e de pesquisa. Os textos inspirados por Deus foram confiados em primeiro lugar à comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a vida de fé e para guiar a vida de caridade.

Uma hermenêutica da fé corresponde mais à realidade deste texto que uma hermenêutica racionalista, que não conhece Deus”

Na ausência deste imprescindível ponto de referência, a pesquisa exegética ficaria incompleta, perdendo de vista sua finalidade principal, com o perigo de ficar reduzida a uma letra meramente literária, na qual o verdadeiro autor, Deus, deixa de aparecer”.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

O que você precisa saber sobre o Domingo da Misericórdia

Marco Sete | Shutterstock
Por Francisco Vêneto

Para entender ainda mais completamente o que é o Domingo da Misericórdia, precisamos antes entender melhor o tempo litúrgico em que ele se insere: o Tempo Pascal.

Desde o ano 2000, quando foi instituído pelo Papa São João Paulo II, a Igreja Católica celebra no segundo Domingo da Páscoa um dia especialmente dedicado à Divina Misericórdia.

O Papa polonês incluiu esta efeméride no calendário da Igreja quando canonizou Santa Faustina Kowalska, uma das maiores promotoras de todos os tempos da devoção à Misericórdia Divina. São João Paulo II declarou naquela ocasião:

“É importante que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante, na Igreja inteira, tomará o nome de ‘Domingo da Divina Misericórdia’” (Homilia, 30 de abril de 2000).

A base desta devoção, de fato, vem de revelações privadas a Santa Faustina, religiosa polonesa que recebeu as mensagens de Jesus sobre sua Divina Misericórdia no povoado de Plock, na Polônia.

A Divina Misericórdia é vinculada de modo especial ao Evangelho do segundo Domingo da Páscoa, representada no momento em que Jesus aparece aos discípulos no Cenáculo, após a ressurreição, e lhes dá o poder de perdoar ou reter os pecados. Este momento está registrado em João 20,19-31. Essa passagem abrange a aparição de Jesus Ressuscitado ao apóstolo São Tomé, quando Jesus o convida a tocar em Suas chagas no oitavo dia depois da Ressurreição (João 20,26). Por isso mesmo, é utilizado na liturgia oito dias depois da Páscoa.

O tempo litúrgico perfeito para esta data

Para entender ainda mais completamente o que é o Domingo da Misericórdia, precisamos antes entender melhor o tempo litúrgico em que ele se insere: o Tempo Pascal, período que dura cinquenta dias que são “como um só”:

“Os cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, como se se tratasse de um só e único dia festivo, como um grande Domingo” (Normas Universais do Ano Litúrgico, nº 22).

O que é o Tempo Pascal?

O Tempo Pascal começou na Vigília Pascal, com a Ressurreição de Cristo, e é celebrado durante sete semanas, até a vinda do Espírito Santo no Domingo de Pentecostes (que significa, em grego, “cinquenta dias”).

Esse tempo litúrgico de imensa força e significado é uma profunda celebração da Páscoa de Cristo, que passa da morte à vida – a palavra “Páscoa”, aliás, significa precisamente “passagem”, conforme o sentido literal do termo na tradição judaica.

Tempo Pascal é também a Páscoa da Igreja, Corpo de Cristo, que passa para a Vida Nova do Senhor e no Senhor. É um tempo que prolonga a alegria inigualável da Ressurreição e aguarda, ao final destes cinquenta dias, o dom do Espírito Santo na festa de Pentecostes. Um testemunho de Tertuliano, ainda no século II, já nos conta que, neste período, não se jejua, mas se vive em prolongada alegria.

O que é a Oitava da Páscoa?

A primeira das sete semanas deste tempo litúrgico é a assim chamada “Oitava da Páscoa”, a ser encerrada com o “Domingo da Oitava da Páscoa”.

O termo “oitava” se refere ao oitavo dia após a festa de referência – neste caso é a Páscoa, mas também existem a Oitava de Pentecostes, da Epifania, de Corpus Christi, de Natal, da Ascensão e do Sagrado Coração de Jesus, que são as “oitavas privilegiadas”, além de outras oitavas consideradas “comuns” (como a da Imaculada Conceição e a da solenidade de São José, entre outras) ou “simples” (como a de Santo Estêvão e a dos Santos Inocentes, por exemplo).

Todo o período compreendido entre a festa principal e seu oitavo dia é considerado como uma só celebração prolongada.

O que caracteriza o Domingo da Oitava da Páscoa?

Trata-se do domingo que encerra a oitava da Páscoa, ou seja, é o segundo domingo do Tempo Pascal, sendo que o primeiro foi o próprio Domingo da Páscoa, a grande solenidade da Ressurreição de Cristo.

O “Domingo da Oitava da Páscoa” também costumava ser chamado de Domingo “in Álbis” (ou seja, domingo “vestido de branco”), já que, nesse dia, os neófitos (novos batizados) depunham a túnica branca do batismo.

Popularmente, também já foi chamado de “Pascoela”, ou “pequena Páscoa”, e, ainda, de “Domingo do Quasimodo”, devido às duas primeiras palavras em latim (“quasi modo”) cantadas no introito.

O que é o Domingo da Divina Misericórdia?

Desde o ano 2000, este mesmo segundo domingo do Tempo Pascal recebe mais um nome, o de “Domingo da Divina Misericórdia”, conforme a disposição de São João Paulo II.

É nesse dia, aliás, que chega ao fim a Novena à Divina Misericórdia, iniciada na Sexta-Feira Santa.

E depois, o que virá?

Depois ainda teremos, dentro deste riquíssimo tempo litúrgico, a festa da Ascensão do Senhor – que é celebrada no sétimo domingo de Páscoa e não mais necessariamente aos quarenta dias após a Ressurreição, porque o sentido da celebração é mais teológico do que cronológico.

Por fim, o período pascal se encerra com a vinda do Espírito Santo, em Pentecostes.

Quais são as características deste período?

A unidade desta Cinquentena que é o Tempo Pascal se destaca no Círio Pascal, que permanece aceso em todas as celebrações até o Domingo de Pentecostes para expressar o mistério pascal comunicado aos discípulos de Jesus.

É com esta mesma intenção que se organizam as leituras da Palavra de Deus nos oito domingos do Tempo Pascal: a primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, o livro que conta a história da Igreja primitiva e da sua difusão da Páscoa do Senhor. A segunda leitura muda conforme os ciclos, podendo ser da primeira Carta de São Pedro, da primeira Carta de São João e do livro do Apocalipse.

Como ganhar a indulgência plenária nesta data?

A celebração da Divina Misericórdia é enriquecida com a possibilidade de indulgência plenária:

“Para fazer com que os fiéis vivam com piedade intensa esta celebração, o mesmo Sumo Pontífice (João Paulo II) estabeleceu que o citado Domingo seja enriquecido com a Indulgência Plenária”, “para que os fiéis possam receber mais amplamente o dom do conforto do Espírito Santo e desta forma alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo e, obtendo eles mesmos o perdão de Deus, sejam por sua vez induzidos a perdoar imediatamente aos irmãos” (Decreto da Penitenciaria Apostólica de 2002).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O sentido da Páscoa cristã

O verdadeiro sentido da Páscoa /DCI

O SENTIDO DA PÁSCOA CRISTÃ

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

Desde os primórdios da Igreja celebrou-se o mistério da Páscoa cristã, pelo seu valor fundamental e salvífico relacionado à vida cristã. O fato era que no coração da Páscoa, comemoram os cristãos o mistério da redenção humana, mediante a morte e ressurreição do Senhor Jesus. Pela Páscoa, a Igreja celebra a passagem da morte do Senhor para a vida divina.  

Jesus Cristo ressuscitou dos mortos: Ele não está mais no sepulcro (Mt 28,6). Eles não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos (Jo 20, 9). O Senhor ressuscitado é a primícia da nova criação. A Ressurreição de Jesus é o penhor da renovação do Universo. Jesus falou por diversas vezes que passaria pelos sofrimentos, morte, mas no terceiro dia ressuscitaria dos mortos. Para os apóstolos, aquele linguajar era difícil de compreender, o que será dado só em Pentecostes.  

As mulheres foram as primeiras anunciadoras da ressurreição.

Pela Palavra de Deus vemos a presença das mulheres como as primeiras anunciadoras da ressurreição do Senhor. O evangelista Mateus colocou que no primeiro dia da semana, portanto no domingo, Maria Madalena e a outra Maria foram ao sepulcro. Lá encontraram o anjo que disse para as mulheres que Jesus não estava mais no sepulcro, ressuscitou como havia dito. Ele também disse que era para elas irem depressa contar aos discípulos do Senhor Jesus que ele ressuscitou dos mortos. As mulheres ao saírem do sepulcro, correram com alegria para dar a notícia aos discípulos. O Senhor ressuscitado apareceu a elas dizendo que não era para ter medo, mas elas eram chamadas a anunciar aos irmãos para se dirigirem para a Galileia, porque lá eles o veriam (Mt 28, 1-10).  

Pelo evangelista João, recebeu Maria Madalena de Jesus a missão de anunciar aos discípulos que Ele estava vivo, ressuscitou dos mortos. Ela chorava no túmulo, e o Senhor a chamou pelo nome de modo que ela o identificou como Mestre. Mas Jesus disse-lhe para não a segurar porque ele não tinha ainda subido para junto do Pai. Mas ela era enviada para dizer aos irmãos, os discípulos que Jesus sobe ao seu Pai e ao Pai dela e dos discípulos, ao seu Deus e ao Deus dela e dos discípulos. Jesus colocou a sua condição divina, junto do Pai diferente da condição humana em que Maria estava. Jesus é Deus e homem, na qual estão nele as naturezas humana e divina na única pessoa do Verbo de Deus. Maria foi dizer aos discípulos que ela viu o Senhor e contou o que Jesus lhe tinha dito (Jo 20, 16-18). É importante analisar as considerações dos Padres da Igreja, os primeiros autores cristãos a respeito da ressurreição do Senhor, da Páscoa cristã.  

Páscoa: a passagem de Cristo para pátria celeste. 

São Leão Magno, Papa no século V afirmou que a festa da Páscoa chamada pelos hebreus Phase, cujo significado era passagem, foi atestada pelo evangelista João, que antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que estava chegando a sua hora de passar deste mundo para o Pai (Jo 13,1). A natureza que efetuaria a passagem era a humana, uma vez que o Pai estava de uma forma inseparável no Filho e o Filho no Pai. São Paulo colocou o ponto de que Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todo o nome (Fl 2,9). A exaltação da natureza humana foi assumida por ocasião da passagem da Páscoa. Com a sua paixão, a divindade permaneceu indivisa, pois é ele co-eterno na glória de Deus Pai1.  

A afirmação da natureza humana na Páscoa. 

São Leão Magno também criticou as pessoas que não acreditassem que na Páscoa teve a exaltação humana de Jesus, de modo que não participavam da grande festa cristã. A Páscoa deu sentido a todas as coisas feitas pelo Senhor que como verdadeiro Filho de Deus, permaneceu nele, a natureza humana. O mistério da salvação aludiu à festa pascal, porque a pessoa seguidora do Senhor não discordaria do Evangelho e nem do Símbolo para desta forma fazer bem a celebração pascal. Jesus Cristo nasceu segundo a carne, padeceu a sua morte, e teve a sua ressurreição de forma segundo a carne, a sua condição corporal. Não existe a separação de sua divindade e de sua humanidade, na Pessoa do Verbo de Deus2.  

Jesus passou pelo sofrimento à ressurreição.

Santo Anastácio, bispo de Antioquia, no século VI, afirmou que o Senhor enfrentou o sofrimento para chegar à ressurreição. A Sagrada Escritura previu que Jesus passaria pela morte. No entanto era fundamental afirmar segundo ele, que nunca as pessoas afirmariam que era Deus se, ao contemplar a verdade da encarnação, o povo não encontrasse nela razões para proclamar, com clareza e justiça, uma e outra coisa, ou seja, seu sofrimento e sua impassibilidade. Desta forma o Verbo de Deus passou pela morte em vista da salvação do ser humano3.  

A paixão ligada com a Páscoa.

Numa homilia de um antigo autor anônimo falou da Paixão do Salvador em unidade com a Páscoa, a passagem de Jesus de sua morte para a vida. A Paixão foi a salvação da vida humana. Ele quis morrer por todo o gênero humano para que crendo nele, todos vivessem para sempre. Ele quis tornar-se o que foi a vida humana para viver com ele para sempre. Foi assim o dom da Páscoa, esta esperada festa do ano, o inicio do da nova criação. Ela afirmava também que naquela solenidade, os novos filhos e filhas que são gerados nas águas vivificantes da santa Igreja, ouvem o balbuciar da sua consciência inocente. Na festa da Páscoa, os pais e mães cristãos obtêm, por meio da fé, uma nova e inumerável descendência e, à sombra da árvore da fé, brilha o esplendor dos círios com o fulgor que irradia da pura fonte batismal 4. 

A Páscoa é a festa das festas na expressão de São Gregório de Nazianzo. Ela é grande e sagrada, porque o Logos, a Palavra do Senhor venceu o pecado e a morte para dar a todos a luz divina, a vida verdadeira5. Ela engloba a toda a liturgia, pois o Senhor venceu a morte e ressurgiu glorioso do sepulcro, porque Deus Pai ressuscitou o seu Filho (At 10,40). Vivamos o espírito pascal em nossas vidas de seguidores e seguidoras de Jesus Cristo na família, na comunidade e na sociedade. Somos chamados a lutar pelo bem, pela justiça e pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo, a partir da ressurreição de Jesus.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Por que São João XXIII descreveu a família como a célula da sociedade

Dean Drobot | Shutterstock
Por Philip Kosloski

Ele escreveu em 'Pacem in Terris' que a família é o "núcleo fundamental" da sociedade humana.

A família tem um papel grandioso a desempenhar na Igreja, mas São João XXIII reafirmava que a família é necessária para o funcionamento da humanidade como um todo.

Na sua encíclica Pacem in Terris, ele afirmou:

“A família, baseada no matrimônio livremente contraído, unitário e indissolúvel, há de ser considerada como o núcleo fundamental e natural da sociedade humana. Merece, pois, especiais medidas, tanto de natureza econômica e social, como cultural e moral, que contribuam para consolidá-la e ampará-la no desempenho de sua função”.

São João XXIII acreditava que essa realidade deveria refletir-se em muitas outras áreas da vida civil, como a necessidade de um salário justo.

Uma consequência ulterior da dignidade pessoal do homem é o seu direito a exercer atividades econômicas adequadas ao seu grau de responsabilidade. O trabalhador tem igualmente o direito a uma retribuição determinada de acordo com os preceitos da justiça, o que precisa ser enfatizado. A quantia que o trabalhador recebe deve ser suficiente, proporcionalmente aos recursos disponíveis, para permitir tanto a ele quanto à sua família um padrão de vida compatível com a dignidade humana. O Papa Pio XII o havia manifestado nestes termos:

“A natureza impõe o trabalho ao homem como um dever e o homem tem o correspondente direito natural de exigir que o trabalho que realiza lhe proporcione os meios de subsistência para si e para seus filhos. Tal é o imperativo categórico da natureza para a preservação do homem”.

Os direitos de uma família abrangem também o seu direito à propriedade privada:

“Da natureza humana origina-se ainda o direito à propriedade privada, mesmo sobre os bens de produção. Como afirmamos em outra ocasião, esse direito ‘constitui um meio apropriado para a afirmação da dignidade da pessoa humana e para o exercício da responsabilidade em todos os campos; e é fator de serena estabilidade para a família, como de paz e prosperidade social'”.

São João XXIII acreditava, junto com todos os Papas desde então, que, quando a família é respeitada, a sociedade humana pode florescer.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa às religiosas: sejam corajosas. Não à amargura, é "o elixir do diabo"

O Papa com as participantes da Assembleia Geral da União das
Superioras Maiores da Itália (USMI)  (Vatican Media

Caminhar juntos, aproveitando a riqueza inesgotável do Evangelho que quebra os esquemas e semeia a esperança. O Papa recebeu a União das Superioras Maiores da Itália e as exortou a serem construtoras do Reino de Deus, em comunhão com outras realidades eclesiais sem perder a alegria, a audácia e a dedicação.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (13/04), na Sala Clementina, no Vaticano, as participantes da Assembleia Geral da União das Superioras Maiores da Itália (USMI).

Nestes dias, a USMI está reunida em sua 70ª Assembleia Geral sobre o tema "No caminho sinodal, mulheres testemunhas do Ressuscitado".

Recuperar o frescor original do Evangelho

Em seu discurso, o Papa sublinhou três aspectos sugeridos por esse tema. No primeiro aspecto, mulheres testemunhas do Ressuscitado, Francisco recordou que "as primeiras testemunhas da Ressurreição do Senhor foram as mulheres, as discípulas, que com a sua audácia sempre nos lembram que «Jesus Cristo pode também quebrar os esquemas maçantes nos quais tentamos aprisioná-lo e surpreender-nos com a sua constante criatividade divina», porque «Cristo é o “Evangelho eterno”» e «a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis»".

“Aquelas mulheres corajosas deixaram-se surpreender e impelir pela força e pela luz do Ressuscitado e puseram-se a caminho a procurá-lo. Elas tinham plena consciência de como é importante ter o Senhor vivo no coração.”

A atitude delas nos recorda que se tivermos a coragem de «voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual».

Segundo o Papa, quando nos perguntamos: O que fazemos agora nesta situação? e rezamos para ver o que Senhor nos diz no Evangelho, "dali vem a inspiração e surge um novo caminho, às vezes surge uma família religiosa, às vezes se tomam decisões que parecem assustadoras". "Sempre caminhar com coragem, ver o que o Senhor nos diz hoje. É verdade que cada uma de vocês tem o próprio carisma, e é com este espírito que vocês têm que se interrogar. Com o espírito dos fundadores que vocês têm no coração, vocês devem perguntar: "Senhor, o que eu devo fazer hoje? O que devemos fazer?". As mulheres são boas para isso, sabem abrir novos caminhos, sabem doa, são corajosas", sublinhou Francisco.

 O caminho sinodal é o Espírito Santo

Passemos agora ao segundo aspecto: no caminho sinodal. Numa outra passagem, o Evangelho diz que «as mulheres saíram depressa para dar a notícia aos discípulos». "A presença de Jesus não nos fecha em nós mesmos, mas nos impele ao encontro com os outros e à decisão de caminhar com os outros", disse o Papa.

Estas mulheres não escolheram guardar a alegria do encontro só para si, nem fazer o caminho sozinhas: elas escolheram caminhar juntas com os outros.

“Porque é próprio da mulher ser generosa: é assim. Às vezes têm algumas neuróticas, mas isso está um pouco em todo lugar! Porém, mulher significa dar vida, abrir caminhos, convidar os outros, caminhar juntos.”

Recordamos sempre que "para 'caminhar juntos' é necessário nos deixar educar pelo Espírito a uma mentalidade realmente sinodal, entrando com coragem e liberdade de coração num processo de conversão", porque «a sinodalidade é o caminho principal para a Igreja, chamada a renovar-se sob a ação do Espírito e graças à escuta da Palavra».

Segundo Francisco, quando se fala de "espírito sinodal" pode dar um pouco de medo e fazer-nos fechar de uma forma diferente. Porém, "o caminho em espírito sinodal é escutar, rezar e caminhar. O caminho sinodal é o Espírito Santo: Ele é a cabeça do caminho sinodal, Ele é o protagonista".

Chamado, resposta fiel e esperança

Por fim, o terceiro aspecto: semeadoras de esperança. "Hoje sentimos falta desta humilde pequena virtude que é a esperança: sentimos muita falta. Temos versões mundanas, como o otimismo, o bom senso elevado. Não: a esperança, a menor, porém a mais forte das virtudes, aquela que nunca desilude. E vocês devem ser semeadoras de esperança, o que não é o mesmo que semeadoras de otimismo: não. De esperança, que é outra coisa", sublinhou.

"O encontro com Jesus Ressuscitado enche de esperança e «isso exige ser fermento de Deus no meio da humanidade»", disse ainda o Papa. Em outras palavras, «significa anunciar e levar a salvação de Deus ao nosso mundo, que muitas vezes se perde, que precisa de respostas que encorajem, que deem esperança, que deem novo vigor ao caminho». "Chamado, resposta fiel e esperança, ir em frente com esperança. «Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança»", disse ainda Francisco.  

Cuidado com as doenças da vida consagrada

Por fim, o Papa pediu às religiosas para tomarem "cuidado com as doenças da vida consagrada, pois elas existem". Ele destacou uma: "a amargura. Aquele espírito de acidez por dentro. A amargura é o licor do diabo: o diabo nos cozinha nela, com esse licor".

“Não estou falando de otimismo: otimismo é uma coisa psicológica. Falo de esperança, de abertura ao Espírito, e isso é teológico. Uma vocação religiosa deve seguir este caminho. A amargura, a acidez do coração, faz muito mal.”

Por favor, quando vocês verem que na comunidade ou alguma irmã está nessa, ajude-a a sair dessa situação; ajude-a a sair da situação de pessoas melancólicas que sempre pensam: "Mas, nos outros tempos era melhor! Este é o elixir do diabo, esta amargura, o licor de amargura. Por favor, nada disso, apenas deixar o Espírito nos dar essa doçura que é uma doçura espiritual.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF