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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Problemas de dinheiro no casal: como evitar conflitos?

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Edifa - publicado em 17/07/22 - atualizado em 20/08/25

O amor não leva a conta, diz o ditado popular. No entanto, falar muitas vezes de dinheiro no casal pode evitar ter que acertar as contas...

“No século XIX, a sociedade estava obcecada com o saber; no século XX, com o poder; no século XXI, o dinheiro é o que manda”, afirma o padre Geoffroy Marie, prior de Notre-Dame de Cana, em Troussures (França), que há vinte e cinco anos recomenda retiros para casais. A influência da sociedade de consumo sobre os casais nunca foi tão forte: “Quem não fala de dinheiro pode respirar a poluição sem perceber”, diz o padre. A relação com o dinheiro deve ser abordada a partir do namoro, de acordo com o prior, porque “esta questão importante esconde uma dimensão antropológica”, a tal ponto que o padre Guillaume de Menthière, um padre que mora em Paris, teve que acrescentar um módulo sobre este assunto em seus preparativos para o casamento. O dinheiro deve ser gasto, acumulado ou transmitido? Como dar a essa preocupação o seu devido lugar?

Contrato de casamento, conta conjunta ...

Antes mesmo do noivado, a escolha do contrato de casamento revela os anseios de cada um. No regime de bens comunitários, o mais coerente por traduzir economicamente a indissolubilidade do casamento, os bens adquiridos durante a vida conjugal são repartidos igualmente entre os cônjuges. No regime de separação de bens, por outro lado, cada um continua a ter o que ganha. Os noivos deveriam falar sobre o que o contrato escolhido lhes inspira - muitas vezes proposto pelos pais ou unilateralmente - porque um dos cônjuges pode ficar chateado e ler na proposta uma certa desconfiança no casal. “Em caso de problema, ele quer que o dinheiro fique na família”, interpretou uma jovem esposa ao saber que seu noivo caminhava para uma separação de bens. No entanto, o marido tranquilizou-a ao explicar que, tendo criado uma empresa, escolheu esse contrato para protegê-la em caso de falência.

A título de reflexão, os casais contentam-se em responder à pergunta: "Quem paga o quê?" Quando a criança chega, a questão de ficar em casa é realmente falada ou muitas vezes se torna um tabu? Aldo Naouri, especialista em relações intrafamiliares, dedica um lugar importante a esse assunto em seu livro Les Couples et leur argent [Os casais e o seu dinheiro]. Segundo ele, o acesso das mulheres ao mercado de trabalho significou “uma mudança brutal na mentalidade dos nossos entes mais próximos, homens ou mulheres, que ainda não foi totalmente digerida”. A mulher que decide ficar em casa sem receber um salário é um ponto que também é cada vez mais mencionado nos conflitos conjugais vividos por Sabrina de Dinechin, presidenta da Associação de Mediadores Cristãos da Família, na França. A mediadora deve usar todo o seu talento para que os casais entendam que “não só participam das necessidades do casal contribuindo com dinheiro forte e rápido, mas também no dia a dia, principalmente com os cuidados que uma mãe pode ter com seu filho: atenção, tarefas, tempo...”. Uma mãe que não ganha dinheiro deve poder dispor do que seu marido ganha e até mesmo tomar as rédeas da economia comum, cada qual contribuindo com seu grão de areia específico dentro da família.

Quer seja a conta comum ou sejam feitos pagamentos compensatórios, "não há patrimônio financeiro objetivo para um casal", avisa a mediadora de família, Véronique Gervais. É aí que reside todo o problema. O dinheiro nem sempre representa o mesmo para ambos os cônjuges. Em primeiro lugar, o fato dos pais serem pessoas que gastam muito o dinheiro ou poupadores pode ter um impacto na maneira como consideram o dinheiro para os seus filhos. Será então conveniente para os cônjuges “desenraizarem-se das suas cidades de origem para finalmente se reenraizarem juntos”, explica Aldo Naouri.

A vida de casado está repleta de dilemas financeiros

Então, o dinheiro pode ter uma carga simbólica diferente. Um homem muito ocupado pode compensar sua ausência abastecendo sua esposa financeiramente, por exemplo. “O dinheiro é mais do que dinheiro”, analisa a mediadora de família. “Não significa necessariamente agarrar-se a 10 euros, pode responder a um pedido de reparação, a uma necessidade de segurança, a uma forma de se afirmar, de existir aos olhos do outro”. O dinheiro pode representar o sucesso, o poder ou um teste de segurança. Um dos cônjuges pode trabalhar muito porque precisa de uma avaliação, o outro por falta de segurança emocional. Se os casais investigassem a origem de suas divergências financeiras, poderiam se entender melhor.

Tanto mais que toda a vida conjugal está marcada por dilemas financeiros, como aponta Dominique Larricq, monitora da equipe francesa de casais Tandem: "Viajar ou ajudar um parente?", "Comprar ou deixar em herança?". “No momento que cada um tenha claro qual é a sua relação com o dinheiro, eles podem refletir (como um casal) sobre seu uso justo comum”, explica Flore Barbet-Massin, coordenadora do programa Zachée. Este programa de autoformação francês de treze tardes seguindo a doutrina social da Igreja, com aulas e grupos de conversação, propõe principalmente exercícios práticos. Ao identificar seus "bens fúteis e férteis", Flore e Christophe, por exemplo, "perceberam o que estava perturbando em seu caminho". Ao conhecer melhor suas fraquezas mútuas, eles podem se entender melhor e ajudar um ao outro a não cair em suas excentricidades. Flore é mais resistente à "terapia por meio das compras", como ela chama com humor; Christophe se obriga a seguir melhor as contas para tranquilizá-la. Juntos, eles aprendem a "saber onde enfatizar" entre gastar e acumular....

As decisões econômicas do casal demonstrarão uma adesão ao espírito do mundo, ou, ao contrário, seu distanciamento. É aí que o dinheiro pode tornar suas prioridades concretas. “Desistir da aposentadoria ou pagar os estudos dos filhos?”, as duas partes podem divergir. Diante de impasses, o padre Geoffroy-Marie refere-se a uma questão mais fundamental: "O uso do meu dinheiro permitirá que eu seja quem eu sou, em relação a mim mesmo, meu cônjuge ou nosso relacionamento como casal?" Quer administre a abundância ou a falta, o casal cristão deve se perguntar sobre sua relação com o dinheiro à luz do Evangelho. O perigo? “A idolatria”, de acordo com o padre Geoffroy-Marie, ou quando a relação com o dinheiro pesa sobre o casal até o ponto de influenciar na percepção do próprio sentido de sua vida.

Fazer um balanço uma vez por ano

Um casal não é definido por sua riqueza ou pobreza material, mas por quem ele realmente é. Tornar-se proprietário ajudará você a crescer? Você tem que aceitar aquele trabalho que é mais bem pago, mas requer mais tempo? Querer acumular a qualquer preço, mesmo que seja para transmiti-lo, corre o risco de fazer do dinheiro uma divindade. E, portanto, ficar separado de Deus.

“Como encontrar um trabalho justo de ter que permitir o crescimento do ser?”, pergunta o padre Geoffroy-Marie, que destacou que “uma pessoa ancorada no ser tem uma relação mais fácil com o dinheiro, mais desapegada”. O padre "exorta os noivos" a falar sobre o assunto e repete com insistência nos seus retiros de Troussures que é necessário fazer um balanço como casal uma vez por ano. Na verdade, “por trás da relação com o dinheiro, há uma relação com a vida e quem não fala disso coloca um lugar importante na vida de casal entre parênteses”, diz o padre Geoffroy-Marie.

O padre Geoffroy-Marie pede então aos esposos que se perguntem como podem levar em conta o perigo do dinheiro, denunciado na Bíblia. “Por que Jesus critica tanto os ricos? Não por causa de suas contas bancárias, mas porque essas riquezas podem facilmente se transformar em alienação”. A riqueza é neutra se não afeta nem o ser nem a felicidade do casal e se não inspira uma lógica de posse. Sentir-se culpado por possuir é estéril, mas o dinheiro pode ajudar a construir relacionamentos com outras pessoas, dando e compartilhando. Ser marido e mulher também não ajudam um ao outro a tomar boas decisões?

Fonte: https://pt.aleteia.org/cp1/2022/07/17/problemas-de-dinheiro-no-casal-como-evitar-conflitos/

1º Festival de Cinema Católico do Brasil acontece de agosto a novembro em cidades de São Paulo

Juan Diego encontra a Virgem de Guadalupe | Divulgação

Por Nathália Queiroz*

19 de ago. de 2025

1º Festival de Cinema Católico do Brasil acontece de agosto a novembro em várias cidades do Estado de São Paulo. Anunciando o objetivo de difundir a fé por meio da arte cinematográfica, o evento é organizado pela Kolbe Arte, distribuidora nacional de filmes católicos, em parceria com a Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e o Governo do Estado de São Paulo.

“Sempre acreditei que a arte tem a missão de elevar o coração humano”, diz a CEO da Kolbe Arte, Ângela Morais, no material de divulgação. “O cinema católico carrega histórias que emocionam, curam e fortalecem a fé. Este festival é um convite para todos viverem momentos de beleza e reencontro com Deus”.

A programação inclui filmes com temas religiosos, histórias de santos e testemunhos de fé, como “Coração de Pai”, sobre são José; “Guadalupe – Mãe da Humanidade”, sobre Nossa Senhora de Guadalupe; “O Céu Não Pode Esperar”, sobre o beato Carlo Acutis, que será canonizado no próximo 7 de setembro; “Maximiliano Kolbe e Eu”, sobre são Maximiliano Kolbe; e “Vivo – Quem está aí?”, sobre o poder da eucaristia.

Além das exibições, o festival terá atividades formativas nos dias 17 e 18 de novembro na Universidade Ítalo Brasileiro (Uni Ítalo), com o Workshop Vivência de Set com Alexandre Machafer, ator e diretor do filme Jorge da Capadócia, e no dia 18 de novembro, exibições de filmes e a exibição da Exposição Internacional dos Milagres Eucarísticos no mundo criada pelo beato Carlo Acutis, com painéis sobre os principais milagres reconhecidos pela Igreja, organizados originalmente pelo beato italiano.

Programação do Festival de Cinema Católico

  • Pirapora do Bom Jesus – 30 e 31 de agosto
    Local: Casa da Cultura – Praça dos Poderes Municipais, 57 – Centro – Pirapora do Bom Jesus/SP – CEP 06550-000
  • Jundiaí – 27 e 28 de setembro
    Local: Paróquia São Camilo de Léllis – Rua Espírito Santo, 200 – Jardim Tarumã, Jundiaí/SP – CEP 13216-470
  • São Paulo (Belenzinho) – 25 e 26 de outubro
    Local: Comunidade Nossa Senhora Aparecida – Rua Nelson Cruz, 19 – Belenzinho, São Paulo/SP – CEP 03015-050
  • São Paulo (Capital) – 17, 18 e 19 de novembro
    Local: Teatro Ítalo Brasileiro – Avenida João Dias, 2046 – Santo Amaro, São Paulo/SP – CEP 04724-003
  • São Bernardo do Campo – 22 e 23 de novembro
    Local: Paróquia Santa Maria – Rua Albino Demarchi, 1.233 – Jardim Andrea Demarchi, São Bernardo do Campo/SP – CEP 09820-420

*Escrevo para a ACI Digital há oito anos e desde 2023 sou correspondente do Brasil para o telejornal EWTN Notícias. Sou certificada em espanhol pelo Instituto Cervantes. Tenho experiência em redação de conteúdo religioso para mídias católicas em português e espanhol e em tradução de sites religiosos. Sou casada, tenho três filhos e sou catequista há mais de 15 anos. Escrevo de Petrópolis (RJ).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64163/1o-festival-de-cinema-catolico-do-brasil-acontece-de-agosto-a-novembro-em-cidades-de-sao-paulo

Leão XIV na Audiência Geral: perdoar não é negar o mal, mas vencer com o amor

Audiência Geral, 20/08/2025 - Papa Leão XIV (Vatican Media)

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (20/08), o Papa aprofundou "a arte do perdão" com o mestre, através do "momento em que Jesus, durante a Última Ceia, oferece um pedaço de pão àquele que está prestes a traí-lo". Através de um gesto simples, Cristo ensina que "amar significa deixar o outro livre - até para trair", não é negar o mal, mas vencê-lo com o amor: "mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá".

https://youtu.be/nk6MGnOAMAQ

Andressa Collet - Vatican News

Já de volta ao Vaticano, depois do segundo e último período de descanso em Castel Gandolfo de onde retornou na noite desta terça-feira (19/08), o Papa Leão XIV foi acolhido pelos fiéis na mesma configuração da semana passada: através de telões na Praça Petriano, na Basílica e na Praça São Pedro; e diretamente na Sala Paulo VI com mais de 6 mil peregrinos. A catequese, focada nesta quarta-feira (20/08) "num dos gestos mais impactantes e luminosos do Evangelho", foi a premissa para o Pontífice aprofundar "a arte do perdão" com o mestre, através do "momento em que Jesus, durante a Última Ceia, oferece um pedaço de pão àquele que está prestes a traí-lo". "Não é apenas um gesto de partilha", enalteceu o Papa, mas demonstra o modo de agir de Deus, com o Senhor amando até ao último momento:

"Amar até o fim: esta é a chave para compreender o coração de Cristo. Um amor que não se detém perante a rejeição, a desilusão ou mesmo a ingratidão."

Leão XIV ao encontrar os fiéis na Basílica de São Pedro   (@Vatican Media)

O poder do perdão

Jesus, assim, continuou Leão XIV, "estende o seu amor ao máximo", mesmo diante da rejeição, da ingratidão e de ter de suportar a traição de Judas. E, em vez de se retrair e acusar, "continua a amar: lava os pés, molha o pão e lhe oferece". Com o seu perdão, o Senhor não fere a nossa liberdade, mas revela todo o seu poder, salvando das trevas do mal e entregando novamente à luz do bem:

“Compreendeu que a liberdade dos outros, mesmo quando perdidos no mal, pode ainda ser alcançada pela luz de um gesto bondoso. Porque sabe que o verdadeiro perdão não espera pelo arrependimento, mas oferece-se primeiro, como um dom gratuito, antes mesmo de ser aceito.”

"É aqui que o perdão se revela em todo o seu poder", afirmou o Pontífice, através do mistério que "Jesus realiza por nós": "não é fraqueza. É a capacidade de deixar o outro livre, amando-o até ao fim". Perdoar não significa negar o mal, mas vencê-lo com o amor:

"O Evangelho nos mostra que há sempre uma forma de continuar a amar, mesmo quando tudo parece irreparavelmente comprometido. Perdoar não significa negar o mal, mas impedir que este gere mais mal. Não se trata de dizer que nada aconteceu, mas de fazer tudo o que é possível para garantir que o ressentimento não dite o futuro."

O momento do encontro do Papa com os peregrinos dentro da Sala Paulo VI   (@Vatican Media)

A graça de saber perdoar

Quando Judas sai do quarto, “era noite”, recordou o Papa, "mas uma luz já começou a brilhar. E ela resplandece porque Cristo permanece fiel até o fim, e assim o seu amor é mais forte do que o ódio":

"Queridos irmãos e irmãs, também nós vivemos noites dolorosas e cansativas. Noites da alma, noites de desilusão, noites em que alguém nos magoou ou nos traiu. Nestes momentos, a tentação é fechar-nos, proteger-nos, ripostar. Mas o Senhor nos mostra a esperança de que há sempre outro caminho. Ele nos ensina que podemos oferecer um bocado mesmo a quem nos vira as costas. Que podemos responder com o silêncio da confiança. E que podemos seguir em frente com dignidade, sem renunciar ao amor. Peçamos hoje a graça de saber perdoar, mesmo quando nos sentimos incompreendidos, mesmo quando nos sentimos abandonados. Pois é precisamente nestas alturas que o amor pode atingir o seu auge."

A paz de quem perdoa

O mestre Jesus, finalizou então Leão XIV, ensina com o simples e luminoso gesto de oferecer o pão durante a Última Ceia, que "amar significa deixar o outro livre até para trair". A "luz do perdão", mesmo diante de uma traição, torna-se "uma oportunidade de salvação", renovando a capacidade de amar inclusive a quem perdoa:

“Mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá: dissolve o ressentimento, restabelece a paz e devolve-nos a nós próprios.”

Os peregrinos que seguiram a Audiência Geral de dentro da Basílica de São Pedro   (@Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 19 de agosto de 2025

O mistério de Deus Uno e Trino em Santo Agostinho

Santíssima Trindade (Vatican News)

Deus é chamado com nomes múltiplos como grande, bom, bem-aventurado, veraz e outros nomes. A sua grandeza é a sua sabedoria, não pelo volume, mas sim pelo poder.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

Nós acreditamos em Deus Uno e Trino que se manifestou seja pela Sagrada Escritura, o Antigo Testamento, seja por Jesus Cristo, pelo Novo Testamento. É claro que pela noção do Antigo Testamento nós temos mais uma doutrina de um Deus único, percebido no monoteísmo dos Profetas, sobretudo com Elias, Jeremias falaram bem ousadamente estes pontos. Já no Novo Testamento com Jesus Cristo nós temos a revelação de Deus Uno e Trino, porque Jesus é a imagem do Pai, e o Espírito Santo desceu nele por ocasião da saída das águas do rio Jordão no batismo(cfr. Mt 3,16). Santo Agostinho de Hipona foi um bispo dos séculos IV e V que desenvolveu toda uma doutrina em relação ao mistério de Deus Uno e Trino. Veremos a seguir alguns pontos fundamentais de seu pensamento.

A substância de Deus

O bispo de Hipona afirmou que a substância de Deus é simples, imutável. Para chegar à esta conclusão ele afirmou que a criatura humana é sempre múltipla, nunca simples. O corpo humano, por exemplo, tem várias partes, umas maiores e outras menores. O céu e a terra constam de partes inumeráveis. A natureza de Deus é imutável já a criatura é mutável[1]. A fé cristã conduz à concepção do Deus único.

Os nomes divinos

Deus é chamado com nomes múltiplos como grande, bom, bem-aventurado, veraz e outros nomes. A sua grandeza é a sua sabedoria, não pelo volume, mas sim pelo poder. A sua bondade é sua sabedoria e grandeza, como também a sua veracidade. Tudo isso se refere aos seus atributos. Nele não são realidades diferentes o ser feliz, o ser grande ou veraz ou bom, porque há uma única realidade, a sua natureza, o ser de Deus[2].

Deus é Trino

Deus é Trindade: isto é o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, não se tratando de três deuses, mas um único Deus em três Pessoas. As Pessoas não são concebidas de uma forma separada, mas juntas, de modo que não é Tríplice. As Pessoas divinas são inseparáveis, porque o Pai está com o Filho e o Filho está com o Pai e o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho. As Pessoas estão juntas, de modo que nunca nenhuma está só[3]. Quando se chama o Pai, é só o Pai assim como as outras duas Pessoas divinas, também pelo fato de que as outras duas Pessoas não são o Pai[4].

A natureza de Deus Uno

Santo Agostinho afirmou que as Pessoas divinas não podem ser vistas de uma forma separada, mas unidas formando a natureza divina, não como quarto elemento na dimensão divina, mas é um Deus em três Pessoas. Se na realidade das coisas, o ser maior é igual a ficar melhor, porque pode haver as mudanças das coisas, em Deus, não é assim, porque a sua natureza é imutável, inacessível. O nosso ser torna-se maior quando se une ao Senhor.

Em Deus, única natureza o Filho se une ao Pai que lhe é igual e o Espírito Santo também igual ao Pai e ao Filho, de modo que não se torna maior do que cada uma das Pessoas, pois nisso está perfeição, de modo que perfeito é o Pai, perfeito é o Filho, perfeito é o Espírito Santo. Desta forma digamos perfeito é Deus Pai, Filho, e Espírito Santo, sendo Deus Trindade, não tríplice, três pessoas separadas, ou sendo três deuses, mas um único Deus em Três Pessoas[5].

A demonstração de um só Deus em três Pessoas

A nossa fé afirma que Deus é dado no Pai e no Filho e no Espírito Santo. O Deus único e verdadeiro, diz Santo Agostinho não é somente o Pai, mas é o Pai, o Filho e o Espírito Santo[6]. Se alguma das pessoas humanas perguntar se o Pai é Deus, o fiel responderá que sim, mas não somente Ele, mas que o único Deus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As três pessoas juntas são o Deus único e verdadeiro[7].

A fé em Deus Uno e Trino

Santo Agostinho disse deixando de lado a compreensão racional do mistério dos mistérios, manifesta a fé, a esperança e a caridade na mais perfeita igualdade do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Na Trindade, tudo é dado na origem mais sublime de todas as coisas e graças, assim como a beleza, a alegria e o amor infinitos. Nós manifestamos a fé em cada das Pessoas divinas, está em cada uma das outras, e todas em cada uma, e cada uma em todas estão em todas, e todas são um. Assim acreditamos que Deus é Uno e é também Trino[8].

Nós somos chamados a viver e a testemunhar para os outros e para o mundo o mistério de Deus Uno e Trino, assim como fez Santo Agostinho. Ele criou as coisas e os seres humanos de uma forma tão bem que bendizemos o seu nome. Ele mora em nossos corações. Lutemos pela paz para que o mundo seja um local de justiça, de amor entre as pessoas e entre os povos. Nós somos chamados a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, Deus Uno e Trino agora e por toda a eternidade.

[1][1] Cfr. A Trindade, VI,6,8. In: Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 1994, pgs. 224-225.

[2] Cfr. Idem, pg. 225.

[3] Cfr. Ibidem, 6,9a, pgs. 225-226.

[4] Cfr. Ibidem, pg. 226.

[5] Cfr. Ibidem, pgs. 226-227.

[6] Cfr. Ibidem, pg. 227.

[7] Cfr. Ibidem, pg. 227.

[8] Cfr. Ibidem, 229-231. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Impactos

Impactos Ambientais da Mineração (Green View)

IMPACTOS

18/08/2025

Dom Geraldo dos Reis Maia
Bispo de Araçuaí (MG)

Os impactos das atividades minerárias, especialmente no Vale do Jequitinhonha, estão sendo tratados com muita atenção por várias entidades que se preocupam com o meio ambiente. A extração mineral, de modo particular a corrida pelo lítio, vem impactando a ecologia integral: comunidades quilombolas, indígenas, outros tipos de comunidades tradicionais e os biomas em geral, com as belezas e os encantos de sua fauna e flora. O desenvolvimento do Vale é importante, mas não podemos tolerar que este lindo Vale se torne zona de sacrifício nem para o nosso povo tão querido, nem para a Casa Comum. 

A Diocese de Araçuaí acompanha, com preocupação, o desdobramento desses impactos. Para melhor realizar a sua missão em favor da vida, temos realizado uma série de atividades e pronunciamentos, certos de que é preciso buscar “em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33). É essa justiça do Reino que nos impele no agir pastoral-missionário, impulsionados pela palavra do papa Leão XIV: “Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças climáticas, do desmatamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade” (Mensagem para o 10° Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação de 2025, que será celebrado em 1º de setembro). 

Foi criado, na Diocese de Araçuaí, o Núcleo Eclesial de Ecologia Integral, para atuar nesta importante e desafiante área de nossa ação pastoral-missionária. Uma primeira ação deste Núcleo foi realizar uma Roda de Conversa sobre os impactos da mineração no Vale do Jequitinhonha. Esse encontro aconteceu na manhã do dia 23 de julho, no Centro Diocesano. A presença de várias representações de pastorais sociais, entidades parceiras e movimentos sociais confirmaram o desejo de um trabalho orgânico em favor da Casa Comum, denunciando os impactos sofridos pelas comunidades e pelo mundo criado. 

Um gesto concreto dessa importante Roda de Conversa foi a aprovação do “Manifesto de lutadores e lutadoras do Vale do Jequitinhonha em defesa da Ecologia Integral e contra o ‘PL da Devastação’”. Neste Manifesto, foi dado conhecimento sobre a gravidade do chamado “autolicenciamento ambiental”, que ficou conhecido como o “PL da devastação”, através do qual “algumas licenças ambientais poderão ser lavradas mediante simples declaração do empreendedor, desacompanhada de estudos prévios de impacto e de monitoramento posterior. Assim, projetos que atentam contra a natureza e direitos das comunidades escaparão ao controle do Poder Público”. 

O Manifesto apresenta que “outra medida preocupante nesse cenário é a drástica redução de consulta prévia a comunidades tradicionais, quando potencialmente atingidas por empreendimentos que tendem a alterar seus hábitos e modos de vida. Recorda-se que essas consultas são obrigatórias pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. Entende-se, pois, que o PL 2.159/2021 já nasce violando normas fundamentais para o país”. 

Na Roda de Conversa, abordamos preocupações próprias da região do Vale do Jequitinhonha. “O ‘PL da Devastação’ é especialmente preocupante a nós, residentes do Médio Jequitinhonha, que vivenciamos uma grande movimentação de mineradoras. Apesar de promessas insistentes de desenvolvimento, nossa região percebe que o crescimento econômico, bastante inferior ao prometido, ainda vem divorciado da ecologia integral e da proteção dos mais vulneráveis, além de registro de graves consequências da crise climática com altas temperaturas e agravamento da crise hídrica”. 

Nesta conjuntura do Vale do Jequitinhonha, especialmente nos municípios de Araçuaí e Itinga, “denunciamos veementemente o aumento de custo de vida, a especulação imobiliária urbana e rural, as detonações, operação 24 horas no entorno das cavas de lítio, que vêm causando sérios impactos sobre comunidades lá instaladas há séculos. Ora, é impossível conviver com a poeira, rachaduras nas paredes dos imóveis vizinhos, circulação irrestrita de veículos pesados, danos a cisternas, poluição sonora e visual, além de secamento de nascentes e assoreamento de rios”. 

Foi recordado um triste acontecimento desse primeiro semestre na nossa região. “Mesmo diante dessa grave crise ambiental e climática, o Poder Público mostra-se pouco criterioso na liberação de tais empreendimentos. Somado a isso, os municípios de Araçuaí e Caraí foram recentemente surpreendidos com a drástica redução da APA – Chapada do Lagoão –, em que pesem os muitos alertas quanto ao provável avanço do setor minerário sobre aquela região”. 

Diante de tudo isso, o “Manifesto de lutadores e lutadoras do Vale do Jequitinhonha em defesa da Ecologia Integral e contra o ‘PL da Devastação’”, assinado por 29 entidades, conclui da seguinte forma: “Vemos, com clareza, que o PL da Devastação e todo o desmonte da política ambiental no Poder Legislativo brasileiro fragilizam a proteção da natureza. Não podemos admitir esse retrocesso! Por todos esses motivos, conclamamos a sociedade para lutar contra essa injustiça e reivindicar que o Presidente da República vete o Projeto de Lei 2.159/2021”. 

Hoje, o Vale do Jequitinhonha se tornou uma zona de interesse por parte de várias vertentes. Primeiramente, os povos que sempre residiram nesses territórios: indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais, sempre resistentes, mas muito vulneráveis. De outro lado, os proprietários de terras, que receberam heranças ou as adquiriram por si mesmos. Em contrapartida, chegam empresários, especialmente da atividade minerária. O que é uma zona de interesses vai se tornando uma zona de conflitos. Esperamos que não se torne uma zona de sacrifícios… Os interesses são perceptíveis. Os conflitos já começam a surgir. Os sacrifícios já são notados. Deus tenha misericórdia do povo deste lindo Vale do Jequitinhonha e da nossa exuberante Casa Comum. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Leão XIV: que Jesus seja anunciado com clareza e caridade na Amazônia

Primeiro dia do encontro dos bispos da Pan-Amazônia (CELAM | Vatican News)

"É necessário que Jesus Cristo, em quem se recapitulam todas as coisas, seja anunciado com clareza e imensa caridade entre os habitantes da Amazônia", escreveu o Papa ao Encontro de Bispos da Pan-Amazônia que está sendo realizado em Bogotá, na Colômbia, até a próxima quarta-feira (20/08). Além da dimensão do anúncio do Evangelho, Leão XIV também analisou a missão da Igreja na região através do cuidado da casa comum, um "direito e dever" que "Deus Pai nos confiou como administradores solícitos".

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Leão XIV também se fez presente nas atividades do Encontro de Bispos da Pan-Amazônia através de um telegrama. A mensagem, assinada pelo secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin, foi enviada nesta segunda-feira (18/08), segundo dia do evento que termina na próxima quarta-feira, 20 de agosto, em Bogotá, na Colômbia, convocado pela Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama).

Mais de 90 bispos de 76 jurisdições eclesiásticas nos 9 países amazônicos estão reunidos em espírito sinodal para discernir sobre os desafios pastorais e missionários da região, onde moram mais de 33 milhões de pessoas, entre elas, indígenas, ribeirinhos, camponeses e afrodescendentes. Esse é o primeiro grande encontro episcopal após o Sínodo para a Amazônia de 2019, o Documento Final e a Exortação Apostólica Querida Amazonia do Papa Francisco, um movimento em prol de novos caminhos de evangelização e cuidados do meio ambiente e dos pobres que deu força para a própria criação da Ceama, aprovada pelo Pontífice argentino em 2021.

O telegrama de Leão XIV foi inclusive dirigido ao cardeal Pedro Ricardo Barreto Jimeno, presidente da Conferência Eclesial da Amazônia, uma organização que reúne além do episcopado, também leigos, agentes pastorais, mulheres e indígenas. É a primeira conferência de caráter "eclesial" na história recente da Igreja, tanto que o Papa reconhece e agradece os bispos pelo "esforço realizado para promover o maior bem da Igreja em favor dos fiéis do amado território amazônico e, tendo em conta o que se aprendeu no Sínodo sobre a escuta e participação de todas as vocações na Igreja, exorta-os a procurar, com base na unidade e na colegialidade própria de um 'organismo episcopal', como ajudar de forma concreta e eficaz os bispos diocesanos e os vigários apostólicos a levar a cabo a sua missão".

Missa durante o primeiro dia do encontro dos bispos da Pan-Amazônia (CELAM | Vatican News)

Anunciar Jesus com clareza e caridade

A esse respeito, continua o telegrama, Leão XIV convida todos os participantes do encontro que estão em Bogotá a refletir sobre "três dimensões que estão interconectadas na ação pastoral dessa região: a missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os homens, o tratamento justo aos povos que ali habitam e o cuidado da casa comum". E o Pontífice aprofundou o argumento:

“É necessário que Jesus Cristo, em quem se recapitulam todas as coisas, seja anunciado com clareza e imensa caridade entre os habitantes da Amazônia, de tal forma que temos de nos esforçar por lhes dar o pão fresco e límpido da Boa Nova e o alimento celeste da Eucaristia, único meio para ser verdadeiramente o povo de Deus e o corpo de Cristo. Nesta missão, move-nos a certeza, confirmada pela história da Igreja, de que ali onde se prega o nome de Cristo a injustiça retrocede proporcionalmente, pois, como assegura o Apóstolo Paulo, toda a exploração do homem pelo homem desaparece se somos capazes de nos recebermos uns aos outros como irmãos.”

A mensagem do Papa, assinada pelo cardeal Parolin, é finalizada com a bênção apostólica e uma referência a Santo Inácio de Loyola ao interpretar o caminho para a salvação, através do cuidado com a criação divina:

"No âmbito desta doutrina perene, não menos evidente é o direito e o dever de cuidar da 'casa' que Deus Pai nos confiou como administradores solícitos, de modo que ninguém destrua irresponsavelmente os bens naturais que falam da bondade e beleza do Criador, nem, muito menos, se submeta a eles como escravo ou adorador da natureza, pois as coisas nos foram dadas para alcançarmos o nosso objetivo de louvar a Deus e, assim, obter a salvação de nossas almas."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

HISTÓRIA: Esses gritos são mais altos que bombas

Acima, os dois gêmeos Zevini, em frente ao seu "local de nascimento"; no quarto do Papa em Castel Gandolfo | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 07/08 - 2004

Esses gritos são mais altos que bombas

Nos primeiros meses de 1944, a população dos Castelli Romani estava exausta pela guerra. Pio XII abriu a Vila Papal para doze mil pessoas. Trinta e seis crianças nasceram nos aposentos do papa durante esse período. Conhecemos dois deles, os gêmeos Eugenio Pio e Pio Eugenio Zevini.

por Lucio Brunelli

Pio Eugenio e Eugenio Pio se parecem naturalmente. Os mesmos ombros, o mesmo aperto de mão que torna difícil dizer "prazer em conhecê-lo" quando apertam a sua. E o mesmo cartão de membro do partido. "Sempre fomos membros do Partido Comunista, como nosso pai nos ensinou ", confidenciam eles na gíria perfeita de Castelli Romani. Pio Eugenio e Eugenio Pio são dois gêmeos muito especiais. Os únicos gêmeos do mundo nascidos no palácio de um papa. Eles nasceram em 1º de março de 1944, na Vila Pontifícia de Castel Gandolfo. Especificamente, no quarto de Pio XII, que havia sido transformado em berçário para a ocasião. Seus pais, os Zevinis, foram acolhidos, juntamente com milhares de outros deslocados procurados pela SS nazista, na suntuosa residência de verão dos papas. Eles tinham simpatias comunistas, mas não hesitaram na hora de escolher os nomes para seus dois recém-nascidos: Pio Eugenio e Eugenio Pio, um ato de gratidão ao Papa Eugenio Pacelli, que os salvou dos horrores da guerra. Uma oferenda votiva gravada em seus documentos de identidade. E em suas memórias. "É uma honra para nós carregar o nome daquele Papa", dizem hoje os dois gêmeos de sessenta anos, caminhando em frente ao prédio que os abrigou assim que nasceram. "Pio XII realizou um gesto nobre, não podemos esquecê-lo." 

Foi assim que as coisas aconteceram

Em 22 de janeiro de 1944, os Aliados desembarcaram em Anzio, na costa sul do Lácio. Pio e Eugênio ainda não haviam nascido, mas já haviam sido concebidos. Sua mãe, moradora de Castel Gandolfo, estava grávida de sete meses. Como todos os moradores locais, ela viveu dias de medo e angústia.

De fato, passado o efeito surpresa, as tropas nazistas se reorganizaram, bloqueando a estrada dos Aliados para Roma e sempre prontas para descarregar sua raiva sobre a população civil diante do curso desastroso da guerra. Os bombardeios americanos tornaram-se extremamente violentos, cada vez mais próximos. Presos entre dois fogos, as pessoas fugiram de suas casas com os poucos pertences que conseguiam carregar. Muitos começaram a se aglomerar, buscando um refúgio mais seguro, em frente aos portões da Vila Pontifícia em Castel Gandolfo. Foi um jovem monsenhor da Secretaria de Estado do Vaticano, Giovanni Battista Montini (o futuro Paulo VI), quem informou Pio XII, que na época era quase um prisioneiro no Palácio Apostólico de Roma. A decisão foi tomada sem hesitação. Naquele mesmo dia, 22 de janeiro, sessenta anos atrás, as portas da residência de Castel Gandolfo se abriram para uma multidão de aproximadamente 12.000 deslocados. Ninguém foi questionado sobre sua certidão de batismo ou suas convicções políticas. As poucas imagens em preto e branco preservadas em arquivos cinematográficos mostram uma longa e silenciosa fila de pessoas — carregadas de colchões e alguns outros itens pessoais — entrando no palácio do Papa pelo portão com vista para a praça principal da cidade.

Como enclave do Vaticano, a residência de Pio XII goza de direitos extraterritoriais. Um status diplomático especial garante a inviolabilidade de suas fronteiras a qualquer exército ou milícia estrangeira.

Eugenio Pacelli é frequentemente lembrado por suas origens aristocráticas, sua imagem hierática e sua atitude desapegada em relação ao povo. Mas quantos clérigos hoje abririam suas portas a uma massa tão incontrolável de pessoas, independentemente dos custos econômicos e riscos políticos? Os 12.000 refugiados permaneceram no palácio de verão do Papa por quatro meses inteiros, até o fim dos combates com a libertação de Roma em 4 de junho de 1944. Eles recebiam uma refeição quente todos os dias. Entre eles estavam numerosos judeus e fugitivos políticos. Durante esses quatro meses, bombas atingiram a Vila Papal: as marcas de estilhaços ainda são visíveis hoje nas paredes externas. Mas nenhum dispositivo explodiu lá dentro, e não houve vítimas entre a multidão aterrorizada que se refugiou ali. Lá fora, era um inferno. Mesmo outros edifícios sagrados localizados a algumas centenas de metros de distância não foram poupados da violência da guerra. Em 1º de fevereiro de 1944, um bombardeio aliado destruiu o convento das Clarissas e das Irmãs Basilianas, matando 16 freiras de clausura. Em 10 de fevereiro, outro terrível bombardeio atingiu o Colégio Propaganda Fide, onde outros deslocados de cidades vizinhas estavam abrigados, e foi um massacre: mais de 500 vítimas.

Pio Eugenio e Eugenio Pio, ainda alheios à tragédia, estavam em paz no ventre da Sra. Zevini. Eles não eram os únicos bebês esperando para ver a luz.

Naqueles quatro meses, 36 crianças nasceram na Vila Papal. As mulheres em trabalho de parto receberam o apartamento particular de Pio XII. "Cada vez que um bebê chorava", lembra Marcello Costa, que tinha 18 anos na época e foi prefeito democrata-cristão de Castel Gandolfo por 33 anos após a guerra, "uma oração de agradecimento imediatamente se elevava". Momentos de alegria, momentos de louvor, mais intensos que o estrondo das bombas, que às vezes faziam tremer as janelas do prédio. Quase todos os recém-nascidos se chamavam Pio ou Eugênio. Um ato de gratidão a Pio XII. Só nasceu um par de gêmeos, os Zevinis. Era 1º de março de 1944. Sessenta anos depois, é comovente conversar com os gêmeos na praça de Castel Gandolfo; olhando para a porta por onde seus pais passaram seis décadas atrás, com o coração apertado. "Todos aqui nos chamam de gêmeos do Papa", sorriem. Entramos em um bar na praça principal, e a moça atrás do balcão, assim que os vê, comemora e conta a eles. "Você não sabe, mas eu vi você nascer aí... Eu tinha doze anos, minha família e eu também tínhamos sido acolhidos na Vila Papal... Entrei furtivamente no quarto e vi você nascer... alguns choravam, outros riam, que bagunça..."

Pio Eugenio e Eugenio Pio são dois homens grandes, sempre trabalharam duro para sobreviver, não são pessoas que choram facilmente. E também não são personalidades de talk show. TV. Mas dá para perceber que eles são um pouco emotivos. Parece um conto de fadas, o deles. Mas é história. A história de dois gêmeos comunistas que carregam no nome e na alma a marca da caridade de um Papa.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Nossa Senhora: exemplo de Fé e Esperança para a juventude

Nossa Senhora de Ružomberok (Vatican News)

Seguindo o exemplo de Nossa Senhora, cada jovem é chamado a cultivar valores como a escuta atenta, a solidariedade e a perseverança. Maria se fez próxima dos que sofrem, esteve ao lado de seu Filho até a cruz e continua intercedendo por todos.

Prof. Robson Ribeiro – Filósofo, Historiador e Teólogo

Nossa Senhora é, para todos os cristãos, o mais puro exemplo de confiança em Deus e de entrega total ao Seu projeto de amor. Sua história não é apenas um relato distante, mas um convite vivo para que cada jovem descubra, em sua própria vida, a força que brota da fé. Maria, mesmo jovem, foi capaz de dizer “sim” a um chamado que transformaria a história da humanidade. Seu exemplo mostra que a verdadeira grandeza não está no poder, mas na humildade e na disposição de servir.

Para os jovens, a figura de Maria revela que é possível ser corajoso mesmo diante das incertezas e desafios. Ela não se deixou paralisar pelo medo, mas confiou no plano de Deus. Num mundo marcado por pressões, comparações e inseguranças, Maria ensina que a verdadeira identidade está enraizada no amor de Deus, não nas opiniões alheias. Maria é o impulso corajoso que vence o medo. Num tempo marcado por dúvidas, incertezas e pressões de todos os lados, ela mostra que a verdadeira liberdade nasce quando se confia em Deus.

Nossa Senhora ensina que não somos definidos pelas críticas, pelas comparações ou pelos padrões impostos, mas sim pelo amor infinito daquele que nos criou. Seu exemplo convoca cada jovem a erguer a cabeça, a sonhar alto e a caminhar com firmeza, mesmo quando o mundo parece querer desanimar.

Entretanto, vivemos tempos em que muitos jovens se deixam levar pelo imediatismo, querendo tudo rápido, sem paciência para o processo e sem disposição para ouvir o silêncio de Deus. Essa pressa gera frustração, superficialidade e uma incapacidade de perceber o sofrimento do outro. Maria nos mostra o contrário: ela soube esperar, meditar e acolher. Sua vida ensina que compaixão é mais do que sentir pena; é colocar-se no lugar do outro, estender a mão, caminhar junto, ser presença quando o mundo vira as costas. É isso que falta ao coração apressado: a capacidade de parar, enxergar o próximo e oferecer amor sem medidas.

Seguindo o exemplo de Nossa Senhora, cada jovem é chamado a cultivar valores como a escuta atenta, a solidariedade e a perseverança. Maria se fez próxima dos que sofrem, esteve ao lado de seu Filho até a cruz e continua intercedendo por todos. Isso inspira os jovens a não desistirem, mesmo quando a caminhada parece difícil.

Que Nossa Senhora seja, para cada coração jovem, uma chama que não se apaga, uma força que impulsiona, um abraço que acolhe e uma esperança que renova. Que sua vida inspire a juventude a viver com coragem, esperança e alegria, sendo sinais do amor de Deus no mundo. Que o exemplo de Maria inspire uma juventude ousada, apaixonada pela vida e disposta a ser sinal do amor de Deus no mundo. Ao seguir seus passos, cada jovem descobrirá que todo “sim” dado a Deus é capaz de transformar destinos e escrever histórias extraordinárias e que, ao se colocar a serviço, encontram o verdadeiro sentido de sua existência.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

A certíssima esperança

"Não tenhais medo" (catequizar)

A CERTÍSSIMA ESPERANÇA

18/08/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

No vasto cenário de cenário do mundo, a esperança não se apresenta como um estandarte triunfante, mas como uma chama pequena que resiste ao vento. Há momentos em que parece quase se extinguir nas brumas de dos acontecimentos; ainda assim, permanece, silenciosa, firme, quase tímida, mas invencível, pois a força verdadeira não se mede pela lâmina da espada, mas pela coragem de seguir caminhando quando o caminho parece sem saída. 

Na Escritura, essa lógica encontra eco no livro da Sabedoria (18,6-9), onde a esperança nasce numa noite em que Israel se vê cercado pelo poder do Egito. É noite de opressão, mas também de promessa. O povo não é chamado a se armar, mas a confiar. E é essa confiança que o conduz à libertação. 

Jesus, no Evangelho (Lc 12,32-48), retoma essa mesma perspectiva, ao dizer: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”. 

Não é palavra de consolo, mas um decreto silencioso de vitória. O Reino não é um projeto que se constrói pela força humana, mas dom irrevogável que brota da generosidade de Deus. Por isso, a esperança não é fragilidade exposta ao vento. Ela tem raiz cravada na terra fértil da promessa divina. 

A vigilância do discípulo não nasce do receio de perder algo, mas da alegria de quem espera alguém. Vigiar, no Evangelho, não é esperar com ansiedade. É, bem mais transformar o tempo da demora em tempo fecundo, tecido de fidelidade e amor. Quem ama, espera, e espera com alegria. 

Os grandes mestres da fé entenderam esse mistério. Santo Agostinho escreveu que “esperar é já amar”, como quem afirma que a esperança é um amor lançado para o amanhã. Tomás a descreve como “tensão firme por um bem futuro, difícil, mas possível com a ajuda de Deus” (Suma Teológica, II-II, q.17). E Bento XVI, em Spe Salvi, proclama: “Quem tem esperança vive de modo diferente; foi-lhe dada uma vida nova”. 

Na caminhada neste mundo, não é o vigor físico que o sustenta mas a esperança! Ela é uma luz que, embora pequena, ainda é maior que a grande sombra. 

Assim também vive o católico. De um lado, guardamos a memória da libertação já recebida; de outro, contemplamos a promessa de um encontro ainda por vir. A esperança é mais forte que a morte porque se apoia naquele que já venceu a morte. É mais que otimismo humano, é certeza nascida da fidelidade divina. É força que atravessa gerações, sustenta os pobres, renova a Igreja e abre caminhos onde antes só havia muros. 

A Palavra ressoa clara: “Não tenhais medo”! A esperança não se apaga porque Deus não se retrata. É ela, e não a força bruta, que carrega o mundo nos ombros. É a virtude que ousa esperar quando tudo parece perdido, porque sabe que o Senhor vem. E, quando Ele vier, será como a aurora que rompe a noite mais longa do mundo. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Oito dados sobre a vida de santa Helena, que achou a Cruz de Jesus

Santa Helena (ACI Digital)

Por Redação central*

18 de ago. de 2025

Hoje (18) é celebrada a festa de santa Helena, a mãe do imperador Constantino e conhecida por encontrar aquela que, segundo a tradição seria a Cruz na qual Jesus Cristo morreu, além de outras relíquias relacionadas ao Senhor.

Muitas dessas relíquias se encontram em países como Itália, Espanha e Alemanha. A seguir, apresentamos oito dados que talvez não conhecesse sobre a vida desta rainha que resgatou um grande patrimônio para a Igreja Católica.

1. Nasceu em uma família humilde

Flávia Júlia Helena Augusta nasceu por volta do ano 250, em Bitínia (no norte da Turquia e junto ao Mar Negro), no seio de uma família humilde.

Segundo a tradição, era muito bela e foi este o atributo que atraiu o famoso general romano Constâncio Cloro, quando a viu enquanto percorria a região.

2. Foi abandonada por seu esposo

Constâncio Cloro se apaixonou por Helena e se casou com ela. Aproximadamente no ano 270, tiveram um filho, ao qual chamaram Constantino.

Ambos tinham anos de casamento, quando o imperador Maximiliano ofereceu a Constâncio Cloro a oportunidade de ser nomeado seu mais próximo colaborador, mas com a condição de repudiar Helena e se casar com sua filha Flávia Maximiana Teodora.

Assim, motivado por sua ambição, Constâncio repudiou sua esposa. Helena sofreu por este abandono durante 14 anos, nos quais se converteu ao cristianismo.

3. Influenciou no fim da perseguição aos cristãos no Império Romano

Depois da morte de Constâncio Cloro, Constantino foi proclamado imperador de Roma pelo exército. Embora fosse pagão como seu pai, o jovem tinha sido instruído por sua amada mãe nos fundamentos do cristianismo.

Entretanto, converteu-se quando, mantes da batalha na região entre Saxa Rubra e Ponte Milvio, viu uma Cruz em seus sonhos com uma legenda que dizia: “Com este sinal vencerás”. No dia seguinte, o imperador levou uma Cruz ao combate e exclamou: “Confio no Cristo em quem minha mãe Helena crê”.

Após a vitória, Constantino decretou a livre profissão da religião católica. Assim, terminaram três séculos de sangrentas perseguições contra os cristãos.

4. Foi nomeada Augusta ou imperatriz

Constantino amava muito sua mãe e, por volta do ano 325, outorgou-lhe o título de Augusta ou imperatriz.

Além disso, mandou fazer moedas com a imagem dela e lhe deu plenos poderes para utilizar o dinheiro do governo nas boas obras que quisesse.

5. Ficava entre os pobres

Santo Ambrósio narrou que, apesar de ostentar tão alta dignidade, santa Helena se vestia com simplicidade e ficava entre os pobres para ajuda-los. Também era conhecida por sua intensa vida de piedade.

6. Viajou para a Terra Santa para buscar as relíquias de Jesus

Com o apoio de seu filho Constantino, santa Helena viajou para a Terra Santa para buscar as relíquias relacionadas diretamente a Jesus Cristo.

São Crisóstomo e santo Ambrósio assinalaram que, depois de realizar muitas escavações em Jerusalém, foram encontradas três cruzes.

Como não se podia distinguir qual era a de Jesus, levaram até o Monte Calvário uma mulher agonizante e, ao tocá-la com duas das cruzes, ela piorou. Mas, ao tocá-la com a terceira cruz, a enferma se recuperou instantaneamente. Assim, santa Helena, o então bispo de Jerusalém, Macário, e milhares de fiéis levaram a cruz em procissão pelas ruas da cidade.

A imperatriz encontrou outras relíquias de Jesus: os cravos que perfuraram suas mãos e pés, o “Titulus Crucis”, uma parte da túnica que usou antes de ser crucificado, um fragmento da manjedoura onde Ele repousou e a Escada Santa.

Também recuperou as relíquias dos reis magos e descobriu o sepulcro onde Jesus Cristo foi enterrado.

Na Terra Santa, mandou construir três templos: um no Calvário, outro no Horto das Oliveiras e o terceiro em Belém.

7. Colocou um cravo de Jesus no capacete de Constantino

Diz a tradição que, para proteger seu filho Constantino nas batalhas, santa Helena colocou um dos cravos de Jesus em seu capacete e outro em seu cavalo.

8. Seu sarcófago está nos Museus Vaticanos

Santa Helena faleceu entre os anos 330 e 335. Foi enterrada nos arredores de Roma e seu sarcófago foi transferido em 1777 para o Vaticano e restaurado.

O sarcófago tem gravadas cenas de batalhas dos romanos contra os bárbaros e um par de leões. Pode ser visitado no Museu Pio Clementino, dentro dos Museus Vaticanos.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/53004/oito-dados-que-talvez-nao-saiba-sobre-a-vida-de-santa-helena-que-achou-a-cruz-de-jesus

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF