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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

São Francisco de Assis, o Influencer do século XIII

sitthiphong | Shutterstock

Paulo Teixeira - publicado em 04/09/25

Qual a mensagem de um influencer do século XIII para os jovens de hoje?

Outro dia estava conversando com um frade franciscano e reclamando que os jovens de hoje só pensam em videogame, redes sociais e celular, que isso tira diversas habilidades deles, que, na minha visão, era uma tragédia. O frade me questionou: Se você precisasse de fazer uma cirurgia delicada aceitaria um desses jovens do videogame para executá-la? Respondi que de jeito nenhum. Aí ele emendou: Se a cirurgia fosse realizada por um robô e precisasse de uma espécie de  joystick para realizar o procedimento. Você confiaria na habilidade dessas mãos? Aí respondi que sim e ri pensando que eu não sei usar um joystick e não tenho habilidade para uma atividade que requeira uso de dispositivo semelhante.  

A mesma coisa com o celular. Em geral vemos as crianças pequenas com celular e achamos curioso como são hábeis. Na minha empresa, por exemplo, a marcação de ponto é feita no smartphone de cada pessoa. Os mais jovens marcam o ponto sem olhar, com rapidez; nós, mais antigos, temos que firmar os olhos, distanciar o aparelho e nos concentrar para marcar certo.  

Os jovens e as redes sociais

Nas comunidades católicas os adolescentes e jovens também vivem com suas particularidades. Por exemplo, vejo nas missas dominicais jovens que não usam folheto para acompanhar os cantos,  mas pelo smartphone seguem as canções; em um mosteiro vi um monge idoso com seus livros para recitação do ofício divino e um jovem que tirava o celular do bolso para rezar; uma vez me sentei ao lado de um bispo emérito com meu breviário para a oração das vésperas, e o bispo sacou seu tablet. “estou muito velho para rezar com livros” disse ele que, de fato, enxergava melhor com o dispositivo.  

Os mais jovens se comunicam pelos dispositivos, e também se comunicam com Deus por meio deles. Vivem a fé enraizados em sua cultura, que é a cibercultura.

Influenciar a cultura

São Francisco de Assis era um jovem influencer em sua cidade. Percorria as ruas de Assis criando tendências, almejava ser cavaleiro, tinha amigos e seguidores. Quando se converteu, São Francisco procurou a solidão e o isolamento. Mas compreendeu que Deus não o tinha chamado para se fechar, mas para pregar. Assim, São Francisco não deixou sua cultura, mas procurou evangelizar aquele contexto social. São Francisco era um influencer da juventude, passou a influenciar muito mais com seu testemunho de vida.  

São Francisco tinha a vida contemplativa, mas também pregava, viajava e encontrava as pessoas. Escreveu muitas cartas também. Já pensou se tivesse internet no século XIII? Já imaginou os perfis de São Francisco nas redes sociais? Os seguidores? Os blogs?  

Desafio

O desafio para nós, hoje é ser São Francisco nas redes; ser como Santa Clara nos contatos; que nossos perfis nas redes tenham a “cara” de Jesus. Para o adolescente e jovem fiel, esse desafio é a realidade. Como os “jovens do joystick” podem ser habilidosos cirurgiões, também os jovens da Igreja são aqueles que tem a capacidade de evangelizar no mundo virtual. Como São Francisco, podem influenciar essa cultura em que vivem, ao invés de se afastar dela.  

Temos medo dos haters, da incompreensão e talvez da falta de profissionalismo. Surgem em nós perguntas totalmente justificadas: por que entrar em tais novidades? Não é suficiente preparar bem o que acontece na igreja: catequese, homilias diárias, celebrações, reuniões com os grupos? Além disso, vemos que as mídias sociais são perigosas. Mas é uma presença necessária e está nas habilidosas mãos juvenis levar a Igreja ao ciberespaço da melhor maneira possível.  

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/04/sao-francisco-de-assis-o-influencer-do-seculo-xiii/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF