Translate

sábado, 6 de setembro de 2025

Seminarista conheceu o beato Frassati através de escoteiros e decidiu entrar para o seminário

Timothée Croux, um jovem seminarista da diocese de Meaux, França, escreveu um livro sobre o beato Pier Giorgio Frassati. | Victoria Cardiel/ EWTN News

Por Victoria Cardiel*

5 de set de 2025

Timothée Croux é um jovem seminarista da diocese francesa de Meaux, na região de Île-de-France, França. Ele só tem 23 anos, mas uma clarividência vital impressionante.

Em seu processo de discernimento vocacional, foi determinante a figura do beato Pier Giorgio Frassati, que ele descobriu através do escotismo e com quem diz dividir muitas afinidades pessoais.

“Mergulhei mais profundamente em sua personalidade no meu ano preparatório, antes de entrar para o seminário”, disse Croux. “Descobri que havia muitas coisas em sua biografia que se assemelhavam à minha. Por exemplo, nós dois temos uma paixão pelas montanhas”.

"Ambos buscamos uma vocação autêntica”, disse ele à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI. “No entanto, no fim, ele decidiu não se tornar padre para estar mais perto dos pobres e servir nas minas, estudando engenharia para poder ajudar melhor os mineiros".

Um aventureiro destemido com um grande apetite pela vida

Segundo Croux, os escoteiros franceses têm grande consideração por esse jovem de Turim, Itália, que será canonizado no domingo (7) ao lado de Carlo Acutis, "porque foi um aventureiro com verdadeiro apetite pela vida e é um grande modelo a ser seguido".

Croux atualmente faz estudos eclesiásticos no Pontifício Seminário Francês de Roma, onde faz sua preparação para o sacerdócio. Em colaboração com o padre belga Emmanuel de Ruyver, publicou na França e na Itália o livro O Mundo das Altas Bem-Aventuranças, uma biografia espiritual do beato Pier Giorgio Frassati, elaborada especialmente para jovens e estudantes.

"Tem uma parte biográfica com muitas histórias sobre Frassati”, disse o seminarista. “E, ao fim de cada capítulo, há uma meditação sobre uma bem-aventurança, perguntas para refletir sobre a vida, a caridade e o afeto, uma passagem do Evangelho e uma breve oração".

O objetivo é poder acompanhar com facilidade a vida espiritual das novas gerações.

“Conhecendo-o melhor, podemos despertar nos jovens o desejo de santidade”, enfatiza Croux. “Para ele, ser santo era uma busca diária. Frassati não era padre e não morreu mártir. Mas, desde a mais tenra infância, esforçou-se por viver o Evangelho com coerência e com uma liberdade desconcertante”.

Croux também mantém contato próximo com a família Frassati, especialmente com Wanda Gawronska, sobrinha do beato, que escreveu o prefácio do livro e estará presente na canonização de domingo.

Morreu jovem como Carlo Acutis

O jovem de Turim contraiu poliomielite fulminante enquanto visitava casas de pobres, o que o levou à morte em uma semana. Uma morte prematura, característica que ele divide com o beato Carlo Acutis, que morreu de leucemia aos 15 anos.

"Os jovens podem pensar que é preciso morrer jovem para ser santo, mas isso não é verdade”, enfatiza Croux. “O importante é viver a fidelidade, a caridade e a esperança ao longo da vida".

Os menores e mais vulneráveis ​​sempre ocuparam um lugar especial em seu coração. Quando criança, ao ver uma mãe pobre e seu filho descalço batendo à porta dos Frassati, entregou-lhes seus sapatos, pedindo-lhes que saíssem rapidamente antes que sua família descobrisse. E até pouco antes de sua morte, trabalhou para entregar dinheiro e remédios aos mais vulneráveis.

Em todo caso, a força desse compromisso não vinha de um conceito profundo de justiça, mas emanava do próprio Evangelho.

“Dizia que via através deles uma luz que as pessoas não têm: a luz de Cristo. E ele a compreendeu profundamente, como no capítulo 25 do Evangelho de são Mateus: ‘Se visitardes os pobres, os presos, os nus, é a mim que visitareis’. Ele havia compreendido. Por isso, ele nos convida a não ter medo de ir às periferias e visitar os mais pobres", disse Croux.

A família Frassati era muito rica. Seu pai, Alfredo Frassati, foi senador, embaixador e editor do jornal italiano La Stampa. O futuro santo cresceu no ambiente da burguesia católica de Turim. “Mas era um catolicismo convencional, e não foram seus pais que o empurraram para os pobres”, diz Croux. “Eles só descobriram a extensão total de sua influência depois de sua morte, quando milhares de pessoas foram prestar homenagem a ele".

O amor aos pobres, enraizado no Evangelho

Sua paixão pelos pobres estava enraizada sobretudo em seu amor pela Eucaristia. Outra característica que ele divide com Acutis. Aos 13 anos, obteve permissão de sua mãe para ir à missa todos os dias.

“Ele costumava dizer: ‘Jesus me visita todos os dias na Comunhão, e eu humildemente retribuo essa visita indo ver os pobres’”, diz Croux. “Ele entendia que a Eucaristia era o sacramento da caridade”.

Sua vida cotidiana, marcada pela fé, pelo serviço e pela coerência evangélica, fez dele — como disse são João Paulo II, quando ainda era cardeal em Cracóvia, em 1977 — “o homem das oito bem-aventuranças”.

“Ele viu nele um modelo de santidade completa, vivendo cada bem-aventurança de sua curta vida”, diz o jovem seminarista.

Ele recebeu uma educação rigorosa. Não era um aluno exemplar, e seu pai era muito rigoroso com ele, esperando que herdasse a gestão do jornal La Stampa. No entanto, Pier Giorgio direcionou sua vida para estudos de engenharia para poder estar mais próximo das pessoas que trabalhavam em péssimas condições no subsolo das minas.

Paz e compromisso social

Frassati era um jovem comprometido com a justiça social e a paz. Há um episódio pouco conhecido de sua biografia que Croux cita em seu livro: “Em 1923, quando o exército francês ocupou a região do Ruhr, ele escreveu uma mensagem de apoio à juventude católica num jornal alemão, pois considerava inaceitável que uma força estrangeira invadisse um Estado soberano. Ele também participou de um projeto estudantil católico promovendo a pax romana (paz romana) na Europa, convencido de que os cristãos tinham um papel essencial a desempenhar no estabelecimento da verdadeira paz”.

Outra característica essencial de seu perfil era sua firmeza moral diante da ameaça totalitária. Frassati era filiado ao Partido Popular Italiano, inspirado por um padre e baseado nos princípios da democracia cristã. Mas ele o abandonou quando o movimento fez um pacto com os fascistas em 1922. Ele também se desligou de um grupo estudantil católico, Cesare Balbo, ao descobrir que eles haviam hasteado sua bandeira em homenagem a Benito Mussolini em sua visita a Turim. "Para Pier Giorgio, a política era um serviço, especialmente aos mais pobres, e ele não podia aceitar um movimento que exaltasse a força", diz Croux.

Um exemplo brilhante para milhares de jovens

Sua vida breve, mas intensa, diz por que hoje, cem anos depois, Frassati continua a falar a milhares de jovens. Segundo Croux, a mensagem de Frassati para a juventude do século XXI pode ser resumida em três pontos: oração e caridade, amizade e busca pela paz.

"Ele estabeleceu uma conexão entre a Eucaristia diária e a caridade para com os mais pobres”, conclui Croux. “Todas as manhãs, ele ia à missa e depois visitava famílias carentes, oferecendo comida, roupas e um sorriso”.

*Victoria Cardiel é jornalista especializada em temas de informação social e religiosa. Desde 2013, ela cobre o Vaticano para vários veículos, como a agência de noticias espanhola Europa Press, e o semanário Alfa y Omega, da arquidiocese de Madri (Espanha).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64417/seminarista-conheceu-o-beato-frassati-atraves-de-escoteiros-e-decidiu-entrar-para-o-seminario

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF