O tema do Jubileu, "A esperança não decepciona",
também serve como um chamado para um mundo em busca de paz e renovação. É um
convite para que as pessoas se voltem para Deus, encontrem a esperança em sua
fé e a compartilhem com o mundo, promovendo fraternidade, solidariedade e um
mundo melhor."
Jackson Erpen* - Cidade do Vaticano
Na teologia paulina, a esperança ocupa um lugar central como
virtude que sustenta o cristão no caminho da fé. Para São Paulo, não se trata
de mero otimismo humano, mas da certeza enraizada na promessa de Deus e na
ressurreição de Cristo. Ela projeta o crente para o futuro definitivo, mas atua
também no presente, dando forças para enfrentar tribulações. Assim, a esperança
é dom do Espírito que alimenta a perseverança e mantém a confiança de que “a
glória futura” supera os sofrimentos do agora.
Além disso, Paulo apresenta a esperança como parte
inseparável da tríade fé–esperança–caridade. Ela não isola o indivíduo, mas o
integra na comunidade, pois é no corpo de Cristo que essa expectativa encontra
seu sentido. O apóstolo recorda que a esperança “não decepciona”, porque se
apoia no amor de Deus derramado nos corações.
Depois de "A esperança na boca dos Salmistas"
e "A esperança na boca dos Profetas", Pe. Gerson Schmidt* nos
propõe hoje "A esperança na voz de São Paulo Apóstolo":
"Para São Paulo, não crer na ressurreição dos mortos é
estar “sem esperança” (1Tess 4,13; 1Cor 15,19; Ef 2,12). Ele mesmo diz que se
não cremos na Ressurreição, é vã a nossa fé. O apóstolo dos gentios diz assim:
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para
que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança” (1Tess 4,13).
E continua a dizer aos que esperam somente nessa vida terrena: “Se esperamos em
Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato
Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem”
(1Cor 15,19). Diz mais: “Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da
comunidade de Israel, e estranhos aos convênios da promessa, não tendo
esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que dantes
estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”. Paulo alerta para
uma realidade nova, a partir da fé em Cristo, para viver uma esperança nova.
Com Cristo, há uma nova criatura que não vive mais sem esperança e sem Deus no
mundo. Para São Paulo, um batizado já está ressuscitado. Vemos isso na Carta ao
Romanos, quando o apóstolo diz: “Sabemos que o nosso velho homem foi
crucificado com Ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos
mais ao pecado. Pois o morto foi justificado do pecado. Sabemos que Cristo,
tendo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte já não tem poder sobre
ele” (Rm 6,1-7). O verdadeiro cristão já possui nesse mundo o penhor da Vida
Eterna e a sua esperança pode assim superabundar. Na mesma carta do apóstolo
aos Romanos (15,13) lemos assim: "Que o Deus da esperança os encha de toda
alegria e paz na fé que vocês têm, para que transbordem de esperança pelo poder
do Espírito Santo". Este versículo expressa um desejo para os cristãos,
pedindo que Deus, a fonte de esperança, os preencha com alegria e paz através
da fé, resultando em uma abundância de esperança fortalecida pelo Espírito
Santo. Esse cumprimento em Cristo da esperança de Israel, na espera da promessa
de seu ungido e escolhido para salvação do Povo, é a revelação plena do motivo
da esperança cristã.
Pode então o cristão esperar verdadeiramente tomar parte na
herança prometida. Ele pode e deve como Abraão “esperar contra toda a
esperança” em razão de sua fé nas promessas (Rm 4,18-25). E da sua confiança na
fidelidade de Deus que garantirá a fidelidade do homem desde o seu chamamento e
vocação até à Glória (Rm 8,28-30). Por isso, as esperança mais legítimas
humanas, em São Paulo, perdem seu valor, diante da realidade nova de Cristo.
"Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento
de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas e as considero como
refugo, como lixo, para que possa ganhar a Cristo". Esse trecho da Carta
aos Filipenses (3,8), Paulo declara que considera tudo como perda em comparação
com o "supremo valor" de conhecer Jesus Cristo. Ele afirma que
considera suas conquistas anteriores e posses como "lixo" para poder
ganhar a Cristo e ser encontrado nele. A esperança de São Paulo é
estar com Cristo, na expectativa de receber o prêmio, pois guardou a fé
(Fp 3,14). A tradução bíblica, direta do grego, na Carta a Timóteo afirma
assim: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto
juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam
a sua vinda” (2Tm 4,8).
Não poderíamos de falar, sobre a esperança na voz de São
Paulo com o lema do Jubileu da Esperança 2025. A frase "a esperança não
decepciona" é uma citação bíblica, encontrada em Romanos 5,5, que se
refere à esperança cristã, baseada no amor de Deus derramado nos corações pelo
Espírito Santo. Ela expressa a ideia de que a esperança em Deus não nos
frustrará, mesmo diante de dificuldades e incertezas. O tema do Jubileu de
2025, proclamado pelo Papa Francisco, é "Peregrinos de esperança" e
enfatiza a importância da esperança como dom e mensagem central para o tempo
presente.
A esperança, nesse contexto, não é apenas um sentimento
otimista, mas uma atitude de confiança e expectativa no bem, fundada em Deus.
Ela nos fortalece nas tribulações, nos encoraja a perseverar e nos leva a
buscar um futuro melhor, mesmo em meio a desafios. A esperança cristã não é uma
ilusão, mas uma certeza baseada na promessa e fidelidade de Deus.
O tema do Jubileu, "A esperança não decepciona",
também serve como um chamado para um mundo em busca de paz e renovação. É um
convite para que as pessoas se voltem para Deus, encontrem a esperança em sua
fé e a compartilhem com o mundo, promovendo fraternidade, solidariedade e um
mundo melhor."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro
de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em
Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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