O MINISTÉRIO DO CATEQUISTA: VOCAÇÃO E SERVIÇO À PALAVRA
01/09/2025
Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
A Igreja, ao longo dos séculos, sempre reconheceu e
valorizou a missão de homens e mulheres que, movidos pela fé e pelo amor a
Cristo, dedicam-se ao anúncio da Palavra de Deus e à formação dos irmãos na
caminhada cristã. Entre esses, estão os catequistas, cujo ministério ocupa
lugar de destaque na vida eclesial e missionária.
O catequista é chamado a ser testemunha viva do Evangelho e
colaborador no processo de iniciação à vida cristã. Sua missão não se restringe
a transmitir conteúdos doutrinais, mas a conduzir os catequizandos a um
encontro pessoal e transformador com Jesus Cristo. Assim, o catequista é, antes
de tudo, um discípulo missionário, alguém que se deixa formar pela Palavra e
pela Eucaristia para, depois, formar outros.
O saudoso Papa Francisco, ao instituir oficialmente o
ministério do catequista em 2021, recordou que estes são “homens e mulheres
chamados a expressar sua competência no serviço da transmissão da fé, que se
desenvolve através de diferentes etapas e modalidades”. Esse reconhecimento
oficial não é apenas honorífico: ele confirma o valor eclesial e missionário
desse serviço, que está no coração da missão da Igreja.
Ser catequista exige um coração apaixonado por Deus e pelo
próximo. O catequista é alguém que acolhe, escuta, acompanha e orienta. Ele se
torna presença amiga e referência de fé para crianças, jovens e adultos que
buscam aprofundar a vida cristã. Sua missão é particularmente importante em um
tempo marcado pela indiferença religiosa, pelo relativismo e pelas crises de
sentido que atingem tantas famílias.
A catequese, no entanto, não pode ser reduzida a um curso ou
a uma simples preparação para os sacramentos. Ela é um itinerário de fé, que
introduz a pessoa na vida comunitária, na oração e na missão. O catequista é
mediador: ajuda o catequizando a compreender e a viver a fé em todas as
dimensões da existência. Por isso, deve se esforçar para que cada encontro seja
uma verdadeira experiência de Deus, e não apenas uma lição a ser
decorada.
Nesse sentido, o catequista deve cultivar três atitudes
fundamentais:
Ser testemunha – mais do que falar de Jesus, viver como
Jesus. Sua vida deve ser coerente com o Evangelho que anuncia.
Ser servidor da Palavra – meditar diariamente a Sagrada
Escritura, buscar formação contínua e abrir-se à ação do Espírito Santo.
Ser missionário – não se limitar à sala de catequese, mas
ajudar as famílias a se tornarem verdadeiras “igrejas domésticas”, onde a fé é
partilhada e celebrada.
O Diretório Geral para a Catequese recorda que a catequese
deve estar intimamente ligada à liturgia, à caridade e à vida comunitária. Por
isso, outro aspecto essencial é a integração da catequese na vida da paróquia.
O catequista é chamado a trabalhar em comunhão com o pároco, com outros agentes
de pastoral e com os pais, primeiros educadores da fé. Essa colaboração
fortalece a comunidade e torna a catequese mais fecunda.
Na realidade atual, os catequistas enfrentam desafios
grandes: a falta de tempo das famílias, a competição com as tecnologias
digitais, a secularização e, muitas vezes, a desvalorização do próprio
ministério. Ainda assim, é precisamente nesse cenário que o testemunho do
catequista se torna mais necessário. Ele deve ser criativo, perseverante e
cheio de esperança, para anunciar Cristo de forma fiel e atraente.
Não podemos esquecer que o ministério do catequista é também
um ato de esperança. Quem se dedica a ensinar a fé acredita que a semente
lançada dará frutos, mesmo que não veja imediatamente os resultados. O
catequista trabalha com paciência evangélica, confiante na promessa do
Senhor: “A Palavra que sair da minha boca não voltará para mim vazia” (Is
55,11).
Por fim, é importante recordar que a catequese não é uma
tarefa individual, mas uma missão eclesial. O catequista não fala em nome
próprio, mas em nome da Igreja. Por isso, precisa estar em comunhão com os
pastores e com toda a comunidade. Seu serviço não é apenas voluntariado, mas
uma vocação específica, um chamado de Deus para ser instrumento de
evangelização e de formação de discípulos.
Rezemos para que nunca faltem à Igreja catequistas
generosos, comprometidos e cheios de ardor missionário. Que cada comunidade
saiba acolher, formar e valorizar esses servidores da Palavra, que dedicam
tempo, dons e vida à semeadura do Evangelho.
Como recorda São Paulo: “Ai de mim se eu não
evangelizar!” (1Cor 9,16). Que essa exortação ressoe no coração de
cada catequista, para que sua missão, vivida com humildade e amor, continue
sendo fonte de esperança e vida nova para a Igreja e para o mundo.
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