Por Courtney Mares*
5 de set de 2025
Antes de ser conhecido como um futuro santo, Carlo Acutis
era simplesmente um menino de uniforme escolar, carregando sua mochila pelos
corredores do Instituto Tommaseo, em Milão, Itália. Seus professores se lembram
dele como uma pessoa alegre, um pouco brincalhona e apaixonada pela fé
católica.
"Ele certamente não era um aluno perfeito", disse
a irmã Monica Ceroni, professora de religião de Acutis no ensino fundamental.
Às vezes, ele esquecia a lição de casa ou chegava atrasado. Mas tinha uma
"curiosidade saudável" e "queria ir ao fundo das coisas".
“Quando ele se apaixonava por algo, ele não desistia”, disse
ela à EWTN News.
Acutis passou cerca de oito anos no Instituto Tommaseo, uma
escola católica de ensino fundamental e médio administrada pelas irmãs
marcelinas no centro de Milão. A escola fica do outro lado da rua da igreja
paroquial de Santa Maria Segreta, e tornou-se o cenário de sua rotina diária de
aulas, jogos de futebol com os amigos no pátio e visitas à capela para rezar.
“O que chama a atenção em seus boletins… é que religião era
a única matéria em que ele se saía bem”, disse Ceroni. “Ele era alguém que
gostava de se envolver nas conversas em sala de aula, especialmente sobre
religião”.
“Ele também era um verdadeiro brincalhão”, disse também,
falando sobre algumas das brincadeiras que ele fazia com os colegas de classe.
A família Acutis contratou uma tutora chamada Elisa para
ajudar Carlo com a lição de casa, e Carlo às vezes a convidava para ir com ele
à missa depois. Elisa, como tantas outras pessoas na vida de Carlo, disse mais
tarde que cresceu na fé por causa de seu relacionamento com Carlo.
Seus professores também disseram que Carlo gravitava em
direção aos colegas que tinham dificuldades ou eram excluídos.
A irmã Miranda Moltedo, que era diretora da escola primária
de Carlo quando ele era aluno, lembrou-se de um menino da turma cuja mãe o
havia abandonado. "Carlo o acolheu, protegendo-o", disse ela.
"Sabíamos que ele era uma criança que precisava de atenção especial,
carinho e amor, e Carlo se importava com ele".
Carlo também enfrentou valentões. Quando um colega com
deficiência mental estava sendo provocado e intimidado, Carlo o defendeu. Uma
professora disse que, como resultado, às vezes esse colega podia ser
excessivamente apegado a Carlo. Quando a professora perguntou a Carlo sobre
isso, ele respondeu: "Ele é um grande amigo meu e eu quero ajudá-lo".
“Acho que essa capacidade de ser inclusivo, como um menino
de 11 ou 12 anos, era extraordinária”, disse Ceroni. “Era um dom natural dele”.
"Minha lembrança mais forte de Carlo é a de um menino
alegre e animado”, disse ela. “Ele era um garoto típico da sua idade, com uma
grande alegria de viver e muitos sonhos".
Depois de se formar no Instituto Tommaseo, Carlo ingressou
no Instituto Leão XIII, administrado pelos jesuítas, em Milão. Lá, sua fé se
destacou ainda mais. "Carlo costumava ir à capela de manhã, antes de
entrar na sala de aula e nos intervalos, e parava para rezar”, disse o padre
Roberto Gazzaniga, capelão da escola. “Ninguém mais fazia isso".
Colegas de classe que testemunharam na causa de canonização
de Carlo o descreveram como respeitoso, mas sem medo de expressar suas
convicções — sobre a Eucaristia, o batismo, questões pró-vida e as doutrinas da
Igreja. Ele também ajudava os colegas com as tarefas de casa, especialmente
quando envolviam computadores.
Carlo “nunca escondeu sua escolha de fé”, disse Gazzaniga.
“Mesmo em conversas e discussões com seus colegas de classe, ele respeitava as
posições dos outros, mas sem renunciar à visão clara dos princípios que
inspiravam sua vida cristã”.
O capelão descreveu Carlo como alguém que teve uma “vida
interior transparente e alegre que unia o amor a Deus e às pessoas numa
harmonia alegre e verdadeira”.
“Poderíamos apontar para ele e dizer: aqui está um jovem
feliz e autêntico, um cristão”, disse.
Ao contrário de muitos na escola particular dos jesuítas,
Carlo dava pouca atenção ao que era moda ou popular. Quando sua mãe lhe
comprava tênis novos, ele pedia que ela os devolvesse para que pudessem doar o
dinheiro aos pobres.
Acutis também pediu a uma ordem religiosa de clausura que se
unisse a ele em orações por seus colegas do ensino médio que festejavam em
casas noturnas e usavam drogas, e conversava com seus amigos sobre a
importância da castidade.
Os anos de ensino médio de Carlo foram interrompidos quando
ele foi diagnosticado com leucemia aos 15 anos de idade. Ele morreu em 12 de
outubro de 2006, quando seu segundo ano de estudos estava começando, oferecendo
seu sofrimento de câncer ao papa e ao bem da Igreja.
A irmã Mônica se lembra vividamente da última vez que o viu,
algumas semanas antes de sua morte. "Nós nos encontramos bem em frente à
igreja paroquial", disse ela. "Estávamos entrando e ele estava saindo
da igreja... Ele estava feliz por estar de volta à escola. Disse que queria se
concentrar em ciência da computação. Sempre me lembrarei dele assim".
Pouco tempo depois, ela voltou à paróquia para o funeral de
Carlo. "A cerimônia fúnebre de Carlo foi extraordinária”, disse Ceroni.
“Havia muita gente, inclusive pobres".
Hoje, tanto a irmã Monica quanto a irmã Miranda contam a
história de Carlo para inspirar seus jovens alunos nas mesmas salas de aula
onde ele estudou. "Carlo é apresentado como uma criança que era amiga de
Jesus e encontrou alegria, porque cristianismo é alegria", disse Moltedo.
*Courtney Mares é correspondente em Roma, Itália, pela
Catholic News Agency (CNA), agência em inglês da EWTN. Formada pela
Universidade de Harvard, nos EUA, ela fez reportagens em agências de notícias
em três continentes e recebeu a bolsa Gardner Fellowship por seu trabalho com
refugiados norte-coreanos.
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