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domingo, 5 de dezembro de 2021

II DOM ADVENTO - Ano C

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Dom Paulo Cezar Costa / Arcebispo de Brasília

Nossa vocação à liberdade

            No Advento, celebramos a vinda de Deus para nos salvar. A salvação é uma realidade que o homem já vai experimentando na história. Na primeira leitura da liturgia deste domingo (Br 5, 1-9), Israel experimenta a salvação, a libertação de Deus. Muitos povos migraram de suas terras, foram escravizados e libertados. Mas o povo de Israel vê e lê a sua história à luz da fé e, por isso, a libertação do exílio é obra de Deus. Deus é Aquele que tira da escravidão e conduz à libertação. Esta é a vocação de Israel: ser povo livre. O profeta Baruc descreve como um grande caminho processional, com beleza, a libertação: “Despe, Jerusalém, a veste da tua tristeza e desgraça, e reveste para sempre a beleza da glória que vem de Deus” (Br 5, 1). A vocação à liberdade é para todo homem e toda mulher. Mas o ser humano sempre viverá na história os condicionamentos e, por isso, nunca de sentirá totalmente livre. Somente Deus pode ir abrindo a história humana de cada pessoa à verdadeira liberdade, porque só Ele pode nos salvar e nos dar a verdadeira liberdade. O Advento relembra ao ser humano que não fomos criados para a escravidão, que a nossa vocação é para a liberdade, mas só Deus pode nos tornar verdadeiramente livres.

No Evangelho, na voz de João Batista, todo homem é vocacionado à verdadeira liberdade, à salvação: “E todo homem verá a salvação de Deus”. João Batista é o homem do deserto, é lá que a palavra de Deus o encontra. O Evangelho vai dos grandes acontecimentos históricos da época, da força do poder de Tibério César em Roma, de Pôncio Pilatos na Judéia até o deserto da Judéia. É uma forma de situar um fato na história, mas, também, é um modo de dizer que a ação de Deus se dá com absoluta liberdade, pois, é no deserto, lugar sem vida, lugar da aridez, que Deus dirige a Sua palavra a um homem chamado Yohânân (João). Seu nome é uma missão: Deus é misericordioso. Deus escolhe o caminho da pequenez, da insignificância, para atingir o coração dos homens e as estruturas. João percorre toda a região do Jordão. A palavra de Deus o coloca em ação, deve caminhar anunciando a Palavra de Deus. Ele proclama um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados. João proclama uma boa notícia, um kêrussein (kerygma), um batismo para a conversão (metanoia) dos pecados.

Conversão significa mudança de rota, de caminho, de vida. A mudança é uma realidade constante na nossa vida. O ser humano é um ser que se encontra nesta dinâmica de transformação, e talvez a palavra ‘mudança’ expresse bem a nossa época. Também na nossa vida de fé, na nossa interioridade, é preciso mudança: mudança de mentalidade, de atitudes etc. João Batista é o profeta que nos desestabiliza e nos coloca em movimento rumo ao Messias. Em Jesus Cristo, a salvação será para todo homem, toda mulher, para todo ser humano: “(…)e todo homem verá a salvação que vem de Deus” (Lc 3, 6).

Que a misericórdia de Deus, que o próprio nome ‘João’ anuncia, ajude cada um de nós a nos colocarmos numa atitude de mudança, direcionando a nossa liberdade para Deus, deixando que Ele a cure e nos torne verdadeiramente livres.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF