7 frutas que contêm mais vitamina C que laranjas
Autor: Dalia Ventura
De BBC News Mundo
6 setembro 2025
De 1 a 7
Duas frutas disputam o título de maior teor de vitamina C
conhecido em qualquer alimento. Uma delas é nativa da Austrália e a outra, da
Amazônia.
1 - A ameixa kakadu (Terminalia ferdinandiana) contém
teores extraordinários de vitamina C. Seus números variam entre 2.300 e 3.150
mg por 100 g, muito acima dos cerca de 53 mg da laranja.
Os povos aborígenes conhecem há milênios as virtudes desta
fruta pequena, de coloração verde-oliva claro, que cresce espontaneamente nos
bosques abertos do norte da Austrália.
Eles a comiam in natura, usavam para fazer uma bebida
refrescante e também para fazer gelatina.
A ameixa kakadu era empregada na alimentação, mas também,
como outras partes da árvore, tinha usos medicinais, para tratar de dores de
cabeça, resfriados e gripes, além do seu uso como antisséptico.
Atualmente, a ameixa kakadu é utilizada na elaboração de pós
empregados em suplementos, alimentos funcionais, cosméticos e produtos
farmacêuticos.
Graças a pesquisas da Universidade de Queensland, na
Austrália, a fruta também é usada como conservante natural, especialmente
eficaz para manter o frescor, a aparência e a durabilidade de mariscos,
camarões e crustáceos congelados.
2 - o camu-camu. Com concentração de vitamina C que
varia normalmente entre 1.600
e 3.000 mg por 100 g de polpa e que, em
exemplares ou tratamentos específicos, pode exceder 4.000 a 5.000 mg/100 g, o
camu-camu (Myrciaria dubia) não tem muito por que invejar a ameixa
kakadu.
Nativa da Amazônia, a planta cresce em zonas inundadas e
ribeirinhas do Brasil, Peru, Colômbia, Equador e Venezuela. Ele é usado
tradicionalmente como remédio, até para a malária.
Seu fruto é de uma acidez tão intensa que não costuma ser
consumido in natura. Seu suco tem um chamativo tom de rosa, graças ao pigmento
da sua casca.
Com ele, são preparados sorvetes, geleias, batidas,
coquetéis, iogurtes e pratos como o ceviche de camu-camu peruano.
A fruta também é empregada no setor cosmético, na forma de
extrato antioxidante em máscaras e tônicos.
3 - A acerola. Quando se trata de vitamina C, outra
fruta campeã é a acerola (Malpighia glabra ou Malpighia
emarginata). Ela contém cerca de 1.700 mg da
substância por 100 g de fruta.
Nativa das regiões tropicais do continente americano,
especialmente do Caribe, América Central e do Sul, seu sabor é doce com um
toque ácido, muito refrescante, similar a uma cereja azeda.
A acerola é consumida in natura, em sucos, geleias ou como
suplemento em pó. Ela é popular na indústria alimentícia, devido ao seu teor
nutricional.
A fruta é valorizada desde os tempos pré-colombianos, devido
às suas propriedades medicinais. Seu uso se estendeu aos suplementos
vitamínicos em todo o mundo.
4 - O fruto da rosa silvestre, comum na Europa, Ásia
e em partes da América do Norte, é tradicionalmente conhecido pelas suas
propriedades de alívio de resfriados e para melhorar o sistema imunológico.
O fruto da Rosa canina L. contém 100 a
1.300 mg/100 g de fruto, conforme a espécie, origem, altitude e grau de
maturação, segundo diversos estudos.
Seu sabor é agridoce, floral e ligeiramente terroso. Ele
costuma ser consumido em infusões, geleias, xaropes ou suplementos.
O fruto da rosa silvestre tem longa história na medicina
popular europeia. Ele foi usado durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
como fonte alternativa de vitamina C, quando os cítricos eram escassos.
Ele é popular até hoje na fitoterapia e na alimentação
natural.
5 - A groselha indiana ou sarandi. Phyllanthus
emblica L. — a groselha indiana ou sarandi — é uma árvore sagrada para
o hinduísmo, símbolo de longevidade e sabedoria.
Sua baga é uma das frutas mais valorizadas na medicina
tradicional ayurvédica.
Seu sabor é complexo e muito singular: extremamente ácido
(ao mesmo tempo, azedo e adstringente), ligeiramente amargo no início e
adocicado no final. Quando ingerida fresca, produz uma sensação seca na boca.
Curiosamente, depois de mastigá-la e cuspi-la, muitas
pessoas relatam que sua saliva fica doce por alguns segundos. Algumas tradições
consideram esta experiência "higienizadora" ou
"refrescante".
Devido à sua intensidade, é costume consumi-la seca,
curtida, em pó ou cozida em vez de fresca, especialmente em misturas
ayurvédicas ou chutneys (condimentos de origem indiana).
A groselha indiana é uma das fontes naturais mais ricas em
vitamina C, com concentrações
de até 720 mg por 100 g de fruta. E tem ainda
outra vantagem: a substância não se degrada com facilidade durante a secagem ou
armazenamento da fruta.
A presença de taninos e polifenóis protege a vitamina C
contra a oxidação. É um fenômeno incomum em outras frutas.
Esta estabilidade permitiu o uso da groselha indiana por
séculos em forma seca ou em conserva, sem perder sua eficácia medicinal.
6 - O fruto do baobá. O baobá (Adansonia digitata)
é conhecido em muitas culturas africanas como a "árvore da vida".
Na tradição oral, ele é mencionado como uma árvore que
sustenta o céu ou que foi plantada de cabeça para baixo. Ele representa a
sabedoria ancestral.
Seu fruto contém cerca de 494,94
mg/100 g de vitamina C na forma de polpa desidratada e foi usado por
séculos como fonte de nutrição e medicina natural.
Diferentemente da maioria das frutas, ele é seco por dentro
e não contém suco. Sua polpa farinhosa se desmancha facilmente,
transformando-se em pó. Por isso, ele é ideal para uso em bebidas, molhos ou
como suplemento nutricional.
Seu sabor é ácido, refrescante e ligeiramente cítrico,
frequentemente descrito como uma mistura de toranja, pera e baunilha.
7 - A goiaba. Voltemos ao continente americano, agora
com a goiaba. Seu aroma transportava o escritor colombiano Gabriel García
Márquez (1927-2014) para sua casa sempre que ele o percebia.
O fruto da Psidium guajava sempre tem sua
fragrância característica, frequentemente doce, mas, às vezes, deliciosamente
azedo. Afinal, existem inúmeras variedades com tamanhos e cores diferentes:
branca, rosa, vermelha, amarela...
A goiaba contém mais vitamina C do que muitas frutas
cítricas. Algumas variedades chegam a ter até cinco vezes mais que a laranja, o
que faz com que ela seja um potente antioxidante natural.
Um
estudo com goiabas frescas no Equador concluiu, por exemplo, que o
teor de vitamina C nas frutas chega a cerca de 500 mg.
Dotada de diversas propriedades benéficas para a saúde, a
goiaba também é uma fruta climatérica, ou seja, ela continua amadurecendo
depois da colheita. Esta característica facilita seu consumo, transporte e
exportação.
Ainda assim e apesar da sua popularidade na Ásia e na
América Latina, a goiaba continua sendo uma fruta "exótica" e pouco
conhecida em muitas partes do mundo. O mesmo ocorre com muitas das frutas
indicadas nesta reportagem.
Mas não há problema, pois existem diversas outras fontes
importantes de vitamina C:
- a
groselha-preta ou cassis, com cerca de 181 mg/100 g, muito rica em
antioxidantes;
- o
kiwi, cuja variedade mais rica em vitamina C, chamada SunGold, contém
cerca de 161 mg/100 g;
- o
mamão, com cerca de 60 mg/100 g, além de enzimas digestivas;
- o
morango, com cerca de 59 mg/100 g, uma boa fonte de vitamina C,
especialmente cru...
Até chegarmos à tradicional laranja, que contém um pouquinho
mais de vitamina C que o refrescante e digestivo abacaxi.
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