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sábado, 11 de janeiro de 2025

Papa: o Jubileu é um novo começo, a possibilidade de se recomeçar a partir de Deus

Audiência Jubilar de 11 de janeiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

A grandeza de Deus é diversa. E recomeçamos desta Sua originalidade, “que brilhou em Jesus e que agora nos compromete a servir, a amar fraternalmente, a reconhecer-nos pequenos. E a ver os mais pequeninos, a ouvi-los e a ser a sua voz. Eis o novo começo, o nosso jubileu!” Francisco deu início esta manhã às Audiências Jubilares do sábado, “cujo objetivo ideal é acolher e abraçar todos aqueles que vêm de todas as partes do mundo em busca de um novo começo”, afirmou o Santo Padre

https://youtu.be/l4o-gBm-xpE

Raimundo de Lima – Vatican News

“Muitos de vocês estão aqui em Roma como “peregrinos da esperança”. Esta manhã iniciamos as Audiências Jubilares do sábado, cujo objetivo ideal é acolher e abraçar todos aqueles que vêm de todas as partes do mundo em busca de um novo começo. O Jubileu, de fato, é um novo começo, a possibilidade de todos recomeçarem a partir de Deus. Com o Jubileu se inicia uma nova vida, uma nova etapa.”

Com essas palavras introdutórias, o Papa explicou aos fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, no Vaticano, na manhã deste sábado, 11 de janeiro, uma das iniciativas deste Ano Santo, as Audiências Jubilares do sábado. Em sua catequese, intitulada “Esperar é recomeçar – João Batista”, o Pontífice precisou que gostaria de destacar, de vez em quando, algum aspecto da esperança.

Francisco lembrou que esta é uma virtude teologal. E em latim, virtus significa “força”. A esperança é uma força que vem de Deus. “A esperança não é um hábito ou um traço do carácter – que alguém tem ou não tem – mas uma força que deve ser pedida. É por isso que nos tornamos peregrinos: viemos para pedir um dom, para recomeçar o caminho da vida”, frisou.

Audiência Jubilar com o Papa Francisco, na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

O Jubileu nos ajuda a recomeçar

O Santo Padre ressaltou que amanhã, domingo, celebramos a festa do Batismo do Senhor “e isso faz-nos pensar naquele grande profeta de esperança que foi João Batista. Jesus disse algo maravilhoso sobre ele: que é o maior entre os nascidos de mulher. “Compreendemos então - continuou o Papa - porque é que tantas pessoas se aglomeravam à sua volta, querendo um novo começo, com o desejo de recomeçar e o Jubileu nos ajuda nisso. O Batista parecia verdadeiramente grande, parecia crível em sua personalidade. Tal como hoje atravessamos a Porta Santa, João propunha atravessar o Rio Jordão, entrando na Terra Prometida, como acontecera com Josué na primeira vez. Recomeçar, receber de novo a terra, como da primeira vez. Irmãos e irmãs, recomeçar. Esta é a palavra: recomeçar. “Coloquemos isso na cabeça e digamos todos juntos: ‘recomeçar’. Digamos juntos”, insistiu o Papa. Não se esqueçam disso: recomeçar! – exortou os cerca de oito mil fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI.

Mas Jesus, logo a seguir a este grande elogio, acrescenta algo que nos faz pensar: “entre os nascidos de mulher ninguém é maior que João; mas o menor no reino de Deus é maior que ele”. A esperança, irmãos e irmãs, está toda neste salto qualitativo. Não depende de nós, mas do Reino de Deus. Eis a surpresa: acolher o Reino de Deus leva-nos a uma nova ordem de grandeza. Deste nosso mundo todos nós precisamos!

Audiência Jubilar com o Papa Francisco, na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

Jesus mostra-nos o novo caminho das Bem-aventuranças

Francisco continuou sua catequese contextualizando que quando Jesus diz estas palavras, o Batista está preso, cheio de perguntas. Também, disse o Pontífice antes de concluir, nós trazemos muitas perguntas na nossa peregrinação, porque há muitos “Herodes” que ainda se opõem ao Reino de Deus. No entanto, Jesus mostra-nos o novo caminho das Bem-aventuranças, que são a surpreendente lei do Evangelho. Perguntamo-nos então: será que tenho dentro de mim um verdadeiro desejo de recomeçar? Quero aprender com Jesus, que é verdadeiramente grande? O menor, no Reino de Deus, é grande.

Em Deus, a esperança para esta terra maltratada e ferida

Com João Batista, então, aprendemos a voltar a acreditar. A esperança para a nossa casa comum – esta nossa Terra tão abusada e ferida – e a esperança para todos os seres humanos está na diferença de Deus. A sua grandeza é diversa. E recomeçamos desta originalidade de Deus, que brilhou em Jesus e que agora nos compromete a servir, a amar fraternalmente, a reconhecer-nos pequenos. E a ver os mais pequeninos, a ouvi-los e a ser a sua voz. Eis o novo começo, o nosso jubileu!

Audiência Jubilar com o Papa Francisco, na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

Oremos pela paz

Nas saudações finais, dirigindo-se aos peregrinos de língua italiana, o Papa encorajou-os a viver bem o Ano do Jubileu, que oferece a possibilidade de haurir do tesouro de graça e de misericórdia de Deus confiado à Igreja, fazendo por fim, uma premente exortação:

“E queridos irmãos, queridas irmãs, oremos pela paz. Nunca nos esqueçamos de que a guerra é uma derrota, sempre! Oremos pelos países em guerra, para que a paz chegue.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

«Ó Timóteo, guarda o depósito» (I)

Mosaico do século XIII da Catedral de Monreale, Palermo; Ananias batiza Paulo | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 01/02 - 2009

«Ó Timóteo, guarda o depósito»

As Cartas Pastorais de São Paulo mostram que a custódia do depositum fidei é garantida pela ação do Espírito Santo, através da graça da imposição das mãos e da graça que resplandece nas boas obras. Mas estas mesmas Cartas, que constituem o fundamento da instituição-Igreja, «já não isolam a Igreja do mundo profano, pelo contrário, implantam-na ali com um optimismo e uma segurança notáveis». Propomos algumas páginas do comentário de Ceslas Spicq às Cartas Pastorais.

por Lorenzo Cappelletti

Há vários meses a expressão depósito de fé ou seu equivalente latino depositum fidei aparece nas manchetes e nos artigos de 30Giorni . Mas os direitos autorais não pertencem a 30Giorni . «Ó Timóteo, guarda o depósito» é a recomendação final feita por São Paulo na primeira Carta dirigida ao seu discípulo predileto. Repetido, pouco antes de ir para o martírio, na segunda Carta. Antes disso, essa expressão nunca havia sido usada por São Paulo (nem pelos outros escritores do Novo Testamento).

Precisamente no momento em que o seu sangue estava para ser derramado, São Paulo advertiu que o tesouro que guardava como um vaso fraco mas forte poderia perder-se. Como advertiu aquele outro Paulo mais próximo de nós quando escreveu o Credo do Povo de Deus . A grande alternativa – foi escrito recentemente – para a vida de um homem e de um povo é, de facto, entre a ideologia e a tradição.

Talvez não seja coincidência que recentemente tenham ganhado destaque as chamadas Cartas Pastorais (nome que, juntamente com as duas Cartas a Timóteo, inclui também a Carta a Tito). A eles foi dedicada a conferência da Associação Bíblica Italiana, realizada em setembro passado em Termoli, a cidade de Molise que abriga as relíquias de Timóteo na sua encantadora Catedral. Enquanto aguardamos a publicação das atas daquela conferência, somos acompanhados na leitura de alguns trechos daquelas Cartas do grande exegeta dominicano Ceslas Spicq. Na verdade, é o seu comentário, que apareceu na terceira edição há apenas cinquenta anos ( Saint Paul. Les Épîtres pastorales , Éd. Gabalda, Paris 1947), que mesmo os eminentes estudiosos que o seguiram não podem deixar de seguir modelo. 

O depósito 

« Ó Timóteo, guarda o depósito; evite a tagarelice profana e as objeções da chamada gnose, professando que alguns se desviaram da fé ” ( 1 Timóteo 6:20). Pode ser útil, antes de tudo, compreender qual é a instituição jurídica do depósito, na qual se inspira São Paulo. «Em Roma “há um depósito quando algo é colocado em segurança com uma pessoa que se compromete a guardá-lo e devolvê-lo quando solicitado”. Ao contrário da transferência fiduciária, onde há uma transferência real de propriedade, há apenas uma transferência temporária de posse no depósito. O depositário não possui para si, mas para o depositante; ele é apenas um zelador e mantém as mercadorias à disposição dos comerciantes, que retém os direitos relativos à propriedade. Além disso, assim como o contrato fiduciário, o depósito é feito voluntariamente com um amigo que o mantém gratuitamente. Durante muito tempo, o depósito feito através de simples entrega ( traditio ), foi desprovido de eficácia jurídica, sendo um ato sem forma” (p. 331).

Evidentemente impressionado com as características desta instituição, que enquanto contrato «era uma novidade [na verdade datava apenas da época do triunvirato de Otaviano] e uma novidade muito surpreendente porque é um dos primeiros contratos não solenes» ( p. 329), São Paulo adotou precisamente no momento de maior perigo para a fé. «Até aquele momento o Apóstolo insistiu sobretudo na fidelidade ao seu ministério, na lealdade aos seus discípulos; agora ele é levado pelo perigo das heresias nascentes a considerar a integridade da doutrina por si mesma, da qual foi estabelecido como “arauto, apóstolo e mestre”. Ele recebeu com o mandato de repassá-lo, não lhe pertence. Apresentando o seu fim iminente, Paulo percebe ainda mais vividamente a responsabilidade que lhe cabe de manter intacto este tesouro; até o prazo determinado ele deve preservar a palavra de Deus ( 1Tm 4, 6) de todo erro e corrupção. É, de facto, um depósito que Deus lhe confiou e aproxima-se o dia em que o credor divino lhe pedirá contas. Paulo recebeu este depósito de Deus, e mais precisamente de Cristo, no caminho de Damasco. Dado que este contrato régio pressupunha originalmente, pela sua forma de formação, que uma simples remessa de posse de bens, é portanto no momento deste encontro inicial que nasceu este acordo entre o Senhor e o seu apóstolo - o acordo dos seus dois testamentos – gerador de obrigação a partir do momento da transmissão do objeto confiado. O conteúdo deste depósito é o Evangelho. A lei não autorizou, salvo disposição em contrário, qualquer utilização dos bens confiados. Ora, o Apóstolo nunca se considerou senão um administrador, um dispensador dos mistérios divinos ( 1Cor 4, 1). Ao contrário dos mestres que ensinam uma doutrina original, fruto das suas especulações, ele é apenas um delegado. Ele não inventa o que prega, não o transforma, aprendeu e recebeu e deve transmitir intacto - como um depósito - este tesouro que é a palavra divina ou o objeto da fé [...]. Terminou a corrida, chegou o momento da sua partida ( 2Tm 4, 6-8); exorta Timóteo a zelar pelo depósito que lhe transmite; chegou a hora em que ele está prestes a comparecer diante de Deus que julgará seu fiel guardião” (pp. 332-333).

Fonte: https://www.30giorni.it/

A esperança é a chave para suportar qualquer dificuldade

Roman Zaiets / Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 31/03/20 - atualizado em 09/01/25

A ausência de esperança destrói a caridade: nossos esforços dependem dela, e, por meio dela, somos envolvidos pela misericórdia de Deus.

Em tempos sombrios, tendemos a perder a esperança, especialmente quando eles se prolongam. Até que tentamos ter uma atitude positiva, mas as circunstâncias nem sempre promovem essa virtude.

No entanto, uma das únicas maneiras pelas quais podemos suportar tais dificuldades é ter esperança.

São João Clímaco, um monge cristão do século VI, passou 40 anos levando uma vida solitária, raramente tendo contato as pessoas. Mas, em determinada época, ele foi encarregado de um mosteiro e vários religiosos o procuraram para ter orientação espiritual. Sua sabedoria era profunda e seus escritos continuam a inspirar as pessoas até hoje.

O Papa Bento XVI destacou sua vida em uma audiência geral em 2009, na qual se concentrou em várias lições que podemos tirar da vida do eremita. Em particular, Bento XVI enfatizou a necessidade de ter esperança, citando os pensamentos de São João sobre o assunto:

"A esperança é o poder que impulsiona o amor. Graças à esperança, podemos esperar a recompensa da caridade ... A esperança é a porta do amor ... A ausência de esperança destrói a caridade: nossos esforços estão ligados a ela, nossos trabalhos são sustentados por ela e, por meio dela, somos envolvidos pela misericórdia de Deus."

O tipo de esperança sobre a qual São João Clímaco escreve é a esperança sobrenatural, uma firme esperança no futuro e no que Deus tem reservado para seus fiéis discípulos. O Papa Bento XVI explica mais detalhadamente essa virtude fundamental:

"Com razão, João Clímaco diz que somente a esperança nos torna capazes de viver a caridade; esperança na qual transcendemos as coisas de todos os dias, não esperamos sucesso em nossos dias terrestres, mas estamos ansiosos pela revelação do próprio Deus, finalmente. É somente nessa extensão de nossa alma, nessa auto-transcendência, que nossa vida se torna grande e que somos capazes de suportar o esforço e as decepções de todos os dias, que podemos ser gentis com os outros sem esperar qualquer recompensa. Somente se houver Deus, essa grande esperança à qual aspiro, poderei dar os pequenos passos da minha vida e, assim, aprender a caridade."

Qualquer sofrimento que experimentamos pode ser suportado com a virtude da esperança. Ele nos sustenta em tempos sombrios e nos aponta a direção certa. Em vez de buscar consolo nesta vida terrena, esperamos ansiosamente a vida eterna. Todas as nossas ações podem ser ordenadas para essa esperança, dando sentido e propósito às nossas vidas.

Se você está sofrendo agora, peça a Deus a virtude da esperança, para poder superar as decepções diárias e transmitir a alegria a que somos chamados a experimentar na presença de Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2020/03/31/a-esperanca-e-a-chave-para-suportar-qualquer-dificuldade

Evangelizar na cidade

Evangelizar na periferia (Arquidiocese de BH)

EVANGELIZAR NA CIDADE 

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

O Brasil passou por um sistema bastante agressivo de urbanização, sendo superado apenas pela China, muito recentemente. Com isso, a perspectiva de características rurais, de comunidades estáveis e referenciadas ao longo dos tempos decaiu. A urbe surgiu por toda parte. O sistema de deslocamento rápido permitido nas duas últimas décadas acelerou o espírito de “desruralização”. 

Toda a metodologia evangelizadora tornou-se então, urbana. A partir das cidades de dez mil habitantes, talvez ainda menos, exige-se uma metodologia radicada na setorização dos fiéis e na capacidade de insurgência de suas lideranças locais para manter viva a chama do Espírito que tudo transforma. 

É inadequado, portanto, falar de evangelização nas grandes cidades, pois não é possível abarcar milhões de pessoas ao mesmo tempo. Mesmo as megalópoles precisam se organizar em estruturas compartimentadas e setorizadas, num esquema que já se encontra posto nas divisões paroquias. 

As paróquias, porém, precisam se ajustar às condições da urbanização intensiva e pensar-se com todas as comunidades e ambientes vitais, onde as pessoas, de fato, vivem. A Igreja Matriz não pode ser a única comunidade exitosa no meio das outras. Seja uma cidade de milhões de habitantes, como uma de poucos milhares, precisam se ajustarem a esta nova metodologia. 

A título de exemplo, mesmo uma cidade de sete mil habitantes, constata-se residentes habitando numa distância média de um a três quilômetros da Igreja matriz, o que a torna inadequada para acolher a diversidade e a dinamicidade da vida urbana. 

Não importa o tamanho da cidade, a evangelização necessita ser radicada num lugar concreto. Esse lugar é a comunidade que tem uma alma. Elaborar essa alma para os grupos e setores da paróquia é a proposta da missão a partir de agora.  

A toda comunidade é missionária doravante. Cada setor deve ter seus animadores, forças vivas e alma no corpo da comunidade, de modo a manter a chama sempre acesa através do instrumentário estético e devocional que Igreja acumulou ao longo dos séculos. 

Essa porção dos seguidores de Cristo, escondida na diversidade da cidade, não pode ser desconhecida dos padres nem dos conselhos de pastoral das comunidades. 

Os jovens, sempre muito dispostos à missão, também não podem desconhecer a realidade da paróquia, pois, só partindo deste conhecimento é que se chega à necessidade da missão. 

A paróquia é o lugar da missão. Paróquia missionária é a evolução metodológica da pastoral rural para a dinâmica urbana das respostas que precisamos dar. 

Essa proposta pode ser até mais fácil dado a proximidade de todos. Os grupos missionários podem realizar seu trabalho esporadicamente e por tempo determinado. Não devem assumir permanentemente o encargo de animar os setores da paróquia, mas tão somente despertar o Espírito na comunidade para que ela se reúna e se apaixone por Cristo. 

Nessa estrutura surgirão inúmeros animadores e animadoras de comunidades celebrativas, assistências e missionárias. O segredo do sucesso de uma comunidade missionária será medido pela capacidade de animar outra comunidade a também se estabelecer. Só assim será colocada em prática o desejo de Cristo de que seus discípulos cheguem aos confins do mundo.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Atitude pastoral diante do enfermo com depressão

Foto/Crédito: Presbíteros

Atitude pastoral diante do enfermo com depressão

02 de dezembro de 2024

A depressão patológica ou simplesmente existencial constitui uma experiência que acompanha o homem desde as civilizações mais antigas. Se antes tratava-se de um fenômeno esporádico, tornou-se, com o passar do tempo, uma autêntica epidemia, talvez por causa da cultura da falta de sentido e da morte que se dá no pensamento pós-moderno. A depressão não tem só um aspecto médico psíquico, mas também social pelas repercussões da doença no entorno do enfermo.

O sacerdote que encontra um enfermo com depressão, em seu ministério pastoral, deve levar em conta que deve, antes de tudo, dar-lhe consolo e esperança. Muitas vezes deve procurar ajudar o doente a encontrar sentido em sua vida, pois em bastantes ocasiões – em maior ou menor graus, segundo a gravidade da doença – o enfermo o perdeu. Igualmente lhe ajudará a retirar de si, se é o caso, o sentido de culpa diante da enfermidade: o enfermo deve reconhecê-la como ela é, uma doença, e portanto, não é responsável por ela.

Se, dentre as pessoas que procuram o sacerdote em busca de ajuda espiritual, chegam pessoas que manifestam sintomas de depressão, o sacerdote deve levar em conta que sua missão é espiritual, e não médica. Por isso, não pode pretender substituir o profissional da psiquiatria, e seus conselhos devem centrar-se na vida espiritual da pessoa. Convêm, no entanto, conhecer os sintomas da depressão.

A Associação Americana de Psiquiatria afirma que os seguintes sintomas, quando têm duração de mais de duas semanas, podem conduzir a uma depressão ou referir-se já a uma pessoa em depressão:

  1. Mudança de apetite, ou sua perda e a correspondente perda de peso, ou aumento de apetite e de peso.
  2. Insônia ou excesso de sono e cansaço permanente.
  3. Falta de energia.
  4. Perda de interesse ou prazer pelas atividades que normalmente agradam a pessoa afetada.
  5. Sentimento de pouco valor pessoal, peso na consciência ou sentimento de culpa.
  6. Diminuição da capacidade de concentração e perturbação de outras atividades mentais.
  7. Pensamentos recorrentes de morte e pensamentos suicidas.

O estado de ânimo triste é um mal-estar psicológico frequente, mas sentir-se triste ou deprimido não é o suficiente para afirmar que alguém padece de depressão. Isto pode indicar um sinal, um sintoma, uma síndrome, um estado emocional, uma reação ou uma entidade clínica bem definida. Por isto é importante diferenciar entre a depressão como doença e os sentimentos de infelicidade, abatimento ou desânimo, que são reações habituais diante de acontecimentos ou situações pessoais difíceis. Numa resposta afetiva normal nos encontramos com sentimentos transitórios de tristeza e desilusão comuns na vida diária. Essa tristeza, que denominamos normal, caracteriza-se por ser adequada e proporcional ao estímulo que a origina, ter uma duração breve, e não afetar especialmente a esfera somática, ao rendimento professional ou as atividades de relação.

Segundo Salvador Cervera, professor de psiquiatria da Universidade de Navarra, “na depressão como estado patológico perde-se a satisfação de viver, a capacidade de atuar e a esperança de recuperar o bem-estar. É acompanhada de manifestações clínicas na esfera do estado de ânimo (tristeza, perda de interesse, apatia, falta de sentido de esperança), do pensamento (capacidade de concentração diminuída, indecisão, pessimismo, desejo de morte etc.), da atividade psicomotora (inibição, lentidão, falta de comunicação ou inquietude, impaciência e hiperatividade) e das manifestações somáticas (insônia, alterações de apetite e peso corporal, diminuição do desejo sexual, perda de energia, cansaço etc.). Este conjunto de sintomas põem de manifesto que nos encontramos diante de um estado patológico específico, claramente distinto da tristeza normal e que adquire formas e intensidades bem definidas. Neste sentido, estabeleceram-se diversas formas clínicas de depressão internacionalmente aceitas, que de menor à maior intensidade são: 1. Reação depressiva; 2. Transtorno depressivo maior; 3. Distimia; 4. Transtorno bipolar; 5. Transtorno depressivo orgânico; 6. Depressão melancólica; 7. Depressão psicótica. Cada uma delas com rasgos diferenciais clínicos bem estabelecidos.”

Atitude pastoral do sacerdote diante do enfermo com depressão

O Papa João Paulo II, no discurso aos participantes na Conferência Internacional sobre a depressão, em 14 de novembro de 2003, indicou que “a depressão é sempre uma provação espiritual. O papel de quem atende a uma pessoa deprimida sem uma função especificamente terapêutica consiste sobretudo em ajudá-la a recuperar a própria estima, a confiança em suas capacidades, o interesse pelo futuro, a vontade de viver. Por isso, é importante estender a mão aos enfermos, fazê-los perceber a ternura de Deus, integrá-los numa comunidade de fé e de vida na qual se sintam acolhidos, compreendidos, sustentados, numa palavra, dignos de amar e de serem amados.”

No cuidado pastoral dessa pessoa deve estar sempre presente a companhia e a eficácia da graça da adoção divina. Em Cristo, fomos reconciliados com o Pai (cfr. Rm 5, 10). Deus nos recebe e nos ama como somos: remidos por Jesus Cristo e presenteados com a presença e a graça do Espírito Santo. O sacerdote, nos casos de enfermos com depressão, deve esmerar-se em dar-lhe atenção. O primeiro conselho para o sacerdote refere-se à paciência que deve mostrar: muitas vezes essas pessoas requerem bastante atenção por parte do sacerdote. Procure, nestes casos, atendê-lo com amabilidade, ainda que nos casos mais agudos pode fazer-lhe compreender, com delicadeza, que há mais gente esperando o sacerdote. Em qualquer caso, o sacerdote deve precaver-se para dedicar-lhe mais tempo que o habitual.

O segundo conselho é a compreensão: quem padece depressão, sofre verdadeiramente, e, às vezes, bastante. E, muitas vezes, parte de seu sofrimento consiste na impossibilidade de demonstrar seu sofrimento, pois – ao não ser uma doença física – não tem sintomas mesuráveis: não se pode medir, como sim se pode medir a febre ou a profundidade de uma ferida. Parte de seu sofrimento, pois, consiste em que, por vezes, aqueles que convivem com ele não lhe compreendem ou não acreditam em seu sofrimento. Portanto, o sacerdote não porá nunca em dúvida seu sofrimento nem diminuirá sua importância. Pode, isso sim, dar-lhe argumentos sobrenaturais e ajudá-lo a levá-lo por amor de Deus.

Também é prudente, desde as primeiras vezes que se vejam, que o sacerdote comprove se ele vai ao médico: se o sacerdote pensa que ele deveria ir ao médico e não o faz, talvez devesse aconselhá-lo que vá. Se ele vai regularmente ao médico, o sacerdote deve levar em conta os conselhos dos profissionais da psiquiatria. Neste caso, pode pedir ao enfermo, dentro do âmbito da direção espiritual, que siga os conselhos do médico, ainda que lhe resultem difíceis. De todas as maneiras, impõe-se a prudência na hora de valorizar os conselhos dos médicos: um médico, para tratar a depressão, não deve dar conselhos ilícitos ou contrários à moral. Se fosse o caso, o sacerdote deverá desaconselhar que cumpra esses conselhos, e procurará orientar o enfermo a outro médico que tenha reto critério moral.

Também é recomendável fazê-lo valorizar o sentido do sofrimento como parte do plano previsto por Deus para a salvação. Fazer-lhe ver que seu sofrimento, se o oferece a Deus, tem valor. Muitas vezes, dar ao enfermo intenções concretas pelas quais oferecer seu sofrimento lhe ajuda: pelo Papa, pela Igreja, por necessidades locais ou pessoais e familiares. Quem acompanha espiritualmente o enfermo com depressão, pode sugerir-lhe que se una ao sofrimento do Senhor na Cruz, não ao sofrimento físico, mas às palavras que o Senhor pronunciou: “Meu Deus, meu Deus, por quê me abandonaste?

O enfermo com depressão com certeza é capaz de levar uma profunda vida interior. Certamente a profundidade de sua vida interior não será quantitativa, mas qualitativa. Deve-se valorizar o esforço do paciente por levar uma vida interior, sem compará-lo com a de uma pessoa saudável. Normalmente qualquer atividade lhe custa muito mais esforço que a uma pessoa sadia. Mas – ainda quando sua vida interior seja quantitativamente inferior – um enfermo com depressão não deve renunciar a ter vida de oração, e a tudo o que leva consigo uma autêntica vida interior. Ainda mais, sua vida de relação com Deus pode supor um consolo e uma referência clara para ele, e muitas vezes lhe ajudará a superar mais rapidamente a depressão.

O sacerdote, por outro lado, deve prestar atenção à família do enfermo, para ajudá-los também a eles que saibam ver a vontade de Deus no fato de que em sua família há um doente.

Escrito por Pedro María Reyes Vizcaín
Publicado originalmente em Vida Sacerdotal

Fonte: https://presbiteros.org.br/atitude-pastoral-diante-do-enfermo-com-depressao/

Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo

A efusão do Espírito Santo (Wikipédia)

Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo

(Lib. 5, cap. 2: PG 73, 751-754)            (Séc. V)

A efusão do Espírito Santo sobre todos os homens

Tendo o Criador do universo decidido restaurar todas as coisas em Cristo, dentro da mais admirável e perfeita ordem, e restituir à natureza humana sua condição original, prometeu, junto com os outros dons que daria copiosamente, conceder o Espírito Santo. Pois, de outro modo o homem não poderia ser reintegrado na posse tranquila e permanente desses dons.

Determinou, portanto, o tempo em que o Espírito Santo desceria sobre nós, isto é, o da vinda de Cristo, prometendo com estas palavras: Naqueles dias, a saber, nos dias do Salvador, derramarei meu Espírito sobre todo ser humano (Jl 3,1).

Quando esse tempo de imensa e gratuita liberalidade trouxe ao mundo o Filho Unigênito encarnado, isto é, como homem nascido de mulher, segundo a Sagrada Escritura, novamente Deus Pai nos concedeu o seu Espírito, sendo Cristo o primeiro a recebê-lo como primícias da natureza renovada. João Batista o testemunhou dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu, e permanecer sobre ele (Jo 1,32).

Afirma-se que Cristo recebeu o Espírito enquanto homem e enquanto convinha ao homem recebê-lo; embora seja Filho de Deus Pai e gerado de sua substância, mesmo antes da encarnação, e mais ainda, antes de todos os séculos, não se ofende ao ouvir Deus Pai declarar-lhe, depois que se fez homem: Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei (Sl 2,7).

O Pai diz que foi gerado hoje aquele que antes dos séculos era Deus, gerado por ele, para receber-nos em Cristo como filhos adotivos. Com efeito, toda a natureza humana se encontra em Cristo enquanto homem. Assim o Pai dá ao Filho seu próprio Espírito, a fim de que em Cristo também nós o recebamos. Por esse motivo, Cristo veio em auxílio da descendência de Abraão, como está escrito, e tornou-se em tudo semelhante a seus irmãos.

O Unigênito de Deus não recebeu o Espírito Santo para si mesmo; com efeito, esse Espírito que é seu, nos é dado nele e por ele, como já dissemos antes, pois, tendo-se feito homem, tinha em si a totalidade da natureza humana, a fim de restaurá-la toda e restituir-lhe a integridade original. Podemos ver assim – se quisermos aplicar um reto raciocínio e os testemunhos da Escritura – que Cristo não recebeu o Espírito Santo para si mesmo, mas para que o recebêssemos nele; pois é também por ele que recebemos todos os bens.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Ano Jubilar: além da Porta Santa

Porta Santa - Jubileu 2025 (vatican News)

ANO JUBILAR: ALÉM DA PORTA SANTA, ABRIR OUTRAS PORTAS

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo eleito de Macapá (AP)

Um dos símbolos mais significativos do ano jubilar é a “Porta Santa”.  Neste Jubileu de 2025, por desejo do Papa Francisco, as Portas Santas foram abertas apenas em Roma nas seguintes basílicas: São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Fora dos Muros. Uma exceção foi a abertura de uma Porta Santa no complexo penitenciário de Rebibbia, em Roma. O Papa Francisco no dia da sua abertura, fez questão de enfatizar o sentido dela: estimular o respeito pela dignidade humana, fomentar a promoção da justiça, sensibilizar para a necessidade da conversão.  As “Portas Santas” marcam o início e a conclusão do ano Santo. Mas, para melhor compreendermos o significado delas, é necessário ir além da porta material dos santuários. 

Aprofundando o sentido da “porta santa” tomaremos consciência de que ela não está simplesmente em Roma, mas em todos os lugares, em todas as instituições, povos e nações; pode estar em todas as famílias, comunidades, grupos ou em cada pessoa. A porta é uma estrutura o que nos possibilita o acesso ou a saída de um ambiente! A Porta Santa é um convite para a entrada numa experiência mais intensa de Deus e de fraternidade. A porta nos fala de entrada, de decisão, de compromisso; a porta é lugar de abertura, passagem, movimento, de acolhida e de despedida! Portanto, a abertura da Porta Santa significa um convite a fazermos uma experiência de encontro com Aquele que habita os santuários, mas sobretudo, vive em nós, que é Deus.   

Jesus disse: “Eu sou a porta. Quem entra por mim, será salvo. Entrará, e sairá, e encontrará pastagem” (Jo 10,9). Ele é o único Salvador e não há outra porta para a Salvação: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). São Pedro declarou: “Não existe salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12). A abertura da “Porta Santa” significa o convite para o encontro com Jesus Cristo, o Senhor, que nos educa para o Amor. Não adianta passar pela porta santa de um santuário se a porta do coração e da mente continuarem trancadas. 

O autêntico e eterno Bom Pastor, Jesus Cristo, nos convida a entrar no curral das suas ovelhas, a sair do isolamento, a escutar a sua voz, seguir seus passos, deixando-nos conduzir para fora (cf. Jo 10,3), que significa a prática do amor, da acolhida, da solidariedade, do perdão, da misericórdia, da compaixão, da justiça, da reconciliação. Sem o acesso a essas experiências não haverá mudança interior e nem Ano Santo! 

Sendo a porta lugar de trânsito, passar pela porta santa significa o nosso dinamismo interior de abertura, de conversão, de caminho, de proximidade, de esforço, de movimento para a entrada no dinamismo dos valores e das atitudes do Reino de Deus. Jesus convidou seus discípulos “a passar pela porta estreita” (Mt 7,13), ou seja, a serem capazes de fazer esforços pela própria salvação; pois ela é dom e responsabilidade. O amor requer esforço pessoal e, sem ele, não haverá perdão, reconciliação e nem paz!  

Enfim, da Porta Santa física dos santuários, somos chamados a passar para o cuidado de outras portas que devemos abrir para melhorar a qualidade da nossa vida. Abrindo a porta do coração nos predispomos para a amar e perdoar. Abrindo a porta da inteligência para o Espírito de Deus passamos a buscar a Sabedoria que nos leva a colocar nosso intelecto a serviço do Bem. Abrindo a porta da memória aprendemos a reconhecer os dons de Deus e a ser gratos com todos e nos exercitando na gratuidade. Abrindo as portas das mãos seremos capazes de doação pessoal, partilhar e sermos voluntários.  Escancarando a porta da esperança jamais seremos refém do pessimismo, do medo, do derrotismo e viveremos sempre com otimismo e alegria. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Ano Santo: as catacumbas como etapas do caminho jubilar

Embaixada da Itália (Foto: Vatican News)

Em vista do Ano Santo, foi apresentado em Roma um projeto para valorizar as catacumbas. Segundo o presidente da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, mons. Pasquale Iacobone, os lugares de martírio, símbolos de esperança, serão metas importantes do Jubileu, como se lê na Bula de Proclamação do Papa e no comunicado da Penitenciaria Apostólica.

Maria Milvia Morciano - Vatican News

Ao longo das ruas de Roma, os peregrinos ficam maravilhados pela grandiosidade das ruinas da cidade imperial, a rigorosidade das igrejas cristãs primitivas e também a magnificência barroca. No caminho, porém, podem se deparar ainda com lugares secretos, que não emergem do solo com mármores e pedras, que preservam, em silêncio, testemunhos antigos e intensos dos mártires, que sempre atraíram a fé dos Romeiros. Trata-se das Catacumbas, lugares que também serão protagonistas do percurso jubilar.

Aberturas especiais para o Jubileu

A Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra apresentou, na última quarta-feira, 4, no Palácio Borromeu, sede da Embaixada da Itália junto à Santa Sé, um projeto para o próximo Ano Santo. Após as saudações do Embaixador, Francesco de Nitto, de Dom Daniele Salera, bispo auxiliar de Roma, e de Svetlana Celli, presidente da Assembleia Capitolina, Mons. Pasquale Iacobone, presidente da Comissão, tomou a palavra para apresentar as principais iniciativas previstas, que, depois, compartilhou também com a mídia vaticana.

No que consiste o projeto da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra para o Jubileu?

“Enquanto aguarda os peregrinos, que virão a Roma para o Jubileu, a Pontifícia Comissão quis, antes de tudo, ampliar ao máximo as suas iniciativas. Além das Catacumbas, abertas ao público, achou oportuno também abrir outras catacumbas ou outras estruturas acolhedoras, como a de São Lourenço no Verano, com suas catacumbas subterrâneas, e as de Santa Tecla, Commodilla, Protestato e outros lugares menores, para grupos mais restritos, com o intuito de dar aos peregrinos a oportunidade de fazer suas experiências nas catacumbas, sob o ponto de vista jubilar.

Queremos dar maior valor à memória dos mártires, aos lugares dos seus martírios, testemunhas de esperança, que, certamente, serão metas importantes do Jubileu, como se lê tanto na Bula de proclamação do Jubileu como no comunicado da Penitenciaria Apostólica. Queremos enriquecer também os túmulos dos mártires com sinais particulares, por exemplo, com uma cruz do peregrino, que convida a parar diante daquele lugar, em silêncio, meditação, oração.

Depois, vamos propor outras iniciativas e eventos, que visam dar maior importância à simples visita, mediante momentos culturais, artísticos e comemorativos, como a recordação da visita que Paulo VI fez às catacumbas de Santa Domitila, em 12 de setembro de 1965. Tudo isso contribuirá para que os peregrinos possam fazer uma experiência importante do que Paulo VI afirmou ser ‘as profundas raízes da nossa fé cristã’.”

De fato, desde os primeiros Jubileus, à medida que se expandiam as diversas iniciativas das determinadas Basílicas, para que os peregrinos pudessem obter indulgências, se passava perto das catacumbas. Por exemplo, São Filipe Néri já havia retomado a prática de visitar as Sete igrejas, um itinerário que passava pelas catacumbas mais importantes, como a de São Sebastião na Via Ápia...

“No dia 25 de fevereiro de 1552, quinta-feira de carnaval, São Filipe Néri inaugurou, oficialmente, a visita às Sete igrejas, que incluíam também duas Basílicas com catacumbas: São Sebastião e São Lourenço. Além do mais, São Filipe Néri viveu um dos momentos mais importantes da sua vida, ao fazer uma experiência mística dentro das catacumbas de São Sebastião. Ali, há um cubículo, com um altar, que pode ser visitado, onde se encontra um busto de São Filipe, que recorda o êxtase místico do santo”.

Logo, este poderia ser considerado um exemplo virtuoso sobre a importância da memória dos mártires para os fiéis...

“São Filipe Neri, como todos os santos e figuras importantes da Reforma católica, depois do Concílio de Trento, retoma a história da comunidade cristã primitiva, as raízes da experiência cristã; por conseguinte, a memória dos mártires torna-se importante. Desde então, começaram as primeiras investigações e escavações das catacumbas, para valorizar a memória dos mártires.

Na nossa página, são indicadas as demais catacumbas na Itália, abertas ao público, que, normalmente, são encontradas nas rotas de peregrinação, como a Via Francigena, Bolsena e outras catacumbas no norte do Lácio. É possível que as peregrinações diocesanas, durante o Jubileu, possam incluir também as catacumbas, mais acessíveis e visitáveis”.

Durante todo o Ano Jubilar serão suspensas as visitas semestrais das Catacumbas, devido às iniciativas mais amplas, como oficinas ou encontros com as crianças. Serão previstos eventos semelhantes dedicados também aos jovens?

“Não organizaremos nada, em particular, porque sabemos que, tanto nos eventos jubilares, como nas peregrinações das dioceses e paróquias, haverá componentes infanto-juvenis e adultas. Logo, haverá, sem dúvida, algo para as crianças. Pensamos que, ao invés do Dia das Catacumbas, dirigida, em particular, aos habitantes de Roma e aos que ficarão mais alguns dias na cidade, propor o chamado ‘passaporte do peregrino das catacumbas’ intitulado "Caminho dos mártires", um pouco como acontece em Compostela: um passaporte que permite visitar a catacumba com um ingresso bem mais acessível. Ao carimbar o passaporte, entregaremos um certificado da visita às seis catacumbas romanas, com as memórias dos martírios mais antigos e significativos”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Presidente da CNBB agradece ao cardeal João Braz

Cardeal Dom João Braz de Avis (CNBB)

PRESIDENTE DA CNBB AGRADECE AO CARDEAL JOÃO BRAZ PELOS 14 ANOS À FRENTE DO DICASTÉRIO PARA A VIDA CONSAGRADA

06 de janeiro de 2025

O arcebispo de Porto Alegre (RS), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), cardeal Jaime Spengler, agradeceu o cardeal João Braz de Avis pelos 14 anos como prefeito do Dicastério para os Institutos da Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica no Vaticano.

O cardeal Aviz exerce o serviço desde 4 de janeiro de 2011, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI, tornando-se o quarto brasileiro a chefiar um departamento do Vaticano.

“Caríssimo dom João, caríssimo irmão no episcopado. Vi hoje a notícia da nomeação de uma prefeita e um pró-prefeito para o Dicastério para a Vida Consagrada. Em nome, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, eu gostaria de manifestar gratidão por sua dedicação e empenho, durante esses anos todos, à frente do Dicastério para a Vida Consagrada no mundo. Certamente, uma experiência de vida única poder acompanhar a vida consagrada em todos os continentes”, disse.

Recordando o que o Papa Francisco disse no Consistório no qual foi criado cardeal pedindo aos novos purpurados a deixarem que o título de ‘diácono’ se sobreponha ao de ‘eminência’, o presidente da CNBB reiterou o agradecimento pelo trabalho que dom Aviz desenvolveu à frente do Dicastério ao longo dos anos.

“Deus seja louvado por sua vida, pelo seu jeito simples de ser irmão e bispo. O senhor realmente, ao longo destes anos, se pôs a serviço da vida consagrada. Muito obrigado e que Deus lhe recompense por todo bem realizado”, reforçou.

Trajetória eclesial

O cardeal foi eleito, em 2007, como presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB. O cardeal também foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé e vice-presidente das Edições CNBB.

Em maio de 2010, Aviz esteve a frente da organização do XVI Congresso Eucarístico Nacional, que aconteceu em Brasília, ano do cinquentenário da capital federal.

Em 6 de janeiro de 2012, o Papa Bento XVI anunciou a sua criação como cardeal. No Primeiro Consistório Ordinário Público de 2012, realizado no dia 18 de fevereiro, recebeu o barrete cardinalício e o título de cardeal-diácono de Santa Helena fora da Porta Prenestina, na Basílica de São Pedro, pelas mãos do santo padre.

Em 2019, Aviz foi designado pelo Papa Francisco como presidente delegado do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica. Em 4 de março de 2022, durante Consistório para canonizações, realizou o optatio e passou para a ordem dos cardeais-presbíteros, mantendo sua diaconia pro hac vice.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Como surgiu a porta santa e por que ela existe na Igreja

Peregrinos cruzam a porta santa da basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma. | Daniel Ibáñez - ACI Prensa

Como surgiu a porta santa e por que ela existe na Igreja

Por Diego López Marina*

8 de janeiro de 2025

O Ano Jubilar e as portas santas são tradições profundamente enraizadas na história da Igreja. Mas de onde vêm as portas santas e que significado têm elas para os fiéis?

O padre Edward McNamara, especialista em liturgia e professor de teologia no Pontificio Ateneo Regina Apostolorum, em Roma, falou sobre sua origem e propósito à EWTN News .

Uma origem histórica e espiritual

O conceito de porta santa tem as suas raízes no século XV, na basílica de São João de Latrão, catedral de Roma.

Segundo o padre McNamara, o conceito poderia ter origem numa porta da própria basílica, onde criminosos poderiam encontrar asilo político, protegendo-se da polícia ou dos juízes.

“Tanto que o papa, num determinado momento, para evitar abusos, começou a murá-la e a cobri-la”, diz o padre McNamara, sugerindo que, com o tempo, a porta começou a adquirir um simbolismo mais espiritual.

Esse significado espiritual foi consolidado na basílica de Santa Maria di Collemaggio em L'Aquila, Itália, basílica construída em 1288 por vontade do papa Celestino V, onde começou a tradição de abrir uma porta especial em determinados momentos.

“A partir daí, no ano de 1300, o papa Bonifácio VIII se inspirou para estabelecer também a ideia da porta santa para um Jubileu”, diz o padre.

Desde então, a travessia da porta santa tem sido associada a um Jubileu “puramente espiritual”, no qual os fiéis, reunindo certas condições, podem libertar-se do peso do pecado e iniciar uma vida renovada de proximidade com Deus.

Mais que um ato simbólico

Embora a travessia da porta santa seja uma manifestação externa, o seu verdadeiro significado está na disposição interior do fiel. O padre McNamara disse que “passar pela porta santa é só uma manifestação externa de algo que está acontecendo dentro”.

Ao cruzar essa porta, o peregrino evoca o que diz o capítulo 10 do Evangelho de são João: “Eu sou a porta: quem entrar por mim será salvo e poderá entrar e sair, e encontrará pastagens”.

Por isso, o papa Francisco disse que a peregrinação à porta santa “é um convite a cumprir uma passagem, uma Páscoa de renovação, a entrar naquela vida nova que o encontro com Cristo nos oferece”.

Indulgência plenária e desapego do pecado

A graça do Jubileu inclui a indulgência plenária, que representa a remissão da pena temporal associada ao pecado. No entanto, o padre McNamara diz que esse processo exige também um compromisso interior: “A Igreja pede que não haja apego ao pecado. A fraqueza humana é uma coisa... e estar apegado a um tipo de pecado, mesmo que seja venial, é outra”.

Esse desapego implica uma renúncia sincera ao pecado, mesmo que a pessoa tenha consciência da sua fragilidade.

“Você sabe que pode cair novamente, mas não quer pecar novamente nessa área”, disse o padre ao enfatizar que se trata de “estar livre do apego”.

Segundo o liturgista, “a primeira coisa que é necessária” para obter uma indulgência “é fazer uma boa confissão de todos os pecados desde a última Confissão”. Também é fundamental receber a Sagrada Comunhão, participar na Santa Missa e rezar pelas intenções do papa, que podem incluir “um credo, algumas Ave-Marias, um Pai Nosso, uma dezena do Rosário, algo muito simples”, disse o padre.

Em última análise, a porta santa simboliza a abertura a Cristo e a possibilidade de uma conversão profunda. Como disse o padre McNamara, “o que a indulgência faz é limpar-nos, tornar-nos saudáveis ​​novamente, para que possamos começar do zero a nossa luta para seguir a Cristo e a nossa batalha para viver.

*Diego López Marina es comunicador y periodista de profesión. Es parte de ACI Prensa desde 2016 y en la actualidad se desempeña como uno de los editores web de la agencia.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/60801/como-surgiu-a-porta-santa-e-por-que-ela-existe-na-igreja

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF