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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Kuwait, Nossa Senhora da Arábia elevada a Basílica Menor

A Basílica Menor de Nossa Senhora da Arábia no Kuwait (Vatican News)

Vigário apostólico da Arábia do Norte: "É a primeira do gênero na Península. Um reconhecimento significativo de sua presença histórica, religiosa e pastoral na região."

Roberto Paglialonga – Vatican News

"Estamos felizes e gratos." Em entrevista à imprensa vaticana, por telefone, o vigário apostólico da Arábia do Norte, dom Aldo Berardi, O.S.T., expressou sua emoção ao falar sobre a elevação da Igreja de Nossa Senhora da Arábia, localizada em Ahmadi, Kuwait, à categoria de Basílica Menor, com um decreto promulgado em 28 de junho pelo Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Essa emoção vem do reconhecimento da importância histórica, religiosa e pastoral agora oficialmente reconhecida à primeira igreja do país localizada às margens do Golfo Pérsico. "Trata-se de uma paróquia antiga, agora sob a jurisdição do Vicariato Apostólico, mas fundada por iniciativa dos Carmelitas em 1948 e posteriormente construída (pela Kuwait Oil Company, ndr.) para aqueles que iam trabalhar na indústria petrolífera: há dois anos, celebramos seu 75º aniversário."

Uma igreja de grande significado espiritual e pastoral

Mas esta é também uma igreja de grande significado espiritual, porque "aqui, todos os migrantes e aqueles que vieram viver e trabalhar no país puderam e podem praticar a sua fé, colocando-a sob a proteção da Virgem Maria", explica. O edifício abriga a estátua de Nossa Senhora da Arábia — originalmente dedicada a Nossa Senhora do Carmo — que recebeu a bênção do Papa Pio XII em Roma em 1949 e a coroação em 2011 pelo cardeal Antonio Cañizares Llovera, em nome do Papa Bento XVI. É, portanto, um santuário de grande devoção, enraizado na história, explica o vigário apostólico. Além disso, não é de pouca importância "a aceitação de que aqui, numa região predominantemente muçulmana onde tais representações são proibidas, existe uma estátua mariana. Considero isso profundamente significativo".

Dom Aldo Berardi (Vatican News)

A primeira "Basílica Menor" do Golfo

Nossa Senhora da Arábia é, portanto, a primeira Basílica Menor do Golfo Pérsico: "Gostaríamos de agradecer", enfatiza Berardi, "a todos aqueles que contribuíram para alcançar este reconhecimento, desde as autoridades locais até aqueles que trabalharam durante a construção do edifício e da comunidade muitos anos atrás, às ordens religiosas que aqui trabalham há muito tempo, mantendo esta devoção, aos vigários apostólicos do Kuwait e da Arábia do Norte e, claro, à Santa Sé. Esta igreja é uma 'flor' na região: mesmo durante a guerra entre o Iraque e o Kuwait, a estátua da Virgem permaneceu como guardiã daquela pequena igreja e protetora de todos aqueles que não puderam fugir naquela época." Hoje, ela é a padroeira do Golfo e, portanto, dos vicariatos do Norte e do Sul; sua solenidade ocorre no segundo Domingo do Tempo Comum.

A fé "jovem e viva" de dois milhões de católicos

O Vicariato do Norte, que estende sua jurisdição à Arábia Saudita, Bahrein, Catar e Kuwait, há uma comunidade de pessoas provenientes de todo o mundo, especialmente das Filipinas e da Índia, mas também de muitos países africanos e europeus. Esses migrantes, em sua maioria, vêm para trabalhar. "Há cristãos de todos os ritos; podemos dizer com certeza que somos uma expressão da Igreja universal. Todas as comunidades são profundamente ligadas às suas línguas, nas quais celebram as funções religiosas, e aos seus ritos", diz Berardi. "Somos um bom número: dois milhões de católicos em todo o Vicariato do Norte (aos quais se somam um milhão do Vicariato do Sul). Quase todos são estrangeiros, mas também há vários moradores locais: há até mesmo alguns kuwaitianos que obtiveram a cidadania. Em suma, a nossa é uma comunidade viva, jovem e devota."

Participação nas celebrações do Jubileu dos Jovens

Há um toque da saudável inquietação evocada pelo Papa Leão XIV ao ver os muitos jovens, homens e mulheres, que participaram dos eventos do Jubileu dos Jovens entre o final de julho e o início de agosto. Muitos também partiram do Golfo: "Para eles, foi uma oportunidade para viver em primeira pessoa a devoção de toda a Igreja reunida. Um momento de graça e partilha, ao qual talvez nem sempre estejam acostumados, porque — embora tenhamos liberdade de culto em nossas igrejas — aqui devemos respeitar certos limites na expressão externa da fé." Por isso, ele enfatiza, "estar e caminhar ao lado de jovens de todo o mundo foi muito importante para eles. Puderam fortalecer sua fé, fazer uma pausa em oração nos locais dos mártires, participar da celebração eucarística na histórica Basílica de São Crisógono e viver a vigília e a missa com o Papa na esplanada de Tor Vergata." Depois, eles voltaram para casa e agora estão trabalhando nos preparativos para a próxima JMJ na Coreia do Sul, em 2027.

A Basílica Menor de Nossa Senhora da Arábia no Kuwait (Vatican News)

Devoção mariana e catequese para crianças

Não só isso. "Dentro e no respeito dos limites, também conseguimos organizar pequenas atividades de assistência e apoio, especialmente para os trabalhadores que passam por dificuldades. Há também movimentos, como os carismáticos, que têm uma presença muito forte, comunidades marianas e membros de ordens religiosas. Tudo gira em torno de três pilares, missa, adoração eucarística e devoção a Maria, que acompanham a catequese infantil e a formação de ministros leigos."

Decreto que aprova o título

O decreto relativo à elevação (n.º 18/25), explica um comunicado do vicariato apostólico, segue um pedido formal apresentado por dom Berardi, que reconheceu desde o início o papel único e proeminente da Igreja na vida espiritual dos fiéis católicos no Kuwait e em toda a Península Arábica. É também fruto do trabalho pastoral do clero e do conselho paroquial de Nossa Senhora da Arábia Ahmadiyya. A preparação da documentação necessária feita pelo padre capuchinho Roswin Redento Agnelo Pires e sua equipe foi crucial para o resultado. O título de Basílica Menor, prossegue o comunicado, é conferido pelo Santo Padre a igrejas de particular importância na vida litúrgica e pastoral, que se distinguem por seu valor histórico, espiritual e arquitetônico. Ela goza de um vínculo especial com a Sé de Roma e o Papa. Entre seus privilégios estão o direito de expor o símbolo papal das chaves cruzadas em seus equipamentos e estandartes, e de carregar o guarda-sol (vermelho e dourado usado antigamente para proteger o Papa do sol) e o tintinnabulum (um sino montado num mastro, que sinaliza a chegada do Papa). "O reconhecimento pela Santa Sé", conclui dom Berardi, "não é apenas uma grande honra para o nosso vicariato, mas também uma profunda afirmação da fé viva do nosso povo na Península Arábica". A data da solene celebração da proclamação da Basílica Menor será anunciada em breve.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF