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domingo, 19 de setembro de 2021

XXV DOM TEMPO COMUM - Ano B

Dom Paulo Cezar | arquibrasília

Por Dom Paulo Cezar Costa / Arcebispo de Brasília

Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos

            O Evangelho deste domingo (Mc 9, 30-37) nos apresenta Jesus em movimento: Jesus e os discípulos atravessavam a Galileia.  Mas Jesus não queria que ninguém soubesse, pois estava ensinando os seus discípulos. Este texto e outros mostram a consciência que Jesus tem de que deve formar os Seus discípulos. O discípulo é aquele, aquela que vai tomando a fisionomia de Jesus, que vai moldando a sua existência segundo Jesus.

O que Jesus ensina aos Seus discípulos? Ensina qual é o Seu caminho, onde culminará a Sua missão: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles O matarão. Mas três dias após sua morte, Ele ressuscitará” (Mc 9, 31). Jesus é o Filho do Homem e terá um destino de sofrimento e glorificação. Ele não é um messias político. O conceito de Messias trazia em si, naquele tempo, uma forte conotação política, pois Israel estava sobre o domínio de Roma e vivia uma forte efervescência de revolta contra os romanos, o que se deu pelos anos 70 d.C. Jesus mostra para os discípulos que o Seu messianismo está na linha do serviço como amor. Sua missão é aquela de fazer da Sua vida um dom de amor, um dom de serviço pela salvação de todos. Este é o caminho de Jesus.

O Evangelho sublinha a ignorância dos discípulos que não compreendiam as palavras de Jesus e tinham medo de perguntar. Não compreender e não perguntar significa a incapacidade de entrar nos mistérios do Reino de Deus, de entrar na dinâmica do Reino.

Quando chegam a Cafarnaum, estando em casa, Jesus pergunta para os discípulos: “O que discutíeis pelo caminho?”. Eles ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. Jesus, no caminho, estava ensinando que Ele era o Messias Servo, que Seu caminho era aquele do amor, do serviço. Os discípulos estavam no caminho oposto, discutindo sobre a grandeza, sobre quem era o maior. É o desejo de grandeza que existe no coração humano.

Compartilho uma historieta: conta-se que, quando o papa era eleito, um cardeal lhe apresentava uma bandeja com algodão ensopado de álcool e se colocava fogo naquele algodão que ia sendo consumido, e este gesto era acompanhado das palavras: Santidade, assim passa a glória do mundo”. Verdade ou não, o fato é que a historieta coloca, diante de nós, a fugacidade do poder, da glória deste mundo. Quem se apega à vaidade deste mundo morre com ela. É preciso entrarmos na escola da humildade, da percepção de que o poder é o serviço.

Jesus mostra que o caminho do discípulo é o do serviço: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos”. Estas palavras, acompanhadas do gesto de pegar a criança e a colocar no meio deles, mostram que o caminho do discípulo e da discípula de Jesus Cristo é aquele do serviço, do amor. Jesus foi o servo por excelência. Quem quiser servir Jesus precisa se colocar no caminho do serviço, do amor. Quem acolhe o menor é a Jesus que acolhe, e quem acolhe Jesus é ao próprio Pai que estará acolhendo. Sejam nossas vidas um caminho de serviço, não um afogar-se na própria vaidade, numa busca desenfreada por grandeza e poder. Que este evangelho nos ajude a nos colocarmos na escola do serviço, do amor.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF