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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

“A Minha Igreja”

Editora Cléofas

“A Minha Igreja”

Como a Igreja gloriosa é a consumação do Plano de Deus para a humanidade, nada mais importante do que conhecê-la, amá-la e servi-la com todas as nossas forças…

Com essas palavras Jesus se dirigiu a Pedro ao confiar-lhe o mandato de governar a Sua Igreja, deixando claro que a Igreja é “propriedade” Dele.

Na verdade, a Igreja é, por desejo de Deus, o próprio Corpo do Senhor. Ele a quis como o Seu Corpo Místico, constituído como o “Sacramento universal da salvação da humanidade” (LG, 48), isto é, o meio escolhido por Deus para salvar a todos.

Ela é o prolongamento da Encarnação de Jesus no meio dos homens, para formar, Nele, a grande família dos filhos de Deus. “A Igreja é a trajetória do Cristo através dos séculos”, como disse Denis Bourgerie. Ou ainda, “a Igreja é o Corpo do Senhor, e o ostensório do Seu Coração”, como disse Maurice Zundel. Bossuet preferiu dizer que: “A Igreja é Jesus Cristo derramado e comunicado a toda a terra”. Tudo pode ser resumido na palavra de um grande Padre do primeiro século, Santo Inácio de Antioquia (†110), ao dizer que: “Onde está o Cristo Jesus está a Igreja Católica”.

O pecado, desde a origem, dispersou a humanidade, quebrou a unidade e a comunhão dos homens com Deus, rompeu o belo plano de amor que o paraíso terrestre nos mostra.

Deus Pai nos criou para Si, para que fôssemos a Sua família, destinados a participar da Sua comunhão íntima e desfrutar Sua vida bem-aventurada. O pecado – a mais triste realidade – rompeu esse belo Plano de amor e “dispersou” os filhos de Deus, dilacerou a Sua família e feriu o próprio Deus. Por Jesus e pela Igreja, o Pai quis então refazer Sua obra e trazer de volta os seus filhos para Sua Comunhão. É nesse sentido que o Catecismo da Igreja Católica afirma que: “A convocação da Igreja é por assim dizer a reação de Deus ao caos provocado pelo pecado” (CIC, §761).

O Catecismo, já no seu início, nos ensina esta grande verdade:

“Deus, infinitamente Perfeito e bem-aventurado em si mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar de sua vida bem-aventurada. Eis por que, desde sempre e em todo lugar, está perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-lo, a conhecê-lo e a amá-lo com todas as suas forças. Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para a unidade da sua família, a Igreja” (CIC, §1).

Esse primeiro parágrafo do Catecismo contém, em síntese, a História da salvação. Deus criou a humanidade como a “sua família”; mas o pecado dispersou os seus filhos; e agora Deus os reúne novamente pela Igreja, o próprio Corpo de Jesus, enviado aos homens. É nesse contexto que sobressai toda a realidade e importância da Igreja – a família de Deus.

E o Catecismo, ainda no primeiro parágrafo, explica como Deus refaz a sua família:

“Faz isto através do Filho, que enviou como Redentor e Salvador quando os tempos se cumpriram. Nele e por Ele, chama os homens a se tornarem, no Espírito Santo, seus filhos adotivos, e portanto os herdeiros da sua vida bem- -aventurada” (CIC, §9).

É preciso analisar essas palavras com muita atenção. É pelo Filho que o Pai refaz a comunhão da humanidade consigo. O Filho se faz a Igreja (Corpo Místico de Cristo). Pelo Batismo entramos nesse Corpo, e pelo Espírito Santo nos tornamos filhos adotivos e, como consequência, herdeiros, de novo, da vida bem-aventurada de Deus, que o pecado havia cancelado. Assim, voltaremos ao Paraíso. Esta é a gloriosa história da nossa salvação que se completará pela Igreja, quando ela estiver plenamente glorificada em Deus. É por isso que Santo Agostinho dizia que: “A Igreja é o mundo reconciliado”.

Como a Igreja gloriosa é a consumação do Plano de Deus para a humanidade, nada mais importante do que conhecê-la, amá-la e servi-la com todas as nossas forças.

Quando Jesus a instituiu sobre Pedro e os Apóstolos, deixou claro que ela lhe pertence:

“Sobre esta Pedra edificarei a MINHA Igreja” (Mt 16,18).

Ela é a Esposa de Cristo, que ele ama com um amor eterno. Por ela sofreu a paixão e derramou o seu sangue. Ele a ama como um Esposo apaixonado:

“Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo, para apresentá-la a si mesmo toda glorificada, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5, 25-27).

Essas palavras expressam o amor profundo de Jesus para com a “sua” Igreja. Esse amor é tão grande e tão fundamental, que Deus quis que cada casal na terra, pelo amor mútuo, refletisse, na realidade cotidiana do matrimônio, esse amor.

É por isso que São Paulo, ao falar sobre o matrimônio aos efésios, diz que “é grande esse mistério, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja”.

A vida cotidiana do casamento nos ajuda a compreender melhor o amor de Cristo para com a sua Esposa – a Igreja – e vice-versa.

São Paulo, que entendeu profundamente essa maravilha, exortou os maridos a amarem as suas esposas, “como a seu próprio corpo” (Ef 5,28). Com isto, quer dizer também que a Igreja é o próprio Corpo de Cristo. “Quem ama a sua mulher ama a si mesmo” (v. 28). Quem ama a Igreja, ama a Cristo; é a mesma realidade.

Retirado do livro: “A Minha Igreja”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF