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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Jubileu dos Coros terá maratona de concertos no fim de semana em Roma

Jubileu dos Coros 2025 (Vatican News)

No final da tarde de sábado (22/11), primeiro dia de jubileu, 40 coros da Itália e também de outros países, como de Portugal e Equador, irão animar as missas vespertinas com breve concerto ao final. O site do Jubileu da Esperança traz o elenco de horários, paróquias e grupos que irão cantar. O encontro com o Papa Leão XIV acontece durante audiência jubilar no sábado (22/11) e na missa no domingo (23/11), ambas na Praça São Pedro e com transmissão ao vivo em português nos canais do Vatican News.

Andressa Collet - Vatican News

Jubileu dos Coros, marcado para o próximo final de semana, será o terceiro e último temático do mês de novembro, além de ser o penúltimo grande evento do Ano da Esperança já que o calendário oficial ainda prevê o Jubileu dos Detentos em 14 de dezembro. Na expectativa dos próximos dias 22 e 23 de novembro, a cidade de Roma será envolvida por concertos oficiais do Vaticano e apresentações artísticas, começando por aquele beneficente nesta quinta-feira (20/11) na Sala Paulo VI: por ocasião do Dia Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, a banda musical da Aeronáutica Militar da Itália vai promover um concerto beneficente em apoio ao Hospital Pediátrico Bambino Gesù, o Hospital do Papa. No dia seguinte está previsto outro evento institucional, desta vez organizado pelo Dicastério para a Evangelização, quando o Coro Feminino de Gori, da Geórgia, premiado internacionalmente pela excelência artística na versatilidade de gêneros - da música clássica ao jazz e à eletrônica e também tradições urbanas e folclóricas - irá se apresentar no Pantheon, às 17h30 do horário local. Já no domingo (23/11), na Basílica de Santa Maria Maior às 20h, o concerto ficará a cargo daquele que é considerado o principal coro da Igreja na Geórgia, o Coro Patriarcal da Catedral de Santa Trindade da Geórgia que em 2022 recebeu o estatuto de Coro da Câmara de Estado. O repertório inclui cantos polifónicos únicos daquele país e música contemporânea.

O Jubileu dos Coros encontra o Papa

Já as atividades jubilares dos peregrinos ficarão concentradas no final de semana. No sábado (22/11), a partir das 10h do horário italiano, 6h do horário de Brasília, o Papa vai acolhê-los na Praça São Pedro com transmissão ao vivo em português dos canais do Vatican News. Após a audiência, está prevista a peregrinação e passagem pela Porta Santa da Basílica de São Pedro. À tarde, os peregrinos poderão dar sequência às Portas Santas de São João de Latrão, São Paulo Fora dos Muros e Santa Maria Maior, com possibilidade de receber o Sacramento da Reconciliação nas basílicas jubilares.

Segundo a Feniarco, a Federação Nacional Italiana de Associações Regionais de Corais, os membros foram convidados a participar de dois diferentes momentos: o primeiro, no início da tarde, intitulada Cerimônia da Paz, reservada aos coros de crianças, adolescentes e jovens; e o segundo, à noite, na Igreja de São João Bosco, quando os coros aderentes à proposta se unirão num único grande coral para executar 4 músicas selecionadas e extraídas do Messiah de Händel com o acompanhamento de uma orquestra de Roma.

Para o final da tarde de sábado (22/11), 40 coros da Itália e também de outros países, como Portugal e Equador, irão animar as missas vespertinas. O site oficial do Jubileu da Esperança traz o elenco de horários, paróquias e grupos que irão inclusive fazer um breve concerto ao final de cada celebração eucarística. Para o domingo (23/11), Solenidade de Cristo Rei do Universo, mais um encontro com o Papa, desta vez para a celebração eucarística na Praça São Pedro: a missa começa às 10h30 na Itália, 6h30 no horário de Brasília, sempre com transmissão ao vivo com comentários em português nos canais do Vatican News.

“Este é o tempo da esperança!”

O Jubileu dos Coros está sendo organizado pelo Dicastério para a Evangelização para celebrar o poder da música sacra na vida da Igreja e valorizar o papel dos coros litúrgicos como instrumentos de evangelização e comunhão. As atividades do final de semana prometem reunir, assim, peregrinos ativos em coros de todo o mundo no coração da Igreja católica para o penúltimo jubileu temático do Ano da Esperança.

De fato, todo o período jubilar acaba sendo caracterizado por um rico calendário de eventos religiosos, culturais e sociais: além das celebrações e audiências dirigidas aos fiéis, o Ano Santo é marcado por vários “jubileus” dedicados a diferentes pessoas, identificadas com base em profissões específicas ou em seu papel dentro da família, da Igreja e da sociedade. Cada um deles prevê momentos de reflexão e espiritualidade, normalmente com uma missa conclusiva celebrada pelo Pontífice. Iniciado oficialmente pelo Papa Francisco com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro em 24 de dezembro de 2024, o Jubileu de 2025 é o 28º Jubileu da história da Igreja Católica: “irmãos e irmãs, este é o Jubileu, este é o tempo da esperança!”, disse o Pontífice argentino depois que abriu a Porta Santa, a porta da esperança escancarada para o mundo e quando Deus diz a cada um: “há esperança também para você!”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

ORTODOXO: A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja (Parte 3/3)

Bartolomeu I durante o encontro com os enviados de 30Giorni

ORTODOXO

Arquivo 30Dias nº 01 - 2004

Entrevista com Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla

A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja

"De todas as divergências entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, a que se pode compreender mais facilmente é por que e como a Igreja do Ocidente fundamentou sua esperança em sua força mundana."

Por Gianni Valente

Desde a reforma gregoriana, o desenvolvimento histórico do poder papal, aos olhos dos ortodoxos, distanciou-se do mandato confiado pelo próprio Cristo a Pedro e aos outros apóstolos. Quais são, em sua opinião, os elementos mais visíveis e substanciais desse processo?
BARTOLOMEU I: Pelo que dissemos, é evidente, acreditamos, que o espírito de Cristo, manifestado em suas palavras "Não vim para ser servido, mas para servir" e, sobretudo, em "dar a minha alma em resgate por muitos", que também deve inspirar seus apóstolos, não se expressa, segundo a percepção ortodoxa, por um poder eclesiástico centralizado.

Segundo a percepção ortodoxa, a teoria do poder de Pedro sobre os apóstolos é equivocada, pois Pedro, por um lado, era um líder, mas, por outro, era um dos apóstolos, igualmente um apóstolo, como todos os outros. A superioridade de Pedro sobre os demais apóstolos é enfatizada para justificar uma primazia de poder.

Além disso, os ortodoxos, com razão, desconfiam de todas as outras alegações papais, como a infalibilidade e os novos dogmas papais, porque, nessas alegações, veem um desvio da fé primitiva, da eclesiologia da Igreja primitiva.

Mas os efeitos negativos do cisma não se limitaram à Igreja Ocidental. Os estudiosos católicos enfatizam que, após a separação, a fragilidade das Igrejas Orientais e sua submissão estrutural aos poderes civis aumentaram. Há algo que o senhor compartilhe dessa opinião?
BARTOLOMEU I: Não, não compartilhamos dessa opinião. As Igrejas Ortodoxas Orientais nunca buscaram o poder mundano e nunca basearam sua existência e vida nele. Eles sempre se lembram do que Deus disse a Paulo: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" ( 2 Coríntios 12:9). Lembram-se também do que Cristo disse a Pilatos: Ele não pediu que doze exércitos de anjos fossem arrebatados das mãos de Pilatos.

Além disso, apesar dos esforços que por vezes são feitos para incorporar as Igrejas ao organismo estatal, bem como da tendência, por vezes emergente, para concepções nacionalistas, as Igrejas Ortodoxas denunciaram o etnofiletismo [a justificação teológica das ideologias nacionalistas, ed. como heresia e mantiveram um senso de unidade espiritual, apesar da autocefalia administrativa que existe em muitas delas.

Após séculos de afastamento mútuo, Paulo VI e Atenágoras, ao final do Concílio Vaticano II, com a declaração conjunta de dezembro de 1965, quiseram "apagar da memória da Igreja" as excomunhões de 1054. Como o senhor se lembra desse gesto e desses momentos?
BARTOLOMEU I: Foi um momento excepcionalmente comovente, que reacendeu as esperanças de progresso rumo à unidade. Infelizmente, essas esperanças não se concretizaram até hoje, embora houvesse a possibilidade de realizá-las, mas não deixamos de ter esperança, mesmo sabendo das dificuldades, como dissemos acima. Em uma carta que dirigimos recentemente a Sua Santidade o Papa João Paulo II, saudamos o aniversário do encontro em Jerusalém de nossos predecessores, o Patriarca Atenágoras e o Papa Paulo VI, como um grande evento histórico.

Atenágoras chamou esse ato de "garantia de eventos futuros". Naquele momento, muitos tiveram a impressão de que as Igrejas Católica e Ortodoxa estavam se reconhecendo novamente como uma só Igreja, inclusive na comunhão sacramental. Comparando com essa fase, como o senhor vê as últimas décadas de diálogo ecumênico?
BARTOLOMEU I: Muito pobres em resultados significativos, mas frutíferas no profundo trabalho interno das consciências. Estamos distantes da era de Atenágoras, porque estamos distantes de seu espírito visionário e fulminante. Infelizmente, os fatos testemunham que, em muitas coisas, o passado determina o futuro, assim como uma bala que sai do cano de uma arma inevitavelmente segue seu caminho predeterminado. Precisamos de grande empenho e conversão mais profunda para reverter o curso do mundo e, em particular, o caminho do cisma.

Gostaria de concluir com algumas perguntas sobre o mundo atual. Diante das guerras, ataques e da dor constante que envolve o mundo, como a fé ortodoxa vê tudo isso? Por quais critérios ela julga os acontecimentos?
BARTOLOMEU I: A Igreja Ortodoxa vê o mal de nossos tempos como uma manifestação do mal geral. Naturalmente, repudia atos terroristas, independentemente de sua origem, e ora pela paz mundial. Mas a eliminação definitiva dessas terríveis feridas da humanidade só acontecerá se amarmos o verdadeiro Deus e fizermos a Sua vontade.

Alguns continuam a falar de um choque de civilizações e a demonizar o Islã. O que a sua coexistência milenar com os muçulmanos lhe ensina?
BARTOLOMEU I: A demonização pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua religião. O próprio Evangelho diz que chegará a hora em que aqueles que matam os fiéis acreditarão que estão prestando culto a Deus. Temos exemplos bem conhecidos na história de cristãos demonizados que cometeram crimes terríveis em nome de Cristo. Consequentemente, não é o Islã em si que deve ser demonizado, mas suas interpretações fanáticas, como é precisamente o que acontece com muitas opiniões fanáticas defendidas por alguns cristãos ou seguidores de outras religiões.

Quanto às civilizações, em sociedades abertas, como as do mundo moderno, elas estão em constante diálogo umas com as outras e exercem pressões de equilíbrio. Os conflitos não são inevitáveis ​​quando as pessoas estão abertas ao diálogo cultural. Somente aqueles que rejeitam o diálogo ou o temem usam o conflito para impor visões religiosas ou culturais. O próprio Alcorão, invocado por fanáticos, proclama que a religião não pode ser imposta.

A Turquia, governada por um partido islâmico moderado, também foi atingida pelo terrorismo, depois que muitos na Europa, incluindo clérigos, se opuseram à sua admissão na União Europeia. Como o senhor vê esses eventos?
BARTOLOMEU I: Acreditamos que a perspectiva europeia da Turquia é benéfica tanto para a Turquia quanto para a Europa, como já afirmamos repetidamente. A Turquia certamente precisa compartilhar os padrões estabelecidos na Europa em relação aos direitos humanos, à liberdade religiosa e a outras liberdades, às leis da UE sobre meio ambiente, comércio e assim por diante, e é reconfortante que passos importantes tenham sido dados nessa direção. Naturalmente, muitas reformas legislativas, administrativas e sociais devem ser implementadas, algumas das quais já começaram, enquanto outras virão.

Esta é também a resposta para aqueles que se opõem à adesão da Turquia. Como sua adesão não é automática, mas controlada, ela só ocorrerá quando as condições estabelecidas pela União Europeia forem atendidas. Se essas condições forem atendidas, a diversidade religiosa da Turquia em relação à maioria dos estados europeus de base cristã não pode ser uma razão suficiente para justificar a oposição à sua adesão por parte da Europa tolerante e laica, que já abriga milhões de muçulmanos.

 O senhor virá a Roma nos próximos meses. O senhor se encontrará com o Papa? E o que o senhor dirá a ele?
BARTOLOMEU I: Nossos sinceros votos de saúde, expressando nosso amor e orações para que as condições para a união das Igrejas de Deus se concretizem em tempo oportuno.

Fim.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Cristo Rei, homilia de São Josemaria (Parte 2/3)

Cristo Rei | Opus Dei.

Cristo Rei, homilia de São Josemaria

Disponibilizamos, em áudio e texto, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

https://odnmedia.s3.amazonaws.com/image/sjm/mp3/cristo_-rei.mp3

14/11/2022

Disponibilizamos, em áudio, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

Homilia completa:

Cristo deve reinar, acima de tudo, na nossa alma. Mas que resposta lhe daríamos se nos perguntasse: como me deixas reinar em ti? Eu lhe responderia que, para que Ele reine em mim, necessito da sua graça abundantemente: só assim é que o último latejo do coração, o último alento, o olhar menos intenso, a palavra mais intranscendente, a sensação mais elementar se traduzirão num hosana ao meu Cristo Rei.

Se pretendemos que Cristo reine, temos que ser coerentes, começando por entregar-lhe o nosso coração. Se não o fizermos, falar do reinado de Cristo será palavreado sem substância cristã, manifestação externa de uma fé inexistente, manejo fraudulento do nome de Deus para barganhas humanas.

Se a condição para que Jesus reine em minha alma, na tua alma, fosse contar previamente com um lugar perfeito dentro de nós, teríamos motivos para desesperar. Mas não temas, filha de Sião: eis que o teu Rei vem montado sobre um jumentinho. Vemos? Jesus contenta-se com um pobre animal por trono. Não sei o que se passa convosco; quanto a mim, não me humilha reconhecer-me aos olhos do Senhor como um jumento: Sou como um burrinho diante de Ti; mas estarei sempre a teu lado, porque me tomaste pela tua mão direita , Tu me conduzes pelo cabresto.
Pensemos nas características do jumento, agora que vão ficando tão poucos. Não no burro velho e teimoso, rancoroso, que se vinga com um coice traiçoeiro, mas no burrinho jovem, de orelhas esticadas como antenas, austero na comida, duro no trabalho, de trote decidido e alegre.

Há centenas de animais mais belos, mais hábeis e mais cruéis. Mas Cristo escolheu esse para se apresentar como rei diante do povo que o aclamava. Porque Jesus não sabe o que fazer com a astúcia calculista, com a crueldade dos corações frios, com a formosura vistosa mas oca. Nosso Senhor ama a alegria de um coração jovem, o passo simples, a voz sem falsete, os olhos limpos, o ouvido atento à sua palavra de carinho. É assim que reina na alma.

Se deixarmos que Cristo reine na nossa alma, não nos converteremos em dominadores; seremos servidores de todos os homens.

Serviço. Como gosto dessa palavra! Servir ao meu Rei e, por Ele, a todos os que foram redimidos pelo seu sangue. Se nós, cristãos, soubéssemos servir! Confiemos ao Senhor a nossa decisão de aprender a realizar essa tarefa de serviço, porque só sentindo poderemos conhecer e amar Cristo, dá-lo a conhecer e conseguir que outros mais o amem.

Como havemos de mostrá-lo às almas? Com o exemplo: que sejamos suas testemunhas em todas as nossas atividades, mediante a nossa voluntária servidão a Jesus Cristo, porque Ele é o Senhor de todas as realidades da nossa vida, porque é a única e a última razão da nossa existência. Depois, quando tivermos prestado esse testemunho do exemplo, seremos capazes de instruir com a palavra, com a doutrina. Cristo agiu assim: Coepit facere et docere , primeiro ensinou com obras, e depois com a sua pregação divina.

Servir os outros, por Cristo, exige que sejamos muito humanos. Se a nossa vida for desumana, Deus nada edificará sobre ela, pois normalmente não constrói sobre a desordem, sobre o egoísmo, sobre a prepotência. Temos que compreender a todos, temos que conviver com todos, temos que desculpar a todos, temos que perdoar a todos. Não diremos que o injusto é justo, que a ofensa a Deus não é ofensa a Deus, que o mau é bom. No entanto, perante o mal, não responderemos com outro mal, mas com a doutrina clara e com a ação boa: afogando o mal em abundância de bem. Assim Cristo reinará na nossa alma e nas almas dos que nos rodeiam.

Alguns tentam construir a paz no mundo sem semear amor de Deus em seus corações, sem servir por amor de Deus as criaturas. Assim, como será possível realizar uma missão de paz? A paz de Cristo é a paz do reino de Cristo; e o reino de Nosso Senhor deve cimentar-se no desejo de santidade, na disposição humilde de receber a graça, numa esforçada ação de justiça, num derramamento divino de amor.

Não é um sonho irrealizável ou inútil. Se nós, os homens, nos decidíssemos a albergar o amor de Deus em nossos corações! Cristo, Senhor Nosso, foi crucificado e, do alto da Cruz, redimiu o mundo, restabelecendo a paz entre Deus e os homens. Jesus Cristo recorda a todos: Et ego, si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum , se vós me colocardes no cume de todas as atividades da terra, cumprindo o dever de cada instante, dando testemunho de mim no que parece grande e no que parece pequeno, omnia traham ad meipsum, tudo atrairei a mim. Meu reino entre vós será uma realidade.

Cristo, Nosso Senhor, continua empenhado nesta semeadura de salvação dos homens e de toda a criação, deste nosso mundo, que é bom porque saiu bom das mãos de Deus. Foi a ofensa de Adão, o pecado da soberba humana, que rompeu a divina harmonia da Criação.

Mas Deus Pai, quando chegou a plenitude dos tempos, enviou seu Filho Unigênito, que, por obra do Espírito Santo, tomou carne em Maria sempre Virgem para restabelecer a paz, para que, redimindo o homem do pecado, adoptionem filiorum reciperemus , fôssemos constituídos filhos de Deus, capazes de participar da intimidade divina; para que assim fosse concedido a este homem novo, a esta nova estirpe dos filhos de Deus , o poder de libertar todo o universo da desordem, restaurando em Cristo todas as coisas , que por Ele foram reconciliadas com Deus.

Foi para isso que nós, os cristãos, fomos chamados, essa é a nossa tarefa apostólica e a preocupação que deve consumir a nossa alma: conseguir que o reino de Cristo se torne realidade, que não haja mais ódios nem crueldades, que estendamos pela terra o bálsamo forte e pacífico do amor. Peçamos hoje ao nosso Rei que nos faça colaborar humilde e fervorosamente com o propósito divino de unir o que se quebrou, de salvar o que está perdido, de ordenar o que o homem desordenou, de levar a seu termo o que se extraviou, de reconstruir a concórdia entre todas as coisas criadas.

Abraçar a fé cristã é comprometer-se a continuar entre as criaturas a missão de Jesus. Cada um de nós tem que ser alter Christus, ipse Christus, outro Cristo, o próprio Cristo. Só assim poderemos empreender essa tarefa grande, imensa, interminável: santificar por dentro todas as estruturas temporais, levando até elas o fermento da Redenção.

Nunca falo de política. Não encaro a tarefa dos cristãos na terra como se tivesse por fim fazer brotar uma corrente político-religiosa - seria uma loucura -, nem mesmo com o bom propósito de infundir o espírito de Cristo em todas as atividades dos homens. O que é preciso situar em Deus é o coração de cada um, seja ele quem for. Procuremos falar a cada cristão, para que lá onde estiver - nas circunstâncias que não dependem apenas da sua posição na Igreja ou na vida civil, mas também do resultado das mutáveis situações históricas -, saiba dar testemunho da fé que professa, com o exemplo e com a palavra.

Por ser homem, o cristão vive no mundo com pleno direito. Se aceitar que Cristo habite em seu coração, que Cristo reine, a eficácia salvadora do Senhor estará intensamente presente em todas as suas ocupações humanas. E não interessa que sejam ocupações altas ou baixas, como se costuma dizer, pois um ápice humano pode ser aos olhos de Deus uma baixeza; e o que chamamos baixo ou modesto pode ser um ápice cristão, de santidade e de serviço.

Quando trabalha, como é de sua obrigação, o cristão não deve iludir nem esquivar-se às exigências próprias da natureza das coisas. Se pela expressão abençoar as atividades humanas, se entendesse anular ou escamotear a sua dinâmica própria, negar-me-ia a usar essas palavras. Pessoalmente, nunca me convenci de que as ocupações habituais dos homens devessem ostentar um qualificativo confessional, à moda de um letreiro postiço. Embora respeite a opinião contrária, parece-me que se correria o perigo de usar em vão o santo nome da nossa fé, e de utilizar, além disso, a etiqueta católica - como já se tem visto em certas ocasiões - para justificar atitudes e operações que, às vezes, nem sequer são honradamente humanas.

Se, à exceção do pecado, o mundo e tudo o que nele se contém é bom, por ser obra de Deus Nosso Senhor, o cristão, lutando continuamente por evitar as ofensas a Deus - uma luta positiva de amor -, deve dedicar-se a todas as realidades terrenas, ombro a ombro com os outros cidadãos; e defender todos os bens derivados da dignidade da pessoa.

E existe um bem que, de forma especial, deverá promover sempre: o da liberdade pessoal. Só se defender a liberdade individual dos outros, com a correspondente responsabilidade pessoal, poderá defender igualmente a sua própria, com honradez humana e cristã. Repito e repetirei sem cessar que o Senhor nos concedeu gratuitamente um grande dom sobrenatural, que é a graça divina; e outra maravilhosa dádiva humana, a liberdade pessoal, que - para não se corromper, convertendo-se em libertinagem - exige de nós integridade, empenho eficaz em desenvolver a conduta dentro da lei divina, pois onde se encontra o Espírito de Deus, lá se encontra a liberdade.

Continua...

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/cristo-rei-homilia-de-s-josemaria-em-audio/

Beleza oculta

Jesus nunca disse que seria fácil...(Facebook)

BELEZA OCULTA 

17/11/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de montes Belos (GO) 

Há uma beleza que se guarda e não chama atenção, nem se ostenta, apenas existe. Uma beleza que mora no brilho de olhos distraídos, na paz que visita o coração no meio do dia, na pequena alegria que resiste ao castigo do tempo. Uma beleza que prefere o que está esquecido e encostado nas coisas gastas. 

Essa beleza conhece as feridas. Sabe que toda cicatriz é desenho de retorno, linhas que mostram por onde a vida passou antes de voltar do abismo.  

O Evangelho de Lucas mostra uma cena em que essa beleza parece ausente. Alguns apontavam, admirados, a grandeza do templo, as pedras imensas, os adornos, o esplendor visível. Jesus ouve e responde com uma frase que parece contrariar a admiração: “não ficará pedra sobre pedra”. É como se dissesse que aquilo que os olhos chamam de definitivo não suporta o peso do tempo. E Ele continua, enumerando guerras, revoluções, abalos, fome, perseguições, traições. Coisas não estranhas à história, pois reaparecem, século após século, com novos nomes e as mesmas feridas. 

É fácil imaginar que num mundo assim a beleza seja apenas luxo. Mas é justamente aí que ela mostra sua força. As pedras caem, as estruturas se movem, o chão treme, e no entanto há um olhar que aprende a não se assustar. 

A beleza é esse olhar! Sem negar a gravidade dos acontecimentos, ela se recusa a deixar que eles sejam a conclusão. Sem se opor ao real, ela apenas o aprofunda, abrindo uma fissura na dureza da vida. 

Jesus não promete um caminho fácil, nem uma caminhada plaina. Fala de prisões, incompreensões, ódio, famílias divididas. Mas, dentro desse cenário, oferece um dom que não se compra. 

Palavras e sabedoria que ninguém consegue silenciar, cuidado minucioso que conta até os fios de cabelo, uma promessa de que a vida não será perdida. É como se dissesse que, enquanto as estruturas visíveis desabam, outra construção silenciosa se ergue por dentro.  

A beleza que vem de Cristo é resistência luzente. Ele não se apresenta como um ornamento do templo, e sim como o próprio Templo que permanece quando todas as paredes caem. 

Um dia, essa mesma beleza subiu um monte. Não levava nenhum adorno, mas o peso manso de uma autoridade que ninguém podia contestar. A multidão se aproximou, carregando seus medos, suas faltas, suas perguntas. Então Ele se sentou, e o mundo teve a sensação de que, por um instante, respirava com mais profundidade. A voz que anunciou a queda das pedras também revelou o que permanece quando tudo cai. 

Ele começou a falar de felicidade, mas não daquela que se mede pelo sucesso ou pela ausência de problemas. 

Falou dos pobres de espírito, daqueles que não se bastam e deixam lugar para Deus, e ali revelou que o Reino escolhe essa casa humilde para morar. 

Falou dos que choram, e não prometeu que nunca mais haveria lágrimas, mas disse que deles é o consolo, como se cada pranto pudesse ser colhido pela mão de alguém que conhece o peso da dor. Falou dos mansos e mostrou que a terra, tantas vezes violenta, reconhece e confia na leveza. 

Falou dos que têm fome e sede de justiça, não como idealistas, mas como gente que traz no peito a impaciência de Deus diante da injustiça; a esses prometeu saciedade, como quem garante que o mundo não ficará alquebrado para sempre 

Falou dos misericordiosos, que se arriscam a perdoar quando tudo pede vingança, e revelou que o coração que se abre dessa maneira acaba encontrando uma medida nova de misericórdia. Falou dos puros de coração, não como perfeitos sem manchas, mas como aqueles que permanecem inteiros, sem duplicidade, e disse que esses verão a Deus, como se a própria beleza divina estivesse escondida na simplicidade do olhar limpo. 

Falou dos que promovem a paz, não como diplomatas nacionalistas, mas como artesãos que costuram tecidos rasgados; chamou-os filhos de Deus, como se a paz fosse a assinatura do Pai em suas vidas. E, por fim, falou dos perseguidos por causa da justiça, daqueles em quem o mundo descarrega sua fúria, e afirmou que deles é o Reino dos céus. 

Nele, a beleza escondida no mundo ganhou rosto, voz e forma. Tudo o que estava disperso, tudo o que aparecia como sussurro em meio ao barulho das catástrofes, tudo o que se insinuava como esperança em meio ao medo, reuniu-se naquela fala sobre o monte. A beleza não era mais uma presença tímida em cantos discretos da vida. Ela estava ali, sentada, falando, revelando que o verdadeiro esplendor é a vida transformada em bem-aventurança. 

Desde então, a beleza mais resplandecente é o próprio Cristo, que atravessa o tempo como uma promessa viva. Nele, o mundo ferido encontra o seu contorno e a vida descobre que não é forjada para terminar em ruínas. Nele, toda catástrofe perde o direito de decidir. E, quando a sua voz ecoa no coração, é como se a nascente escondida sob a pedra e colunas viesse à tona, e das ruínas do templo devastado emerge uma beleza como nunca se havia visto. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Padre Mario Pezzi, doutor honoris causa em Teologia pela UCAM

Padre Mario Pezzi na Solene Eucaristia presidida pelo Exmo. e Revmo. Mons. José Manuel Lorca ©UCAM.

Padre Mario Pezzi, doutor honoris causa em Teologia pela UCAM

13 novembro 2025

CncMadrid

No Caminho Neocatecumenal, suas catequeses sobre o Magistério da Igreja, a serviço da evangelização, formaram gerações de pessoas em todo o mundo.

Na quinta-feira, 13 de novembro, o Padre Mario Pezzi, presbítero da Equipe Internacional do Caminho Neocatecumenal, recebeu o título de doutor honoris causa em Teologia pela Universidade Católica de San Antonio de Murcia (UCAM): um reconhecimento por seus méritos extraordinários, especialmente na atividade de pesquisa e formação no Magistério da Igreja, por meio das catequeses que, durante décadas, tem dado às comunidades Neocatecumenais.

Padre Mario Pezzi, Doutor Honoris Causa, @UCAM.

O título foi concedido durante a cerimônia de abertura do Ano Acadêmico 2025–2026, no Mosteiro dos Jerônimos (um complexo monástico do início do século XVIII, conhecido como o Escorial de Múrcia e declarado monumento nacional), onde está sediada a UCAM. A cerimônia contou com a presença de Mons. D. José Manuel Lorca Planes, Bispo da Diocese de Cartagena-Múrcia, da Presidente da UCAM, María Dolores García Mascarell, da Magnífica Reitora, Doutora Josefina García Lozano, de diversas autoridades civis e religiosas e de numerosos irmãos do Caminho Neocatecumenal da Itália e da Espanha.

A sabedoria — da qual a primeira leitura da liturgia do dia fazia um elogio — foi a pauta de todo o evento, que se iniciou com uma solene Celebração Eucarística presidida pelo bispo da diocese. Seguiu-se o Ato Acadêmico com o discurso da Magnífica Reitora (que falou de um “evento histórico, de enorme significado e de grande profundidade”), e a Laudatio, pronunciada por Dom José Alberto Cánovas Sánchez, vice-reitor da Universidade, e por Mons. Segundo Tejado Muñoz, presbítero itinerante.

Kiko Argüello, Padre Mario Pezzi e a Serva de Deus Carmen Hernández. Os Alpes, ano do Senhor de 1971 | neocatechumenaleiter.

Dom José Alberto Cánovas destacou o extraordinário trabalho de pesquisa e de formação realizado pelo Padre Mario em uma ampla gama de temas: a fundamentação racional da antropologia teológica, a doutrina social, a moral, a eclesiologia, os sacramentos e a escatologia. Tudo isso representa uma profunda contribuição a serviço da evangelização, “com o objetivo de oferecer às comunidades os elementos que as ajudem a dar razão da fé professada e vivida e, também, tornar acessível o Magistério da Igreja”. “Dar razão da esperança significa entrar em contato com os afastados e suas formas de pensamento”, explicou o Vice-reitor. Desde os primórdios do Caminho Neocatecumenal, o Padre Mario reconheceu o carisma de seus iniciadores, Kiko e Carmen, que, junto a ele, “tornaram possível a fé em gerações destinadas à apatia existencial e à ausência absoluta do próprio Ser”. Com suas catequeses sobre o Magistério, ano após ano nas convivências de início de curso, tem instruído na fé gerações de cristãos dos cinco continentes. São centrais em suas reflexões: o matrimônio e a família, o amor e a sexualidade; temas cruciais para a formação de milhares de casais do Caminho Neocatecumenal. Pessoas de diferentes idades, origens e culturas foram introduzidas aos documentos do Concílio Vaticano II e ao descobrimento da Teologia do Corpo; catequeses que fizeram crescer nelas o amor pelo Santo Padre e pela Igreja. “Em todas as suas pesquisas há um rigor extraordinário, uma clareza de pensamento e uma profunda assimilação do Magistério da Igreja, colocados a serviço da Evangelização”.

 neocatechumenaleiter.
 neocatechumenaleiter.
Chegada do Padre Mario Pezzi e início do ato de investidura ©UCAM

A concessão do doutorado honoris causa seguiu o cerimonial tradicional da investidura: a Magnífica Reitora entregou ao Padre Mario o Título e a Medalha de Doutorado, atestando “a alta dignidade da distinção”. Em seguida, o sacerdote recebeu o Livro da Sabedoria e a Lei de Deus, com o convite a conservá-los como símbolo de tudo o que deve aprender e ensinar. Outras insígnias que lhe foram confiadas incluíram: o “birrete de laureado”, “antigo e venerado emblema da profissão docente”, que usará “como coroa” de seus estudos e méritos; o “anel da antiguidade”, emblema do privilégio de assinar e selar as opiniões, pareceres e censuras de sua ciência e profissão; e, por fim, as luvas brancas, “símbolo da pureza e da fortaleza que as mãos devem preservar”, sinais de seu grau e alta dignidade.

Em seguida, o Padre Mario Pezzi pronunciou sua Lectio Magistralis, na qual, em primeiro lugar, destacou a obra do Senhor em sua vida. Sua primeira lembrança foi dedicada a José Luis Mendoza Pérez, fundador da UCAM, por quem pediu ao Senhor a recompensa pelos esforços na construção dessa obra eclesial. O recém-doutorado agradeceu à Universidade pela concessão da distinção e pelo trabalho de formação espiritual e integral dos jovens.

Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM
Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM
Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM
Investidura como Doutor Honoris Causa do Padre Mario Pezzi ©UCAM

Entre as datas lembradas em seu discurso, o Padre Mario destacou o ano de 1984, quando foi convidado por Kiko e Carmen “a preparar uma catequese sobre a Encíclica Humanae Vitae do Papa São Paulo VI”. “Desde então, até agora – observou – pude prestar esse serviço aos irmãos”. Outro pilar de sua formação tem sido o Concílio Vaticano II. Os iniciadores do Caminho Neocatecumenal – sublinhou – tiveram a inspiração de fundá-lo “sobre os três pilares do Concílio Vaticano II”: as constituições apostólicas Lumen gentiumSacrosanctum concilium e Dei Verbum”. Esse é o tripé sobre o qual se baseia esta Iniciação Cristã: Comunidade, Liturgia e Palavra.

«Vivi este caminho da minha vida — concluiu o Pe. Mario — com a consciência de que não foi obra minha, mas que a Graça que vem do alto guiou a minha existência de maneira misteriosa, oculta e maravilhosa, como é a vida de todo cristão. Em seguida, o seu desejo: “Apaixonemo-nos pela Sabedoria de Deus! É esse espírito ágil, que penetra nas almas e forma amigos de Deus”.

Após a Lectio Magistralis, a Presidente da UCAM convidou o novo Doutor a prestar juramento diante da Cruz e sobre o Santo Evangelho. O abraço fraterno dado ao Padre Mario pelos membros da comunidade acadêmica, honrados e alegres por serem seus irmãos e colegas, foi o último momento da solene cerimônia. Um gesto de comunhão que marcou sua admissão ao Colégio de Doutores da UCAM, coroando uma manhã repleta de significado, mas não apenas isso.

Juramento ©UCAM
Juramento ©UCAM

Como destacou o Padre Segundo Tejado em sua intervenção, a concessão do doutorado honoris causa coroa uma vida dedicada, desde a juventude, à sua vocação: a evangelização. A inquietação do jovem presbítero encontrou resposta no encontro com o carisma do Caminho Neocatecumenal. “E o Padre Mario o está servindo como um fiel guardião, a exemplo de São José, com uma presença profunda que educa e sustenta tantos irmãos no caminho da fé em todo o mundo”.

 ©UCAM.
Padre Mario Pezzi e Padre Segundo Tejado durante o ato ©UCAM.
Kiko Argüello, Padre Mario Pezzi e María Ascensión, Paris, ano do Senhor de 2019 | neocatechumenaleiter

S.S. o Papa Leão XIV e o Padre Mario Pezzi. Audiência de 5 de junho de 2025 | neocatechumenaleiter

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/pt-br

ORTODOXO: A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja (Parte 2/3)

O Patriarca Bartolomeu I, ladeado por 12 metropolitas do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, durante a liturgia | 30Giorni.

ORTODOXO

Arquivo 30Dias nº 01 - 2004

Entrevista com Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla

A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja

"De todas as divergências entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, a que se pode compreender mais facilmente é por que e como a Igreja do Ocidente fundamentou sua esperança em sua força mundana."

Por Gianni Valente

Historiadores católicos observam que já existiam tensões entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente durante o primeiro milênio, especialmente em relação ao papel do Papa. Portanto, o primeiro milênio não deve ser descrito como uma espécie de era de ouro. O senhor concorda com essa avaliação?
BARTOLOMEU I: O mundo em que a Igreja, em seu contexto histórico, vive é um campo de treinamento, não um lugar de repouso. Durante o primeiro milênio, a Igreja enfrentou centenas de heresias e desvios ou lapsos de todos os tipos por parte de grupos de fiéis. Portanto, ninguém que conheça os fatos pode definir o primeiro milênio da Igreja como sua era de ouro, e as relações entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente durante o primeiro milênio também não foram isentas de problemas.

No entanto, durante o primeiro milênio, o vínculo de paz e unidade de fé foi mantido entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, pelo menos em questões fundamentais, porque os desvios, embora tivessem se manifestado cedo, ainda não eram considerados incuráveis. O diálogo era ativo, mantendo um senso de unidade e comunhão, confirmado no Corpo e Sangue de Cristo — isto é, nos sacramentos — enquanto todos os esforços eram feitos para eliminar os desvios.

Infelizmente, esses esforços foram infrutíferos e, no fim, prevaleceu o movimento oposto: o acirramento das diferenças e o cisma, como já mencionamos. Consequentemente, o primeiro milênio, embora não tenha sido uma era de ouro para as relações entre Oriente e Ocidente, foi, no entanto, uma era de comunhão espiritual, e isso é muito importante.

Segundo o Cardeal Kasper, as excomunhões mútuas entre o Patriarca Cerulário e o Legado Papal Humberto da Silvacandida não foram um cisma entre duas Igrejas, mas uma excomunhão "entre dois homens idosos e obstinados da Igreja, ambos os quais cometeram erros e cujas ações tiveram consequências que ultrapassaram as controvérsias de seu próprio tempo". O senhor concorda com essa avaliação?
BARTOLOMEU I: Não exatamente. Já explicamos que os anátemas de 1054 foram um episódio de pouca importância em si mesmos, mas resultaram de um longo processo, a ruptura de uma inflamação purulenta de longa duração. Seus indivíduos e seus caracteres certamente desempenharam seu papel, mas não foram esses os fatores que determinaram o curso da história da Igreja. As forças que determinaram esse curso foram mais profundas, mais amplas, mais espirituais e mais eficazes. Elas diziam respeito a populações e mentalidades inteiras, não a indivíduos isolados, mesmo aqueles influentes na hierarquia civil ou eclesiástica, e em todo caso não se referiam às suas reações isoladas e imprevisíveis.

Se os cristãos do Oriente e do Ocidente não estivessem já espiritualmente distantes uns dos outros, os atos de Cerulário e Humberto teriam sido revogados por seus sucessores imediatos. O fato de terem permanecido em vigor por um milênio atesta o espírito comum predominante que aprovou o cisma como expressão da diversificação espiritual existente.

Bartolomeu I abraça o Cardeal Walter Kasper, chefe da delegação enviada pela Santa Sé a Istambul para a festa patronal do Patriarcado Ecumênico | 30Giorni.

Além disso, esse sentimento de diversificação espiritual entre Oriente e Ocidente, ou, em outras palavras, entre os mundos católico romano e protestante, por um lado (já que esses dois mundos sentem uma afinidade mais profunda entre si, apesar de suas divergências), e o mundo ortodoxo, por outro, é reconhecido e proclamado até mesmo pelos maiores intelectuais da era moderna.

O teólogo dominicano Yves Congar observou que, mesmo depois de 1054 e até o Concílio de Florença em 1431, houve tantos casos de comunhão que não se podia falar de uma ruptura total. O que tornou a separação "provisoriamente definitiva" nos séculos que se seguiram?
BARTOLOMEU I: Uma ruptura espiritual que envolve milhões de fiéis e continentes inteiros não ocorre da noite para o dia, nem mesmo de forma uniforme. A doença e a consequente ruína não atacam todas as células simultaneamente. É, portanto, bastante compreensível que elementos de comunhão tenham sido preservados local e temporariamente. Mas isso não altera a situação geral, que, infelizmente, continuou a piorar.

Em 1204, Constantinopla foi saqueada de forma desumana e bárbara, como se fosse uma cidade de infiéis e não de pessoas da mesma fé cristã. Uma hierarquia eclesiástica latina foi instalada nela e em muitas outras cidades, como se a Igreja Ortodoxa não fosse cristã. Proclamou-se que fora da Igreja papal não há salvação, o que significava que a Igreja Ortodoxa não salva. Um esforço maciço dos francos para latinizar a Igreja Ortodoxa Oriental foi iniciado e implementado sistematicamente.

Esse comportamento severo ampliou o abismo psicológico entre o Oriente e o Ocidente, resultando na situação atual, em que muitas Igrejas Ortodoxas, unanimemente ou em sua maioria, questionam a sinceridade das intenções unionistas da Igreja Católica Romana em relação à Igreja Ortodoxa e desconfiam da esperança de alcançar um resultado unionista por meio do diálogo. Elas veem essa tentativa como uma forma de absorver e subjugar os ortodoxos ao Papa. Nós, pessoalmente, sempre consideramos o diálogo útil e esperamos que ele dê frutos, mesmo que amadureçam lentamente. Para além dos esforços humanos de boa vontade, contamos com a iluminação do Espírito Santo, com a graça divina, que sempre cura das enfermidades e supre o que falta.

Umberto da Silvacandida foi um representante dos inovadores da Igreja Ocidental que iniciaram a reforma gregoriana. Por que esse movimento levou a um distanciamento e a uma ruptura entre a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental?
BARTOLOMEU I: A reforma gregoriana provocou reações na Igreja Ortodoxa e em seus fiéis devido ao espírito que inspirou sua implementação (um espírito de autoritarismo, poder e ações unilaterais que subvertiam as tradições). As reações foram contra a dominação espiritual, contra a escravidão espiritual, contra o autoritarismo espiritual. Poderíamos dizer, em geral, que as reações derivaram do senso de liberdade pessoal, que é familiar à civilização ortodoxa oriental.

Continua...

Fonte: https://www.30giorni.it/

Cristo Rei, homilia de São Josemaria (Parte 1/3)

Cristo Rei | Opus Dei.

Cristo Rei, homilia de São Josemaria

Disponibilizamos, em áudio e texto, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

https://odnmedia.s3.amazonaws.com/image/sjm/mp3/cristo_-rei.mp3

14/11/2022

Disponibilizamos, em áudio, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

Homilia completa:

Termina o ano litúrgico, e no Santo Sacrifício do Altar renovamos ao Pai o oferecimento da Vítima, Cristo, Rei de santidade e de graça, Rei de justiça, de amor e de paz, como dentro de pouco leremos no Prefácio. Todos sentimos na alma uma imensa alegria ao considerarmos a santa Humanidade de Nosso Senhor: um rei com coração de carne, como o nosso; que é o autor do universo e de cada uma das criaturas, e que não se impõe com atitudes de domínio, mas mendiga um pouco de amor, mostrando-nos em silêncio as suas mãos chagadas.

Como é possível, então, que tantos o ignorem? Por que se ouve ainda esse protesto cruel: Nolumus hunc regnare super nos , não queremos que Ele reine sobre nós? Há na terra milhões de homens que se defrontam assim com Jesus Cristo, ou melhor, com a sombra de Jesus Cristo, porque, na realidade, o verdadeiro Cristo, não o conhecem, nem viram a beleza do seu rosto, nem perceberam a maravilha da sua doutrina.

Diante desse triste espetáculo, sinto-me inclinado a desagravar o Senhor. Ao escutar esse clamor que não cessa, e que se compõe não tanto de palavras como de obras pouco nobres, experimento a necessidade de gritar bem alto: Oportet illum regnare! , convém que Ele reine.

Muitos não suportam que Cristo reine. Opõem-se a Ele de mil formas: nas estruturas gerais do mundo e da convivência humana; nos costumes, na ciência, na arte. Até mesmo na própria vida da Igreja! Eu não falo - escreve Santo Agostinho - dos malvados que blasfemam contra Cristo. São raros, com efeito, os que blasfemam com a língua, mas são muitos os que blasfemam com a conduta.

Alguns incomodam-se até mesmo com a expressão Cristo-Rei: por uma superficial questão de palavras, como se o reinado de Cristo pudesse confundir-se com fórmulas políticas; ou porque a confissão da realeza do Senhor os levaria a admitir uma lei. E não toleram a lei, nem mesmo a do entranhável preceito da caridade, porque não querem aproximar-se do amor de Deus: são os que ambicionam servir apenas o seu próprio egoísmo.

O Senhor impeliu-me a repetir, desde há muito tempo, um grito silencioso: Serviam!, servirei. Que Ele nos aumente as ânsias de entrega, de fidelidade à sua chamada divina - com naturalidade, sem ostentação, sem ruído -, no meio da rua. Agradeçamos-Lhe do fundo do coração. Elevemos uma oração de súditos, de filhos!, e a nossa língua e o nosso paladar experimentarão o gosto do leite e do mel, e nos saberá a favo cuidar do reino de Deus, que é um reino de liberdade, da liberdade que Ele nos conquistou.

Gostaria que considerássemos como esse Cristo - terna criança -, que vimos nascer em Belém, é o Senhor do mundo: pois por Ele foram criados todos os seres nos céus e na terra; Ele reconciliou todas as coisas com o Pai, restabelecendo a paz entre o céu e a terra, por meio do sangue que derramou na Cruz. Hoje Cristo reina à direita do Pai, como declararam os dois anjos de vestes brancas aos discípulos atônitos que contemplavam as nuvens, depois da Ascensão do Senhor: Homens da Galiléia, por que estais aí olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado ao céu, virá do mesmo modo como acabais de vê-lo subir ao céu.

Por Ele reinam os reis , com a diferença de que os reis, as autoridades humanas, passam; e o reino de Cristo permanecerá por toda a eternidade, seu reino é um reino eterno e seu domínio perdura de geração em geração.

O reino de Cristo não é um modo de falar nem uma figura de retórica. Cristo vive também na sua condição de homem, com aquele mesmo corpo que assumiu na Encarnação, que ressuscitou depois da Cruz e que subsiste glorificado na Pessoa do Verbo, juntamente com a sua alma humana. Cristo, Deus e homem verdadeiro, vive e reina, e é o Senhor do mundo. Só por Ele se conserva com vida tudo o que vive.

Mas, então, por que não se apresenta agora em toda a sua glória? Porque o seu reino não é deste mundo , embora esteja no mundo. Replicou Jesus a Pilatos: Eu sou rei. Para isso nasci: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que pertence à verdade escuta a minha voz. Os que esperavam do Messias um poderio temporal, visível, enganavam-se, porque o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, paz e gozo no Espírito Santo.

Verdade e justiça; paz e gozo no Espírito Santo. Esse é o reinado de Cristo: a ação divina que salva os homens e que culminará quando a História terminar e o Senhor, que se senta no mais alto do Paraíso, vier julgar definitivamente os homens.

Quando Cristo inicia a sua pregação na terra, não oferece um programa político, mas diz simplesmente: Fazei penitência, porque o reino dos céus está próximo. Encarrega os discípulos de anunciarem essa boa nova , e ensina a pedir na oração o advento do reino. Eis o reino de Deus e a sua justiça: uma vida santa; isso é o que temos que procurar em primeiro lugar , a única coisa verdadeiramente necessária.

A salvação pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo é um convite dirigido a todos: O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as núpcias de seu filho e enviou os criados a chamar os convidados para as bodas. Por isso, o Senhor revela que o reino dos céus está no meio de vós.

Ninguém é excluído da salvação, se livremente abre as portas às amorosas exigências de Cristo: nascer de novo , tornar-se semelhante às crianças, com simplicidade de espírito , afastar o coração de tudo o que afasta de Deus. Jesus quer fatos, não apenas palavras , e um esforço denodado, porque somente os que lutarem serão merecedores da herança eterna.

A perfeição do reino - o juízo definitivo de salvação ou de condenação - não se dará na terra. O reino agora é como uma semente , como o grão de mostarda em crescimento ; seu fim será como a pesca com rede de arrastão, da qual - uma vez trazida para terra - serão retirados para diferentes destinos os que praticaram a justiça e os que cometeram a iniquidade. Mas, enquanto aqui vivemos, o reino assemelha-se ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até que toda a massa ficou fermentada.

Quem compreende o reino que Cristo propõe, percebe que vale a pena arriscar tudo para consegui-lo: é a pérola que o mercador adquire à custa de vender tudo o que possui, é o tesouro achado no campo. O reino dos céus é uma conquista difícil, e ninguém tem a certeza de alcançá-lo ; mas o clamor humilde do homem arrependido consegue que as suas portas se abram de par em par. Um dos ladrões que foram crucificados com Jesus suplica-lhe: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E Jesus respondeu-lhe: em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.

Como és grande, Senhor nosso Deus! Tu és quem dá à nossa vida sentido sobrenatural e eficácia divina. Tu és a causa de que, por amor de teu Filho, possamos repetir com todas as forças do nosso ser, com a alma e com o corpo: Convém que Ele reine!, enquanto ressoa a canção da nossa fraqueza, pois sabes que somos criaturas - e que criaturas! - feitas de barro, não apenas nos pés , mas também no coração e na cabeça. De forma divina, vibraremos exclusivamente por Ti.

Continua...

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/cristo-rei-homilia-de-s-josemaria-em-audio/

Como saber qual é a vontade de Deus para a minha vida?

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Aleteia Brasil - publicado em 21/08/22 - atualizado em 18/11/25

Duas coisas são necessárias para transformar uma vida.

Muitas pessoas fazem essa pergunta: o que Deus quer que eu faça? Qual a vontade de Deus para a minha vida? Que profissão devo seguir? Qual a minha vocação? Todos nós passamos por esse momento de decisão.

Alguém disse que “a primeira vitória de um homem foi ter nascido”. De fato, esta é a maior graça; como disse São Paulo, “Deus nos desejou em Cristo antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,4). São Paulo exortava os efésios a que levassem “uma vida digna da vocação à qual fostes chamados” (Ef 4,1).

Portanto, qualquer que seja a nossa atividade ou estado de vida, o mais importante é valorizar a vida, dom precioso de Deus.

O nosso Catecismo diz que “o homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso” (§44) e o Papa João Paulo II disse certa vez: “Não tenhais medo da santidade, porque nela consiste a plena realização de toda a autêntica aspiração do coração humano” (L’Osservatore Romano, 7/4/96).

Mas, a busca da santidade não está desatrelada da vida cotidiana, muito ao contrário, é inserida nela que se realiza. É no mundo do trabalho, da família, da ciência, da política, etc., que a vocação à santidade deve se realizar. Jesus pediu ao Pai: “Pai, não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal…” (Jo 17,15).

Já vimos que o “o trabalho não é uma penalidade, mas sim a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível” (§378).

Portanto, é necessário que cada um, com os talentos que Deus lhe deu, escolha e viva bem a sua profissão, e realize a sua vocação. Sabemos o quanto Jesus enfatizou a importância de não enterrar os talentos que Deus nos deu. Ele nos pedirá contas do que fizemos com eles.

O mais importante

Qualquer que seja a profissão a se escolher, esta deve estar a serviço do amor a Deus e ao próximo. E a primeira maneira de amar bem é trabalhar bem, pois assim estaremos servindo bem os outros. O Papa Paulo VI disse que “o amor é a vocação fundamental do ser humano” (Persona humana, 7).

É preciso que cada um de nós encontre o seu lugar, tanto na sociedade quanto na Igreja, sem desperdiçar a vida, o tempo e os talentos, pois os outros precisam de nós. Acumula méritos diante de Deus quem “faz o bem sem olhar a quem”. Ninguém pode se sentir inútil ou desnecessário neste mundo, pois para todos Deus tem uma missão, seja solteiro ou casado.

“Quem não vive para servir não serve para viver”, diz um ditado. Amar é servir; e é isso que nos faz felizes e santos. Fazer o bem faz bem. Dom Bosco disse que “Deus nos colocou neste mundo para os outros”. Charlie Chaplin disse que “O homem não morre quando deixa de viver, morre quando deixa de amar”.

No amor está a força da vida. Amar é dar-se; de maneira espontânea, voluntária e desinteressada; muito mais do que dar coisas aos outros, é dar-se a si mesmo; sua dedicação, seu tempo, seu coração.

Só o amor constrói o homem e o mundo. Ele nunca morre ou acaba, mesmo que seja pregado numa Cruz. A razão da frustração do homem pós-moderno é que ele dominou o mundo e as estrelas, mas não aprendeu a amar o irmão que está a seu lado. Só uma vitória do amor pode dar paz e felicidade ao mundo.

Há muitas pessoas que ainda são más porque ainda não fizeram a experiência do amor; nunca foram suficientemente amadas. “O amor é a asa que Deus deu à alma, para que possa subir até ele”, disse Michelangelo. A falta de amor desintegra o homem e a humanidade.

Deus se dá aos que doam

Sabemos que a árvore que retiver os seus frutos perece. É preciso ser como a árvore, saber dar os seus frutos a qualquer um que se achega. Deus se dá aos que doam. Ninguém é pobre e infeliz quando ama. Nos enriquecemos pelo que damos, muito mais do que pelo que temos. O verdadeiro amor começa onde não espera nada em troca.

Mas para que você possa se dar, é preciso que você se possua. Ninguém dá o que não tem; ninguém dá aquilo que não possui; se você não se possui, não se domina, não têm o controle sobre as suas paixões, então, será difícil se doar aos outros. Esta é uma razão clara porque muitos são egoístas.

Alguém disse: Procurei a mim não me encontrei, procurei a Deus e não o encontrei, procurei o meu irmão e achei os três.

Amar é uma decisão consciente de ir ao encontro dos outros e dar-se a eles. Isto faz você feliz. Tudo aquilo que você encontra em seu caminho deve ser olhado como uma oportunidade de amar. O verdadeiro amor torna-nos livres porque nos liberta das coisas e de nós próprios.

Amar não é uma opção de momento, mas uma opção de cada momento. Não é um ato sentimental, é uma decisão. Jesus mandou que nos amássemos como Ele nos amou. E como Ele nos amou? Numa cruz. Não há nada de romântico e sensual numa cruz; mas há uma decisão.

Jesus Cristo

O único “Império” que sobreviveu dois mil anos foi o que Jesus Cristo fundou sobre o amor, e até hoje milhões morreriam por ele. Só dura para sempre o que é feito por amor. O amor regozija-se com a felicidade do outro e dela faz a sua própria felicidade.

Duas coisas são necessárias para transformar uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios. Sabemos que não falta pão no mundo para todos se alimentarem; há muito mais do que o necessário, mas falta amor e os homens acabam carentes de pão.

Disse Madre Tereza de Calcutá que: “Um coração alegre é o resultado normal de um coração inundado de amor”.

Para amar é preciso estar disponível. Se alguém o procura com frio, é porque sabe que você tem o cobertor. Se alguém o procura com lágrimas, é porque sabe que você tem palavras de conforto. Se alguém o procura com dor, é porque sabe que você tem o remédio. Se alguém o procura com fome, é porque sabe que você tem alimento. Se alguém o procura com dúvidas, é porque acredita que você tem a orientação que ela precisa. Se alguém o procura com desânimo, é porque acredita que você tem fé. Ninguém chega por acaso a você!

Fonte: https://pt.aleteia.org/2022/08/21/como-saber-qual-e-a-vontade-de-deus-para-a-minha-vida/

Audiência Geral: a ecologia integral nasce da conversão que exige o Evangelho

Audiência Geral, 19/11/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na catequese desta quarta-feira (19/11), o Papa Leão XIV refletiu sobre a espiritualidade pascal diante dos desafios ecológicos e sociais do mundo atual: “A esperança cristã responde aos desafios que toda a humanidade enfrenta, fazendo uma pausa no jardim onde o Crucifixo foi colocado como semente, para ressurgir e dar muitos frutos,” afirmou.

https://youtu.be/FPPpyI2Ctlk

Thulio Fonseca – Vatican News

Na catequese desta quarta-feira, 19 de novembro, o Papa Leão XIV prosseguiu o ciclo “Jesus Cristo, nossa esperança”, e dedicou sua reflexão sobre a espiritualidade pascal frente aos desafios ecológicos do mundo atual. A partir do encontro de Maria Madalena com o Ressuscitado, o Pontífice destacou que “os desafios não podem ser enfrentados sozinhos, e as lágrimas são um dom da vida quando purificam os nossos olhos e libertam o nosso olhar.”

O Papa sublinhou que o Evangelho de São João situa o túmulo de Jesus num jardim, e explicou que ali se conclui a luta entre trevas e luz e se revela a missão primordial do ser humano: “Cultivar e guardar o jardim é a tarefa original” — tarefa que Cristo leva à plenitude. Por isso, Madalena não estava errada ao pensar estar diante do jardineiro: no Ressuscitado, contemplamos aquele que “faz novas todas as coisas”.

Ecologia integral que nasce da Páscoa do Senhor

O Papa recordou a Laudato si’, e advertiu que a crise ambiental não se resolve com medidas parciais: “A cultura ecológica não se pode reduzir a respostas urgentes e parciais (...). Deve ser um olhar, uma política, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência,” e completou:

“O paraíso não está perdido, mas sim encontrado. A morte e a ressurreição de Jesus, portanto, são o fundamento de uma espiritualidade de ecologia integral, fora da qual as palavras da fé permanecem sem contacto com a realidade e as palavras da ciência permanecem fora do coração.”

Papa Leão XIV durante a Audiência Geral   (@Vatican Media)

A verdadeira conversão transforma a história

Leão XIV sublinhou que todo cuidado da criação passa por uma conversão espiritual. A atitude de Maria Madalena naquela manhã de Páscoa expressa esse caminho: “Só através de sucessivas conversões é que passamos deste vale de lágrimas para a nova Jerusalém.”

“Essa transição, que começa no coração e é espiritual, muda a história, compromete-nos publicamente e ativa a solidariedade que, a partir de agora, protege as pessoas e as criaturas da ganância dos lobos, em nome e com a força do Cordeiro Pastor.”

Jovens, criação e esperança

O Papa reconheceu os muitos jovens e homens e mulheres que já escutaram o grito da terra e dos pobres e buscam uma nova harmonia com a criação. Recordou ainda o salmo em que “os céus proclamam a glória de Deus”, eco que ressoa por toda a terra. E ao concluir, o Papa pediu a graça de escutar essa voz silenciosa:

“Que o Espírito nos conceda a capacidade de ouvir a voz dos que não têm voz. Então veremos o que os nossos olhos ainda não conseguem ver: aquele jardim, ou Paraíso, que só podemos alcançar acolhendo e cumprindo as nossas próprias tarefas.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF