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sábado, 22 de novembro de 2025

O último trono

A morte cruel de Jesus na cruz (Missionários Xaverianos)

O ÚLTIMO TRONO 

21/11/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

O ano litúrgico se encerra diante de uma cena que, aos olhos do mundo, não tem nada de solene. Há somente um madeiro erguido fora da cidade, um condenado entre dois criminosos, o riso amargo dos passantes e a indiferença dos observadores. Sobre a cabeça de Jesus, contudo, uma inscrição insiste: “Este é o Rei dos judeus”. 

É assim que a Igreja contempla o Rei do Universo! 

Em Lucas 23, o contraste é dolorosamente preciso. Em volta da cruz, estão todos os sinais de poder que conhecemos. A multidão que observa e julga, as autoridades religiosas que escarnecem, a máquina do império que executa sem hesitar. 

Ali se acumulam todas as expectativas de “reino” que a história aprecia. Força que se impõe, prestígio que domina, eficiência que elimina o incômodo. Em meio a tudo isso, o Rei de Israel parece o oposto de um rei. Não comanda exércitos, não desce do patíbulo, não devolve insultos. A coroa é de espinhos, o trono de madeira, o manto é o próprio silêncio. 

No entanto, é precisamente aí que o evangelho concentra o olhar. Um dos malfeitores provoca: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós”. Um pedido que resume toda a lógica do poder. Um rei, para o mundo, é alguém que se protege primeiro, que demonstra força pela fuga da humilhação, que prova sua realeza evitando a fraqueza. 

Mas o outro condenado, a antítese do primeiro, aquele que a tradição chamará de “bom ladrão”, intui uma majestade diferente. Ele não vê milagres, nem luzes, não vê legiões de anjos. Vê um homem crucificado como ele, mas que suporta a dor com uma altivez que não se explica. Então arrisca uma frase de confissão e súplica: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Ele não pede para descer da cruz. Pede para ser alcançado por uma lembrança que não esquece. Reconhece como rei justamente aquele que não se salva a si mesmo, mas se entrega por todos. 

A resposta de Cristo sentencia como uma proclamação real: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Uma promessa pronunciada entre o sangue e a poeira, quase aos sussurros, mas com a autoridade de quem podia fazê-la. Um Rei medido pela profundidade com que alcança o coração e o arranca do desespero.  

Celebrar Cristo Rei do Universo à luz desse evangelho é aceitar uma contradição fecunda. Nosso imaginário pede coroas de ouro, tronos de mármore, vitórias incontestáveis. O evangelho nos entrega um rei desfigurado, coroado de espinhos, vitorioso no fracasso. 

O mundo espera um reino que elimina as catástrofes. Cristo inaugura um reinado que as atravessa. Guerras, abalos, injustiças, pandemias, quedas de impérios, tudo continua a acontecer, como sempre aconteceu. Mas, desde a cruz, essas forças perderam autoridade. O reinado de Cristo instala na noite escura do mundo uma luz que não pode ser apagada. 

É aqui que a intuição poética de Henry Wadsworth Longfellow se faz teologia. Quando diz que a aurora não tarda, que a noite não é sem estrelas, que o amor é eterno, ele desvela aquilo que a Igreja contempla quando se ajoelha diante do crucificado. As trevas são reais, mas não são intransponíveis. O mal é terrível, mas não é irrestrito. O tempo humano é dramático, mas não é regido pelo acaso. Sobre tudo isso, discreto e soberano, permanece um Reinado que não envelhece. 

Dizer que Cristo é Rei do Universo é afirmar que a história não caminha à deriva.  

Quando Longfellow recorda que “Deus é sempre Deus, e sua fé não nos falhará; [pois] Cristo é eterno”, descreve com exatidão o fundamento desse reinado. 

O Reino de Cristo não é uma instituição passageira, nem uma hegemonia cultural, mas é a fidelidade indestrutível do Filho que nunca se retrata. 

Ao concluir o ano litúrgico diante do Cristo Rei, a Igreja olha para o alto da cruz e reconhece, naquele rosto desfigurado, o único rosto que não passa. Todas as coroas do mundo desbotam ou duram em vitrines de museu. Todos os tronos desmoronam, mas a realeza de Jesus permanece, porque está inscrita em vida ferida e ressuscitada.  Por isso, a aurora não tarda, e a noite, por mais escura, nunca é sem estrelas. 

O fim do ano católico com, a festa de Cristo Rei, é uma concentração de sentido. Tudo o que celebramos ao longo do ano – o Natal, a Páscoa, o Pentecostes – converge aqui para confessar que, por trás de cada mistério, reina o Senhor. E se Ele reina, o futuro não é ameaça. 

Enquanto o mundo continuará a medir poderes por forças visíveis, a Igreja continuará a levantar os olhos para o crucificado e, paradoxalmente, chamá-lo de Rei. 

Entre a expectativa do mundo e o Evangelho, a contradição permanecerá, mas é nessa contradição que se esconde o segredo. O amor que se deixa ferir sem deixar de amar é a forma mais alta de poder. E esse poder, porque é amor, não passa. 

Cristo é eterno! E, enquanto Ele reina, nenhuma noite será absoluta, nenhuma cruz será definitiva e todo reinado neste mundo será apenas um intervalo diante da glória inquebrável do seu senhorio. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Brasileira Maria de Lourdes Guarda entre os novos veneráveis reconhecidos pela Igreja

Maria de Lourdes Guarda | Vatican News.

A leiga consagrada Maria de Lourdes Guarda, apóstola das pessoas com deficiência no Brasil, tem virtudes heroicas confirmadas pelo Papa; no mesmo decreto, dois sacerdotes italianos mortos pelos nazistas em 1944 serão proclamados beatos.

Vatican News

A Igreja reconhece entre seus novos veneráveis a brasileira Maria de Lourdes Guarda, leiga consagrada que viveu quase cinquenta anos imobilizada e transformou a própria dor em fonte de evangelização e apoio às pessoas com deficiência. Durante a audiência concedida nesta sexta-feira, 21 de novembro, ao cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, o Papa Leão XIV autorizou a promulgação dos decretos que confirmam suas virtudes heroicas. Na mesma ocasião, foram aprovados os decretos relativos ao martírio, em ódio à fé, de dois sacerdotes italianos mortos pelas tropas nazistas em 1944, padre Ubaldo Marchioni e padre Martino Capelli, que em breve serão proclamados beatos. Também tiveram reconhecidas suas virtudes heroicas o arcebispo Enrico Bartoletti, dom Gaspare Goggi e a religiosa australiana Maria do Sagrado Coração (Maria Glowrey).

Maria de Lourdes Guarda com Santa Dulce dos Pobres | Vatican News.

Maria de Lourdes, apóstola das pessoas com deficiência no Brasil

Nascida em 1926 na cidade de Salto, no Estado de São Paulo, de família de origens italianas, Maria de Lourdes Guarda enfrentou desde a juventude uma séria lesão na coluna que, aos 21 anos, a deixou paralisada da cintura para baixo, confinada a um rígido colete de gesso e, mais tarde, imobilizada de forma permanente. Mesmo impedida de ingressar na vida religiosa tradicional, encontrou seu caminho de consagração no Instituto Secular Caritas Christi, no qual professou seus votos em 1970. Ao longo de quase cinco décadas vividas entre hospitais e a própria casa, Maria de Lourdes transformou sua enfermidade em missão apostólica, auxiliada por intensa vida de oração e profunda devoção eucarística.

No contato com as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, amadureceu uma espiritualidade de oferecimento e consolação. Seu quarto de hospital converteu-se em ponto de referência para encontros, partilhas e orientações espirituais. Mesmo sofrendo com doenças renais e uma grave gangrena que levou à amputação de uma perna, jamais deixou de acolher quem a procurava em busca de conselho, conforto e força na fé. Por dez anos, coordenou nacionalmente a “Fraternidade das Pessoas com Deficiência”, empenhando-se pela inclusão social, pelo reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência e pela formação de agentes pastorais. Faleceu em 5 de maio de 1996, vítima de um câncer na bexiga, com fama de santidade já difundida e fortalecida após sua morte.

Maria de Lourdes Guarda com Dom Hélder Câmara | Vatican News.

Pe. Ubaldo: o sacerdote morto pelos nazistas diante do altar

O primeiro dos dois sacerdotes mártires, padre Ubaldo Marchioni, nasceu em Vimignano di Grizzana Morandi, província de Bolonha, em 1918. Entrou no seminário aos dez anos e foi ordenado aos 24, tornando-se ecônomo da paróquia de San Martino di Caprara em março de 1944, numa região então ocupada pelas tropas alemãs em conflito com os grupos de resistência. Durante os meses de violência e represálias, permaneceu ao lado de sua comunidade, partilhando com os paroquianos o medo, a fome e as incertezas da guerra. No dia 29 de setembro de 1944, enquanto se dirigia ao Oratório dos Anjos da Guarda para celebrar a Missa, parou na igreja de Santa Maria Assunta di Casaglia para resguardar as espécies eucarísticas e oferecer abrigo a mulheres e crianças aterrorizadas pela aproximação dos soldados nazistas.

Tentou negociar a liberdade dos refugiados, recomendando aos homens que fugissem para os bosques, mas todas as tentativas fracassaram. As mulheres e as crianças foram conduzidas ao cemitério e executadas. Padre Ubaldo foi então levado novamente à igreja e trucidado diante do altar, com tiros na cabeça, num gesto que revelou o desprezo dos nazistas pela fé cristã e confirmou o caráter de martírio odium fidei. Assassinado aos 26 anos, acolheu conscientemente o risco da morte por permanecer junto aos fiéis, mesmo tendo possibilidade de se salvar.

Sacerdotes italianos assassinados pelos nazistas | Vatican News.

Padre Martino Capelli: martírio em Pioppe di Salvaro

O segundo sacerdote martirizado, padre Martino Capelli, nasceu em 1912 em Nembro, província de Bérgamo, e entrou aos 17 anos no postulantado da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus. No verão de 1944 dirigiu-se a Salvaro para auxiliar o pároco idoso de San Michele, apesar da região estar entre as mais violentamente atingidas pelo avanço nazista.

Recusou-se a abandonar o povo, mesmo sendo alertado pelos confrades sobre o risco iminente. Quando, em 29 de setembro de 1944, os nazistas perpetraram o massacre de Creda, padre Capelli correu para socorrer os agonizantes, sendo capturado e obrigado a transportar munição. Foi detido junto com o salesiano padre Elia Comini e dezenas de civis, muitos deles sacerdotes posteriormente libertados. Encerrado numa estrebaria em Pioppe di Salvaro, confortou e confessou os prisioneiros. Na noite de 1º de outubro de 1944, foi morto com padre Comini e um grupo de pessoas consideradas “inaptas ao trabalho”. Os corpos foram dispersos no rio Reno. Seu martírio é reconhecido como odium fidei, motivado pelo desprezo dos nazistas pelo ministério sacerdotal, e também como martírio ex parte victimae, pela escolha consciente de permanecer com os fiéis.

Dom Enrico Bartoletti: o “timoneiro” do pós-Concílio

O arcebispo Enrico Bartoletti nasceu em 1916 em Calenzano e foi ordenado sacerdote aos 22 anos. Tornou-se figura central na recepção do Concílio Vaticano II na Itália, exercendo forte influência pastoral e intelectual. Reitor de seminários em Florença, colaborou na proteção de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Nomeado bispo auxiliar de Lucca em 1958, mais tarde se tornou arcebispo, antes de ser chamado por Paulo VI para servir como secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana num período particularmente complexo para o país. Sua morte precoce, em 1976, interrompeu um ministério marcado pela mediação, pelo diálogo e pela implementação das diretrizes conciliares.

Padre Gaspare, o jovem discípulo de São Luís Orione

Gaspare Goggi nasceu em 1877, encontrou São Luís Orione aos 15 anos e se tornou um de seus mais próximos colaboradores na nascente Pequena Obra da Divina Providência. Sacerdote aos 26 anos, distinguiu-se como confessor muito procurado e como guia espiritual em Roma, onde serviu como reitor da igreja de Sant’Anna dei Palafrenieri. Mesmo de saúde frágil, dedicou-se incansavelmente aos pobres e aos peregrinos. Morreu em 1908, aos 31 anos, já reconhecido como “pequeno santo” pelos fiéis.

Irmã Maria Glowrey com os doentes   (Courtesy of the Catholic Women’s League of Victoria and Wagga Inc. All rights reserved) | Vatican News.

Irmã Maria do Sagrado Coração: médica australiana e missionária na Índia

Nascida em 1887, Maria Glowrey formou-se em medicina na Austrália e, inspirada por modelos femininos de missão e cuidado, mudou-se para a Índia em 1920, onde professou votos na Sociedade de Jesus, Maria e José, tornando-se irmã Maria do Sagrado Coração. Atendeu mulheres e crianças em contexto de extrema pobreza e desenvolveu um vasto apostolado médico, fundando instituições, formando profissionais e promovendo a ética cristã na saúde. Criou em 1943 a Catholic Health Association of India, hoje uma das maiores redes católicas de assistência médica do mundo. Morreu em 1957, deixando um legado marcante de serviço e evangelização.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Seminário Redemptoris Mater recebe escritura de concessão de uso após mais de 30 anos de espera

Rmater de Brasília | Agência Brasília (Flickr)

Seminário Redemptoris Mater de Brasília recebe escritura de concessão de uso após mais de 30 anos de espera

Assinatura e entrega do documento foi feita pela vice-governadora Celina Leão nesta quinta-feira (13).

13/03/2025 às 11h13 - Atualizado em 13/03/2025 às 11h32

Por Ana Paula Siqueira, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger

Após 32 anos de espera, o Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater, da Igreja Católica, recebeu a Escritura Pública de Concessão de Direito Real de Uso, com Opção de Compra. O documento foi assinado e entregue pela vice-governadora Celina Leão, nesta quinta-feira (13), durante cerimônia na sede da instituição, na Ermida Dom Bosco, no Lago Sul. O Seminário já formou 150 padres missionários que atuam dentro e fora do DF, e também no exterior.

“A entrega da escritura garante a continuidade da formação eclesiástica católica aqui no DF. Mais que isso, é garantia jurídica para o funcionamento da instituição”, disse a vice-governadora Celina Leão, ao entregar escritura pública ao Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A instituição funciona no local desde a criação do imóvel, em 1991, determinada pela gestão do então governador Joaquim Roriz. O processo administrativo para regularização da área tramita desde 1993. Porém, somente agora, graças à modernização da legislação de regularização de Igrejas e Templos, determinada pelo governador Ibaneis Rocha, a situação foi resolvida.

A vice-governadora Celina Leão destacou a importância da medida para garantir segurança jurídica para o funcionamento da instituição. “A entrega da escritura garante a continuidade da formação eclesiástica católica aqui no DF. Mais que isso, é garantia jurídica para o funcionamento da instituição e, agora, com a certeza de que esse trabalho maravilhoso que é realizado aqui seguirá, formando padres para servirem ao próximo”, destacou.

Rmater de Brasília | Agência Brasília (Flickr)

“Esse passo que é dado hoje, com a regularização, com esse reconhecimento da cidade de Brasília, é fundamental para a continuidade da formação dos futuros sacerdotes”, disse Dom Denilson Geraldo, bispo auxiliar de Brasília

O bispo auxiliar de Brasília, Dom Denilson Geraldo, observa que a segurança jurídica trazida pela regularização vai garantir a continuidade do trabalho realizado pela Igreja Católica, de levar cidadania, especialmente, para as comunidades mais vulneráveis do DF.

“A formação do clero é uma das principais atuações na Igreja Católica. Esse passo que é dado hoje, com a regularização, com esse reconhecimento da cidade de Brasília, é fundamental para a continuidade da formação dos futuros sacerdotes”, declarou ao destacar o trabalho realizado pelas paróquias junto às comunidades. “Onde tem a presença da Igreja Católica também tem cidadania.”

Possibilidades

“Desde 2019, já são quase 500 entidades religiosas e assistenciais com regularização ocupacional realizada” (Leonardo Mundim, diretor de Desenvolvimento Econômico e Regularização Social da Terracap).

O diretor de Desenvolvimento Econômico e Regularização Social da Terracap, Leonardo Mundim, explica que a partir da escritura, existem duas possibilidades. A entidade tem a possibilidade de efetivar a compra da área. O pagamento pode ser feito em 360 vezes sem juros. O valor é determinado a partir de avaliação especial do valor pretérito do local corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Também é possível manter a ocupação pelo modelo de concessão, com pagamento mensal do valor correspondente a 0,15% da avaliação especial. O pagamento, nesse caso, pode ser substituído pela Moeda Social da Terracap, pelo qual a entidade presta serviços, executa programas ou projetos de apoio a grupos vulneráveis da cidade.

“Por determinação do governador Ibaneis Rocha, e a partir de uma moderna legislação de regularização, que foi desenhada e operacionalizada nesta gestão com apoio da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), estamos conseguindo fazer a regularização de ocupações históricas, trazendo justiça e segurança jurídica para as entidades. Desde 2019, já são quase 500 entidades religiosas e assistenciais com regularização ocupacional realizada”, comemora.

Para o reitor do Seminário, padre Paulo de Matos, a regularização confirma a profecia que precedeu a criação de Brasília. “Neste momento histórico, eu penso que confirma o sonho de Dom Bosco, mostrando a vocação de Brasília como um foco de evangelização”, afirma.

Atualmente, padres formados pela instituição atuam em 15 nações ao redor do mundo, 20 estados do Brasil, além de estarem presentes em 20 regiões administrativas do Distrito Federal.

Fonte: https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/

Igreja celebra hoje a apresentação de Nossa Senhora no templo

Apresentação da Virgem Maria no Templo (ACI Digital)

Por Redação central

21 de nov de 2025 às 00:01

Hoje (21), a Igreja celebra a apresentação de Nossa Senhora no templo e, por isso, também realiza a “Jornada Pro Orantibus”, dia em que os fiéis são convidados a dar graças ao Senhor por aqueles e aquelas que entregam sua vida a Deus nos conventos de clausura.

Segundo a tradição, a menina Maria foi levada ao templo por seus pais para que integrasse o grupo de donzelas que ali eram consagradas a Deus e instruídas na piedade.

Segundo o “Protoevangelho de São Tiago”, uma fonte cristã que não está incluída no Canon da Bíblia, a Virgem foi recebida pelo sacerdote, que a abençoou e exclamou: “O Senhor engrandeceu seu nome por todas as gerações, pois ao fim dos tempos manifestará em ti sua redenção aos filhos de Israel”.

No século VI já se celebrava esta festa no Oriente. Em 1372, o papa Gregório XI a introduziu em Avignon e, posteriormente, o papa Sisto V a estendeu a toda a Igreja.

Nesta data também se recorda a dedicação da igreja da Santa Maria Nova, no ano 543, que foi edificada perto do templo de Jerusalém.

Na Liturgia das Horas, lê-se: “Neste dia da solene consagração da igreja de Santa Maria Nova, construída junto ao templo de Jerusalém, celebramos com os cristãos do Oriente aquela consagração que Maria fez a Deus de si mesma desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça ficara plena na sua imaculada conceição”.

Em 21 de novembro de 1953, o papa Pio XII instituiu este dia como a “Jornada Pro Orantibus”, em honra às comunidades religiosas de clausura.

Por isso, em 2014,o papa Francisco incentivou que esta seja “uma ocasião oportuna para dar graças ao Senhor pelo dom de tantas pessoas que, nos mosteiros e eremitérios, se dedicam a Deus na oração e no silêncio operoso, reconhecendo-lhe o primado que só a Ele compete”.

“Demos graças ao Senhor pelos testemunhos de vida claustral, sem lhes fazer faltar o nosso auxílio espiritual e material, para cumprir esta importante missão”, disse o pontífice.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/50037/igreja-celebra-hoje-a-apresentacao-de-nossa-senhora-no-templo

Cristo Rei, homilia de São Josemaria (Parte 3/3)

Cristo Rei | Opus Dei.

Cristo Rei, homilia de São Josemaria

Disponibilizamos, em áudio e texto, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

https://odnmedia.s3.amazonaws.com/image/sjm/mp3/cristo_-rei.mp3

14/11/2022

Disponibilizamos, em áudio, a homilia Cristo Rei que São Josemaria Escrivá pronunciou no dia 22 de novembro de 1970, festa de Cristo Rei, e posteriormente publicada em “É Cristo que passa”.

Homilia completa:

O Reino de Cristo é reino de liberdade: não existem nele outros servos além dos que livremente se deixam aprisionar, por amor a Deus. Bendita escravidão de amor, que nos torna livres! Sem liberdade, não podemos corresponder à graça; sem liberdade, não nos podemos entregar livremente ao Senhor, pelo motivo mais sobrenatural de todos: porque nos apetece.

Alguns dos que me escutam já me conhecem há muitos anos. Podem testemunhar que tenho passado toda a minha vida pregando a liberdade pessoal, com igual responsabilidade pessoal. Procurei-a e procuro-a por toda a terra, como Diógenes procurava um homem. E cada dia que passa amo-a mais, amo-a sobre todas as coisas da terra: é um tesouro que nunca saberemos apreciar suficientemente.

Quando falo de liberdade pessoal, não me valho disso como desculpa para abordar outros problemas, talvez muito legítimos, mas que não dizem respeito ao meu ofício de sacerdote. Sei que não me compete tratar de temas seculares e transitórios, que pertencem à esfera temporal e civil, e são matérias que o Senhor deixou à livre e serena controvérsia dos homens. Sei também que os lábios do sacerdote, evitando por completo parcialidades humanas, somente devem abrir-se para conduzir as almas a Deus, à sua doutrina espiritual salvadora, aos sacramentos que Jesus Cristo instituiu, à vida interior que nos aproxima do Senhor, dando-nos a consciência de sermos seus filhos e, portanto, irmãos de todos os homens sem exceção.

Celebramos hoje a festa de Cristo-Rei. E não me afasto do meu ofício de sacerdote quando digo que, se alguém entendesse o reino de Cristo em termos de programa político, não teria aprofundado no fim sobrenatural da fé e estaria a um passo de oprimir as consciências com cargas que não são de Jesus, pois seu jugo é suave e sua carga leve. Amemos de verdade todos os homens; acima de tudo, amemos Cristo; e, então, não teremos outro remédio senão amar a legítima liberdade dos demais homens, numa convivência pacífica e sensata.

Talvez me digam que são poucos os que querem ouvir estas coisas e menos ainda os que desejam pô-las em prática. Consta-me que a liberdade é uma planta forte e sã, que se aclimata mal entre as pedras e os espinhos, ou nos caminhos calcados pelos homens. Já o sabíamos antes de Cristo ter vindo à terra.

Lembremo-nos do Salmo II: Por que se amotinaram as nações, e os povos traçaram planos vãos? Sublevaram-se os reis da terra e os príncipes coligaram-se contra o Senhor e contra o seu Cristo. Como vemos, nada de novo. Opunham-se a Cristo antes de Ele ter nascido; a Ele se opuseram enquanto seus pés pacíficos percorriam os caminhos da Palestina; perseguiram-no depois e agora, atacando os membros do seu Corpo místico e real. Por quê tanto ódio, por quê este encarniçar-se contra a cândida simplicidade, por quê este universal esmagamento da liberdade de cada consciência?

Quebremos as suas cadeias e sacudamos de nós o seu jugo. Quebram o jugo suave, sacodem das costas a sua carga, maravilhosa carga de santidade e justiça, de graça, de amor e paz. Enfurecem-se diante do amor, riem-se da bondade inerme de um Deus que renuncia ao uso das suas legiões de anjos para se defender. Se o Senhor admitisse a barganha, se sacrificasse um punhado de inocentes para satisfazer uma maioria de culpados, ainda poderiam tentar um entendimento com Ele. Mas não é essa a lógica de Deus. Nosso Pai é verdadeiramente pai, e está disposto a perdoar milhares de fautores do mal, se houver somente dez justos. As pessoas dominadas pelo ódio não podem entender esta misericórdia, e afincam-se na sua aparente impunidade terrena, alimentando-se da injustiça.

Aquele que habita nos céus, ri-se, e o Senhor zomba deles. Ele lhes fala então na sua ira, e no seu furor os aterroriza. Como é legítima a ira de Deus, como é justo o seu furor, e como é grande também a sua clemência!
Eu, porém, fui constituído por Ele Rei sobre Sião, seu monte santo, para promulgar a sua Lei. Disse-me o Senhor: Tu és meu filho, eu te gerei hoje. A misericórdia de Deus Pai deu-nos por Rei o seu Filho. Quando ameaça, ao mesmo tempo se enternece: anuncia-nos a sua ira e entrega-nos o seu amor. Tu és meu filho: dirige-se a Cristo e dirige-se a ti e a mim, se estamos decididos a ser alter Christus, ipse Christus, outro Cristo, o próprio Cristo.

As palavras não conseguem acompanhar o coração, que se emociona perante a bondade de Deus. Diz-nos: Tu és meu filho. Não um estranho, não um servo benevolamente tratado, não um amigo, que já seria muito. Filho! Concede-nos livre trânsito para vivermos com Ele a piedade de filhos e também - atrevo-me a afirmar - a desvergonha de filhos de um Pai que é incapaz de lhes negar seja o que for.

Há muita gente empenhada em comportar-se injustamente? Sim, mas o Senhor insiste: Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e em teu domínio as extremidades da terra. Tu as governarás com vara de ferro, e qual vaso de oleiro as quebrarás. São promessas fortes, e são de Deus: não podemos disfarçá-las. Não em vão Cristo é o Redentor do mundo; Ele reina, soberano, à direita do Pai. É o terrível anúncio do que nos espera a cada um - quando a vida passar, porque passa - e a todos - quando a História acabar -, se o coração se endurecer no mal e na falta de esperança.

No entanto, Deus, que pode vencer sempre, prefere convencer. E agora, ó reis, atendei; instruí-vos, vós que governais a terra. Servi o Senhor com temor, e louvai-o com tremor. Abraçai a boa doutrina, não seja que no fim o Senhor se aborreça e pereçais fora do bom caminho, quando daqui a pouco se inflamar a sua ira. Cristo é o Senhor e o Rei. Nós vos anunciamos que Deus cumpriu a promessa feita a nossos pais; cumpriu-a diante de nossos filhos ressuscitando Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, eu te gerei hoje...

Agora, pois, meus irmãos, sabei que por Ele vos é anunciada a remissão dos pecados e de todas as manchas de que não pudestes ser justificados pela lei de Moisés: por Ele é justificado todo aquele que crê. Tomai, pois, cuidado, para que não recaia sobre vós o que foi dito pelos profetas: Vede, ó desprezadores, admirai-vos e desaparecei, que eu faço uma obra nos vossos dias, uma obra em que não acabareis de acreditar, por mais que vo-la contem.

É a obra da salvação, o reinado de Cristo nas almas, a manifestação da misericórdia de Deus. Bem-aventurados todos os que a Ele se acolhem!. Nós, os cristãos, temos o direito de enaltecer a realeza de Cristo, porque - embora a injustiça seja abundante, embora muitos não desejem este reinado de amor - na própria história da humanidade, que é o cenário do mal, se vai tecendo a obra da salvação eterna.

Ego cogito cogitationes pacis et non afflictionis. Eu penso pensamentos de paz, e não de tristeza, diz o Senhor. Sejamos homens de paz, homens de justiça, praticantes do bem, e o Senhor não será para nós Juiz, mas amigo, irmão, Amor.

Que os anjos de Deus nos acompanhem neste caminhar - alegre! - pela terra. Antes do nascimento do nosso Redentor, escreve São Gregório Magno, nós tínhamos perdido a amizade dos anjos. A culpa original e os nossos pecados cotidianos tinham-nos afastado da sua pureza... Mas desde o momento em que nós reconhecemos o nosso Rei, os anjos nos reconheceram como seus concidadãos.

E como o Rei dos céus quis assumir a nossa carne terrena, os anjos já não se afastam da nossa miséria. Não se atrevem a considerar inferior à sua esta natureza que eles adoram, vendo-a exaltada, acima deles, na pessoa do Rei do céu; e já não têm inconveniente em considerar o homem como seu companheiro.

Maria, a Mãe santa do nosso Rei, a Rainha do nosso coração, cuida de nós como só Ela o sabe fazer. Mãe compassiva, trono da graça: nós te pedimos que saibamos compor na nossa vida e na vida dos que nos rodeiam, verso a verso, o poema singelo da caridade, quasi flumen pacis , como um rio de paz. Pois tu és um mar de inesgotável misericórdia: Os rios vão dar todos ao mar, e o mar não transborda.

Fim.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/cristo-rei-homilia-de-s-josemaria-em-audio/

Papa aos jovens: construir pontes, não muros. A Igreja não tem partido político

Um momento do encontro digital   (@Vatican Media)

Estreitar a amizade com Jesus: este foi o principal ensinamento de Leão XIV aos participantes da Conferência Nacional da Juventude Católica dos Estados Unidos. O Pontífice os exortou a não se contentarem com uma versão superficial da fé nem a usarem categorias políticas para falar dela, pois os discípulos de Jesus devem construir pontes, e não muros.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Leão XIV se conectou virtualmente com cerca de 15 mil participantes da Conferência Nacional da Juventude Católica dos Estados Unidos", reunidos no estádio de Indianápolis, no Estado de Indiana, de 20 a 22 de novembro.

Numa conexão ao vivo, o Pontífice respondeu a perguntas sobre variados temas, como vida sacramental, saúde mental, diálogo, amizade, tecnologia, inteligência artificial e o futuro da Igreja. Mas antes, o Santo Padre abriu o encontro recordando o Jubileu dos Jovens, realizado em Roma no final do mês de julho: "Que bênção ver assim tantos jovens católicos buscar o Senhor com sinceridade e alegria!". E manifestou sua satisfação ao perceber que na programação do evento americano muito tempo foi dedicado à adoração, à missa e à confissão. Não se trata de simples atividades de programa, mas de "oportunidade concretas para encontrar Jesus".

Um momento do encontro digital   (@Vatican Media)

O Terço, oração poderosa

Leão XIV mencionou ainda a memória da Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria neste dia 21 de novembro: "Recordemos que Maria, desde jovem, ofereceu toda a sua vida a Deus. Ela nos convida a fazer o mesmo, a confiar a Ele todas as coisas". E juntos rezaram uma Ave-Maria. Na sequência, o Papa respondeu às perguntas.

Sobre a saúde mental, e em outros temas, o Pontífice reiterou a importância de estreitar a amizade com Cristo e dedicar tempo, várias vezes ao dia, à oração, adoração e leitura das Sagradas Escrituras. Um exemplo dessa relação de intimidade seria, toda manhã, convidar Jesus a estar conosco durante o dia e, à noite, contar para Ele como foi a jornada. "E lembrem-se de Maria, a mãe de Jesus e nossa mãe. Ela entende o que estamos vivendo e reza por nós. O Terço é um modo poderoso para pedir a sua ajuda."

Fé e tecnologia

Uma questão colocada ao Santo Padre foi como equilibrar a tecnologia e a vida de fé: 

“Assistir à missa online pode ser útil, especialmente para aqueles que não podem participar pessoalmente, mas estar presente fisicamente – para a Eucaristia, para a oração, para a comunidade – é fundamental para nossa relação com Deus e entre nós. Portanto, embora a tecnologia possa nos conectar, não é a mesma coisa que estar fisicamente presente. Devemos usá-la com sabedoria, sem permitir que ela ofusque nossas relações.”

A propósito, citou São Carlo Acutis e exortou os jovens a seguirem seu exemplo: "Estejam conscientes do tempo que passam diante da tela e certifiquem-se de que a tecnologia esteja a serviço da vida e não o contrário".

O mesmo conceito vale para a inteligência artificial, que pode processar informações rapidamente, mas não pode substituir a inteligência humana. "Ela não pode oferecer verdadeira sabedoria, decidir entre o certo e o errado ou admirar com espanto a beleza. Portanto, tenham cuidado para que o uso que fazem da inteligência artificial não limite o autêntico crescimento humano. Usem-na de forma que, se amanhã ela desaparecer, vocês ainda saibam como pensar, criar e agir por conta própria. Lembrem-se: a inteligência artificial nunca pode substituir o dom único que vocês são para o mundo."

A saudação do Papa   (@Vatican Media)

Jovens e o futuro da Igreja

Grande parte do encontro foi dedicado ao futuro da Igreja e à contribuição juvenil: "Se quiserem ajudar a Igreja a se preparar para o futuro, comecem por se envolver hoje. Mantenham contato com a própria paróquia. Participem da missa dominical, participem das atividades dos jovens e digam 'sim' às oportunidades, como esta conferência, nas quais a fé pode crescer. Quanto mais conhecerem Jesus, mais sentirão desejo de servir a Ele e à sua Igreja". O Pontífice reforçou a importância do método de diálogo conhecido "conversação no Espírito" e indicou como modelo de santidade São Pier Giorgio Frassati, que mostrou que é possível fazer a diferença através de simples gestos cotidianos.

Outro santo citado foi Santo Agostinho, que Leão XIV chamou de "heroi pessoal". O bispo de Hipona durante toda a vida procurou a felicidade, mas nada o satisfez até abrir o próprio coração a Deus. Ele descobriu que o seu desejo de grandeza na realidade era o desejo de uma relação com Jesus Cristo. "Essa amizade com Jesus está no centro do que significa ser cristão. Não é apenas para santos, padres, religiosos ou religiosas; é para todos."

Pontes, não muros

Assim, quando pensamos no futuro da Igreja, a primeira coisa a ser feita é aprofundar nossa amizade com Jesus. "Não se contentem com uma versão superficial da fé", exortou o Santo Padre, que advertiu também para aquilo que pode causar divisão, já que os discípulos de Jesus "devem ser agentes de paz que constroem pontes, e não muros, que apreciam o diálogo e a unidade":

“Cuidado para não usar categorias políticas para falar sobre fé. A Igreja não pertence a nenhum partido político; ao contrário, ela ajuda a formar a sua consciência para que possam pensar e agir com sabedoria e amor.”

Por fim, o convite a cada jovem para discernir sua verdadeira vocação na Igreja, como religiosos ou leigos. A quem é chamado ao matrimônio e à vida familiar, o Papa recordou que "o mundo necessita de famílias santas que transmitam a fé e mostrem o amor de Deus na vida cotidiana". Seja qual for a vocação, concluiu, o mundo necessita de missionários, que levem a luz e a alegria de terem encontrado Jesus.

Encontro digital do Papa Leão XIV com os jovens americanos:

https://youtu.be/K86oaPdNpvo

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A incrível história do garoto que inventou o sistema Braille

Louis Braille perdeu a visão aos 5 anos — e, aos 15, já havia desenvolvido um sistema tátil para leitura e escrita (BBC News Brasil)

A incrível história do garoto que inventou o sistema Braille

19 novembro 2025

Atualizado Há 5 horas

Num dia de 1812, na comuna de Coupvray, perto de Paris, na França, Louis Braille estava brincando na oficina do pai, que fabricava arreios para cavalos.

Aos 3 anos, não era raro que se sentisse atraído por ferramentas de marcenaria e, imitando o que havia visto, pegou uma das mais pontiagudas para "brincar de papai".

Talvez não tenha sido a primeira vez que ele fez isso, e provavelmente haviam dito a ele para não fazer — mas, nesta idade, não se medem as consequências.

E, nesta ocasião, aconteceu um acidente que mudaria para sempre sua vida e, alguns anos mais tarde, a de muitas outras pessoas.

Enquanto tentava fazer um buraco no couro, a sovela escorregou das mãos dele e perfurou seu olho.

A ferramenta com a qual Braille não deveria ter brincado (Crédito: Getty Images)

O olho ficou infeccionado, e a infecção não apenas evoluiu, como também passou para o outro olho.

Aos 5 anos, Louis Braille estava completamente cego.

Embora a escola local não oferecesse nenhum programa especial para pessoas com deficiência visual, seus pais tinham clareza que não deviam negar a ele a oportunidade de estudar. Eles o matricularam então e, aos 7 anos, Braille começou a ir para a escola.

Apesar das dificuldades, Louis Braille se saiu bem na escola (Crédito: Getty Images)

Como a maior parte do ensino era feita de forma oral, ele acabou sendo um aluno apto. Mas, sem saber ler ou escrever, estava sempre em desvantagem.

Finalmente, aconteceu a melhor coisa que poderia acontecer: ele ganhou uma bolsa para estudar no Instituto Nacional para Jovens Cegos (Inja, na sigla em francês), em Paris.

Rumo a Paris

De letras a pontos (Crédito: Getty Images)

Braille chegou à capital francesa e ao Inja quando tinha 10 anos.

Naquela época, o sistema de leitura usado até mesmo no instituto era muito básico: os poucos livros que haviam eram impressos com letras em relevo, sistema inventado pelo fundador da escola, Valentin Haüy.

Isso significava que os alunos tinham que passar os dedos sobre cada letra lentamente, do começo ao fim, para formar palavras e, depois de muito esforço, frases.

Em 1821, Charles Barbier, capitão do exército francês, foi ao instituto compartilhar um sistema de leitura tátil desenvolvido para que os soldados pudessem ler mensagens no campo de batalha na escuridão, sem alertar o inimigo com lanternas.

Ele se deu conta de que sua "escrita noturna", como a chamava, poderia beneficiar os cegos.

Pontos e linhas, em vez de letras

Menos pontos, mais clareza (BBC News Brasil)

Em vez de usar letras impressas em relevo, a escrita noturna utilizava pontos e traços em relevo.

Os alunos experimentaram, mas logo perderam o interesse, uma vez que o sistema não apenas não incluía letras maiúsculas ou pontuação, como as palavras eram escritas como eram pronunciadas, e não na ortografia francesa padrão.

Louis Braille, no entanto, persistiu.

Pegou o código como base e foi aperfeiçoando.

Três anos depois, quando tinha 15 anos, havia completado seu novo sistema.

As mudanças

A primeira versão de seu novo sistema de escrita foi publicada em 1829.

O que ele fez foi simplificar o sistema de Barbier, reduzindo os pontos em relevo.

A ideia era que ficassem do tamanho certo para senti-los com a ponta do dedo com um único toque.

Para criar os pontos em relevo na folha de papel, ele usou uma sovela, a mesma ferramenta pontiaguda que havia causado sua cegueira.

E, para garantir que as linhas ficassem retas e legíveis, usou uma grade plana.

Como Braille adorava música, também inventou um sistema para escrever notas.

Hoje, os restos mortais de Braille estão enterrados em Paris, exceto suas mãos, que estão em Coupvray (Crédito: Getty Images)

O tempo passou...

O mundo da medicina era muito conservador e demorou a adotar a inovação de Braille.

Tanto que ele morreu 2 anos antes de finalmente começarem a ensinar seu sistema no instituto em que havia estudado.

Faleceu de tuberculose aos 43 anos.

Com o passar do tempo, o sistema começou a ser usado em todo o mundo francófono. Em 1882, já estava em uso na Europa. Em 1916, chegou à América do Norte e depois ao resto do mundo.

Um sistema adaptável

O sistema braille mudou a vida de muitas pessoas cegas ao redor do mundo.

Lê-se da esquerda para a direita como outras escritas europeias, e não é uma língua: é um sistema de escrita, o que significa que pode ser adaptado para diferentes línguas.

Foram desenvolvidos ainda códigos braille para fórmulas matemáticas e científicas.

No entanto, com o advento de novas tecnologias, incluindo leitores de tela para computador, as taxas de alfabetização neste sistema estão diminuindo.

Homenagem póstuma

Em 1952, em homenagem ao seu legado, os restos mortais de Louis Braille foram desenterrados e transferidos para o Panteão de Paris, onde estão localizados os túmulos de alguns dos mais célebres líderes intelectuais da França.

No entanto, Coupvray, sua terra natal, insistiu em ficar com as mãos dele, que estão sepultadas em uma urna simples no cemitério da igreja.

A Nasa, agência espacial americana, deu, por sua vez, o nome de "9969 Braille" a um tipo raro de asteroide, um eterno tributo a um grande ser humano.

*Este artigo é baseado no vídeo The incredible story of the boy who invented Braille ("A incrível história do menino que inventou o Braille"), da BBC Ideas. Você pode assistir aqui ao vídeo (em inglês).

**Este texto foi publicado originalmente em abril de 2022 e republicado em 19 de novembro de 2025

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cr5e52g40vpo

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

O 20 de Novembro e a força que transforma o Brasil

Antes da assinatura da lei Áurea, em 3 de maio de 1888, cerca de seis leis abolicionistas foram sancionadas - (crédito: Caio Gomez)

O 20 de Novembro e a força que transforma o Brasil

Mais que uma data, o Dia da Consciência Negra é um convite a reconhecer o valor, a resiliência e as conquistas da população negra no país.

Por Opinião

postado em 20/11/2025 06:04

JUVENAL ARAÚJO, subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal

O 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, vai muito além de uma homenagem a Zumbi dos Palmares. É uma data para celebrar o protagonismo da população negra e refletir sobre os caminhos que o Brasil ainda precisa percorrer para garantir igualdade de oportunidades. A luta contra o racismo e a exclusão não é um tema restrito a grupos ou ideologias — é um compromisso de toda a sociedade com a justiça, o mérito e o desenvolvimento humano.

Mais da metade dos brasileiros se declara preta ou parda, segundo o IBGE. Essa maioria, porém, ainda enfrenta grandes obstáculos para acessar posições de destaque no mercado de trabalho e nas estruturas de poder. As barreiras vão desde a desigualdade educacional até a falta de representatividade em cargos de liderança. Não se trata de falta de talento, mas de oportunidades desiguais, muitas vezes determinadas por fatores históricos e sociais que o país ainda não superou.

Apesar disso, o que mais se destaca é a força dessa população, que tem transformado adversidades em caminhos de ascensão. O 20 de Novembro não deve ser lembrado com um olhar de vitimismo, e, sim, como símbolo de superação, capacidade e competência. A cada conquista, a população negra reafirma que não há limite quando o talento encontra espaço.

Um exemplo inspirador é Rachel Maia, que iniciou a carreira como estagiária e se tornou a primeira mulher negra CEO de uma grande multinacional no Brasil, a Pandora. Sua trajetória é símbolo de excelência e liderança. Outra referência é Adriana Barbosa, criadora da Feira Preta, o maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina, responsável por fortalecer milhares de pequenos negócios. No campo da ciência, Jaqueline Goes de Jesus, biomédica que coordenou o sequenciamento do genoma do coronavírus no país, demonstrou ao mundo a competência e a contribuição dos cientistas negros brasileiros.

Essas histórias provam que o mérito floresce quando encontra oportunidade. Porém, os números revelam o quanto ainda há a avançar. O Instituto Ethos mostra que menos de 5% dos executivos nas 500 maiores empresas do país são negros. Na média salarial, a diferença entre brancos e negros ultrapassa 40%. Mesmo com diplomas iguais e desempenhos semelhantes, o peso do preconceito ainda limita o reconhecimento profissional.

O que o Brasil precisa compreender é que promover diversidade não é apenas um ato de justiça social — é uma estratégia inteligente de crescimento. Um estudo da McKinsey & Company demonstra que empresas com maior diversidade racial têm desempenho até 36% superior às demais. A pluralidade de ideias e experiências amplia a inovação, fortalece as equipes e aproxima as organizações da realidade do país.

A presença negra também cresce no setor público, na política e na educação. Jovens negros e negras, muitas vezes os primeiros de suas famílias a ingressar na universidade, transformam o conhecimento em ferramenta de mobilidade social. Professores, gestores e empreendedores têm criado  referências e exemplos para futuras gerações.

O 20 de Novembro é, portanto, um chamado à consciência coletiva. Um lembrete de que o racismo não se combate apenas com leis, mas com atitudes concretas: valorizando competências, apoiando o empreendedorismo, ampliando o acesso à educação e combatendo estereótipos que limitam sonhos.

A população negra brasileira é feita de força, inteligência e criatividade. É a base da cultura, da economia e da inovação nacional. Do samba ao hip-hop, das periferias às universidades, dos pequenos comércios aos altos cargos, essa força constrói o país todos os dias, mesmo quando o reconhecimento ainda não vem na mesma medida.

O desafio é fazer com que o mérito e o esforço se sobreponham aos preconceitos. Que empresas e instituições públicas enxerguem o potencial, e não o estigma. Que os talentos negros deixem de ser exceção e passem a ser regra em um Brasil mais justo, competitivo e plural.

Celebrar o 20 de Novembro é celebrar o Brasil que dá certo quando aposta na própria diversidade. É reconhecer que o povo negro não busca privilégios, mas o direito de competir de forma igual e ser valorizado por sua competência. É compreender que o país só alcançará sua verdadeira potência quando todos tiverem as mesmas condições de crescer.

Mais do que uma data, o 20 de Novembro é um espelho. Ele reflete as conquistas, denuncia as desigualdades e projeta um futuro em que o sucesso não tenha cor. O Brasil tem no povo negro uma das suas maiores riquezas — humana, cultural e econômica. E é reconhecendo essa força que poderemos, enfim, construir um país onde a igualdade não seja um ideal distante, mas uma realidade possível. 

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/

Conheça a história desses santos e beatos negros

Conheça a história desses santos e beatos negros (ACI Digital)

Por Redação central*

20 de nov de 2025 às 00:01

Hoje (20) é o Dia Nacional da Consciência Negra. Na Igreja, destacam-se algumas pessoas de origem afrodescendente que, na luta para alcançar a vocação à santidade, chegaram aos altares.

Abaixo, a história de alguns santos e beatos que mostram que a santidade não tem cor de pele nem nacionalidade.

1. São Martinho de Lima

São Martinho de Lima (ou são Martinho de Porres) nasceu em Lima, Peru, em 1579, era filho de um nobre espanhol de origem burguesa, Juan de Porres, e de uma negra livre, Ana Velázquez, natural do Panamá. Desde criança se preocupava com o sofrimento das pessoas, principalmente dos doentes e dos pobres.

Aprendeu o ofício de barbeiro e algo sobre medicina. Aos quinze anos, pediu para ser admitido como terciário no convento dos dominicanos da cidade de Lima.

Já no convento, trabalhava como enfermeiro, onde cuidava de quem chegasse à enfermaria e intercedia diante de Deus para que inúmeros milagres fossem realizados, principalmente curas.

São Martinho morreu em 1639, foi canonizado por são João XXIII em 1962 e sempre foi representado com uma vassoura na mão, símbolo do seu humilde serviço. Ele foi nomeado "Padroeiro da Justiça Social" e "Padroeiro Universal da Paz". A festa dele é celebrada no dia 3 de novembro.

2. Santa Josefina Bakhita

Santa Josefina Bakhita nasceu no Sudão, África. Quando muito jovem, foi capturada na floresta e vendida como escrava. Passou pela propriedade de cinco senhores, sendo o quarto com quem mais sofreu humilhações e torturas.

Josefina entrou no noviciado do Instituto das Irmãs da Caridade de Veneza, junto com Minnina, sua amiga e filha de seu novo amo, Augusto Michieli. Ali, ela conheceu Deus, que sempre "permaneceu em seu coração" e lhe havia dado forças para suportar a escravidão, "mas só naquele momento ela soube quem Ele era".

Em 9 de janeiro de 1890, recebeu o batismo, a primeira comunhão e a crisma. A partir desse momento, assumiu o nome de batismo de Josefina Margarita Afortunada. Em 7 de dezembro de 1893, aos 38 anos, tornou-se uma das irmãs da ordem.

Bakhita morreu em 1947 ,em Schio, Itália. São João Paulo II a beatificou em 1992 e declarou seu dia de culto em 8 de fevereiro. Finalmente, o mesmo papa a canonizou no ano 2000.

"Se eu encontrasse de novo aqueles negreiros que me sequestraram e também aqueles que me torturaram, me ajoelharia para beijar as suas mãos, porque, se não tivesse acontecido isto, eu não seria agora cristã e religiosa”, foram as palavras da santa que se tornou um ícone da história da África.

3. São Benedito, o Negro

São Benedito Manassari nasceu em San Fratello em Messina, Itália, em 1526. Era filho de descendentes de escravos africanos e por causa de sua cor de pele é conhecido como o Mouro.

Aos 21 anos entrou para uma comunidade de eremitas e viveu no Monte Pellegrino, em Palermo. Porém, quando o papa Pio IV dissolveu a comunidade, ela passou a fazer parte dos frades menores.

Durante 24 anos sua casa foi o convento de Santa Maria di Gesù, onde trabalhou como cozinheiro, superior e mestre de noviços. Era conhecido por sua humildade e por viver cheio de fé na providência divina.

Morreu em 1589, foi beatificado pelo papa Bento XIV, em 1743, e canonizado pelo papa Pio VII, em 24 de maio de 1807.

Embora são Benedito seja celebrado em todo o mundo no dia 4 de abril, data de sua morte, sua festa no Brasil ocorre em 5 de outubro por uma especial deferência canônica concedida à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1983. Assim, este santo franciscano passou a ser recordado imediatamente após o dia de são Francisco de Assis.

4. São Carlos Lwanga e companheiros mártires de Uganda

Carlos Lwanga e José Mkasa, junto com 20 companheiros, foram martirizados entre 1885 e 1887, em Uganda, por ter formado a sociedade dos Missionários da África, conhecida como os Padres Brancos, que se encarregou da evangelização daquele continente durante o século XIX.

O líder da comunidade católica, que já contava com cerca de 200 membros, era um jovem de 25 anos chamado José Mkasa (Mukasa) que trabalhava como mordomo da corte do rei Muanga.

José foi queimado em 15 de novembro de 1885 por confrontar uma decisão do soberano. Antes de morrer, disse a seus carrascos: “um cristão que dá a vida por Deus não tem medo de morrer”.

Em maio do ano seguinte, os cristãos, agora a cargo de Carlos Lwanga, foram capturados e apresentados ao rei, que lhes perguntou se pretendiam continuar a professar a sua fé, ao que responderam "Até à morte!"

Em 3 de junho de 1886, doze deles foram queimados vivos e outros 10 cristãos foram esquartejados. Os 22 mártires foram beatificados em 6 de junho de 1920 pelo papa Bento XV. Depois, foram canonizados por Paulo VI, em 18 de outubro de 1964.

5. Beato Cyprian Michael Iwene Tansi

Cyprian Michael Iwene Tansi nasceu em 1903 em Igboezunu no sul da Nigéria. Apesar da desaprovação de seus pais, entrou no seminário de Igbarian em 1925 e foi consagrado padre em 1956.

Tansi era uma pessoa próxima do povo, preocupava-se principalmente com a pastoral da família, onde trabalhava para que os casais chegassem bem preparados para o matrimônio e promovia a castidade.

O padre também lutou pelo acesso à educação para as jovens, incentivou as pessoas a receber o sacramento da reconciliação e alimentar suas vidas com a Palavra de Deus e a sagrada comunhão.

Foi enviado à abadia cisterciense do Monte São Bernardo, Inglaterra, para seguir a vocação monástica e assim regressar à África à vida contemplativa. Em 1964, prestes a retornar a Camarões para formar a nova comunidade, morreu de aneurisma da aorta.

Foi beatificado por são João Paulo II em 22 de março de 1998 e é o primeiro beato na Nigéria.

6. Beato Tshimangadzo Samuel Benedict Daswa

Tshimangadzo Samuel Daswa nasceu em 16 de junho de 1946 na tribo Lemba, na diocese de Tzaneen, foi batizado em 21 de abril de 1963, aos 16 anos, com o nome de Benedict.

Daswa foi diretor da escola de ensino fundamental da aldeia Nweli, catequista, promotor de obras de caridade e reconhecido pela sua vida de oração, generosidade e bondade; características que ele também demonstrou com sua esposa, Shadi Eveline Monyai, uma luterana que se converteu ao catolicismo, e seus oito filhos.

Em 2 de fevereiro de 1990, caiu numa emboscada enquanto viajava em seu carro, em retaliação por se recusar a pagar dinheiro ao conselho de anciãos que planejava ir a um bruxo por causa de uma série de fortes tempestades na aldeia.

Daswa conseguiu fugir. Mas, diante da ameaça de matar a mulher que o escondia, ele se entregou aos seus assassinos dizendo: "Pai, recebe meu espírito". Ele foi cruelmente assassinado, momento em que orou de joelhos.

Daswa foi beatificado pelo papa Francisco em 13 de setembro de 2015 e é o primeiro beato da África do Sul.

7. Bem-aventurada Nhá Chica

Francisca de Paula de Jesus nasceu em 1808 em São João del-Rei (MG), filha de escravos. Mudou-se com a mãe e o irmão para Baependi, no mesmo estado. Ficou órfã aos dez anos, seu irmão tinha 12 anos. Os dois ficaram sob os cuidados de Nossa Senhora, a quem Francisca logo passou a chamar de “Minha Sinhá”.

Foi de sua mãe que ela recebeu uma grande devoção a Nossa Senhora da Conceição, que carregou ao longo de toda a sua vida. Soube administrar bem tal herança espiritual e ficou conhecida como “mãe dos pobres”.

Nunca se casou, porque decidiu dedicar-se totalmente ao Senhor. Sendo analfabeta, gostava quando alguém lia para ela as Sagradas Escrituras. Não pertenceu a uma organização religiosa e era respeitada por todos que a conheciam, desde o mais humilde dos homens aos mais poderosos de seu tempo.

Uma das coisas que se destaca em sua vida é a novena que compôs à Nossa Senhora da Conceição. Do mesmo modo, em honra à Virgem, construiu ao lado de sua casa uma pequena igreja, onde rezava piedosamente por todas as pessoas que se recomendavam a ela.

Nhá Chica morreu em 14 de junho de 1895 e foi beatificada em maio de 2013.

8. Beato Francisco de Paula Victor

Francisco de Paula Victor nasceu em Campanha (MG), filho da escrava Lourença de Jesus, no dia 12 de abril de 1827. Oito dias depois, foi batizado e sua madrinha foi a dona da fazenda onde nasceu, Marianna Bárbara Ferreira, que teve papel fundamental para sua educação.

Exercia a profissão de alfaiate, mas, em seu coração, Deus o chamava ao sacerdócio. Esse sonho era praticamente impossível na época da escravidão. Mas, ele teve apoio em sua madrinha, que procurou o padre da cidade para saber se seria possível realizar o sonho de Victor.

A oportunidade apareceu em 1848, quando o bispo de Mariana (MG), dom Antônio Ferreira Viçoso, visitou Campanha. Victor logo o procurou e manifestou o desejo de ser padre, pedido que foi aceito. Ele ingressou no seminário em 5 de junho de 1849. Foi ordenado sacerdote em 14 de junho de 1851 e permaneceu em Campanha como coadjutor até o ano seguinte, quando foi transferido para Três Pontas (MG) como vigário e mais tarde pároco. Só saiu de lá 53 anos depois ao morrer, no dia 23 de setembro de 1905.

Seu ministério foi marcado pela catequese e instrução do povo, edificando a Escola Sagrada Família para crianças e jovens. Padre Victor pregou não só com as palavras, mas pelo seu testemunho de amor a Deus.

Padre Francisco de Paula Victor foi beatificado em 14 de novembro de 2015, na cidade de Três Pontas.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/53777/conheca-a-historia-desses-santos-e-beatos-negros

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF