Estreitar a amizade com Jesus: este foi o principal
ensinamento de Leão XIV aos participantes da Conferência Nacional da Juventude
Católica dos Estados Unidos. O Pontífice os exortou a não se contentarem com
uma versão superficial da fé nem a usarem categorias políticas para falar dela,
pois os discípulos de Jesus devem construir pontes, e não muros.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Leão XIV se conectou virtualmente com cerca de 15 mil
participantes da Conferência Nacional da Juventude Católica dos Estados
Unidos", reunidos no estádio de Indianápolis, no Estado de Indiana, de 20
a 22 de novembro.
Numa conexão ao vivo, o Pontífice respondeu a perguntas
sobre variados temas, como vida sacramental, saúde mental, diálogo, amizade,
tecnologia, inteligência artificial e o futuro da Igreja. Mas antes, o Santo
Padre abriu o encontro recordando o Jubileu dos Jovens, realizado em Roma no
final do mês de julho: "Que bênção ver assim tantos jovens católicos
buscar o Senhor com sinceridade e alegria!". E manifestou sua satisfação
ao perceber que na programação do evento americano muito tempo foi dedicado à
adoração, à missa e à confissão. Não se trata de simples atividades de
programa, mas de "oportunidade concretas para encontrar Jesus".
O Terço, oração poderosa
Leão XIV mencionou ainda a memória da Apresentação da
Bem-aventurada Virgem Maria neste dia 21 de novembro: "Recordemos que
Maria, desde jovem, ofereceu toda a sua vida a Deus. Ela nos convida a fazer o
mesmo, a confiar a Ele todas as coisas". E juntos rezaram uma Ave-Maria.
Na sequência, o Papa respondeu às perguntas.
Sobre a saúde mental, e em outros temas, o Pontífice
reiterou a importância de estreitar a amizade com Cristo e dedicar tempo,
várias vezes ao dia, à oração, adoração e leitura das Sagradas Escrituras. Um
exemplo dessa relação de intimidade seria, toda manhã, convidar Jesus a estar
conosco durante o dia e, à noite, contar para Ele como foi a jornada. "E
lembrem-se de Maria, a mãe de Jesus e nossa mãe. Ela entende o que estamos
vivendo e reza por nós. O Terço é um modo poderoso para pedir a sua ajuda."
Fé e tecnologia
Uma questão colocada ao Santo Padre foi como equilibrar a
tecnologia e a vida de fé:
“Assistir à missa online pode ser útil, especialmente
para aqueles que não podem participar pessoalmente, mas estar presente
fisicamente – para a Eucaristia, para a oração, para a comunidade – é
fundamental para nossa relação com Deus e entre nós. Portanto, embora a
tecnologia possa nos conectar, não é a mesma coisa que estar fisicamente
presente. Devemos usá-la com sabedoria, sem permitir que ela ofusque nossas
relações.”
A propósito, citou São Carlo Acutis e exortou os jovens a
seguirem seu exemplo: "Estejam conscientes do tempo que passam diante da
tela e certifiquem-se de que a tecnologia esteja a serviço da vida e não o
contrário".
O mesmo conceito vale para a inteligência artificial, que
pode processar informações rapidamente, mas não pode substituir a inteligência
humana. "Ela não pode oferecer verdadeira sabedoria, decidir entre o certo
e o errado ou admirar com espanto a beleza. Portanto, tenham cuidado para que o
uso que fazem da inteligência artificial não limite o autêntico crescimento
humano. Usem-na de forma que, se amanhã ela desaparecer, vocês ainda saibam
como pensar, criar e agir por conta própria. Lembrem-se: a inteligência
artificial nunca pode substituir o dom único que vocês são para o mundo."
Jovens e o futuro da Igreja
Grande parte do encontro foi dedicado ao futuro da Igreja e
à contribuição juvenil: "Se quiserem ajudar a Igreja a se preparar para o
futuro, comecem por se envolver hoje. Mantenham contato com a própria paróquia.
Participem da missa dominical, participem das atividades dos jovens e digam
'sim' às oportunidades, como esta conferência, nas quais a fé pode crescer.
Quanto mais conhecerem Jesus, mais sentirão desejo de servir a Ele e à sua
Igreja". O Pontífice reforçou a importância do método de diálogo conhecido
"conversação no Espírito" e indicou como modelo de santidade São Pier
Giorgio Frassati, que mostrou que é possível fazer a diferença através de
simples gestos cotidianos.
Outro santo citado foi Santo Agostinho, que Leão XIV chamou
de "heroi pessoal". O bispo de Hipona durante toda a vida procurou a
felicidade, mas nada o satisfez até abrir o próprio coração a Deus. Ele
descobriu que o seu desejo de grandeza na realidade era o desejo de uma relação
com Jesus Cristo. "Essa amizade com Jesus está no centro do que significa
ser cristão. Não é apenas para santos, padres, religiosos ou religiosas; é para
todos."
Pontes, não muros
Assim, quando pensamos no futuro da Igreja, a primeira coisa
a ser feita é aprofundar nossa amizade com Jesus. "Não se contentem com
uma versão superficial da fé", exortou o Santo Padre, que advertiu também
para aquilo que pode causar divisão, já que os discípulos de Jesus "devem
ser agentes de paz que constroem pontes, e não muros, que apreciam o diálogo e
a unidade":
“Cuidado para não usar categorias políticas para falar
sobre fé. A Igreja não pertence a nenhum partido político; ao contrário, ela
ajuda a formar a sua consciência para que possam pensar e agir com sabedoria e
amor.”
Por fim, o convite a cada jovem para discernir sua
verdadeira vocação na Igreja, como religiosos ou leigos. A quem é chamado ao
matrimônio e à vida familiar, o Papa recordou que "o mundo necessita de
famílias santas que transmitam a fé e mostrem o amor de Deus na vida
cotidiana". Seja qual for a vocação, concluiu, o mundo necessita de
missionários, que levem a luz e a alegria de terem encontrado Jesus.
Encontro digital do Papa Leão XIV com os jovens
americanos:



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