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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Como surgiu o Setembro Amarelo?

GnTech

Para nos explicar um pouco mais sobre este assunto, entrevistamos a Fernanda Alcântara, Secretária de Pastoral na Arquidiocese de Brasília e Psicologa, confira:

O setembro amarelo foi um movimento criado em 1994 após o suicídio do jovem Mike Emme, de apenas 17 anos. Mike foi encontrado morto dentro de seu carro amarelo. Em seu velório, seus pais distribuíram vários cartões decorados com laços amarelos com a seguinte frase: “Se você precisar peça ajuda”. No Brasil, a campanha se iniciou em 2015 e possui o objetivo de desmitificar e conscientizar as pessoas sobre esse assunto tão importante.

O Brasil é o 4º país com maior índice de suicídio no mundo, atualmente; de acordo com a OMS, 32 pessoas se suicidam por dia, índice mais elevado que mortes por câncer ou AIDS. No mundo, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio; 9 em cada dez mortes poderiam ser evitadas se as pessoas recebessem atenção qualificada.

Habitualmente, o comportamento suicida está associado a diversos transtornos, como os transtornos do humor (depressão), transtornos por uso de substâncias (principalmente, alcoolismo), esquizofrenia e os transtornos de personalidade.

O suicídio é um fenômeno complexo, que afeta pessoas de diferentes origens, classes sociais e idades; contudo, o suicídio pode ser prevenido! Não existe uma “fórmula secreta” capaz de identificar se uma pessoa está vivenciando uma crise suicida; saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você pode ser o primeiro e mais importante passo. Geralmente pessoas sob risco de suicídio falam sobre a morte mais do que “o normal”, possuem baixa autoestima, expressam uma visão negativa sobre a vida e procuram se isolar. Expressões como “vou desaparecer”, “vou deixar vocês em paz”, “quero dormir e nunca mais acordar”, são comuns entre os suicidas.

Qual a Visão da Igreja? 

Pessoas católicas e de outras religiões perguntam: “Quando alguém se suicida, ele se salva?”. Antigamente a Igreja Católica, sem a ajuda da psicologia pastoral para a compreensão dessa atitude, aplicou várias sanções para o suicida, como a negação da sepultura eclesiástica, da celebração da missa e orações pela sua alma. Hoje, ajudada pela psicologia pastoral e psiquiatria, a Igreja Católica já vê casos de suicídio sob outra forma e tem grande compreensão, respeito e misericórdia para com aqueles que chegam a tal ponto. Agora há sepultamento em cemitérios cristãos, orações e missa pela alma do suicida.

Sem negar que o suicídio é contrário ao amor do Deus vivo e aos seus mandamentos (Não matarás) levamos em consideração a vontade salvífica e a infinita misericórdia de Deus manifestada em Jesus, que disse: “Eu vim para que todos tenham vida”: “Aqueles que o Pai me deu, eu não perca nenhum”, e “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,4). Entramos no mistério da vontade de Deus que quer salvar a todos. Também não devemos julgar alguém nestes casos; isto não nos compete: “Não julguem, para não serem julgados. Pois vocês serão julgados com o julgamento com que julgarem, e serão medidos com a medida com que medirem” (Mt 7, 1 -3).

Recusando celebrar uma missa, oferecer orações e negar um sepultamento cristão para uma pessoa significa que estamos fazendo um julgamento que somente Deus tem o direito de fazer. A psicologia pastoral e a psiquiatria nos ensinam que ninguém conscientemente vai tirar sua própria vida. Se o faz, com certeza não está mais consciente do que faz, mesmo deixando recados explicando suas razões. A vida é de um valor tão absoluto que repugna ao próprio ser humano perdê-la. Lutamos diariamente pela saúde, para evitar acidentes e alongar a vida. Porém, hoje, há entre pessoas idosas o medo do processo de morrer. Elas estão com medo de se tornarem prisioneiras da tecnologia médica nas UTIs. Temem pela dor e sofrimento intolerável, perdendo controle de suas funções corporais, ou morrendo à míngua com demência severa ou Alzheimer. Também se preocupam com a possibilidade de serem abandonadas e se tornarem um peso para outros. Aí, elas pensam sobre o suicídio como solução rápida. Nossa sociedade será julgada eticamente pela forma como responderá a esses medos.

O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (CIC. 2282/3). Os familiares que vivem o drama pela perda de um membro dessa forma traumatizante não devem se culpar pelo suicídio, mas podem e devem confiar na infinita bondade e a misericórdia de Deus. (www.cnbbne1.org.br/suicidio-e-a-igreja-catolica-3/)

Quem precisa de ajuda, a quem procurar?

A Arquidiocese possui um serviço de acolhimento às pessoas que necessitam de apoio emocional, trata-se do PROSE (Pronto Socorro Espiritual), por meio do telefone (61) 3244-0672, você encontra um ouvido atento e uma palavra amiga.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) também realiza esse serviço por meio do número 188 ou do site www.cvv.org.br .

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF